quinta-feira, 25 de agosto de 2022

UM LUGAR POR AÍ (157)


DOIS IRMÃOS, DISTINTOS POSICIONAMENTOS - OS PERAZZI DE AQUINO
Demorei um tempo para conseguir escrever este texto, mas acho mais do que necessário, exatamente neste momento da vida política bauruense, quando estamos diante de uma administração municipal, linha fundamentalista e bolsonarista, as vésperas de um pleito eleitoral, tentativa apropriada de retorno do País à alguma normalidade em todas suas instâncias e dentro deste quadro, algo mais do que normal nos tempos atuais, dois irmãos, um de um lado da questão, outro no oposto. Explico.

Os dois irmãos, somos eu, este mafuento HPA e meu mano, Edson Antonio Perazzi de Aquino - diferença de dois anos um do outro -, conhecido arquiteto, morador, como eu do bairro Cidade Universitária, ele de um lado das Nações Unidas, eu de outro. Sempre me entendi muito bem com meu mano, tempos atrás muito mais, hoje muito menos. Ele sempre soube e me viu como de esquerda, petista e militante social nestas plagas. Antigamente ele se envolvia menos nessas questões, o que não o impediu de fazer infinitos projetos para grupos políticos no poder. Sempre foi fervoroso católico, praticante e da linha mais conservadora, ligado à Canção Nova. O respeito e ele me respeita, mesmo divergindo em quase tudo nos questionamentos de visão política, religiosa... Irmãos, seguimos em frente, conversando quando possível, ultimamente ele muito bolsonarista e eu enxergando tudo de ruim neste segmento, evitamos de tocar neste assunto. Melhor assim.

Ele sabe o que penso, como penso, com quem ando e vice-versa - mesmo agora tendo me assustado mais do que o dito normal. Desde quando Bolsonaro teve ascenção no cenário político, ele mudou muito e está muito mais intransigente. Ouço dizer que nos grupos onde participa está muito intolerante e repassando, mesmo fora da hora e momento, algo de cunho de seu segmento político. Sei que, está à frente do grupo de apoio e dirigindo a campanha do candidato bolsonarista ao governo estadual, o Tarcísio de Freitas. Este esteve recentemente num evento no Alameda Quality e meu mano era um dos coordenadores. Na Marcha da Família, carreata católica/política nas ruas semana passada, ele foi um dos que fez com que a prefeita Suéllen Rosim subisse no caminhão de som. Dizem gozar de proximidade com a prefeita, algo que, no meu caso, rejeitaria, daí parte dos posicionamentos antagônicos. Acabo de fazer questão pela não participação de evento com exposição minha num evento com chancela da Prefeitura e ele faz questão de ali estar. Enfim, isso que já aqui escrevi, estamos em campos opostos, mas continuamos irmãos, como sempre o seremos.

Eu sou o atual Secretário de Comunicação da Regional do Partido dos Trabalhadores em Bauru e ele acaba de ser eleito presidente do Conselho do Município de Bauru. Eu, como sabem até as pedras do reino mineral, combato tudo o que advém dessa administração municipal e ele, pelo visto, defende tudo com unhas e dentes. O PT, pelo menos como entendo, deve se posicionar contrário à crueldade neoliberal e retomar o caminho da normalidade e soberania perdidos desde o golpe de 2016, com Temer, agora com Bolsonaro. Ele, pelo que sei, apóia isso tudo e está cada vez mais assumindo posições conservadoras. Ou seja, os PERAZZI DE AQUINO estão, pelo menos nós dois, em campos opostos e lutando por algo totalmente diferente um do outro. Não consigo enxergar nada de aproveitável no que prescreve Bolsonaro e os seus para o País, incluindo, é claro, nossa prefeita, discípula do seu mestre miliciano. Enfim, não consigo visualizar religião com apoio a ideias milicianas, mas ele sim e assim segue o jogo das nossas vidas. Abomino Bolsonaro, ele adora e venera. Com certeza dirá que faço o mesmo com Lula. Enfim, quando alguém de vocês observarem por aí algo a envolver PERAZZI DE AQUINO, confiram se é Henrique ou Edson, daí saquem de cara onde estaremos metidos. Eu nunca vou estar lá enfronhado onde ele está e ele, vice-versa para comigo. Não vim aqui para discutir quem está com a razão. Cada qual que me lê, deve ter já muito engendrado algo sobre mim e ele. Só peço para não nos confurdirmos e antes de encerrar, só uma coisinha, muito simples diante de tudo o que ainda teremos pela frente: meus pais, ambos falecidos, pelo que conheço de ambos, não estariam neste momento a defender Bolsonaro. Só isso. Segue o jogo.

GENTE, EU ESCREVO MUITO, MAS HOJE CONFESSO: ESTOU SEM PALAVRAS.
Impossível deixar de escrever umas palavrinhas sobre a entrevista de ontem, o Lula no Jornal Nacional. Neste momento, o mais preparado para nos fazer sair do atoleiro onde estamos metidos. Diante de tanto ódio pulsando pela aí, Lula prega o diálogo. Incompreendido, insiste e vai arrebatando pessoas. Refletindo sobre o que assisti ontem e como anda o Brasil, enfim, qual o legado do capiroto presidente, o que está nos deixando quando prestes de ser defenestrado do poder? Penso primeiro no agronegócio, essa instituição que pensa muito nos seus negócios e pouco no restante da coisa, no caso o Brasil. O modelo do agronegócio brasileiro, com produção em grande escala, vitimiza a sociedade, seja pela intoxicação por agrotóxicos, seja pela forma inadequada de manejo do sojo ou ainda pela forma como deixa a coisa rolar de forma violenta para ir conseguindo seus objetivos. Lula falou disso ontem, pois também enxergo o agronegócio com uma configuração colonialista. Não dá mais para pensar que políticas ambientais são exclusivas de um País, até porque os problemas são planetários. Este só um dos temas abordados ontem divinalmente por Lula, quiçá, nosso futuro presidente. Mesmo ainda não totalmente adepto, o diálogo à exaustão, como proposto por Lula pode salvar o Brasil.


historinha pra amenizar a tensão
NÃO TEM COMO IR EM JAÚ E NÃO PASSAR NA SEBO GARAGEM, DO LIVREIRO SANDER
Eu tenho boas recordações dos tempos em que trabalhei lá pelos lados de Jaú. Circulo bem por aquela cidade, recheada de amigos. Hoje voltei para lá e com um amigo, Aurélio Fernandes Alonso. Fomos para conhecer uma editora na cidade, mas na saída, disse que o levaria num sebo, o único da cidade, de velho conhecido, o Sander, numa das tantas encruzilhadas jauenses, lá perto do Hospital Amaral Carvalho. O dia estava quase se findando e reencontro o Sander, do Sebo, Livraria Garagem, sentado e fazendo o que todo jornaleiro faz no dia de hoje, entretido com o que lhe aumenta as vendas por estes dias, o tal do álbum de figurinhas da Copa.

Eu, toda vez que passo por Jaú, não consigo deixar de passar neste lugar, uma espécie de santuário, lugar único numa cidade que já teve muitas livrarias e hoje se resume a uma no shopping, que ouço estar de saída de lá e o espaço do Sander, recheado de livros, CDs e LPs, por todos os espaços. Ele é sum sujeito simpático, queito e que faz o que gosta, o que movimenta sua vida desde muito tempo. Sander é um sujeito feliz, faz o que gosta e no meio de tantos livros, permanece o dia inteiro numa profissão meio que extinta pelas cidades do interior brasileiro. Outro dia passei por Santa Cruz do Rio Pardo e uma das tristezas foi tomar conhecimento de que o único sebo da cidade havia fechado. Restam duas bancas de revistas, uma delas vendendo livros. Na maioria delas, nem revistas e jornais são mais vendidos, ou seja, o Brasil está sendo cada vez mais privado de leitores diários de jornais e revistas. O modal impreesso está em baixa, mas o livro, quer quieram ou não, possui ainda adeptos fervorosos e fiéis e Sander sabe disso, além de os conhecer bem.

Trouxe dois CDs e a lhe disse da promessa de voltar com mais tempo. Sou desses que, passo muito bem um dia inteiro ali dentro, revirando tudo e me deliciando com as descobertas nas estantes. De cara já achei algumas preciosidades e elas me desperataram a curiosidade de ter muito mais escondido por dentre aquelas estantes. Ir num sebo de forma rápida, apressada e como se fossemos na casa de um idoso, desses que precisam demais da conta de conversar e sem tempo para fazê-lo, ficamos no rápido cumprimento e logo nos despedimos. Algo inadmissível, pois ao visitarmos um idoso em sua casa, devemos ir no mínimo com tempo e o mesmo deve ocorrer num sebo. Hoje já estava quase na hora do Sander fechar as portas, essa a desculpa pela pressa.

Eu e Aurélio puxamos conversa. Ele nos conta da saga das figurinhas, que neste ano, tiveram que ser compradas todas à vista e de forma antecipada, mas ele fez o esforço, pois sabe que o retorno é certo. Disse que de uns tempos para cá deixou de abrir as portas aos domingos, dia de descanso da companhia, mas agora, as figurinhas o fez voltar a abrir nestes dias. Conto para o Aurélio, algo me dito por ele da última vez que ali estive, o de que nos tempos atuais a maioria dos seus clientes diários é constituido de gente de fora, os que passam pela cidade, acompanhantes de hospitalizados no Hospital Amaral Carvalho. Descobrem o sebo e ali compram algo para passar o tempo, enquanto aguardam os parentes serem atendidos. Sander continua o mesmo, ele e seu negócio, o que lhe move a vida. O nome do sebol veio da garagem de sua casa, onde tudo começou, primeiro vendendo gibis, depois ampliando e conseguindo o lugar na encruzilhada mais livresca de Jaú. É sempre bom passar por lá e colocar as conversas em dia. Hoje foi rápido demais, mas volto em breve, para permanecer mais tempo.

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