sexta-feira, 26 de agosto de 2022

MEMÓRIA ORAL (284)


EM JAÚ SÓ PRA PROSEAR COM O JORNALISTA E ESCRITOR JOSÉ RENATO DE ALMEIDA PRADO
"Eu e Henrique Perazzi Aquino estivemos visitando, nesta quinta-feira, a Editora 11 de Jaú do jornalista José Renato Almeida Prado. Fomos conhecer os catálogos literários da editora alternativa. A empresa também tem 11 Letras que atende publicações sob demanda", assim o amigo Aurélio revela o único motivo - mais do que justo - de nosso passeio na tarde de ontem, 60 km, até a vizinha Jaú.

Eu não conhecia o José Renato pessoalmente, mas muito já havia ouvido dele falar e também lido algumas coisas. Jornalista de uma velha cepa, destes que pegaram no pesado e não se contentavam em produzir textos sentados com a bunda numa cadeira. A geração deles ia à luta, via in loco o que estava se suscedendo e a partir daí, nasciam os textos. Hoje, infelizmente a coisa já não é bem assim e a comodidade atrofiou a atividade. Semana passada, quando escrevi algo, quando da vinda para Bauru do jornalista Eduardo Reina, o Zé (vou chamá-lo assim) adentrou a conversa e disse que o livro ora comentado, o "Depois da Rua Tutóia", era cria de sua pequena editora jauense. Conversamos e fui tocado, instigado a querer algo mais. Podia até trocar figurinhas, ele lá, eu cá, mas temos o bichinho da inquietude dentro da gente. Convidei o Aurélio e pra lá fomos ontem. Lá pelas 15h30 estávamos apertando a campainha de sua casa, também redação e sede das editoras, a 11 Letras e a 11 Editora.

Adentramos seu covil e a partir daí só revelações. E das boas. Sentamos em sua sala de visitas e ali ele começou a nos contar como tudo começou, também a despejar sob a mesa a história da editora e as obras, uma por uma, cada qual com sua história. Eu não anotei nada e como a cabeça não anda lá muito boa, agora, na hora de escrever, muita coisa vai passar batido e eles dois irão me corrigindo nos comentários do post. Zé atuou de forma integral, de corpo e alma no falecido jornal diário jauense, O Comércio de Jahu. Relembrou histórias e personagens. Vibrei com as lembranças. Uma merece ser descrita, o de quando ele aceitou convite de outro órgão surgindo na cidade, deixando de "ganhar 30 dinheiros para um salto, com 90 dinheiros". A experiência durou pouco, nos sendo contada em detalhes e ao final, eu o provoquei quando o sonho acabou: "Com certeza voltou para os 30 dinheiros?". Ele riu e confirmou.

Foram bem umas duas horas dessa forma e jeito. Eu e Aurélio ganhamos seu livro, o "Prosa Fiada e outros goles", algo arrebatador, pois ali ele "revela a vida das pessoas públicas e lugares privados. Com toda certeza é o Truman Capote de Jaú", escreveu o Reina no prefácio. Eu me certifiquei disso no vivenciado na prosa propiciada. Algo me arrebatou ainda bocadinho mais: "a mais simples história tem que estar sempre registrada". O Zé é detalhista e conta tudo, nos mínimos detalhes, leitura saborosa, para ser apreciada com cerveja gelada - que ele não nos ofereceu, mas diz gostar de degustar.

Falou deste e de outros livros. Alguns sob a mesa muito me interessaram. Trouxe o do Reina e de dois comento. O "Quem conta um conto" reune histórias fantásticas de Jaú e região, do Unhudo de Dois Córregos e outras. Capa do amigo Jozz Zugliani, hoje tornando-se bauruense. Quando olhei a contra-capa uma constatação, diante de dezena de nomes: conhecia no máximo dois e daí o questionamento da falta de integração entre nossas cidades. Do outro livro, o "Às margens do Jahu", do Fábio Grossi dos Santos, que tentei adquirir, mas me dizem esgotado. Ele confirma e adianta, continuarei sem o exemplar e o instigo para providenciar segunda edição.

Falamos também das histórias em comum de Jaú. Evidentemente, a conversa versou sobre bares e um deles, de alguém que conheço, o "Canalha's", hoje ali perto so Shopping Jaú, do Zezinho e dos áureos tempos do Jahu Clube, tempos de muita música ao vivo. Também neste quesito, Jaú e Bauru pouco interagem, pois poucos músicos nossos cantam por aqui e vice-versa, na verdade, quase não nos conhecemos. Divagamos sobre tudo e até sobre sua formação, quando esteve muito por Bauru, cursando Direito e Jornalismo. Citamos nomes, relembramos travessuras e diabrices. Por fim, até nossas dores foi motivo de prosa. Cada qual com a sua, trocamos receitas e unguentos, sendo também indicado o tal do chá de ayahuasca, que em Jaú tem uma vertente comercializada, causando inveja nos do lado de lá do rio Tietê.

A história da editora do Zé se confunde com a sua. Tudo nasce de uma necessidade, quando se viu sem o emprego do jornal. Se virou com assessorias e frees, até que, junto da esposa Léa Prado - e por iniciativ dela - engrenam na hoje única editora de livros na cidade de Jaú. Um luxo só. Luxo mesmo, pois tudo ali, mais do que perceptível, tratado com o devido esmero e consideração. Zé é meticuloso no que faz, ou seja, metendo a mão, certeza de sair algo bem feito. Acumula premiações e histórias na cabeça, algumas ainda sendo colocadas no papel. No cabedal tem até um livro traduzido, estilo de Edgar Alan Poe, que já havia se tornado de domínio público, resgatado por ele e aqui lançado. Tem duas vertentes a editora, uma para essas obras, quando o interesse em editar é dele e da esposa e outra, quando atende a demanda de gente querendo publicar algo. Saímos de lá um tanto inebriados, contagiados e querendo mais. Prosa boa é assim mesmo, tem começo, meio e dificilmente um fim. Ele prometeu vir aqui qualquer dia conhecer o Bar do Genaro e num retorno nosso vai nos levar em alguma quebrada jauense, algo antecipadamente aceito pela dupla intrusa. Foi assim, teve mais, mas acho que já escrevinhei demais. Queria poder só ficar contando algo de incursões deste tipo, mas elas me são possívei cada vez menos. Nos despedimos com desejos de Lula Lá e breve reencontro. Que assim seja.

Em tempo: Depois da despedida, eu e Aurélio fomos conhecer o Sebo da Garagem, do Sander e queríamos porque queríamos tomar um café. Os tempos mudaram e assim como em Bauru, cada vez mais difícil encontrar um lugar para saborear um café. Entramos na Doceria Renata - que já funcionou em Bauru -, comemos kibes e tomamos Coca Cola.

PAPO RETO NO SINAL FECHADO
Numa das esquinas mais movimentadas do centro bauruense, ele estava ali segurando um cartaz, se dizendo com fome, vendendo água e pedindo um algo a mais. Estou parado no sinal, ele se aproxima e vendo meu chapéu com a faixa "Sou Lula", me diz:
- momentos antes uma senhora, ao ser abordada me disse que eu estava ali por causa do Lula, de como eles deixaram o País.

Ele me diz não ter concordado com a mulher:
- Mas minha senhora, no tempo do Lula presidente eu tinha emprego e não estava no sinal, tinha carteira assinada, salário e nem imaginava ter que viver na rua e pedindo. Hoje passo fome, antes não passava. O Bolsonaro já faz mais de três anos que nos governa e só vejo desgraça até agora pro nosso lado. Não consigo associar a desgraça com o Lula e sim com o Bolsonaro.

Ele me disse que a mulher só faltou abrir a porta do carro e agredí-lo, mas se conteve, o sinal abriu e ela saiu esbravejando. Por fim, me vendo lulista pergunta:

- Eu estava errado? Só respondi e tentei conversar, mas ela nem deixou e daí não me deu nada mesmo.

PANFLETAGEM BAURU COM LULA
A eleição ainda não está ganha!! Por isso precisamos da participação de cada um nesse momento histórico fundamental para a nossa democracia e o futuro do Brasil.
Venha somar na construção da candidatura do Lula para presidente e Haddad para governador!!
A panfletagem vai acontecer no sábado (27/08) às 10h na Esquina da Resistência (Calçadão da Batista de Carvalho com a Rua Treze de Maio).
https://www.instagram.com/p/Churh-FgHcT/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
HPA, aproveitando para convidar tudo, todas e todos. Vamos?

TEM GENTE NÃO ENTENDENDO O PAPEL DO MST ATÉ O PRESENTE MOMENTO - SOU ARREBATADO POR ESTES, COMO LULA O É

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