segunda-feira, 3 de junho de 2024

RETRATOS DE BAURU (289)


A VIDA RENASCE DAS CINZAS

MISÉRIA, CASA DE MADEIRA, INCÊNDIO, ALUGUEL SOCIAL, HOTEL E SEIS MESES PARA RECOMPOSIÇÃO DE SUAS VIDAS
Um estimado amigo de longa data foi perdendo tudo ao longo do tempo. Quando se deu conta estava na rua da amargura, sem eira nem beira. Passou a morar aqui e ali, muitos lugares de favor e por um tempo determinado, tendo que se mudar, muitas vezes às pressas. Foram muitas histórias, uma mais dolorosa que a outra. Foi uma degradação também interna, pois com a perda do bem material, a imagem, a postura e como o viam, também ia se esvaindo. Muitos se distanciaram e ele, perseverando, continuava tentando. Vez ou outra, quando a situação estava mesmo insustentável, ligava para uns poucos escolhidos a dedo e pedia algo, quase sempre dinheiro, para lhe socorrer da última necessidade. Ele nem queria que assim fosse, mas estava dentro de um moto contínuo e os dias eram inevitavelmente iguais, dolorosos, difíceis e sempre repetitivos.

Certa feita, bobo que sou, lhe convidei para desfilar com o pessoal do bloco do Tomate. Vendo sua necessidade, ofereci a ele uma camiseta e mesmo assim declinou do convite. Foi daí que percebi a burrada que foi lhe oferecer algo onde pudesse ter momentos de fingida alegria, quando seus dias estavam todos muito tristes, quase um beco sem saída. Caiu a ficha para mim naquele momento. Por que deveria aceitar festar num cortejo carnavalesco, quando não tinha mais nem o que comer direito?

Acompanhei desde então mais de perto sua situação. Nada melhorava e em cada novo contato, a nítida percepção de estar cada vez mais se enfurnando num caminho sem volta, para lugares piores, mais distantes, aceitando de tudo para continuar viver. Foi morar num local muito distante, longe de tudo e todos, num barraco arrumado por não sei quem, com o pagamento de um aluguel irrisório, cobrado como formalidade, pois se não tinha nem pra comer, como teria para pagar mês a mês aquele soldo. Impossível.

Conseguiu manter junto de si, como seu último elo de ligação com este mundo de posses, um automóvel, velho, sem nenhuma manutenção, visual decaído, porém funcionando. Ele e seu companheiro o tratavam com todo esmero, ou seja, o abasteciam e continuavam indo e voltando para o canto onde moravam. Vez ou outra o telefone toca aqui e do outro lado, ele precisando de socorro. Num destes dias, quase meia noite, desesperado liga e do outro lado uma voz sumida, envergonhada, mas resoluta:

- Me socorre, por favor, acabou a gasolina e se deixar o carro aqui, vão levar de mim este meu último bem. Eu quero só chegar em casa e com dois litros chego lá. Preciso de R$ 10 reais.

Como não ajudar? Isso não foi uma, nem duas, foram várias. E quem daria emprego para eles dois, na situação de miserabilidade onde se encontravam? Não tinham nem mais como se apresentar dignamente numa provável entrevista. Faziam sim, misérias para continuar comendo, o que também não era feito dentro dos padrões ditos normais. Alguns dias comiam o que encontravam pela frente. Na casa, móveis todos praticamente com sua vida útil vencida, continuavam sendo utilizados, pois não existia outro pelo qual pudessem se utilizar. Eram aqueles ou aqueles,era o que tinham.

Para piorar, a casa de madeira pegou fogo e tudo veio abaixo. A vida se transformou ainda mais. Novamente para pior. Agora estavam literalmente na rua e sem um lugar para pouso. Morariam na rua. Muitos ficaram sabendo da situação e alguém acionou a Prefeitura e, consequentemente, como num passe de mágica, algo pintou na curva da esquina: o aluguel social. Esta providência é conseguida seguindo muitas regras. A situação deles estava posta, evidente, límpida e transparente, sem tirar nem por. Estiveram com eles, verificaram a situação e o benefício foi concedido. Foram alojados num hotel e, da noite para o dia, de um lugar totalmente insalubre, estavam agora, pelos próximos seis meses, instalados no centro da cidade, com pelo menos um bom café da manhã.

O sorriso voltou para seus rostos. Agora, visitam locais indicados como futura moradia. Num, o proprietário declina inventando uma situação inapropriada, resvalando num caso de homofobia, que eles não levam adiante, pois querem encontrar logo um canto. No hotel voltaram a sorrir, enfim, viver. Um deles, o meu amigo, conseguiu outro grande feito. No dia da mudança não queriam que trouxesse seu cão. Ele insistiu, disse que sem ele, dormiria do lado de fora do hotel, dentro do carro, esse estacionado, sempre sem combustível numa rua lateral. Entenderam e agora, são três no pequeno quarto, banheiro coletivo, porém, tudo com algo que haviam meio que perdido, a dignidade de viver e continuar lutando.

Pouca coisa está resolvida para eles, mas agora, assistidos, estão fazendo planos e a idéia é voltar a ter uma vida normal. O que seria essa normalidade? Um lar e após os tais seis meses, poder pagar eles mesmos pela continuidade no lugar, empregados e conseguindo enxergar algo como uma luz no final deste túnel. Estão alegres e acreditando nessa possibilidade.

DUPLA "SEM PÉ NEM CABEÇA" DE BAURUENSES, DEBI E LOIDE, ESTIVERAM NA POSSE DO BUKELE EM EL SALVADOR
Eu não ouço mais a Jovem Auri-Verde, pois agora ela é o antro da ultra-direita nacional. Percebam que ela é ignorada pela mídia massiva bauruense. Estes também não são nada santos, mas ignoram o que a irracional Auri-Verde faz, pois sabem estes na contramão de tudo o que possa ter algum ar saudável. Hoje, após a perda da concessão da Jovem Pan, Alexandre Pittolli se enveredou de mala e cuia pros lados do que de pior existe no país. Transformou a bauruense Auri-Verde no antro, no foco nacional onde desembocam todos as maléficas vozes da perversidade, patrocinada pela ultradireita radical, não só bauruense, como nacional e mundial. Pittolli e a Auri-Verde são hoje um perigo para os meios de comunicação e se, sem sombras de dúvidas, algo ocorrer com a Jovem Pan, isso deve ser estendido para o que representa hoje essa rádio bauruense. Pelas suas ondas passam todos os nomes do radicalismo mais arcaico, retrógrado, decadente, perverso e fora da casinha em voga, mentes em desalinho com qualquer coisa perto do bom senso.

Pois bem, dito isso, estava eu ouvindo o rol dos oradores da Câmara na tarde de 03/06/2024, quando começa a fala do vereador Eduardo Borgo. Ele esteve junto com Pittolli na posse no segundo mandato do Nayb Bukele, o ditadorzinho de El Salvador. Já escrevi em outras ocasiões sobre a transformação ocorrida neste país, antes dominado pelos pandilheiros e hoje, pelo escrotismo de um negocista em criptomoeda. O país está afundado num crise, porém a direitona braba quer passar o fato dele ter trancafiado todos os pandilheiros e usa isso como o fato mais louvável do mundo. Possuem a maior prisão a concentrar seres humanos num mesmo lugar. Os pandilheiros já não atuam como dantes, isso é certo, mas por outro lado, o ditador, mudando sua Constituição, está dando seu jeito de se eternizar por lá, descendo a ripa em qualquer tipo de oposição. Essa violência não é mostrada, assim como a crise não só institucional, como econômica vivenciada no país.

Borgo e Pittolli, pelo que vi na fala do vereador, estiveram lá na posse, endeusam o ditador e o que fazem, eis o perigo, é endeusar isso como solução para tudo o mais. Buscam um herói, um dentre os seus que tenha feito algo que deu certo e o colocam num altar. Hoje é Bukele, o cara da Hungria, o Milei, que, toc toc toc, não deve resistir a julho - sabiam que este, diante de crise de gás, recorre ao Brasil de Lula e este o ajuda, pois de forma humanitária, o povo estava sendo muito penalizado, frio e sem gás para calefação ambiente.

A dupla da rádio bauruense é um perigo, pois desvirtuam tudo, mudam tudo ao seu bel prazer. Isso já é um passo adiante do Fake News. Mentem descaradamente e só mostram o que acreditam serem um lado ameno, menos mal da perversidade do lado onde atuam. O perigo reside aí. O microfone, infelizmente, permite ainda tudo. Ainda se pode mentir, tergiversar e engambelar incautos com discursinho meia tigela. Fazem e farão de tudo - e mais um pouco -, para demonstrar que o lado representado por eles é o melhor para o Brasil. Ledo engano. Vão nos enfiar numa enrascada, num caminho sem volta. Hoje se utilizam dos meios democráticos da comunicação deste país para difundir suas ideias descabidas e mentirosas, para no futuro, se conseguirem galgar o poder, virar a mesa e endurecer para todos que pensem diferente deles. Lobos em pele de cordeiro.

Daí, minha modesta conclusão: representam um eminente perigo, pois apostam na mentira como meio para chegar aos seus objetivos. Se já não tinha motivo nenhum para me aproximar de Borgo - mesmo com seu discursinho contra Suéllen -, sei que, o melhor é manter a maior distância possível de gente como ele. São perversos, perigosos até não mais poder. Cai nessa quem quer.

VIVA O MÉXICO, EM MAIS UM TENTATIVA DE SE REINVENTAR E SEGUIR ADIANTE, ALTANEIRO E COM MUITA SOBERANIA
Na capa do melhor jornal do meu mundo, o argentino Página 12, o alento do resultado das eleições no México, vizinho parede-meia do "perigoso" EUA e este agora sendo governado por uma mulher, e de esquerda. https://www.pagina12.com.ar/741725-claudia-sheinbaum-gana...

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