quarta-feira, 14 de outubro de 2020

COMENDO PELAS BEIRADAS (94)


ANDO PUTO DA VIDA COM MUITOS DOS MEUS AMIGOS
Que a pandemia não acabou até as pedras do reino mineral o sabem. O doloroso fato é que muitos capitularam antes da hora e após oito meses de confinamento em infindável quarentena, cederam e hoje estão a fazer o mesmo joguete que vejo feito pelos bolsonaristas. Que ninguém aguenta mais permanecer trancado, isso é questão para ser discutida, pois para tudo na vida se exige disciplina. Eu mesmo, tenho saído, mas sómente para coisas inadiáveis e incontornáveis. Agora mesmo, gostaria de estar fazendo campanha nas ruas para meu amigo Claudio Lago, tentando no convencimento ir demonstrando para as pessoas da necessidade de termos alguém com suas características na Câmara dos Vereadores. Fiz um acordo com ele e o que faço é fazer campanha aqui de dentro de casa, via internet, usando de todos os recursos possíveis. Nas ruas, nem pensar.

Por que ainda não fiz como muitos e já saio com cuidados para quase todos os lugares? Não me peçam para ir em bares - um dos lugares que mais gosto de estar -, manifestações e qualquer tipo de concentração pública. Não irei, pois a pandemia não terminou. Ponto final. Capitular é demonstração de fraqueza interior. É o mesmo, para mim, que aceitar a cloroquina como o medicamento que salva vidas, quando sabemos não serve para o Covid. O que vejo amigos (as) fazendo neste momento é o mesmo que bolsonaristas, terraplanistas, cloroquinistas e negativistas. Fazem parte do time dos que não conseguiram resistir. Rendo parabéns e homenagens para a China, Vietnam e Nova Zelândia, países onde o índice realmente baixou e nem por causa disso voltaram para a dita normalidade. Para mim, ainda não é o momento da normalidade, pois a coisa não arrefeceu a contento, continua matando e ceifando vidas. Mais que isso, quando se lê por aí sobre o número de recuperados, isso para mim é balela, pois leio pouco sobre os sequelados, ou seja, todos os que voltaram para casa, boa parcela nunca mais retornará ao antigo normal, pois tiveram órgãos atingidos e padecerão pro resto de suas vidas.

Sou chato mesmo - pelo menos nesse quesito. Quem anda saindo hoje o faz induzido pelo que de pior temos dentro da gente, do ser humano, o individualismo, o não pensar coletivamente. Falta para muitos, inclusive muitos do meu campo de ação, algo como disciplina, empatia e espírito de coletividade. É duro escrever sobre isso, pois posso até criar problemas com alguns próximos a mim, mas não existe a menor dúvida, fraquejaram e agem hoje iguaizinhos aos que tanto criticamos. Daria e dá para esperar mais um pouco. Não está fácil aqui dentro de casa, quase oito meses trancado. Para não enlouquecer existe métodos e deles falo uso. Inventei até uma live semanal, um bate papo ao vivo, o meu Lado B e isso me consome. Leio desmedidamente, nunca como dantes. Faço resenha de tudo, invento coisas. Escrevo mais que antes e me atenho a coisas pelas quais antes não tinha domínio nenhum, como os dotes culinários. Intensifiquei o relacionamento conjugal.

São métodos para não se deixar levar pelo tédio, driblar a depressão e tudo o que mais que esteja ao seu lado. Não me pegam, pois invento algo novo a cada dia. Até para fazer campanha para amigo Lago estou me reinventando. Isso toma meu tempo, me faz não ousar querer sair e me arriscar. ONtem morreram mais alguns conhecidos, todos mais novos que este mafuento. Decidi, não irei para lugares de concentração de pessoas, não adianta me convidar. Não acredito em outra vida, só nesta aqui e assim sendo, creio deva ser merecedor de mais um bocadinho de vida, até para acompanhar de camarote a derrocada dessa bestialidade em curso hoje no país. Enfim, se posso ficar por aqui, seria loucura me expor e colocar fim em tudo antes da hora. Resignado, vivo intensamente orientações de quem sabe muito mais do que eu o que realmente se passa fora de minha janela, no caso os cientistas. Vejo muitos médicos receitando o remedinho que não vale pra nada e temos que ter em mente, eles sabem quase nada, só pouquinho a mais que o geral, pois não são cientistas. São pouco menos leigos que nós todos, mas estão dando mostras de grandes conhecedores da coisa. Balela, conversa pra boi dormir. Estão é ajudando a matar mais pessoas, só isso. Saio só para o necessário e ponto final.

ALGO SOBRE O ELOGIO EM PÚBLICO AO TELESPECTADOR BOLSONARO
Eu acabei assistindo ao jogo da seleção brasileira de futebol pelo Canal Brasil, a TV estatal. Uma boa narração, sem as firulas das grandes redes, bem mais simples e no mais, eles transmitem o futebol das entranhas deste país, séries C e D, campinhos de quase terra e times, muitos conhecidos, mas vivenciando uma realidade muito dura, sobrevivendo não se sabe como. Existe um pessoal dentro da TV estatal que resiste como pode, aos trancos e barrancos. Ontem vi isso na transmissão. Ouvi quando o narrador fez o agradecimento pela transmissão estar ocorrendo via aquele canal. Começou agradecendo à CBF e terminou em Bolsonaro, numa fala mais ou menos assim: "Agradecendo também ao presidente Bolsonaro, que está nos assistindo em Brasília". Imaginem como deve estar o clima dentro desta TV e o que ainda resta a ela de dignidade e profissionalismo sendo colocado à prova a cada instante. Deve ser uma barra ter que dizer amém para tudo o que vem lá de cima e deve ser cumprido sem um pio, pois do contrário, desemprego na certa. Os olhos dos fascistas estão atentos para tudo e todo e qualquer que ousar fazer uma leve menção a algo que desagrade aos patrões milicianos será motivo para advertência, afastamento e provável demissão, ou seja, desemprego. Esse é o quadro que estão a implantar em todo funcionalismo público federal. Estão a implantar, difundir e executar o MEDO como norma de conduta. Tenham certeza, quem deles escreveu algo no passado contra Bolsonaro, se deseja galgar postos no que faz, já deletou tudo e vive com os dedos cruzados, para que nada seja encontrado, pois estão vasculhando tudo e o paredão está comendo solto país afora. A fala do narrador ontem não me assustou e se foi feito com entonação de voz plausível - para mim com muito do teatral que todos temos dentro de si -, foi feito sob ordens expressas, diria mesmo, ditatoriais. O patrão maior deveria e teria que ser mencionado e ponto final. O narrador foi lá e fez, sem muito rapapé, simples, direto e reto, mudando logo de assunto. Este o país de hoje, onde isso que vi ontem no jogo da seleção é a mais pura e clara demonstração do que está em curso nas entranhas do poder. Tudo sendo dominado pela imposição e pelo MEDO. O algo novo tem que ocorrer aqui fora e depois, muito depois, chegar a estes hoje acuados e medrados. Nós, os ainda não tão medrados é que temos que ter atitude e ir pras ruas, reverter logo isso no braço, pois pra mim, não haverá outra alternativa.
Em tempo: o Brasil ganhou o jogo na casa do adversário, em Lima, 4 x 2.

SÓ MESMO A SANTA PRA RESOLVER

Uma faixa num viaduto e algo revelador, até para os religiosos, os que num primeiro - muitos continuam seguindo o messias -, cairam na ladinha e deram voz para aquele que destruiria a esquerda e os direitos dos trabalhadores. Estes que, corajosamente fixaram a faixa, muitas vezes se colocando contra o que prega os próceres de sua religião, fazem parte dos grupos onde a ficha já caiu, percebendo a grande cagada onde nos meteram. Perceberam que o projeto de predação chegou também neles e seguirá destruindo tudo à sua volta. Que a consciência volte na mente dos brasileiros, esse meu maior desejo neste momento, até para não sobrecarregar a santa.

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