sexta-feira, 23 de abril de 2021

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (148)


A POUCA VERGONHA BRASILEIRA FAZENDO POUCO CASO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO - E A PRESERVAÇÃO QUE SE DANE
“Antigo Casarão Barnaldo & Lucrecia em SP, lugar de tantas histórias, tantas noites memoráveis regadas de boa música e comida, transformado nesse lixo, nessa aberração arquitetônica... o Brasil é um celeiro de estúpidos, cretinos que se acham "modernos" e arquitetos que devem ter tirado diploma em curso à distância. A porra do IPHAN não serve pra nada mais”, mensagem enviada a mim por MARCOS PAULO RESENDE, sobre imóvel na capital paulista, esquina das ruas Eliseu com Abílio Soares.

Recebo a mensagem e fico prostrado, boquiaberto, mas não surpreso. O brasileiro não possui respeito e nem sabe direito o que venha a ser Patrimônio Histórico. A prova inconteste é o que acabam de fazer com essa linda edificação paulistana. O maravilhoso arquiteto, promotor de algo sem precedentes deveria morrer de vergonha, mas na verdade, neste país, ainda se acha o suprassumo da modernidade, seguidor de outros do mesmo quilate. Uma barafunda que só infelicita este país e o coloca cada vez mais nos desvãos das rebarbas do mundo. Impossível observa o que existia naquela esquina e o monstrengo ali reinaugurado.

Presidi o CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Bauru – por quatro anos e por mais quatro fui conselheiro e nesse período, muitos por lá com preocupação sobre algo a envolver essas questões, a de alavancar algo sério neste quesito em Bauru. O Conselho foi criado na administração Nilson Costa e aproximadamente 40 imóveis e carros ferroviários foram tombados e receberam enquanto ele governou a cidade, alguma atenção e cuidado. Atuei nos quatro anos do governo Tuga Angerami e tocamos o barco adiante, com muita resistência e desconhecimento do que era aquilo de querer preservar algo histórico. Ouvimos muito: “Quem são esses bostas para tombar uma casa que não é deles? Na minha casa mando eu e não vai ser esses que vão mudar nada”. Tentamos, mas na verdade mudamos pouco, pois a mentalidade brasileira é, na imensa maioria das vezes, a pensamento só em si e sem olhos para vislumbrar algo diferente. Até foi tentado incrementar uma Cartilha, onde seria detalhado algo de como o proprietário de um imóvel tombado poderia se sair bem, mas nem a cartilha vingou, muito menos foi conseguido algo junto dos proprietários.

Nos quatro anos do governo Tuga, 2005/2008, não tombamos um só novo imóvel, mas administramos o que havia sido tombado anteriormente. Nem a famosa Casa da Eny nós conseguimos, pois a resistência foi grande, mas a piscina foi garantida em cartório e deve estar bonitona lá no imóvel até hoje. Muitos queria é destombar tudo, como os herdeiros da Casa Mauro Rasi, ali na rua Bandeirantes, atrás do Colégio São José. Ali foi a casa da família Rasi e morada do Mauro, cenário de seus escritos, a piscina famosa. Até hoje permanece fechada, pois a queriam vendida e para outros fins, descaracterizando-a totalmente. Resistimos, mostramos outras possibilidades, mas preferiram na queda de braço, fechar tudo e deixar apodrecer a céu aberto. Está assim até hoje, definhando e bolorada. Os hotéis da Rodrigues, um teve a fachada caindo recentemente e outro, o mais imponente, na esquina com a Monsenhor, este foi motivo de homérica briga entre as herdeiras e a Prefeitura, essas exigindo destombar ou indenização. Gente em condições de dialogar, com calma e parcimônia, quase nada. A Casa dos Pioneiros, ali na Araújo, último resquício dos primórdios de Bauru, outro clássico exemplo, hoje ruínas e creio, desapropriada, não deve ter tido até hoje paga a indenização para as herdeiras.

Enfim, eu tento cá com minhas lembranças tentar lembrar de qual proprietário, dentro os mais de 40 imóveis e bens férreos tombados, mantém tudo nos trinques. Talvez a casa da Aliança Francesa ali na Araújo Leite, mas quem mais? Até o Automóvel Clube, ali na praça Rui Barbosa, enquanto alugado para atividades culturais, ainda preservado, mas depois, só poeira. Este o retrato de como se dá a luta pela preservação histórica neste país. Cá um cadinho do que acontece no restante do país e o melhor mostruário da situação num todo é a comparação destas duas fotos, a de antes e a de hoje. Querer também que tenhamos interesse por preservação, quando tudo está no fundo do poço, perdição sem fim, é demais. O Brasil chegou a ter política pública para preservação, em todas suas vertentes, mas hoje não tem mais nada, nem gente qualificada nos postos de comando das instituições antes sérias e dedicadas. Uma desolação sem fim e sem precedentes. Aquela esquina paulistana é a exata cara deste país miliciano, bolsonarista e onde um conluio colocou terra abaixo o que nos restava de soberania, dignidade e seriedade no trato para a coisa pública.
Essa história toda se resume em algo já aqui contado. Não custa repetir, quantas vezes for necessário. Certa feita, ainda presidindo o Codepac intermediávamos reuniões com os herdeiros da Casa Luzitana, na esquina na Batista com Gustavo e uma das senhoras, lindamente vestida, comparece e nos diz assim sem corar as faces: “Eu viajo sempre pra Europa, acho lindo a preservação deles. Entendo e apoio, mas aqui não faz sentido. E ainda por cima justo em imóvel de minha propriedade”. Sabe que a critiquei muito por essa atitude, mas hoje até entendo, a relação tem que ser de ambas as partes, de quem tomba e do proprietário. Um apoiando e reforçando a ação do outro, interligadas e atuando de forma eficiente. Quando não existe respaldo nenhum de quem tomba, como pode querer impor algo desse nível, num país onde tudo é resolvido a ferro e fogo, na ponta do facão ou, como agora, novamente no tiro. Enquanto persistir isso, milicianos e fundamentalistas nos governando, sem nenhuma esperança e nenhuma luz no final do túnel.

A ROTINA DOS QUE ENFRENTAM A DESORGANIZAÇÃO DAS VACINAS
Hoje não escrevo nada, quem o faz é Antonio Pedroso Junior com seu relato das agruras para conseguir tomar a vacina: "Muito embora já cadastrado no vacinajá do Governo do Estado, tive que fazer um pré-agendamento no site da Prefeitura de Bauru para poder ser vacinado. Já começa o imbróglio, pois o cadastro exige o número do cartão do Sus e não achei o meu. Tive que sair da clausura e ir em unidade de Saúde providenciar a segunda via. Consegui sair de lá com o número, pois não conseguiram imprimir, afinal, está faltando papel na unidade. Aliás a saúde púbica de Bauru, está uma verdadeira fartura: “farta” tudo.

Consegui agendar para hoje as 11:00 horas no PROMAI e para lá me dirigi, levado pelo camarada Piotto na certeza de me transformar no novo jacaré da praça. Contrariado, claro, pois jacaré tem coloração verde e a cor me lembra de Dona Peppa.

Chegando lá, somos informados que meu nome não estava na listagem. Como não estava, se fiz o cadastro corretamente pelo site da Prefeitura. Será que o cadastro é para fazer pré-seleção daqueles que serão vacinados?

A identificação de munícipes que questionam o negacionismo e fundamentalismo da burgomestra de plantão levam a supressão de seus cadastros? E se tem pré agendamento, qual a necessidade de se distribuir senhas? Outro absurdo, se tem pré-agendamento com a finalidade de se evitar filas, deveria ter funcionários em número suficiente para atender os munícipes, evitando-se aglomerações. Ledo engano, vejam a foto da Unidade de Saúde do Jardim Jussara, hoje de manhã. Com certeza vão dizer que não era fila de vacinação e sim, público aguardando o show da cantora Suellen Paraguassu. Com toda a sinceridade, prefiro aguardar o show da Denise Amaral, da Martinha Ferraz, da Renata, Neusa, Tatiana Calmon Karnaval , Sílvia Souto e de outras cantoras bauruenses.

Resumindo: vacina do chinelo, só na quinta-feira.
Pensando sinceramente em mudar para Birigui, afinal, dizem que ali reina a tranquilidade depois da mudança da Família Trapo".

QUANDO A GENTE SE SENTE CANSADO...
Eu tô assim, cada vez mais com jeitão de estar chegando no limite do limite. Nessa aldeia bauruense as coisas não andam a contento e isso de tudo sendo empurrado da pior forma possível pra frente é desolador. A fila da morte continua em plena ascensão e as pessoas não se tocam, continuam na roda vida, um moto contínuo com destino certo, sua própria destruição e não percebem, não notam terem sido conduzidas, enganadas. O malefício causado por essa propaganda do SinComércio, só propondo portas abertas, sem ao menos tocar nas maldades advindas do desGoverno Federal é algo para ser levado pra Justiça resolver. Um crime foi cometido contra os cidadãos desta cidade e muitos apoiaram. Pior, continuam apoiando, cegamente, sem entender o que de fato está em jogo. Como tudo poderia ter acontecido de forma diferente se ao menos tivéssemos feito um lockdown decente, tudo fechado por algumas semanas, com apoio governamental, todos unidos, mas não, os bestiais não querem colocar na parede o ex-capitão e pregam besteiras como esse kit preventivo. Que grande idiotice essa aprovação pelos vereadores em estudos (sic) para viabilizar o que a novíssima (sic) prefeita quer ver aprovado, com apoio do mentor de Brasília. Tudo jogo de interesse e nem um pouco de sensibilidade. Perversidade elevada ao seu grau máximo. A gente junta tudo, esse amontoado de gente de terceira idade nas filas dos postos a clamar pela vacina, esses insanos clamando pela privatização do DAE, outros correndo para as ruas no primeiro dia de portas flexibilizadas, a aprovação ainda elevada para o capiroto nessas plagas, tudo uma somatória e no acúmulo, isso tudo vai adoecendo os ainda querendo resolver de fato isso tudo. A gente cansa de dar murro em ponto de faca, pois rema contra uma forte maré. Ela é poderosa, a do emburrecimento humano. Desistir eu não desisto, mas cansa pra cacete continuar insistindo, falando pras paredes.

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