sábado, 7 de dezembro de 2019

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (153)


CONHEÇO UM BOLSOPATA DE LONGE, TODOS DE FÁCIL IDENTIFICAÇÃO
Escrevo muito por aqui histórias sobre as pessoas e a vida cotidiana. Isso move minha vida. Não posso trombar com alguém pelo qual não conheça ou não tenha escrito ainda nada, para surgir desenfreada vontade de escrever algo a respeito. E o faço, algumas vezes me decepcionando, outras acertando na mosca. Sempre vale pelo escrito e pelo que vi de cada indivíduo. Ao fazer isso com muita assiduidade, aprendo cada vez mais a conhecer as pessoas. Não me atenho a pessoas além da classe média, sempre preferindo os daí para baixo, para mim, os que realmente movem, transformam e podem, se unidos, mudar o rumo das coisas por essas plagas. Mas ao ir produzindo relatos, algo me intriga e muito nos últimos tempos e na junção das histórias, podem até merecer estudo mais detalhado. Penso em fazê-lo no futuro e aqui dou o toque da coisa: como está cada vez mais fácil identificar bolsomínions. Parece um tema besta, mas não, pois esses merecem mais que um estudo sociológico, pela pantomina sendo escrita por esses na repetição desenfreada e banal dos atos sendo praticados. O capitão, também conhecido como seu Jair, o da casa 58, do condomínio Barra Pesada tem menos de um ano de desgoverno, mas nesse período conseguiu instituir algo pelo qual deve se orgulhar, a criação de uma legião de idiotizados, em todos os sentidos e meios. Passei a observá-los com mais afinco e na sequência tento ao meu modo e jeito juntar algumas de suas habituais práticas, métodos e modus operandi.

Aqui perto de casa, o Bauru Shopping e em algumas vezes desço de ônibus circular para o centro e vice versa. Isso é inadmissível para bolsomínions classe média, pois morrem de vergonha de serem vistos dentro de um ônibus. Enfim, o que diriam deles? Teriam caído em desgraça, estariam de transformando em pobretões? Não aceitam isso de forma nenhuma e preferem gastar o que não possuem, mas na maioria das vezes não o fazem de ônibus, moto-táxi, trens e mesmo de metrô. Conheço alguns que até se utilizam de Ubers, mas na surdina, sem demonstrar e pedindo para a corrida sempre terminar num canto ermo e longe do portão principal de suas residências. Fazem de tudo para não serem vistos nesses transportes de pobres, mas quando conseguem viajar pra fora do país, principalmente para países europeus, fazem usos de todos esses meios e ainda tem o disparate de apregoar depois que, no Brasil tudo está deteriorado. Creio eu, deteriorado mesmo, está a mente dessas pessoas. Se não repararam, quase todos são bolsomínions.

Viagem ao exterior é exemplo de como se transformam e se revelam. Já contei aqui a história da dona de imóvel tombado pelo patrimônio histórico, fazendo de tudo para ter seu imóvel destombado, pois segundo ouvi, “isso é lindo lá na Europa, não aqui e ainda mais com algo de minha propriedade”. Esses ao visitarem museus de fora se postam de joelhos, ditam e cagam regras, enaltecem tudo o que veem, mas não se dão ao luxo de dar um mísero centavo para o valoroso Museu Nacional carioca, fruto de incêndio a destruir seu patrimônio e necessitando de ajuda. Essa nunca surge de bolsomínions. A arte aqui é confundida com pornografia e ver um corpo nu é motivo para movimentação moralista, mas quando diante de um nu num museu europeu, pasmem, se deixam até fotografar junto do pelado. Acontece algo parecido quando enfrentam filas lá fora para adentrar esses museus, algo dentro da ordem, respeito absoluto, mas não aceitam o mesmo aqui e no mínimo querem furar filas, desdizer do que irá ver, numa absoluta postura autoritária, medíocre e boçal, bem bolsomínia.

Isso do que acabam de fazer com a ex-presidenta Dilma Rousseff num vôo comercial é sintomático de como agem. Não podem ver nenhum esquerdista em avião e já se sentem incomodados. Agem como se fossem donos das próprias aeronaves e esquerdista sem nenhum direito de ali estar, pois se defendem pobres, o lugar é sempre junto a esses e nunca no reduto deles, os aeroportos. Insuportável ver gente em trajes não recomendados nesses ambientes e podem constatar, quem age assim, não poderia ser outra coisa na vida, além de bolsomínion. São letrados de meia pataca, pois desconhecem tudo do país, para num saída para o exterior se prestar ao desserviço de ficar enaltecendo tudo o encontrado pela frente na cultura do visitado. Quando inqueridos sobre o que leem de Brasil, seus escritores, obras mais importantes, nada sabem, desconhecem até um Machado de Assis, Érico Veríssimo ou João Cabral de Mello Neto. Consideram comunista qualquer um contrário às leis de mercado, a que dana com o povão, privilegiando os interesses dessa minoria bandida.

Aqui no prédio o exemplo mais gritante é do sujeito só fazendo uso do elevador de serviço em caso de extrema necessidade, impedimento total do social. Não que os demais não sejam também bolsomínions, mas uns ainda são mais que os outros, mais extremados, como o caso ouvido hoje, de uma madame mandando sua serviçal embora pela simples fato de ter se utilizado do banheiro exclusivo dela. Onde já se viu bunda não imperial cagando no mesmo vaso de possuidores de sangue azul e bolsopata? São tantos os exemplos, pululando pela aí por todos os lugares, modos e meios, um mais escabroso que o outro, numa demonstração clara, evidente e límpida de como país andou para trás e hoje encontra-se num patamar de inolvidável e monstruosa doença, resquícios eternos e duradouros do prescrito em Casa Grande & Senzala. A elite e tudo o mais no seu entorno, inclusive a classe média vivem para preservar o passado escravocrata deste país. Agem como se ainda vivessem nos tempos do Brasil Colônia, puritanos, idiotas, fanáticos e burros. Não a menor dúvida, todos esses com esses desvios de conduta são bolsopatas, todos sem distinção se dizem contra todo tipo de corrupção e na sequência da vida, logo na virada da esquina são pegos com a boca na botija, numa trapaça a lhes denunciar ser muito pior de tudo o que tanto denunciam. Além de toda maldade contida em seus atos, são perversos, cruéis, insanos e defensores do que de pior temos na política nacional. Valem nada.

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