domingo, 28 de fevereiro de 2021

DIÁRIO DE CUBA (209) e RELATOS PORTENHOS / LATINOS (88)

“POR QUE NÃO CHAMAM OS MÉDICOS CUBANOS?” -  Pergunta feita pelo melhor dançarino bauruense Geraldo Inhesta pelas redes sociais e creio, cai como uma luva para intitular a reunião destes textos dominiciais:

1.) AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE A CULTURA, CANCELAMENTOS E NADA DE PROPOSTA PARA O FUTURO

Eis o link para acompanhar o bom debate de Audiência proposta pela vereadora Estela Almagro PT, ocorrida sexta, 26/02, com o tema "Programa de Estímulo à Cultura e Orçamento 2021". Eis o link para assistir toda a discussão: https://www.youtube.com/watch?v=R3_6jPAgOps

Participei da Audiência. A classe artística bauruense está mobilizada após o cancelamento pela atual administração municipal, através de parecer emitido pela Secretaria de Negócios Jurídicos, da Lei de Estímulo à Cultura, uma das únicas formas de repasse de valores da municipalidade para realização de projetos de cunho cultural na cidade. A Secretaria Municipal de Cultura, através de sua secretária Tatiana Sá acata o cancelamento, mas na sequência a reação da classe artística. Em pouco mais de duas horas, com a presença de vários secretários, tudo conduzido pela vereadora, alguns artistas se manifestaram e assim registrei:

- Mariza Basso, Teatro de Bonecos, 30m18: "Estamos juntos, mobilizados e vamos lutar por nossos direitos".

- Juliana, Espaço Protótipo, 30m35: "Muito triste a gente ver essa situação neste momento. (...) Muito dolorido ouvir algo sem sentir força para resolver essas questões".

- Vinagre, Amigos da Cultura, 36m53: "Pergunto para o secretário Negócios Jurídicos nos informar se a culpa pelo atraso de seu por causa dos artistas e como pode executar um Plano de Ação sem saber dos projetos ali existentes?".

- Tonon, Conselho Municipal de Cultura, 48m14: "Já que ouvi dizer o cancelamento ter ocorrido por puro preciosismo jurídico, qual a dificuldade de aprovar uma lei em decorrência da pandemia?".

- Ivo Fernandes, Coletivo Samba, 1h03m04: "A Cultura já vive precarizada em relação aos valores e aportes. Usaram e remanejaram o dinheiro do Fundo Cultural para outras situações e por que não remanejar também valores para os artistas?".


- HPA, pelo Patrimônio, 1h14m43: "Não existe nenhum projeto da Secretaria Municipal de Cultura pensando no daqui para a frente. Importante discutir todos os erros cometidos até então, mas daí, os que estão chegando agora, respondam, existe algum projeto de Cultura daqui por diante? Eu não vejo isso, vejo sim estagnação e marasmo. Qual o projeto? Não existe projeto".

- Paulo Maia, Coral del Chiaro, 1h41m44: "Vereadores aprovaram a retirada de mais de 80 mil do Fundo Cultural, o FEPAC. Virou o ano, novo governo, limparam nossa reserva e nada em troca".

- Rene Lopes, Plano Conjunto, 2h03m46: "Foram feitas inúmeras reuniões para ver onde poderíamos utilizar o nosso Fundo e no final do ano, o valor foi sacado e não utilizado no combate ao Covid como requisitado".

- Gislaine, Música Maestro, 2h08m40: "Nenhum atraso ocorreu por culpa da classe artística. Qual o impacto do cancelamento da lei de estímulo à Cultura para o município? Falta objetividade nas respostas aqui dadas".

- Carlos Batista, Grupo Ato, 2h12m27: "Essa verba é estímulo e não patrocínio, serve para divulgar as ações culturais, ela ajuda. Vergonhoso o que se faz com a Cultura e os agentes culturais desta cidade".


- Chico Maia, Projetos Culturais, 2h16m03: "Necessidade de haver entendimento entre as secretarias de Cultura, Negócios Jurídicos e Finanças na escolha dos projetos agraciados. Tem que existir um comprometimento de solidariedade para com a classe artística".

Não reproduzi nenhum trecho de fala de membros da Prefeitura, desde os secretários e diretores presentes. Assistir a Audiência na íntegra serve para já se ter uma ideia do que teremos daqui por diante, não só na área de Cultura, mas num todo. Não tenho nenhum esperança no que está em curso e no que virá. Bauru sofrerá e muito. A Cultura, seus representantes devem estar todos muito bem unidos, pois se a situação já era precária, creio piorará e muito daqui por diante. As conclusões todos a tiramos a partir do real entendimento do que está em curso. Tudo foi feito, segundo foi usado como justificativa por "preciosismo jurídico", para evitar problemas futuros. Será essa a desculpa dada daqui por diante para tudo o mais?

2.) TERRITÓRIO DEMARCADO

Faixa fixada num restaurante na esquina da rua Araújo Leite com Ignácio Alexandre Nasralla, nos Altíssimos da Cidade, Zona Sul e nela constando a explícita demarcação de território de parte considerável dos comerciantes bauruenses, pouco afeitos a apoiar a Saúde, mas totalmente favoráveis à flexibilização, mesmo que isso implique e acarrete num considerável aumento de infectados e mortes. Na maioria das manifestações espalhados em faixas e cartazes muito bem produzidos a estocada é no governador João Dória e nadica de nada para com o presidente Bolsonaro, aliado da prefeita e dos ideais de luta do inflamado SinComércio. E a pergunta que não quer calar: e com o aumento das mortes, caos já na virada da esquina, a conta não deveria ser creditada a estes?


3.) LEIAM O QUE ESCREVE O POLETTINI, O CULPADO DE TUDO JÁ FOI ENCONTRADO...

Certa feita, o melhor jornalista em atividade do nosso mundo, Mino Carta disse não devermos ser muito irônicos, pois sempre existirão os aloprados acreditando e não entendendo nada, mas... Adorei a solucionática que o Ricardo deu para tudo, tirada, é claro, das barbaridades que a gente ouve pela aí diariamente. O Brasil não só enlouqueceu, como está perdido e num caminho sem volta. Ou brigamos para tê-lo de volta ou a cada dia que se passa, a reversão será mais complicada. Valeu, Polettini!. Eis o publicado por ele no dia de ontem: “Pouca gente sabe disso, mas faz um ano que milhares de jornalistas no mundo todo combinaram numa reunião secreta que passariam a inventar matérias todos os dias sobre uma suposta doença só para prejudicar um político brasileiro. A ação ganhou apoio de uma famosa fabricante de máscaras de neoprene, que financiou a contratação de atores para se fingirem de médicos e pacientes em hospitais cenográficos de chroma-key. Agora, uma empresa de filmes por streaming está patrocinando governantes para manterem a população em casa à noite só para aumentar os lucros com o consumo de seus produtos. Abram o olho”.

4.) PRIMEIRO CONVIDO PARA ASSISTIREM AO VÍDEO DO BOULOS FALANDO SOBRE MAIS UM PROCESSO, DESTES TANTOS MUITO FORA DA CASINHA. DEPOIS CONTO A VOCÊS DE ALGO OCORRIDO AQUI NA ÚLTIMA CARREATA PELA PAZ/SAÚDE E OUTRA ONDE ME ENCONTRO ENVOLVIDO - O SURREAL AGORA É LEI

Eis o link do áudio do Guilherme Boulos:  https://www.facebook.com/groups/1758647674353458/permalink/2894251580793056/

Assistiram? Algo dessa natureza ocorre hoje pelo país num todo. Eu mesmo estou sendo processado, junto com outros militantes bauruenses. Vejam a maluquice da coisa. Postei tempos atrás aqui no facebook algo de uma manifestação nas ruas e uma pessoa se utilizou dessas fotos, espalhando elas todas com carinhas de burro pelas redes sociais. Descobrimos o autor, o processamos e ganhamos a ação. Ele teve que arcar com cestas básicas pelo que fez. Logo a seguir ele nos aciona na Justiça sob a alegação de termos exposto sua pessoa publicamente. Inacreditável. Ele nos denomina de burros, reagimos, ganhamos o processo e como retaliação somos processados e a coisa corre, sendo marcada audiência do caso para o dia 05/3. Tem mais, conto outra. Aqui em Bauru muitas carreatas bancadas pelo SinComércio, sem nenhum apelo pela Saúde, só pela flexibilização no momento mais crucial da pandemia. Tudo ocorre dentro do dito normal, até com acompanhamento da PM. Fizemos uma semanas atrás, propondo o oposto das defendidas por Suéllen/Walace, levantando a bandeira primeira do "Fora Bolsonaro", quando percorremos alguns bairros e pasmem, um dos carros foi multado com a justificativa de fazer uso desmedido de buzina. Para os outros atos, NADA, mesmo com carro de som ligado no último, mas para o que defende a Saúde e o fim do desGoverno do maluco, isso. Boulos fala disso no vídeo, eu estou num processo bem kafkiano e agora esse caso da multa. Junto tudo e dou razão para meu amigo Arthur Monteiro Filho: "O Brasil acabou". Buzinar a favor do Bolsonaro pode, contra não pode. Aqui é assim e ponto final.

5.) JORNALEIRO GUSTAVO E O CENTENÁRIO DA FOLHA DE SP

Dias atrás havia me esquecido do centenário da Folha de SP e mesmo com tudo de mal que tenho lido e visto em suas páginas, por causa de um passado onde a li de cabo a rabo, guardo lembranças de boa recordação e no dia seguinte ligo para o Cláudio, da banca do Confiança Nações e vejo se ainda tem algum exemplar. Não tinha, mas deu seu jeito e busco lá a edição comemorativa. Estou ainda lendo aos poucos, algumas matérias para se guardar e é o que faço. Hoje pela manhã uma mensagem do filho do Cláudio, o Gustavo Mangili no meu whatts: "Henrique, beleza, a Folha de hoje está vindo com um caderno especial dos 100 anos, precisa ver o tamanho dela. Vou tirar uma foto e te mandar. Se quiser separo uma para você". E me envia foto. Peço para ele guardar, pegaria depois do almoço dominical. Fui lá por volta das 15h e surpreso, o catatau era grosso mesmo, como nos velhos tempos, com cadernos bem saborosos e prazerosos pra quem admira, gosta e não perde o costume de ler pelo modal antigo, virando páginas e grifando textos.

Trago não só o jornalão como o livro, coleção começando hoje, "100 anos de Fotografia da Folha". Eu e estes jornaleiros somos amigos de longa data, Cláudio o vi chegando em Bauru e se constituindo neste ramo e o filho Gustavo, acho que o vi ainda de fraldas, quando morava e tinha banca ali na Duque. São amigos para sempre. Trago o calhamaço para casa e me esbaldo. Se for mergulhar mesmo na leitura de acordo, creio não faria outra coisa durante o dia. Folheio, devoro com os olhos e matreiramente sei diferenciar o joio do trigo. A Folha participou ativamente do conluio derrocando com o país que tínhamos, nos mergulhando neste horrendo momento com Bolsonaro, quando eles, os donos de jornais, todos eles, sentiram na pele as mudanças. Leio ainda gente maravilhosa por lá e o faço, mesmo ciente deles não serem nada santos, mais pelo amor por jornais. Comecei pela crônica do Rui Castro na página 2, pelas charges da Laerte e dos textos comemorativos, entrevistas e até o ombudsman de hoje está imperdível, com a necessária crítica ao jornal pelo anúncio publicado nesta semana sob a falácia do remédio que cura a Covid, desmentido no dia seguinte, mas publicado. O livro de fotos é lindão, viagens pelas fotos.

Eu bem que sonho com um jornalão nacional de cunho verdadeiramente dentro da verdade factual dos fatos, mas sei que no país de hoje isso é um tanto surreal e impossível, pois o clima de tudo quase dominado prevalece e perdura. Hoje gosto mesmo é da Carta Capital e da Piauí, minhas leituras imprescindíveis, mas não consegui abdicar de ter comigo, cheirar e folhear essas edições comemorativas destes dias, onde percebo muito de um tardio arrependimento dos Frias. Estão um tanto arrependidos, mas continuam apoiando algumas das maldades em curso, como o velado (sic) apoio para as medidas econômicas. Ou seja, comprei mesmo com complexo de culpa e agora tenho páginas e páginas espalhadas pela mesa e vou devorando-as na medida do possível, intercalando com outras ações e proposituras desde modorrento domingo de chuva. São as tais recaídas...

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