quarta-feira, 16 de agosto de 2023

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (184)


MENTIRAS HISTÓRICAS E HERÓIS CRUÉIS NÃO PODEM CONTINUAR SENDO REVERENCIADOS
Estamos acostumados a conviver com a mentira em nossa HIstória oficial. Até bem pouco tempo nos era contada de forma parcial, a dos vitoriosos, não levando em consideração a versão do outro lado, a dos derrotados, muitas vezes dizimados. Isso também ocorre hoje, de outra forma, mas também lamentável.

Conversava semana passada com o ex-presidente do DAE, João David Felício e ele contava fatos daquele período da história bauruense, a envolver os anos de Izzo Filho no poder. Quanto mais ele me contava, tinha a absoluta certeza: sabemos pouco de fato e temos muito pouco escrito sobre este e outros períodos da história bauruense. Essa história, a que ainda não está nos livros e sim, nos documentos guardados em armários e cofres do município e, principalmente, na cabeça de pessoas que vivenciaram o período. Se faz necessário resgatar isso e confrontar com o que temos já como dados oficiais. Isso é fazer História.

Tenho comigo uma conversa com o memorialista Gabriel Ruiz Pelegrina, pouco antes antes dele falecer, em sua casa ali na rua Julio Prestes e falávamos sobre sua prodigiosa memória, guardando fatos, acontecimentos da história nunca dantes revelados. "Eu sei de muita coisa, ouvi e confrontei, mas ainda não posso contar.
 Quem a produziu já morreu, depois seu sucessor também, mas ainda restam vivos familiares, netos destes e daí não quero ferí-los com algo contrariando alguém querido de suas famílias. Por causa disso, continuo guardando para mim e não conto", foi mais ou menos o que me disse. Ficamos de continuar conversando, estava disposto a relatos minuciosos e não deu tempo.

Isso ocorre muito com a História. Quem sabe não revela esse conhecimento, não o passa adiante e ele se vai com ele. Mais triste que isso é, como no caso da Guerra do Paraguai, mesmo com muitos novos dados, a continuidade do reverenciamento de vultos nacionais como grandiosos, caso do Duque de Caxias, quando na verdade ajudaram em muito na dizimação do oponente, de forma cruel e insana. A História não pode perdoar, passar o pano, escamotear e apenas rodear ou enaltecer algo não verdadeiro, pois isso pode ferir conceitos estabelecidos.

Volto essa semana de um passeio por Reginópolis e constato isso. Os poucos ainda com algo na memória, com a história de fato do que se passou anos atrás naquela cidade estão envelhecendo e quando se forem, se nada for feito para resgatar o que possuem guardados dentro de si, ela nunca será contada devidamente. Isso não se passa só com Reginópolis, mas por todos os lugares.

Penso nisso tudo logo cedo, ao reviver no dia de hoje, o que foi o fim da Guerra do Paraguai, quando brasileiros dizimaram uma tropa de crianças e velhos, incendiando os que sobreviveram. Essa parte é pouco conhecida da historiografia da guerra produzida no Brasil, pois denigre personalidades vistas como heróis. Alguns de nossos heróis não passaram de perveros carrascos. Que o diga, o capataz da construção da ferrovia em Bauru, hoje dando nome à praça defronte a Estação da NOB, Machado de Mello. Saber quem de fato foi e o que fez este homem é parte ainda não muito conhecida de nossa história.

HOJE É UM DIA DE VERGONHA NACIONAL NA GUERRA DO PARAGUAI - DIZIMARAM AS CRIANÇAS
A Guerra do Paraguai foi num todo motivo de grande vergonha para a tríplice Aliança, incluindo o Brasil, cujas tropas nas maioria das disputas foi comandada pelo Duque de Caxias e dizimou um país, o Paraguai, no caso pelo simples fato dele querer se tornatr independente e soberano, sem estar atrelado ao Império da época, a Inglaterra. O Paraguai vivenciava na época algo não aceitável, totalmente liberto da dependência externa. Eis o motivo da guerra, culminando com este lamentável e criminoso episódio, hoje reverenciado em todo Paraguai, numa homenagem para suas crianças.

Uma das maiores Vergonhas do Exército Brasileiro.
Acosta Ñu: a sangrenta batalha em que crianças lutaram contra o Exército do Brasil Imperial na Guerra do Paraguai.

Cerca de 3.500 crianças foram massacradas na mais terrível e desigual Batalha da Guerra do Paraguai.

Diz-se ainda que os pequenos iam armados com varas que simulavam rifles.
"As crianças de 6 a 8 anos, no calor da batalha, aterrorizadas, se agarravam às pernas dos soldados brasileiros, chorando, pedindo que não os matassem. E eram degoladas no ato", escreveu Chiavenato em sua obra, conforme a tradução do Portal Guaraní.

À tarde, ele acrescenta, quando as mães recolhiam os corpos dos filhos e ainda havia feridos, os brasileiros teriam queimado todo o lugar.

Cerca de 300.000 Paraguaios foram exterminados em 5 anos de Guerra algo entorno de 80% da população daquele país.

Getulio Valls

HISTÓRIAS POUCO CONHECIDAS E OCORRIDAS TEMPOS ATRÁS POR ESTAS BANDAS DO MUNDO - E AS DE HOJE, QUE TALVEZ NUNCA VENHAMOS A CONHECÊ-LAS NA SUA TOTALIDADE
Reúno o que posso e, sempre, cada vez mais imbuído de que, nossa História ainda não foi devidamente contada, principalmente a local. Olhando para trás, uma só certeza, quem a detém não quer revelar quase nada, pois teme algo como processos e cobranças indevidas pelas revelações. Ou seja, dessa forma continuamos todos sabendo pouco do que de fato ocorre nos bastidores da vida pública municipal, suas entranhas e jogos do poder. Quando me deparo com algo, ligo o radar, fico mais atento e tento captar, juntar os tais pauzinhos inerentes a descrever o que de fato ocorreu. Ontem ouvi algo mais, ainda aqui descrito de forma genérica, sem grandes aprofundamentos, mas servindo para demonstrar o quanto temos pela frente, muito a ser desbravado, para contar de fato dos bastidores do que ocorreu dentro de administrações municipais passadas.

Dentro da última administração Izzo Filho, quando ela já estava sendo acossada e ameaçada pela cassação, um vereador procura alto dirigente do staff governamental e sugere a ele que, poderia votar favoravelmente ao prefeito, ou seja, contrário à sua cassação desde que recebesse uma casa, destas sendo construídas num dos convênios com o município. O tal dirigente achou um absurdo, leva o fato ao prefeito e continuam levando tudo em banho maria, com o vereador insistindo, chegando num dado momento em que, além da casa, diz querer também uma piscina junto da mesma. A partir deste momento e para encerrar o assunto, o dirigente chama o vereador e o grava. Sua gravação é lavada para a Câmara, ouvida numa sessão e tudo escancarado. Por fim, o vereador não é cassado por este motivo e quando da cassação do prefeito pelos vereadores, este vota favorável pela mesma.

Este curto relato, bem resumido é só para exemplificar de como existe muito a ser contado de épocas passadas, muitas delas já do conhecimento público, mas já caídas no esquecimento. Só mesmo, além da documentação existente do período, uma conversa com os que testemunharam os acontecimentos para se ter a verdade dos fatos. Sempre levando em consideração, algo mais do que necessário nestes casos: ouvir ambos os lados, ou todos os existentes, para só depois chegar numa conclusão, se é que a mesma é possível. Rever o passado requer muito trabalho.

Escrevo isso pensando em como seria louvável tomar conhecimento de todos os bastidores que levaram à estapafúrdia aquisição deste projeto Palavra Cantada pela atual administração municipal. 

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