Mafuá do HPA

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (33)

HÁ UM GALVÃO BUENO DENTRO DE VOCÊ?

Ontem o Corinthians foi Bi-Campeão Mundial de Futebol e não se falou em outra coisa. Esquecemos de tudo o mais (que precisa ser retomado hoje) e dentre os muitos textos recebidos, um me chamou a atenção, sendo ótimo para reflexões variadas. A reprodução serve para desestimular o tal do exacerbado “galvanismo”, espalhado como vírus pais afora. Eis o texto, que me chegou com o título acima e no final o seu autor:

Ontem, domingo(16/12/12), levantei cedo como a imensa maioria para ver um importante jogo de futebol, e um bom jogo como foi com uma vitória corinthiana, diferente do São Paulo de 2005 e Internacional 2006, em que esse times se fecharam atrás e ficaram no chutão pra frente a espera de uma sobra para fazer o gol, dessa vez não, o Corinthians ganhou se impondo taticamente, tendo bons momentos, uma estrutura e aplicação sólida em todos os setores, incontestável o jogo, que se não foi uma grande obra de arte, mas com certeza um bom jogo para um momento inesquecível, a torcida dando cara de Pacaembu na noite fria no Japão, a lembrança que nos leva ao grande Doutor Sócrates, tudo muito memorável.

Mas não escrevo aqui para falar do jogo em si, gostaria que nesse momento apenas, fosse somente para o jogo, mas ao sair na rua para ir na padaria perto de casa e encontrar com várias pessoas entre conhecidos ou não, constato como as pessoas, boa parte delas, incorporam esse ufanismo, esse bairrismo cretino disseminado pelo Galvão Bueno, esse narrador que as pessoas dizem odiar, mas amam comprar as suas babaquices, um discurso raivoso contra o adversário, seu país, seu continente, parecia que o jogo era o que menos importava, e uma postura de uma burrice colossal, parece que o próprio torcedor tenta diminuir a categórica conquista de seu time ao dizer que o adversário não joga nada, que os ingleses e europeus no geral são todos enganadores, que o futebol brasileiro é o máximo e não tem pra ninguém. É de assustar a forma raivosa típica de Galvão Bueno, assim como ele faz com argentinos, agora muita gente comprando esse discurso nacional-nazista ofensivo contra a nação do adversário, sendo que ganharam de um bom time, independente dos problemas de transição que passa o Chelsea, mas é um bom time e o Corinthians passou de forma imponente no jogo, então que merda é essa desse galvãonismo babaca em colocar além de uma situação irreal ao futebol brasileiro, ainda ofender e desqualificar o adversário e seu país???

O sujeito tem que entender que essa é uma vitória do Corinthians e não do Brasil como quer colocar o galvãonismo, o Corinthians taticamente e em termos também de como se organizou para isso, é único no Brasil hoje, aqui a realidade ainda é de um Marín comandar a CBF, de Felipão e Parreira, dois arcaicos treinadores comandando a seleção, os clubes totalmente entregues a corrupção, desmandos, calendário mal organizado, estádios e tudo mais que convivemos todos os dias não só no futebol como em todos os setores desta sociedade, agora vamos entrar nesse oba-oba bairrista e sermos como o Brasil tem sido, narcisos de sua própria incompetência?? Colocar uma algema na consciência e calar a ácida crítica que desenvolve e amplia horizontes?? É isso que vamos continuar sendo, reprodutores de Galvão e cartilhas partidárias?? O engraçado nisso tudo também, é que parece ser tudo de forma inconsciente, sem perceber o quanto no fundo seguem o narrador da Globo e cometem uma injustiça com um corinthiano, muitos relembraram o Sócrates e demais da democracia corinthiana, mas deixaram o Casagrande de fora, dizem ser um vendido por trabalhar na Globo, ora quanta burrice, se tem um cara que destoa desse ufanismo cretino do Galvão, é o Casagrande, é um sujeito sincero e que mantém seu orgulho em ter participado daquela geração até hoje, então é um absurdo esse desdém com esse ex-jogador tão importante para o clube.

Agora, um outro ponto, esse talvez na minha visão de comunista, um mais pesado ainda que esse citado, alguns intelectualóides tanto nas ruas como na TV, querendo utilizar o jogo para comentários classistas, racistas e outros absurdos sociais, gente, isso foi um jogo de futebol, se tem um momento onde as pessoas se tornam homogêneas, esse é um momento, porque futebol não tem classe social para torcer, não tem raça, a maioria dos torcedores de qualquer clube, seja ele pequeno ou grande, sempre será numa sociedade capitalista de explorados pelas mazelas do cotidiano do capital, nada mais ridículo do que colocar a vitória de um time como um "tapa na cara da elite brasileira", até incoerente sendo este clube um dos mais ricos da nação e assim como os outros, com torcedores formados por cidadãos explorados em sua maioria assim como também vários ricos, estes intelectualóides estão anos-luz de compreenderem alguma coisa de ciência social, precisam urgente pegar em livros e estudar muito para saber o que é luta de classes, que a origem da consciência de classe não está diretamente ligada à origem de sua classe, não distorçam o socialismo científico gente, por favor.

O futebol como uma manifestação artística deveria ser usado para expandir os horizontes, como toda grande arte e com suas paixões sadias, gozações, mas sem entrar nessas cretinices, mas antes de tudo, no momento do jogo, no calor da partida, vamos comemorar, apreciar um bom jogo e depois, seguindo em frente, pegamos o que de melhor aprendemos e saber construir um ponto crítico para desenvolver como indivíduos e como nação.

Ser papagaio de Galvão Bueno, pseudo-intelectual e narciso da própria incompetência, é continuar comendo merda e achar que tá tudo muito bem, e ainda sim no final das contas acabam sempre se sentindo uns bostas. Então pessoal, muito cuidado nessa hora para não confundir bola de futebol com bola de bilhar, sempre em busca do buraco.

MARCOS PAULO C. RESENDE - MOVIMENTO COMUNISMO EM AÇÃO
obs.: as duas charges são do amigo Fausto Bergocce, retiradas (ou seriam gileteadas?) do seu facebook.