segunda-feira, 5 de julho de 2021

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (159)


DECORO
O vereador bauruense Eduardo Borgo - PSL, bolsonarista de carteirinha, estará hoje enfrentando algo surreal dentro da Câmara dos Vereadores de Bauru. Dias atrás, apregoou aos quatro ventos, num programa bestial de rádio, desses hoje ferindo a ética jornalística e também junto da sessão de oitiva da CEI da Covid, onde é relator, colocando em dúvida a idoneidade de seus colegas vereadores na legislatura passada. O danado fica irado quando contrariado em seus interesses e daí, falou demais, subiu nas tamancas e agora, se vê enrolado pelo que disse.

Cito entre aspas parte de sua fala perante os microfone da Câmara: "A Câmara passada, aqui na legislatura passada era fácil, dizia amém. O prefeito falava, subia lá, negociava um carguinho, beleza. Tomava um cafezinho na Cohab, beleza". E assim ele misturou alhos com bugalhos e feriu suscetibilidades. Borgo é useiro e vezeiro em agir no destempero. Um sujeito fora dos padrões normais, mais bolsonarista do que os próprios filhos do ex-capitão, parece querer incorporar um personagem, visando se tornar um prócer no quesito fundamentalismo na cidade, abocanhando essa fatia do eleitorado, mas peca pelo descuido. Diria mesmo, pura falta de habilidade, traquejo para a coisa.

A belezura do agora presenciado é seu isolamento. Se antes, no início da atual legislatura, teve a companhia de outros, como Segalla, Chiara, Meira, num bloco compacto e unido, estes já o abandonaram, pois entenderam não ser bom manter proximidade com alguém com discurso além do normal. Ser de direita uma coisa, de ultradireita outra coisa. Hoje, pelo que se vê, se move isolado, esbravejando pras paredes e falando sozinho, ou seja, um ser fantasmagórico dentro do prédio legislativo. Para muitos, melhor manter distância, pois só de ser visto num mero bate papo, a interpretação pode ser a de ter aderido a um discurso já desconectado na usual normalidade.

Hoje estará às voltas com o encaminhamento pelos seus colegas dessa votação de DECORO parlamentar e depois, num outro momento, algo também já sendo rejeitado publicamente, a apresentação de votar no ex-capitão, por enquanto ainda Presidente da República, mas a cada dia mais encralacrado, o seu Jair, para Cidadão Bauruense. É sabido que, desde a chegada deste ao poder, as verbas para Bauru minguaram ou mesmo, se extinguiram, mas assim mesmo, como existe uma provável data para o mesmo participar de cavalgada por essas plagas, ele quer entregar-lhe mais um papel, desta feita a envergonhar ainda mais cidade dita e vista "sem limites". Sendo na sequência oficializado o afastamento do dito cujo - o do presidente -, Bauru ficará com a pecha de ter-lhe entregue algo de inolvidável gabaritagem no quesito vassalagem aos piores desta terra tupiniquim.

Enfim, hoje veremos Borgo às voltas com problemas de percurso. Precisamos tomar cuidado para não ficar possibilitando palanque para discurso tão nefasto, fundamentalista, perverso e cruel, quando necessitamos justamente o contrário. Enfim, vê-lo hoje às voltas com artimanhas, conversações um a um para tentar barrar ter seu nome inscrito e num processo em curso na Comissão de Ética da Casa. Vai ser irônico, porém trágico, pois pelo visto, seu mandato inteiro será dessa forma, jeito e maneira. Hoje só mais um triste capítulo, enfim, este é o típico vereador que cidade nenhum merece. Quando o mentor cair em desgraça estarão todos acéfalos, mais perdidos que cegos em tiroteio e por enquanto, quando o capiroto ainda dá a cartas, eles tentam algo, mas já mais que contestados, como este, acuados pelos descabidos atos.
 
VEREADOR BORGO ESCOLHEU HERÓI ERRADO, POIS HERÁCLITO FONTOURA SOBRAL PINTO NÃO ESTARIA AO SEU LADO DE JEITO NENHUM
O advogado Sobral Pinto foi dos mais dignos cidadãos desta terra varonil. Foi conservador e extremamente religioso, porém, soube enfrentar o medo vigente durante os regimes mais duros deste país e não se negou a defender pessoas como Luiz Carlos Prestes, líder comunista perseguido por vários governantes brasileiros. Isso vem de longe e hoje ao ver o vereador Eduardo Borgo o citar por causa de uma de suas frases mais famosas, a “ADVOCACIA NÃO É PROFISSÃO DE COVARDES”, na hora me subiu um arrepio da cabeça aos pés. Foi um dos usos mais indevidos que vi nestes últimos tempos. Olha como foi a patacoada: https://www.facebook.com/EduardoBorgos/posts/1795174190668090

A frase é para ser entendida de vários jeitos e maneiras, assim como sua utilização. Ela é ótima, mas não nos esqueçamos, nem todos os medrosos são covardes. Regimes de força, como este do ex-capitão se mostram – se deixarmos – piores do que o período da ditadura militar e persistem impondo o medo, algo pelo qual nem todos possuem força para resistir e persistir combatendo livremente. É lindo fazer uso da coragem de Sobral, o bravo guerreiro que enfrenta tudo e todos empunhando um mero guarda-chuvas e sua verve. Sobral esteve ao lado de gente como Brizola, algo que nunca Borgo estaria, além dos fracos e oprimidos. Era brioso, convicto da importância da liberdade. Não tenho a menor dúvida que, por tudo o que fez em vida, hoje estaria ao lado de Lula e se preciso fosse, o defenderia, assim como o MST, os movimentos sociais, o impedimento sem fundamento de Dilma Rousseff, contrário às privatizações e ao nefasto desencaminho da Lava Jato e de seu prócer, Sergio Moro.

Dele tive um livro, capa amarela, antológico, o “Por que defendo os comunistas”, onde relata algo de como exercia a advocacia. Perdi o livro numa das enchentes da vida aqui pelos lados do Mafuá e hoje, depois do que ouvi, já encomendei outro pela Estante Virtual. Quero, se preciso for, esfregar na cara de quem faz uso de Sobral de forma indevida. Ele tem outros do mesmo calibre e cabedal, “Teologia da Libertação” e “Lições da Liberdade”. Dá para imaginar Borgo colocando em prática algo com essa envergadura? Um era defensor intransigente das liberdades e o outro é bolsonarista, querendo que Bauru lhe dê um título de Cidadão ao capiroto. Outro dia, creio que Borgo viu e deva ter se inspirado nisso, o nefasto jornalista da Jovem Pan, ops, digo Velha Klan, Augusto Nunes também o usou com o mesmo argumento, o da famosa frase.

Borgo escolheu um herói não só errado, como muito inadequado para sua atual postura na vereança, algo até então desconhecido por mim antes do início do mandato. Cheguei a acha-lo um sujeito cordial, sensato, mas pelas últimas, em vias de ser condecorado com um Decoro Parlamentar, creio que não só eu, mas o próprio Sobral, deve estar se revirando no túmulo. Incompatível ele fazer uso de frase do outro, mas não reverberando quem de fato foi este senhor, onde atuou e o que defendeu. Escolha outro, por favor, seu Borgo, pois Sobral se encontra do outro lado da trincheira. Percebam, praticamente nem cito o motivo da ira borguista, seu posicionamento enquanto vereador, pois já são do conhecimento de boa parte da cidade, fiasco incontornável. Hoje a escrita tem outra função.


ALGO DOS BATALHADORES DESTA VIDA
EU VI O ZORRO NA FEIRA DO ROLO
Era ele, tinha - e continuo tendo - certeza, a capa me é inconfundível. Li muito quando jovem e mesmo depois, já velhote, continuei fazendo. Nunca parei. 

O destemido e bravo capa e espada aportou ontem na Feira do Rolo bauruense, mais precisamente no Bar do Barba. Minha gente, confesso, minha vista não anda me pregando peças. Não costumo ter visões. Não sendo ele, nem uma visão do além, talvez o danado do Barba, dono do estabelecimento na boca de entrada da feira, talvez ele estivesse incorporando na manhã dominical o personagem clássico da HQ. O fato é ali estar, ao vivo e a cores, alguém merecedor do maior respeito e consideração destas plagas. Muito mais do que todos os vereadores juntos da Câmara Municipal de Bauru, quiça Congresso Nacional, lugares de perversidades e atrocidades sem fim.

Um bravo guerreiro, como tantos outros, dando seus pulos para sobreviver e continuar com suas portas abertas. Como gosto dos valorosos, despojados cidadãos, fazendo das tripas coração, generosos, espadachins uma vida inteira. E pra piorar, agora sem sua sanfona, pois teve que vendê-la para pagar contas e continuar altivo, soberano, pescoço empinado, vergando mas não quebrando. 

Esses são para mim os ainda me movendo em escrevinhacões, do contrário já teria definhado e desfalecido estaria. A depressão nos espreita a todos e ao vê-los em ação, não posso me deixar levar, busco forças, me recarrego e me fortaleço. Se ele, ou gente igual a ele me move, por ele movo céu e terra, agora para devolver-lhe o instrumento musical. Vida que segue...

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