"SE COLOQUE NOS LUGAR DELES E ME DIGA SE NÃO FARIA A MESMA COISA?", ME PERGUNTA O AMIGO NA RUA
Paro para conversar com Sílvio, velho conhecido, décadas de convivência, ele um sujeito de muita labuta, pouca militância, vida praticamente voltada para os seus, sua família e seu emprego. Conseguiu recentemente se aposentar ("Ufa! Estou aliviado, você não imagina quanto", nas palavras dele mesmo) e agora, fora de empresa castradora de ideias, o vejo mais leve e solto. Diz me ler e ao final da conversa, me pede para, se escrever sobre nossa conversa, fazê-lo sem o identificar. Continua o mesmo, diz o que pensa só para os mais conhecidos, sempre com reservas. Aceito suas condições e aqui reproduzo o que conversamos, pois avalio como interessante a conversa que tivemos hoje num casual encontro na rua Primeiro de Agosto, eu saindo de um banco, ele cruzando a rua. Paramos na borda da praça Rui Barbosa e parlamos sobre os destinos da Cohab, o assunto mais comentado nos últimos tempos na cidade:
- Henrique, você é macaco velho, escreve todo dia algo que gosto muito, tem vivência, sabe analisar todos os lados dessa questão, me diga, sem pestanejar, olhando nos meus olhos, o que você faria se fosse vereador e tivesse que decidir sobre investigar pesado ou pegar mais leve, dar uma conotação de que algo está sendo feito, mas na verdade nada será feito. Se coloque no lugar deles e me diga se não faria o mesmo que eles fizeram, postergando, empurrando com a barriga? Vamos me diga?
- Meu caro, eu não sou nenhum deles, mas aceito seu jogo, quero ver onde vai chegar. Se tivesse culpa no cartório, algo a temer, é evidente, faria algo para tentar engambelar os do lado de lá. Não sei avaliar se o ocorrido ontem na Câmara de Vereadores foi algo assim, muito prematuro, mas estranho foi. de um lado um grupo apoiando apuração total, doutro apuração desde tempos de antanho, mas não chegando aos tempos atuais. No frigir dos ovos, uma discussão entre as partes e está dado um jeito de melar a coisa, postegar tudo, como se solução estivesse sendo buscada. Se fosse beneficiário da falcatrua, que não sei ser o caso, pois ainda sabemos muito pouco, agiria para aplacar a investigação. Seria normal, pois ninguém que faz coisa errada age contra o próprio patrimônio.
- É exatamente isso, meu caro Henrique. Evidente, nós não fazemos parte desse imbróglio, mas que a coisa está divertida, confesse, está e muito. Deve ter gente se borrando, pois creio, os tais nomes, mais dias menos dias virão a público. Se não vierem quem vai estar mal é o Gaeco, o que investiga. Os bastidores desta cidade sempre foram divertidos, você bem sabe disso, leio que escreve não existir limites, uma cidade verdadeira mente "sem limites". Nada me tira da cabeça que tudo hoje é um jogo de xadrez, com jogadores fazendo as jogadas de suas vidas. Deve ter gente enrolada até o pescoço e apostando na confusão, fazendo de tudo para desviar a atenção dos interessados em ver o circo pegar fogo. Mas me diga mais, o que faria se estivesse enrolado, tendo a certeza de ter seu nome lá como beneficiado e, talvez em breve na lama?
- Você faz cada pergunta, hem! Que faria? Sei lá, o corrupto joga sempre. Enquanto não é descoberto, é impoluto, critica o outro e se faz de santo. Descoberto ele some da vista de todos, se isola até tudo cair no esquecimento. Muitos levantam grana suficiente para sumir do mapa, mas até isso hoje é complicado, pois como ninguém mais fica sem celular, internet, seriam descobertos rapidamente. Os que não fogem, aguentam a pinimba, que em caso de ser entre graúdos, na maioria das vezes dá pouco problema. Torcem por isso. Tem os devem estar a rezar muito nesses dias, outros nem dormem e os mais vivaldinos, bolam de como ter uma ínfima pena e depois gozar o resto da vida usufruindo das benesses. Nesse caso, vejo que muitos beneficiários levaram quantias não tão exorbitantes, não terão como gastar isso pro resto de suas vidas e ainda tem que responder pelo que fizeram. E tem aqueles que já gastaram tudo o que receberam e hoje, fora do meio, devem estar se pensando em como pagar os advogados para se safar sem grandes problemas.
- Henrique, eu te digo isso, brinco contigo, pois te conheço. Eu ralei muito, me calei quase a vida inteira. Boca sempre fechada, fui um cagão, confesso. Essa cidade tem mais histórias dessas de dinheiro mal ajambrado do que nós dois juntos possamos imaginar. Nem sei se esses estão preocupados, pois quem entra nesse ramo escuso de negócios aprende também a se esquivar, a driblar dificuldades. Imagino uma reunião deles, local secreto e decidindo diante dos fatos, qual os próximos passos. Minha diversão hoje é imaginar isso, tentar imaginar como se dá essas situações. Quando te vi, achei que podíamos divagar juntos até parar essa chuva. Siga seu caminho, eu sigo o meu, mas assim como eu, deve ter muitos cheios de caraminholas na cabeça. Eu só quero ver o circo pegar fogo.
E assim de mim se despediu e se foi tomando o rumo da rua Treze de Maio.
CARNAVAL DE BAURU EM DOIS COMENTÁRIOS
1.) EU FUI VER DE PERTO O SAMBA DO PRIMAVERA NO JD REDENTOR - E POR QUE NÃO ESPAÇOS COMO ESSE PERMANECEREM ABERTOS O ANO TODO OFERECENDO LUGARES DE ENCONTRO PARA A POPULAÇÃO? SE AS IGREJAS O FAZEM, POR QUE NÃO COM O SAMBA...
Ver de perto o samba rolando nos mais diferentes pontos da cidade de Bauru, eis minha proposta para os próximos dias. Com o Carnaval batendo à nossa porta, os blocos e escolas de samba estão ensaiando, baterias já arrepiando pela aí, muitas nas ruas, como a Estação Priimavera, do amigo Adilio Nascimento, que alugou uma casa na parte baixa do redentor e ali, defronte o imóvel, ele todo lotado de instrumentos e apetrechos carnavalescos, o samba come solto. A pegada deste ano vem com quatro alfaias fazendo parte da bateria, batida diferenciada, feita com um jeito inclusive de mão invertida, das mais instigantes. A rainha do bloco vai descer a avenida tocando uma alfaia e deve arrasar, pois já está ensaiando pra coisa sair mais do que bonita. Estive lá na semana passada, saquei algumas fotos, conversei com alguns integrantes e assim começo meu roteiro de visitas aos locais onde o batuque estiver acontecendo. Hoje, amanhã, depois e depois, até o dia 22, quando tudo for levado pra avenida do samba, eis este HPA botando o bloco nas ruas. Aos que não ficam em casa vendo novela, com certeza, nos encontraremos em algum canto desta cidade. Dentre as fotos, uma de linda menina, com as mãos na cintura. Ela me viu fotografando, ficou encantada, pediu a máquina emprestada e saiu registrando tudo ao seu modo e jeito. Algumas das fotos aqui são dela e acabei saindo de lá sem saber seu nome, mas o encanto ficou gravado em minha memória (quem é ela Adílio?). Vale muito ver de perto essas manifestações e o esforço de gente como todo o pessoal do Primavera, alugando um imóvel só para dar conta das coisas do Carnaval. Imagino das muitas possibilidades que podem advir desse lugar durante o ano todo, se iniciativas outras forem incentivadas para que, algo aconteça e flua por lugares como este no decorrer do restante do ano (secretário Luiz Ricardo Ferreira, fique atento a isso). O que acontece nesse período do ano pelos bairros não pode ficar restrito somente a esse período e quando contando com apoio do poder público, o algo mais que faltava para incrementar a utilização destes espaços nos 365 dias do ano. Se na igreja a pessoa vai toda semana, em alguns casos mais de uma vez por semana, por que não buscar formas desses espaços de lazer, confluência comunitária estarem abertos e recebendo a população com atividades atrativas o ano todo?
2.) ACABA DE DAR NA "COLUNA DO RUFINO", NO JC, EDIÇÃO DE HOJE
2.) ACABA DE DAR NA "COLUNA DO RUFINO", NO JC, EDIÇÃO DE HOJE
O problema não era só a empresa castradora de idéias, parece-me ser ele mesmo seu grande castrador.
ResponderExcluirFátima Brasilia Faria
qual seria a empresa castradora em questão? dê uma dica, se bem que 90% das empresas são castradoras
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