sábado, 31 de janeiro de 2015
CENA BAURUENSE (129)
MINHAS DIVISÕES E SUBDIVISÕES CARNAVALESCAS
Com essa proximidade com o Carnaval eu fico um tanto perdido. Sabe um cara sem bússola, sou eu. Bauru vive um bom momento com algo dessa festa se manifestando nos mais diferentes lugares. Até aqui do mafuá, muito próximo do rio Bauru e Nuno de Assis eu ouço o batuque se manifestando lá pros altos do Bela Vista. Daí um bichinho me corrói por dentro e é mesmo impossível permanecer dentro de casa. Os problemas começam aí. Tempos atrás as opções eram poucas, hoje não mais e amigos estão tocando pelos mais diferentes cantos. E não só eles, mas agremiações pelas quais nutro simpatia (simpatia é quase amor, dizia um poeta). E eu querendo estar ao mesmo tempo em variados lugares, deixo muitos a desejar, muitos lugares para serem visitados, ensaios onde devo comparecer e com meus adiamentos e a aproximação da festa, uma dor por constatar que, isso de querer bater os olhos em todos é mesmo um sofrimento sem fim.
Fiz minhas escolhas esse ano. Sair mesmo saio no BAURU SEM TOMATE É MIXTO o bloco carnavalesco, burlesco e farsesco, criação coletiva de um grupo de abnegados atores sociais dessa varonil cidade. Esse ano com o NEGOCIÃO NO BAURUZÃO, sábado, meio dia, fervendo o Calçadão da Batista. Esse são favas contadas. Depois mais três. O bloco carnavalesco PÉ DE VARSA, reduto do bom samba na vila Falcão, onde também saio pela terceira vez consecutiva, junto de Cleusa Madruga e Alemão, companheiros do Kananga e amigos de longa data. Esse ano faço a estréia em mais um bloco, o LAGOA DO SAPO, também da vila Falcão, mas esse na beiradinha dos trilhos, parede meia com a favela São Manuel. Fiquei encantado quando vi a batida proporcionada pelos integrantes, todos moradores das comunidades e adjacências. E por fim, pelo segundo ano vou desfilar pela única escola de samba, a COROA IMPERIAL, do Geisel. Ana Bia, a companheira de cama e mesa, estará junto da ala universitária, depois do Cláudio Goya ter se descoberto carnavalesco e vou saracotear junto deles. Nem sei se aguento isso, mas prometo dar o melhor de mim.
Conto mais, agora das minhas andanças. Já fui em alguns ensaios, poucos, mas prometo intensificar na próxima semana. Os do PÉ DE VARSA e LAGOA DO SAPO, únicos que marquei presença. Recebi convite de quase todos e não posso deixar de comparecer nos da MOCIDADE, levando o Esso Maciel, que quer muito ir lá, mas me disse, “só depois das 22h30, esse meu horário”. No AZULÃO, da querida Cidinha, hoje feliz por já ter conseguido eleger a Rainha da Diversidade e com enredo do Roque Ferreira, imperdível. Ontem recebi uma bronca do amigo Mirim, conclamando minha ida para ver o que rola nos ensaios da TRADIÇÃO lá no Mary Dota. Vou e com louvor, gosto muito do Chiquinho e de todos por lá. O Chermont e o Ulissses Frazão me instigando para ver a aprontação deles com a ÁGUIA DE OURO, também lá no Geisel, mas lá mais no alto. O Pasqual Storniollo idem para espiar o CARTOLA. O Zotino também na sua escola no Bela Vista. E como vou fazer se não for nenhum dia bater os olhos lá no bloco de Tibiriçá, reduto de velhos e valorosos sambistas.
Não sei mesmo como conseguimos passar tantos anos sem essa manifestação nas ruas. Algo inexplicável o que motivou o seu fim e dos motivos daqueles outros que incentivavam para que nunca mais voltasse. Ouvia algo como: “O tempo do Carnaval já passou, não existe mais clima para ele”. Pura balela. A cidade é outra nessa época. Sai agorinha mesmo da casa do Oscar, onde fui comer uma língua feita pelo anfitrião e lá vi seu filho nos preparativos para bater tamborim pela COROA. Liguei a TV e foi lindo ver como CASA DE BAMBA, o programa da Lea e do Tuba estão afinados com a festa. Todos os carnavalescos estão passando por ali e cada história de arrepiar. Ouvi até não mais poder. Fui ao mercado aqui perto, a Casa do Arroz e dois balconistas num diálogo ferrado sobre suas escolas (cada um sairia numa diferente). Vou comprar o jornal e o jornaleiro me disse que tem gente colecionando os escritos de cada escola publicados diariamente pelo JC. Quando fui comprar a marmitex do almoço de hoje, lá nos altos do Bela Vista, fiquei surpreso. Na fila, duas senhoras, ambas com mais de 50 anos e o assunto era o renascimento do carnaval. Uma delas dizia a outra: “Sabe o que me tirou da frente da novela? O ensaio da minha escola”. Olhei para ela, como me intrometendo na conversa e abri um baita sorriso oferecido para ambas.
O clima é esse e é com esse que eu vou. No meu caso não existe divisão nenhuma, o importante é botar o bloco na rua e festar. Tem para todos os gostos. Semana que vem começam os bailes de salão. Estou na fase de passar sebo nas canelas. Me aguardem...
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
DIÁRIO DE CUBA (74)
FIDEL CONTINUA MAIS VIVO E LÚCIDO QUE NUNCA - UFA!!!
Que os EUA fazem tudo só visando seu próprio interesse isso até as pedras do reino mineral sabem. Não movem peças e não dão ponto sem nó que não seja em benefício próprio. Nessa suposta reapoximação com Cuba, para mim, evidente que estão querendo engambelar os cubanos e transformá-los no mais novo mercado para seus produtos e estilo de vida, o que vai danar Cuba de cabo a rabo. A coisa ia indo, caminhando, conversações sendo feitas até o momento em que essa semana vejo na imprensa o algo mais lúcido até então, uma declaração do Fidel, no alto dos seus 88 anos, versando sobre o fato. Ele crê, mas desconfia e muito. Eu também. E ontem à noite, ao abrir o site de Carta Capital, um convescote de Fidel com nada menos que o brasileiro frei Betto (longe se ser o padre bauruense, viu!) e algo mais de suas desconfianças. O bom velhinho (esse o verdadeiro) demonstra mais uma vez sua sapiência. Adoro Fidel por tudo o que fez, sua bela trajetória de vida, um exemplo para tudo e todos, o tal que mesmo nas maiores adversidades mostrou na prática que é possível sonhar, colocou em prática aquilo de que um outro mundo é possível. Os cubanos nos provaram isso, com todos os seus problemas, dificuldades, mas fizeram e ainda são hoje, a alternativa que tivemos, algo concreto contra essa basófia de neoliberalismo que nos entorpece até a alma. Leiam o texto da revista clicando a seguir:
www.cartacapital.com.br/internacional/frei-betto-para-fidel-eua-ainda-sao-inimigos-857.html
Boa sexta para todos os que resistem e insistem no sonho de um outro mundo ainda possível. Aos que já desistiram, se acomodaram, mudaram de lado, nada mais a fazer do que expor os exemplos vivos, os ainda existentes. Vejam a Grécia e a chama desse sonho ressurgindo das cinzas. Assim somos e assim seremos, ad eternum...
CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (91)
O VEREADOR E O PARTICIPI O portal independente de notícias PARTICIPI incomoda muita gente. Seus textos, todos virtuais, descrevem o fato ou a notícia nua e crua, como de fato ocorreu, doa a quem doer. Algo pouco usual na imprensa hoje em dia. Não existem interesses em jogo além do da divulgação da notícia. Ela sai transparente, jornalismo com brio, desses valorizando o nome “jornalista e jornalismo”. O que muitos deixaram de fazer, eles fazem como rotina de trabalho. Estão "causando" cidade afora. Tempos atrás um vereador se sentiu incomodado com algo escrito, uma mera citação de uma frase dita por ele, reproduzida dentre as mais quentes da semana. Repercutiu geral. Foi sensato e os procurou, conversaram e como civilizadas pessoas resolveram tudo. Cada um continuou no seu quadrado, os jornalistas jornalistando e o vereador vereando, porém, com certeza, mais comedido nas frases ditas pela aí.
Essa semana um algo mais e novamente com outro vereador, dessa vez Fábio Manfrinato. Uma ameaça de processo, algo intimidador. “Ou retiram do ar o que postaram ou medidas serão tomadas”, foi assim. O fato gerador de tudo seria cômico, se não fosse trágico. O vereador entrega atestado médico alegando problemas de saúde como justificativa para falta em sessão legislativa. Depois na mesma data publica um selfie de si próprio numa praia e ao lado da namorada. Descoberto, o fato gera processo interno na Câmara por Decoro Parlamentar. "Mas por que tirar o texto do ar?", diriam todos. O jornalista do Participi descreve com exatidão tudo o que ocorreu, inclusive as providências em tramitação na Câmara e ainda pedem para tirar o texto do ar. Não tem mesmo como o pessoal do Participi recuar num caso desses. Faltou orientação ao vereador. Permanecendo quieto, tudo não passaria dessa matéria, mas com sua atitude, talvez mal orientado, deu no que deu. O escarcéu foi ampliado em proporções ainda não totalmente codificadas. O estrago hoje é irreversível, pois muitos que não saberiam de nada, hoje já sabem e isso se espalha como o vento. Ampliou algo que poderia ter permanecido com mínima repercussão.
Além do erro teve a resposta do vereador em algo endereçado para mídia. Em nenhum momento rebate o fato em si. Quer dizer, reconhece que o fato é inquestionável. Mas contra ataca com algo impensado, o fato da charge o ter retratado como deficiente. Mas queria que fosse como? Retratou a realidade, só isso. Um sujeito musculoso, bonito, porém deficiente. Onde o erro? Não existe. Existiria se o retratassem com tudo normal. Daí sim, poderiam alegar preconceito, ou algo similar. Vejo na resposta algo pouco pensado. Sabe aquilo de jogar merda no ventilador, é o que está sendo feito. No momento em que Manfrinato deveria colocar o pé no freio, pisa fundo no acelerador. E ninguém vai orientá-lo para mudar de rumo? Charge sempre foi e sempre deverá ser exatamente isso visto. Pergunte para qualquer chargista como retratam seus alvos. Sempre uma carga a mais aqui e ali, os olhos caídos do Cerveró que o digam, as orelhas de abano do Daniel Dantas ou até mesmo a capa preta do Joaquim do STF. Não houve desmerecimento nenhum a pessoa dele, muito menos à sua deficiência. O que ocorre é um desvio de atenção de um fato grave, buscando e tentando criar algo novo. Maluf fez isso com perfeição a vida toda. Maluf é Maluf e Manfrinato é Manfrinato.
Olhem só o desfecho disso tudo. Uma nova charge dele deverá pintar no portal do Participi. Mais que isso, marcado para segunda, no espaço da Câmara, um Ato a favor do portal. E o fato está gerando entrevistas variadas nos mais diferentes órgãos de imprensa e daqui a instantes, se é que já não pintou no ar, algo mais em divulgação nacional. De minha parte tenho a dizer para encerrar meu texto: O texto do Participi foi primoroso e a charge foi honesta, sem jocosidade, bela ilustração para a matéria. Se ainda houver alguma dúvida, acho que o vereador poderia republicar a tal foto feita no selfie lá na praia e vamos comparar tudo. E isso ainda vai acabar sendo feito, pois caiu na rede social, alguém deve ter gravado e com, certeza ela já está devidamente copiada junto ao processo. Perceberam como é fácil a gente meter os pés pelas mãos? Ainda dá tempo de, com muito pano quente, algo ser amenizado, mas muito estrago que poderia ter sido evitado, já está consumado. Eu tenho como conselheiro para essas horas, esses momentos assim onde pisamos em ovos, meu TRAVESSEIRO. Ele me dá dicas melhor do que qualquer pessoa. Mas o meu travesseiro eu não dou, não vendo e nem empresto. E mais, o tranco a sete chaves para que ninguém faça uso dele sem o meu consentimento.
OBS.: As fotos publicadas como ilustração do texto são de minha visita hoje à tarde na redação do Participi, acompanhado do filho Henrique Aquino e do amigo, Marcos Paulo, Comunista em Ação, em solidariedade pelo ocorrido. Paula Monezzi e Giovani Vieira, ambos do Participi nos recepcionaram maravilhosamente e mais lhe digo, nem um mero cafezinho nos foi servido.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
BAURU POR AÍ (108)
O PAPA BERGOGLIO E SUA IGREJA, O EXCOMUNGADO BETO E SEUS SEGUIDORES
Primeiro eu escrevo do papa católico. Diante de tantos estadistas e líderes mundiais horrorosos, Bergoglio, o papa Francisco, um argentino do “fim do mundo”, como ele mesmo se intitulou, nada de braçada. Veja algumas de suas últimas declarações, ainda no calor dos acontecimentos envolvendo o semanário Charles Hebdo. “Há uma tendência à rejeição (...) que induz a olhar o próximo não como um irmão a acolher, mas como alguém deixado fora do nosso horizonte de vida pessoal, transformando-o, antes que em concorrente, em súdito a dominar. Trata-se de uma mentalidade geradora daquela cultura do descarte que não poupa nada e ninguém. (...) De tal cultura nasce uma humanidade ferida, continuamente dilacerada por tensões e conflitos de toda espécie. (...) Um triste eco disso mesmo nós o encontramos em numerosos fatos referidos nas notícias cotidianas, como trágico massacre que há dias aconteceu em Paris”. Quem ainda fala dessa forma hoje em dia? Poucos, respondo.
E me surpreendo ao ler mais algumas de suas declarações. “E o ser humano, livre que era, torna-se escravo das modas, do poder, do dinheiro e por vezes até mesmo de formas equivocadas de religião”. Não sei dizer se existe essa tal forma certa de religião e nem não acho a católica boa exemplo para nada, mas gosto de ler o que ele diz. “Esse ato de crueldade nos faz pensar tanto no terrorismo isolado quanto no terrorismo de Estado. (...) É verdade existe a ameaça desses terroristas. Mas existe também outra ameaça. É o terrorismo de Estado, quando há uma escalada de violência e cada Estado por sua conta acha que tem o direito de massacrar os terroristas e, com eles, caem muitos outros que são inocentes”, continuou falando sobre os acontecimentos na França. Esse senhor sabe muito bem que o catolicismo não é nenhuma altaneira referência para outras religiões, mas se mostra alguém sensato, num momento em que as mentes estão um tanto desanuviadas e perdidas.
Continuo citando mais dele, pois falou muito por esses dias. “Não se pode matar em nome de Deus, mas, se olharmos para nossa história, quantas guerras de religiões sofremos... lembremo-nos da Noite de São Bartolomeu”, mais uma e aqui sangrando a si mesmo. Sobre os limites de agressões verbais e excessos em publicações via imprensa, sugere isso, tendo ao lado seu médico particular: “Se o meu amigo Gasbarri ofende minha mãe, merece um soco”. Fosse outro teria dito para oferecer a outra face, renegar sempre, entender, mas demonstrou ser um ser humano e bem dentro dos tempos atuais. Não foi hipócrita, nem teve medo de dizer o que pensa. De tudo, o vejo ousado, preciso e mesmo não concordando com procedimentos outros da instituição Igreja, pela lucidez e clareza, talvez um dos poucos estadistas realmente em atividade. Fui longe demais, até me excedi na reprodução de suas falas, mas tenho um objetivo com tudo isso. Quero ir um pouco mais adiante. E vou tentar ser sucinto, claro e objetivo nos dois últimos parágrafos.
Se o papa católico é tudo isso (ou aparenta ser), a Igreja sob seu comando não o é. Nem ela e nem nenhuma outra. Existem as pioradas. E também as inqualificáveis. Daí, como gosto de fazer, venho do que leio dele para minha aldeia bauruense. Por aqui um padre, hoje excomungado, Beto, ousou se pronunciar sobre questões tabus, como casamento gay e pagou o preço. Um bispo bem distante do que prega esse papa, foi às ultimas consequências e sem dó e piedade, expulsou Beto da igreja. Beto sempre foi um padre mais voltado para as coisas espirituais, nunca teve tendências de estar focado em questões sociais. Nunca estive num culto seu, mas o vejo como bom aglutinador. Arrebanha pequenas multidões e a Igreja hoje, pelo momento que atravessa, perde terreno e fieis a cada dia. Perdeu muito mais do que ganhou com esse ato de excomunhão. Eis aqui uma rara oportunidade do papa seguir abrindo arestas, algo pelo qual parcela significativa dos fieis gostaria de vivenciar nesse momento. Acredito que, se esse papa soubesse de fato tudo o que ocorreu com o bauruense Beto, poderia rever a excomunhão e trazê-lo de volta. Vendo as fotos de seu primeiro culto ontem, casa lotada no GREB, gente de todos os matizes, o melhor mesmo, seria antecipar o que o atual bispo bauruense tanto quer: a concretização de sua aposentadoria. Isso feito, chamar Beto de volta, rever a excomunhão e o barco sendo tocado com algo mais arejado vindo dos seus púlpitos.
Eu cá do meu canto, sem qualquer vinculação religiosa no momento, na qualidade de simples observador, vejo nessa atitude algo aglutinador, bem dentro das palavras ditas a todo o momento pelo papa. Seria uma possibilidade, na prática, de concretamente algo do que diz ser colocado em prática. Beto, como já disse não é nenhum revolucionário (o papa talvez o seja muito mais), pois nunca em suas falas, textos e livros algo beirando o que Bergoglio pronunciou em tão pouco tempo de papado, mas ainda é novo e tem muito a aprender. O que Bergoglio já assimilou muito bem foi o fato de que, se sua Igreja não se renovar, “não se virar nos trinta”, tende a perder cada vez mais terreno. Beto, mesmo com suas limitações, poderia ser um bom soldado nas reformas propostas para os novos tempos. Por fim, peço desculpas pelo pitaco dado, pois nem católico sou mais, mas como vejo as igrejas hoje todas em plena atuação, como se empresas fossem, essa seria uma boa atitude em prol da conquista de mais e mais ovelhas. Uma bela jogada de marketing, sem precedentes na história da Igreja. E Bauru, na onda de mais essa para o rol de seus inusitados fatos.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
UMA MÚSICA (119)
A LETRA DA MARCHINHA "NEGOCIÃO NO BAURUZÃO - PAU FAZ SELFIE?" para o bloco carnavalesco, farsesco e burlesco BAURU SEM TOMATE É MIXTO
(em cima da letra e música da antológica Cachaça, adaptação Silvio Selva)
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu passei na Bela Vista
mary dota e vila falcão
mas não tinha um doutor
pra cuidar do meu pulmão
Você pensa que pau faz selfie?/
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Faz a UPA sem doutor
(isto não tem graça)
recebe e não trabalha
isso eu chamo de trapaça
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu peguei o pau de selfie
e fui lá no rio Batalha
a água tava no rodizio
e desculpem nossa falha
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu saí do Jaraguá pro Ipiranga
peguei um busão
no caminho a passagem sobe
e voltei de camburão
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Pedi terreno no distrito
pra montar uma olaria
aluguei o barracão
e montei uma padaria
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Vou pegar o pau de selfie
e filmar a falta d’água
se eu lavo eu não seco
se eu seco não enxagua...
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu passei na Bela Vista
mary dota e vila falcão
mas não tinha um doutor
pra cuidar do meu pulmão
Você pensa que pau faz selfie?/
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Faz a UPA sem doutor
(isto não tem graça)
recebe e não trabalha
isso eu chamo de trapaça
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu peguei o pau de selfie
e fui lá no rio Batalha
a água tava no rodizio
e desculpem nossa falha
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Eu saí do Jaraguá pro Ipiranga
peguei um busão
no caminho a passagem sobe
e voltei de camburão
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Pedi terreno no distrito
pra montar uma olaria
aluguei o barracão
e montei uma padaria
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Vou pegar o pau de selfie
e filmar a falta d’água
se eu lavo eu não seco
se eu seco não enxagua...
Você pensa que pau faz selfie?
Pau não faz selfie não
Selfie vai pro facebook
e pau eu não digo não
Cliquem aqui para ver uma versão com Tatiana Calmon no volante: https://www.facebook.com/video.php?v=997523706944305
Desfile: Sábado, 14/02, 12h, Calçadão da Batista
Animação: Kananga do Alemão
Ilustrador da camiseta: Junião O
Homenagem do Ano: Maria Inês Faneco, a tomatista Rainha 2015
Letra em cima do Tripé: Água, Saúde e Transporte Público - tudo dominado
CAMISETAS VENDIDAS (todos os tamanhos) R$ 30,00 (Preço para apoiadores R$ 50 e R$ 100) - Pagar despesas com os músicos, pois não temos e não queremos patrocínios. A intenção é festar e continuar fazendo o que já fazemos o ano todo, colocar o dedo na fratura mais que exposta dos Negociões feitos em Bauru.
HPA - pela desorganização ampla, geral e irrestrita dos blogueiros quase sempre de plantão, mas nunca desatentos.
Animação: Kananga do Alemão
Ilustrador da camiseta: Junião O
Homenagem do Ano: Maria Inês Faneco, a tomatista Rainha 2015
Letra em cima do Tripé: Água, Saúde e Transporte Público - tudo dominado
CAMISETAS VENDIDAS (todos os tamanhos) R$ 30,00 (Preço para apoiadores R$ 50 e R$ 100) - Pagar despesas com os músicos, pois não temos e não queremos patrocínios. A intenção é festar e continuar fazendo o que já fazemos o ano todo, colocar o dedo na fratura mais que exposta dos Negociões feitos em Bauru.
HPA - pela desorganização ampla, geral e irrestrita dos blogueiros quase sempre de plantão, mas nunca desatentos.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
INTERVENÇÃO DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (80)
AJUDE GUARDIÃO A ESPALHAR MÁSCARAS COM OS PROBLEMAS DA CIDADE PARA O DESFILE DO BAURU SEM TOMATE É MIXTO Sabe a famosa frase atribuída ao Lula: “Nunca antes na história desse país...”. Dá para sentir o mesmo na Bauru de hoje e em relação ao Carnaval (com maiúscula mesmo). Ele ressurgiu das cinzas como fênix e hoje voltou a vicejar lindamente. Sabemos que já existiram áureos tempos, mas pelo menos desses últimos, o desse ano está dando o que falar. Senão o mais movimentado, pelo menos um deles. E com a sua aproximação, pressentindo o bom momento, intensa agitação pela cidade, GUARDIÃO, o super-herói bauruense, após circular por todas as quadras e ensaios variados, concentrações e baticuns. Diante de tudo o que viu resolveu dar o seu pitaco justamente com ideias para o bloco carnavalesco (também dito por eles como farsesco e burlesco) BAURU SEM TOMATE É MIXTO. Totalmente inserido no contexto da tão necessária crítica, diante do momento meio lusco-fusco vivido pela cidade de Bauru, ele não só vai na valsa (mas não seria samba?), como dá sugestões valiosas. Vamos a elas.
“Quando li a letra, primeiro com o pau de selfie, essa doença de todos querendo tirar fotos de tudo e todos e depois o tal dos Negócios Escusos e Fáceis cometidos e sacramentados por aqui, vi que precisava ajudar. A letra da marchinha está ótima e para incrementar mais estou dando umas dicas de MÁSCARAS DE CARNAVAL. Bolei algumas e as divulgo aqui, mas outras poderão surgir. Como o tema está focado na calamidade da Saúde, Médicos com astronômicos salários, Transporte Público deficitário, três empresas e um só patrão, depois a questão da água, torneiras secas, rodízio nos bairros populares e DAE resolvendo pouca coisa. Isso sempre vai dar muito o que falar”, diz. E pode dar mesmo. Os integrantes do bloco estão lá nos preparativos, vendendo suas camisetas para pagar os músicos, bolando a estratégia da descida do Calçadão no sábado de Carnaval e Guardião surge os instigando para fazer um algo mais.
“Conversei com o Leandro Gonçalez, o artista que me criou e já o deixei preparado. Queria ver surgirem ideias para confeccionar muitas máscaras e elas seriam espalhadas por aqui. A ideia vem pela internet, o Gonçalez desenha ela num formato de um tamanho de um sulfite, tamanho A4 e depois tudo será reproduzido para quem quiser imprimir e montar a sua para sair na rua todo paramentado. As primeiras estão aí boladas em cima dos temas propostos pelo bloco, mas outros temas serão bem vindos. Estou vendo as meninas do bloco montando arquinhos com tomates e neles serão fixados a grita dos bairros, as reclamações que tanto infelicitam a vida da maioria da população e agora as máscaras. Que surjam as primeiras ideias para o Gonçalez já ir desenhando as primeiras máscaras e as mesmas serem espalhadas. Quem vai lançar a primeira ideia?”, foi o que disse Guardião.
Então, agora será assim, o desfile dos tomateiros no sábado de Momo, 12h lá no Calçadão será todo incrementado com máscaras sobre os maiores problemas da cidade todos expostos e pedindo solução. Aguardando sugestões...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (68)
A IMPORTÂNCIA DE UM PAÍS NASCER DESIMPORTANTE *
*Esse texto sai também publicado no portal virtual de informações PARTICIPI.
Isso não é uma teoria, mas até que poderia ser. Ela pode ser desenvolvida longamente. Quero me estender pouco. Tudo nasceu de um papo com meu filho, HA, 20 anos. Seu atual sonho de vida passa pela Islândia e o vejo movendo as peças do seu tabuleiro para concretizá-lo. Dou força conforme posso, ou seja, quase nenhuma. Só conversas. Falamos muito disso. Num desses papos, falávamos sobre dos motivos desse pequeno país, encravado lá no Mar do Norte, entre a Groelândia e a Grã Bretanha, um dos locais mais gélidos do planeta, cheio de gêiseres e com população de aproximadamente 300 mil habitantes viver uma situação pouco usual. O que mais se fala de lá ultimamente é sobre a pequena ilha ter conseguido certa independência do neoliberalismo predatório, o que toma conta de toda Europa. Lá os banqueiros foram enquadrados e o capitalismo está meio que contido pela força popular. E o país cresceu muito dentro dessa nova perspectiva, dependência quase mínima. Daí meu filho solta a frase fatídica: “Essa, meu pai, é a grande importância de um país nascer desimportante”.
Vibrei e a conversa fluiu mais e mais depois da frase. Viajamos para outras paragens. Nada como um país não ser objeto de cobiça, daí fica um tanto esquecido e pode navegar meio tranquilo. Ele me conta da história da Dinamarca. “Esse país é um grande vale. Nunca ninguém deu muita coisa por aquele pedaço de chão. Hoje, 100% de sua energia é eólica e vivem uma situação também sui generis dentro do capitalismo. O distanciamento e interesses externos favoreçam isso”, me diz. Sim, poderíamos entrar em muitos outros detalhamentos, mas ficamos nesses. Ouço mais. “Nosso mal aqui onde moramos é que a América Latina toda já nasceu importante. Sempre fomos alvo de predadores diversos e variados. Desde a madeira, ouro, cana, borracha e tudo o mais. A Montanha de Potosí é um exemplo clássico desse interesse. Hoje, os interesses são outros, mas os predadores os mesmos. E hoje, grande como somos e na busca por certa independência, sendo também importante centro consumidor, sempre seremos alvo. Eles não querem nos perder por nada”, conclui. Já se perder, uma maavilhamento sem igual.
Falamos também da África tão ultraja no passado por colonizadores que a sugaram ao máximo. Fizeram e desfizeram da África inteira, a dilapidaram ao bel prazer dos interesses de cada país colonizador e depois ao notarem as transformações pelas independências, não sem uma luta, abandonaram tudo, mas num estado de terra arrasada. A importância de um país é quando descobrem algo, que talvez os próprios habitantes desconhecessem, alguma riqueza ainda oculta. O Iraque e a Líbia hoje padecem pelo fato de terem essa praga moderna nos seus subsolos, o dito ouro negro, o petróleo. O que foi feito nesses países, a destruição patrocinada pelos EUA, tudo para que o petróleo estivesse sob seu domínio é um dos momentos mais trágicos desses últimos tempos.
Por fim, chegamos à Grécia dos dias de hoje. A conversa foi sexta, dia 23/01, poucas horas antes do pleito onde o partido de esquerda, o Syriza, ganharia a eleição. “Mas com a Grécia é diferente pai. Ela tem pouca coisa que interesse as aves de rapina internacional, mas diferente da insignificante Islândia, trata-se de um país maior, berço de algo importante para a civilização moderna. Isso pouco representa e o que vale é fato dela poder vir a se tornar o péssimo exemplo de que fora do capitalismo existe uma viável saída, que nem tudo pode e deve seguir à risca a linha do pensamento único. Nem Alemanha, nem Inglaterra querem que isso ocorra, daí além de apostar contra a Grécia vão todos unidos jogar sujo contra ela. A experiência grega de esquerda tem que dar errado, percebe?”, foi o que me disse. Sim, percebo e o Syriza, do agora primeiro ministro Alexis Tsipras, nem está empossado e já o querem vê-lo atado os interesses do capital. Justamente contra tudo o que prega sua linha de conduta e ação. É um país desimportante importante, entenderam? Sacaram até onde vai a sordidez da embromação onde estamos metidos?
Concluo com algo sobre minha pessoa. Pelo meu grau reduzido de importância, insignificância dentro do contexto do capital, eis aí o exato motivo para me encontrar apartado de decisões, salamaleques, convites sórdidos ou até mesmo de estar envolvido em alguma indelicada situação. Viver à margem tem suas vantagens, nem convites para maracutais voce recebe. Usufruo das desvantagens e assim queria continuar até findar minha passagem por esse mundo. Já meu filho, indo mesmo para a Islândia, deve seguir o mesmo caminho, o que para a sua qualidade de vida terá uma importância muito grande. E para mim também.
Concluo com algo sobre minha pessoa. Pelo meu grau reduzido de importância, insignificância dentro do contexto do capital, eis aí o exato motivo para me encontrar apartado de decisões, salamaleques, convites sórdidos ou até mesmo de estar envolvido em alguma indelicada situação. Viver à margem tem suas vantagens, nem convites para maracutais voce recebe. Usufruo das desvantagens e assim queria continuar até findar minha passagem por esse mundo. Já meu filho, indo mesmo para a Islândia, deve seguir o mesmo caminho, o que para a sua qualidade de vida terá uma importância muito grande. E para mim também.
domingo, 25 de janeiro de 2015
MEMÓRIA ORAL (173)
UM “PROTÓTIPO” E ALUCINANTE LUGAR NO CENTRO VELHO DA CIDADE
Quem foi que disse que em Bauru não existem lúdicos lugares? Quem disse conhece pouco das entranhas dessa varonil cidade. Conheço alguns desses lugares, todos encantadores, algo criativos e cheios de impraticáveis possibilidades. Quando num desses, a primeira pergunta que me veem à cabeça é a seguinte: mas como eu não estou enfiado num negócio desses? São coisas de bater uma identidade de propósitos, ajuntamento de possibilidades meio que à margem disso tudo permeando o dia a dia de uma típica cidade interiorana paulista. A ralação neoliberal comendo solta lá fora, um pega pra capar onde com esse calor até as mentes estão se desconstruido, piorando e se modelando aos novos tempos, tudo gerenciado por tal de "mercado" e quando percebo gente ainda seguindo no caminho oposto, o benfazejo toma conta de minha pessoa.
Primeiro eu conto do que vi. Rua Monsenhor Claro, centro velho de Bauru, quadra dois. Quase mais nenhuma residência no quarteirão. Na esquina de baixo, a avenida Rodrigues Alves e dois hotéis, um em cada esquina, todos de baixo custo, mas com clientela simpática. Do outro lado da rua, um outro fechado e a Casa Sampaio, idem, com um andar superior deslumbrante. Tudo entregue ao pó do tempo. No meio do quarteirão um restaurante popular, preços mais que módicos e algo que só mesmo os que necessitam da coisa sabem, atende para jantar até certa hora da noite. Na esquina de cima, a da rua Bandeirantes, um típico boteco, daqueles resistentes em lugares centrais. Uma funerária do outro lado da rua e no meio do quarteirão um comércio com movimentação somente durante o dia. A noite seria tudo de um breu danado, não fosse dois intrépidos jovens, desvairados por osmose e natureza. Juntaram forças, trapos e fantasia para criar um dos espaços mais inovadores dentro da concepção de que a vida deve mesmo correr pelas beiradas.
O espaço criado, mantido, gerido, subsidiado e patrocinado pelo casal é o PROTÓTIPO, reunindo tudo o que a mente humana possa imaginar ocorrendo de um velho barracão, remodelado para atrações artísticas e culturais, todas modernistas e vanguardistas. O casal é FÁBIO VALÉRIO e LIDIANE MARQUES e deles escrevo a seguir. Vamos ao lugar. Ali naquele quarteirão funcionou por décadas um barracão localizado nos fundos, entradinha apertada, cabendo um só carro, portão fechado e lá na parte detrás o depósito de livros do hoje não mais existente por aqui, escritório da Editora Saraiva. Aquele teto sem forro, armação de madeira exposta e um amplo salão pronto para divagações imagináticas. Imagino o que se sucedeu com ambos quando bateram os olhos no mesmo e pensaram em tudo o mais que poderia nascer daquilo. Nem sei como fizeram, mas o Protótipo ali está, lindo e só fluindo, vicejando e florescendo. Quanta inovação no campo teatral, circense, musical e mágico já se apresentaram por ali. A cabeça desses dois é de um fervilhamento mais do que constante, internitente, ininterrupto e amalucatista.
Pelo que sei ambos não são daqui. O Fábio é um voador. Já alçou vôo por incontáveis lugares e aqui aportou quando passou num concurso para trabalhar nas hostes da Cultura municipal. Aquietou o facho viajandista e inquieto como poucos, precisava criar algo novo para amainar uma fúria intestina que toma conta de todo seu corpo. A fúria não foi aplacada, na verdade o fogo se expandiu ainda mais quando bateu os olhos na divinal figura, em todos os sentidos, os imagináveis e os inimagináveis, a Lidiane Marques. Uma menina campineira que aportou em Bauru para estudar na Unesp, cheia de planos bem distantes do que de fato estudava e um monte deles concretizado ao conhecer o parceiro. Quando juntos o circo pegou fogo e vai continuar pegando mais e mais, pois são incendiários por natureza. Essa história dos dois vai longe, pois pensam juntos e trabalham juntos. Ontem vi lá nas apresentações da noite como tudo é feito pelos dois e o que existe de um depender muito do outro, algo só entendível quando analisamos friamente como tudo ali nasceu e sobrevive.
Ontem foi a reabertura da casa para os trabalhos do ano de 2015 e eles estão conseguindo arregimentar algo inédito para um quadrilátero como o do antigo centro da cidade, muita gente por ali. Quem possibilita uma verdadeira redescoberta do centro da cidade em suas noites merece paparicação infinita. Entrando naquele portão e adentrando o lugar, tudo montado por eles, desde arquibancadas, palco de madeira, balcão do bar, cenários, iluminação e até um improvisado camarim, escritório e em alguns momentos dormitório. Tudo é muito lúdico. Um encanto o aproveitamento que deram para poltronas antigas, doadas de um antigo cinema bauruense para a Cultura, sendo degradadas pelo desuso e quando doadas a eles, colocadas numa posição de destaque, espécie de camaote vip para a platéia. Quando o espetáculo da noite tem início, mais algumas surpresas. Tudo ali dá certo, desde o som, as luzes se acendem na hora certa e até uma escada está ali ao lado, para ser prontamente utilizada. Isso tudo gera um comentário vindo da platéia num certo momento: “Se fosse no Teatro Municipal demoraria muito mais”. Eles improvisam e tudo acontece. Trabalho de verdadeira equipe, amor no que fazem. Apostam suas vidas naquilo.
Irretocáveis até nos pequenos erros, ajustes e desencontros. As apresentações por ali possuem a cara da dupla, a proposta que está na cabeça de cada um é o próprio ali concebido. Se querem saber com toda minha sinceridade, declaro como num confessionário algo cheio de muito contentamento: Se existe lugar onde me bate uma ponta de inveja, aquele ciúme besta, vontade de ter feito ou de estar metido am algo parecido, esse algo são lugares assim, com essa verve de possibilidades amalucadas sendo agrupadas. Lugares mais chiques, cheios de nove hora, de salamaleques não me atraem, prefiro os assim. Isso me faz lembrar do Lira Paulistana e do nosso querido Armazém, o bar mais cult dessa cidade. Tentativas outras existiram na cidade, todas históricas e até hoje vejo algumas delas em pleno funcionamento. O Centro de Cultura Celina Neves, ali pertinho, na Gerson França tem a mesma característica, o barracão onde a Mariza Basso guarda suas preciosidades bonequeiras idem, toda a casa do homem de teatro, Manoel Fernandes, lugar onde montou o Atucaec e também o esço do Moitará lá no começo da vila Falcão. Outro lugar possuidor da mesma aura deve ser o atelier do artista plástico Jorge Roberto Emiliano. Ainda quero escrever de todos eles, contando de cada detalhinho observado. Hoje não me contive e me declarei para o Protótipo. Não tinha mais como esconder, morro de amor por eles. Talvez resida aí o fato de ter demorado tanto para lá estar. Tinha um baita medo de me apaixonar. Não deu outra. Tô caidaço por tudo aquilo.
O espaço criado, mantido, gerido, subsidiado e patrocinado pelo casal é o PROTÓTIPO, reunindo tudo o que a mente humana possa imaginar ocorrendo de um velho barracão, remodelado para atrações artísticas e culturais, todas modernistas e vanguardistas. O casal é FÁBIO VALÉRIO e LIDIANE MARQUES e deles escrevo a seguir. Vamos ao lugar. Ali naquele quarteirão funcionou por décadas um barracão localizado nos fundos, entradinha apertada, cabendo um só carro, portão fechado e lá na parte detrás o depósito de livros do hoje não mais existente por aqui, escritório da Editora Saraiva. Aquele teto sem forro, armação de madeira exposta e um amplo salão pronto para divagações imagináticas. Imagino o que se sucedeu com ambos quando bateram os olhos no mesmo e pensaram em tudo o mais que poderia nascer daquilo. Nem sei como fizeram, mas o Protótipo ali está, lindo e só fluindo, vicejando e florescendo. Quanta inovação no campo teatral, circense, musical e mágico já se apresentaram por ali. A cabeça desses dois é de um fervilhamento mais do que constante, internitente, ininterrupto e amalucatista.
Pelo que sei ambos não são daqui. O Fábio é um voador. Já alçou vôo por incontáveis lugares e aqui aportou quando passou num concurso para trabalhar nas hostes da Cultura municipal. Aquietou o facho viajandista e inquieto como poucos, precisava criar algo novo para amainar uma fúria intestina que toma conta de todo seu corpo. A fúria não foi aplacada, na verdade o fogo se expandiu ainda mais quando bateu os olhos na divinal figura, em todos os sentidos, os imagináveis e os inimagináveis, a Lidiane Marques. Uma menina campineira que aportou em Bauru para estudar na Unesp, cheia de planos bem distantes do que de fato estudava e um monte deles concretizado ao conhecer o parceiro. Quando juntos o circo pegou fogo e vai continuar pegando mais e mais, pois são incendiários por natureza. Essa história dos dois vai longe, pois pensam juntos e trabalham juntos. Ontem vi lá nas apresentações da noite como tudo é feito pelos dois e o que existe de um depender muito do outro, algo só entendível quando analisamos friamente como tudo ali nasceu e sobrevive.
Ontem foi a reabertura da casa para os trabalhos do ano de 2015 e eles estão conseguindo arregimentar algo inédito para um quadrilátero como o do antigo centro da cidade, muita gente por ali. Quem possibilita uma verdadeira redescoberta do centro da cidade em suas noites merece paparicação infinita. Entrando naquele portão e adentrando o lugar, tudo montado por eles, desde arquibancadas, palco de madeira, balcão do bar, cenários, iluminação e até um improvisado camarim, escritório e em alguns momentos dormitório. Tudo é muito lúdico. Um encanto o aproveitamento que deram para poltronas antigas, doadas de um antigo cinema bauruense para a Cultura, sendo degradadas pelo desuso e quando doadas a eles, colocadas numa posição de destaque, espécie de camaote vip para a platéia. Quando o espetáculo da noite tem início, mais algumas surpresas. Tudo ali dá certo, desde o som, as luzes se acendem na hora certa e até uma escada está ali ao lado, para ser prontamente utilizada. Isso tudo gera um comentário vindo da platéia num certo momento: “Se fosse no Teatro Municipal demoraria muito mais”. Eles improvisam e tudo acontece. Trabalho de verdadeira equipe, amor no que fazem. Apostam suas vidas naquilo.
Irretocáveis até nos pequenos erros, ajustes e desencontros. As apresentações por ali possuem a cara da dupla, a proposta que está na cabeça de cada um é o próprio ali concebido. Se querem saber com toda minha sinceridade, declaro como num confessionário algo cheio de muito contentamento: Se existe lugar onde me bate uma ponta de inveja, aquele ciúme besta, vontade de ter feito ou de estar metido am algo parecido, esse algo são lugares assim, com essa verve de possibilidades amalucadas sendo agrupadas. Lugares mais chiques, cheios de nove hora, de salamaleques não me atraem, prefiro os assim. Isso me faz lembrar do Lira Paulistana e do nosso querido Armazém, o bar mais cult dessa cidade. Tentativas outras existiram na cidade, todas históricas e até hoje vejo algumas delas em pleno funcionamento. O Centro de Cultura Celina Neves, ali pertinho, na Gerson França tem a mesma característica, o barracão onde a Mariza Basso guarda suas preciosidades bonequeiras idem, toda a casa do homem de teatro, Manoel Fernandes, lugar onde montou o Atucaec e também o esço do Moitará lá no começo da vila Falcão. Outro lugar possuidor da mesma aura deve ser o atelier do artista plástico Jorge Roberto Emiliano. Ainda quero escrever de todos eles, contando de cada detalhinho observado. Hoje não me contive e me declarei para o Protótipo. Não tinha mais como esconder, morro de amor por eles. Talvez resida aí o fato de ter demorado tanto para lá estar. Tinha um baita medo de me apaixonar. Não deu outra. Tô caidaço por tudo aquilo.
sábado, 24 de janeiro de 2015
UMA ALFINETADA (129)
UM TEXTO SAINDO NA EDIÇÃO DE HOJE E SEIS ENTRE MAIO/JUNHO DE 2002
Saindo na edição de hoje d’O Alfinete, esse texto, meu primeiro esse ano por lá:
FRASES DA AGENDA DO HPA 2014
Revivo aqui algo perdurando por alguns anos n’O Alfinete, o do primeiro texto do ano publicado no semanário ser uma coleta de frases juntadas das páginas de minha agenda do ano que se encerrou. Tenho por hábito ir registrando frases significativas no canto alto de minhas agendas. Eis algumas das frases escolhidas, todas muito boas para reflexões múltiplas e variadas nesse ano que se inicia:
- “Não é triste mudar de ideia. Triste é não ter ideias para mudar”, Barão de Itararé.
- “Homens velhos devem ser exploradores”, T.S. Eliot
- “Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor”, Maiakóviski
- “O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada a ver com isso”, Mário Quintana.
- “O whisky e a cerveja são os piores inimigos de um homem. Mas o homem que foge dos seus inimigos é um covarde”, Zeca Pagodinho. - “Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá uma geração de idiotas”, Albert Einstein
- “Maldito é o soldado que aponta a sua arma contra o povo”, Simón Bolívar.
- “Desfazer o normal há de ser uma norma”, Manoel de Barros.
- “Algumas pessoas que me dizem que vou para o inferno e elas vão para o céu de certa forma deixam-me feliz de não estarmos indo para o mesmo lugar”, Mark Twain
- “Para criar inimigos não é preciso declarar guerra, basta dizer o que pensa”, Martin Luther King
- “Nada nos humilha mais do que a coragem alheia”, Nelson Rodrigues.
- “Fico besta quando me entendem”, Hilda Hilst
- “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, Simone de Beauvoir
- “Deus existe. Mas é ateu”, Millor Fernandes.
- “Vai ver com outros olhos ou com os olhos do outro”, Paulo Leminski
- “A inatividade sexual é perigosa, produz cornos”, Woody Allen.
- "Ao ser xingada, Dilma se tornou alvo da agressividade de quem perdeu a vergonha de fazer em público o que faz todo dia no sofá: relinchar", Matheus Pichonelli. - “A imparcialidade da velha mídia é sútil como um elefante numa loja de louças”, Mino Carta.
Isso uma coisa, depois continuo reproduzindo aqui meus antigos textos lá publicados. Hoje mais seis. Abaixo eles na ordem de publicação:
Texto nº 169 – publicado edição de 25/05/2002 – “Guia dos Botequins de Bauru”.
Texto nº 170 – publicado edição de 01/06/2002 – “Médicos cobrando por fora”.
Texto n° 171 – publicado edição de 08/06/2002 – “Terror da fome”.
Texto nº 172 – publicado edição de 15/06/2002 – “Noroeste, um clube na descendente”.
Texto nº 173 – publicado edição de 22/06/2001 – “Globarbarização”.
Texto nº 174 – publicado edição de 29/06/2002 – “Na casa dos quarenta e tal”.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
UM LUGAR POR AÍ (63)
ÁGUA – O CASO DA HOLANDA E ALGO QUE PODERIA SER EQUACIONADO PELO DAE
Chove em janeiro. Ufa! O Batalha parece que atingiu um nível onde, se não é a normalidade, também não é uma catástrofe. Troveja lá fora, venta também e em alguns casos a cidade fica às escuras. Eu escrevo e muitas vezes perco tudo o que estou fazendo. Aqui em casa a luz vai e volta, mas vejo que em muitos lugares da cidade a situação é infinitamente pior. Com a água a situação é ainda pior. Se não falta aqui em casa, vejo que falta em muitos lugares, todos periféricos, nenhum em lugar abastado. Todos afastados. É chato ficar insistindo em escrever mais uma vez desse negócio de água, falta dela, mas quero fazê-lo de um jeito diferente. Aqui em Bauru tudo parece mais difícil. Uma espécie de privilégio ao contrário. A grana para o tratamento de esgoto chegou faz tempo e ele não rola, não saí do lugar, patina. Nem a estação lá no Gasparini, começada tempos atrás, nada mais ouço falar dela. Vejo a Nuno de Assis toda de pernas para o ar, interceptores chegando ou só um balão de ensaio. Fura, tapa, fura de novo, deixa destampado. Nem sei mais o que dizer. Daí fui buscar um exemplo bem longe daqui.
Continuo lendo minhas revistas. Numa delas, na BRASILEIROS, nº 90, edição de janeiro, um Especial Hídrico e num dos textos algo mais do que interessante. “OS HOLANDESES E SUAS ÁGUAS”. Fui ler e lá na chamada do texto da jornalista Martina Jung, isso aqui: “A geografia, a história e a seca transformaram a paisagem do país em um mosaico de rios, lagos, canais e represas organizado em um sistema complexo. Toda essa engrenagem garante água de boa qualidade, até mesmo aquela que não serve para o consumo humano”. Sei que a Holanda não é bom lugar para efeito de comparação com o Brasil. Primeiro porque é pequeno demais, depois porque tem grana demais, mas mesmo assim acho que vale a pena ver o que acontece por lá e tentar dar uma comparadinha com o que não acontece por aqui. Não existe ainda nenhum link disponibilizado pela revista para leitura do texto, daí um resumo de minha lavra.
A história da água na Holanda é tudo. Lembram-se da estória do menino Hans Brinker que permaneceu uma noite com o dedo num orifício de um dique, tudo para impedir que ele rachasse e suas águas invadissem o país? A maior parte da Holanda vive abaixo da linha do mar. Terreno extremamente plano e isso é fonte de terna preocupação. Sempre tiveram que conter as águas do mar. “Hoje, o que impede o país de se inundado completamente é um complexo sistema de diques, canais, represas e lagos”, diz a matéria. Possuem o maior projeto de defesa contra inundações do mundo. São experts nisso. Por ironia sofrem também os efeitos da seca, períodos longos de estiagem e todo excedente de água da chuva são guardados em lagos, ribeiras e utilizados nas emergências. Eles fazem uma gestão eficiente da questão da água e daí por que não conhecer algo disso? Existe uma pasta com gestão independente do governo para cuidar só disso, a Dutch Water Authorities, com eleição de quatro em quatro anos. Tudo é discutido por eles. Pagam anualmente pelo tratamento da água e para ter água potável, algo em torno de 180 euros por família/ano.
Toda água é reciclada e reutilizada de várias formas. Quase nada se perde num processo onde o setor privado e as universidades investem em pesquisa na área. Diferente daqui do Brasil, quando existe água em abundância, ela é utilizada com desperdício, lá não. Nem pode, não deixam. Essa a grande diferença entre os dois países. Não desgosto do meu país, nem devo ficar enaltecendo experiências em países ricos e querendo que tudo ocorra aqui da mesma forma. Talvez isso seja impossível, mas para sair do caos, quando já se chegou quase ao fundo do poço, vejo como solução uma tomada de atitude. Privatizar nossa água e entrega-la de bandeja para a SABESP é a pior solução. Ali existe a mercantilização da água tratando-a como mero negócio nas mãos de comerciantes. O nosso DAE poderia agir diferente aqui na fonte e mostrar ao resto do país a possibilidade de uma alternativa viável e concreta. Mas eles querem fazer isso? Algumas medidas poderão até ser duras demais no início, mas abrangendo a todos indistintamente e não só a alguns, esse já um bom começo. Basta de privilégios e privilegiados. Ou todos pagam essa conta ou faz-se a revolução. E a água é um ótimo motivo para isso.
Reutilização da água em todas suas instâncias e uma gestão mais do que séria, enfrentando inclusive os ditos malversadores da água pública, os que não pagam adequadamente suas cotas. O DAE poderia ser essa nossa pasta independente, com gente séria só pensando nisso, mas sem vínculos políticos ou entreguistas. Para começar, acredito que, sem uma limpa geral lá dentro será difícil querer propor algo parecido com mudança. Não chegariam a lugar nenhum. Quem melhor sabe disso é o Giasone Candia, o atual presidente da autarquia. Pergunte a ele se é fácil negociar algo lá dentro com tantos interesses conflitantes. Diante da resposta dele, talvez um recomeço seja mais urgente do que se possa imaginar. O caso da Holanda é só mais um bom exemplo. Do contrário, se falta água hoje no mês que mais chove no ano, imaginem o que vai ser dessa cidade no segundo semestre.