quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

AMIGOS DO PEITO (222)


GONÇALEZ É UM ARTISTA COMPLETO E SE VIRA NOS TRINTA...
LEANDRO GONÇALEZ é uma artista com atelier no centro da cidade, talvez o único hoje ainda aberto e remando contra todas as dificuldades, as imagináveis e as inimagináveis, tudo para poder continuar fazendo o que sabe, gosta e faz bem feito. Chegou por aqui anos atrás, vindo de Ourinhos e se instalou em variados lugares, até o ponto atual, na rua Bandeirantes, bem detrás da praça D. Pedro II, a da Câmara Municipal. Ele já vivenciou bons momentos por ali, quando ministrando seus cursos de desenho, consuia ir atraindo muita gente interessada em desenhar. Vivia disso, dos cursos e das telas que ia produzindo. Essas nunca deixou de fazê-las, porém os cursos minguaram. Algo ocorreu depois da pandemia e tudo ficou um tanto mais complicado e difícil, não retornando para a normalidade de tempos idos.

Ele não desiste, mas teve que diversificar e se reiventar, tudo para continuar com as portas abertas. Hoje, além dos cursos, continua batendo um bolão em tudo o que envolva seu traço e desenho manual. A saída foi apelar e adentrar novos rumos, com a confecção, além das faixas que sempre fez, com fachadas de lojas e murais, internos e externos, desde residências a pontos comerciais. Atende também em festas, quando contratado, atua fazendo caricaturas dos convidados. Ou seja, para quem vai no seu ateliê, ali uma grande variedade de telas, muitas pintadas ao mesmo tempo, assim como sua participação em charges para jornais, mangás e fanzines variados, além dos gibis lançados por eles mesmo, com seus personagens.

Uma diversidade para espantar, pois Gonçález não pára e desta forma, assim se apresenta para os novos tempos. A intenção é continuar ali na rua Bandeirantes onde conquistou clientela e é conhecido de todos. Isso só não basta, daí, quer espalhar mais sua arte e também ser mais conhecido e com isso, ampliar o lequer com suas possibilidades. "Mesmo com toda essa parafernálida produzindo cartazes e faixas por computador, ainda vejo muita gente preferindo algo artesanal e com preço justo. Daí, adentra o campo de jogo os artistas como eu, vivendo de sua arte e cavando espaços", me diz.

Um batalhador na acepção da palavra e assim sendo, escrevo sempre dele e faço questão de divulgar e a cada nova postagem expor mais, mostrar a variedade de possibilidades que um artista como ele pode fazer. Isso pode despertar pessoas interessadas em produzir uma pintura pessoal no quintal, área ou mesmo parte interna de residências. Nestes lugares pinta de tudo, a gosto do cliente. Sai desde a caricatura do dono da casa até a reprodução de uma obra de arte. Visitar seu ateliê é outra coisa muito emocionante, pois ali, um amontoado, bvocadinho de tudo o que já fez e continua fazendo, por ele é incessante no que faz. Agora mesmo, está produzindo uma HQ contando sua própria história e trajetória de vida. Algo com umas cem páginas, todas no traço e nela, tudo conttado em detalhes, desde a infância até nossos dias. Um artista como ele precisa muito ser valorizado.

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (171)


SAEM OS RATOS, ADENTRAM OS MORCEGOS, MAS TUDO CONTINUA A MESMA COISA: "CHAMA O BATMAN!"
A alcaide municipal Suéllen Rosim veio a público em mais uma de suas indefectíveis lives e disse para a população não se preocupar com a situação das escolas municipais, denunciadas por ratazanas estarem circulando por salas de aula. A notícia era mais do que alvissareira, disse ela, não se tratavam de ratos e sim de MORCEGOS. E desta forma, voltou a reinar a paz no reino intestinal ainda tranquilo (sic) das ditas escolas municipais, muitas delas sendo obrigadas a deixar seus prédios originais, para reformas sem conclusão definida. Ou seja, a atual administração prima pela improvisação e assim, dá-lhe ratos, morcegos, pulgas, carrapatos e percevejos.

Guardião, o intrépido capa e espadas bauruense não podia passar incólume a tamanha desfaçatez e de forma irônica avisou que, irá acionar seu amigo BATMAN, um original morcego, para inspecionar e dar seu veredicto sobre a insensata situação. "Então não são fezes de ratos, mesmo a Vigilância Sanitária tendo já emitido parecer neste sentido, mas agora de morcegos, como se ambos não fossem perigosos e nocivos para a saúde, principalmente para a infantil, o público das escolas municipais. Puxei um estudo da Universidade Federal de São Carlos e constato que não só transmitem a raiva, como as fezes do morcego pode transmitir bactérias, que quando instalada nos rins das pessoas causa danos de grande monta para a vida inteira, além da leptospirose. Ou seja, não se saber qual é o pior dos males, se o provocados pelas fezes e urinas dos ratos ou de morcegos, mas a alcaide pede tranquilidade. De onde ela tirou essa fala? Se você tivesse filhos pequenos ficaria tranquilo em enviar seus filhos para uma escola nessas condições", diz.

Guardião continua comentando sobre o parecer da alcaide: "Não existe como tapar o sol com a peneira, pois o descalabro é imenso, diria mesmo, incomensurável, incontornável. Obras superfaturadas e levantadas com preços de mansões, buracos que não são nunca tampados, telhados inapropriados, transferências escolares feitas em caráter de urgência, com a cidade de Bauru olhando isso tudo sem fazer nada. Tudo uma piada pronta e lives feitas sem nenhum respaldo científico - talvez somente o laudo neopentecostal. Diante de tudo a solução é mesmo só acionar o Batman, super-herói de Gotham City, morcegão de longa data, detentor de algum antídoto poderoso para não só resolver a questão, como também vir a público e escancarar o erro que foi ter eleito alguém com total despreparo para atuar com a coisa pública. O conjunto da obra de Suéllen Rosim é totalmente desfavorável para ela estar no cargo que ocupa e isso é diariamente comprovado pelas suas atitudes diante da administração da cidade de Bauru. Se faz necessário, relacionar dos motivos para ter chegado nessa triste conclusão?". Essa a conclusão, portanto, segundo Guardião, Bauru se encontra numa situação mais que lamentável, porém, a dita cuja se acha em condições de disputar um segundo mandato. "Só mesmo o Ministério Público para intervir e dar uma basta nisso tudo", define Guardião.

OBS.: Guardião é obra do traço do artista Leandro Gonçález, com pitacos escrevinhativos do mafuento HPA.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (127)


PIADA PRONTA - AS RESPOSTAS DA ALCAIDE PARA AS PERGUNTAS DO VEREADOR NÃO FORAM FEITAS ATRAVÉS DE IA - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?
Pois é, se não foi está muito parecido. Algo de muito estranho no ar. Um vereador resolve fazer perguntas para a alcaide responder e para tanto um prazo. Ela regateia, responde e quando as respostas estão sendo lidas, algo a denotar terem sido feitas através de um aplicativo muito conhecido hoje no dito mercado internético, o recurso da IA. Será possível? No reino suellista tudo é possível e para tanto vamos dirimir algumas dúvidas.

Um amigo com mais tempo e conhecimento que o meu, deu a dica: "As respostas seguem um padrão. Peguei as planilhas da FIPE e joguei as perguntas feitas pelo vereador na IA do GBT e as respostas são muito parecidas com as dadas pela Prefeitura/alcaide para a Câmara de Vereadores. Cheguei na conclusão que o chat GBT poderia ter gerado as respostas, pois diferem pouco umas das outras. Eu fiz só um teste aqui, mas as respostas dadas pela alcaide são muito genéricas, nada com aprofundamento, tudo superficial, exatamente como o resultado obtido quando da consulta feita por mim. O que fiz qualquer um pode fazer, simples demais, pegar os dados da planilha da FIPE, inserir tudo na IA e daí colher os resultados. Isso que te faço não tem o tom de denúncia, mas de como se faz a autilização da tal da IA hoje em dia. Quem não tem muita disposição para ficar a responder tudo como dantes, querendo algo mais rápido, basta fazer uso do que está disponível. Será esse o futuro das interpelações, em todos os seus níveis? Será que daqui para frente, quando diante de algo assim, iremos todos em busca das respostas desta forma e jeito? Pode ser prático, rápido, mas sempre fica faltando algo mais. Pelo menos é assim que vejo a coisa. Será que estamos, mais uma vez sendo pioneiros em Bauru - como no caso do atrapalhado astronauta - e já dando início para utilização da IA em responder interrogatórios?".

Será que o mundo de Isaac Assimov já está acontecendo de fato na nossa intrépida e isnólita Bauru? Por aqui, como sabemos, a ficção está sempre bem juntinho da realidade dos fatos. Muitas vezes se confundem. Eu não sei fazer isso. A IA é um imenso banco der dados disponível para isso mesmo e quando inseridos dados, como as planilhas, as respostas despontam, ainda genéricas, mas surgem assim num vapt-vupt, quase instantâneo. Os tempos atuais são mesmo inacreditáveis. Se alguém já sabendo manusera isso da IA, me ajude e também consulte, pois estamos ou não dentro de um desGoverno também virtual? Se você pergunta sem inserir dados, a resposta é "não existir dados suficientes para resposta", mas como meu amigo fez, fornecendo dados, a resposta foi surpreendente. Falta constatar e verificar se tudo ocorreu mesmo desta forma e jeito ou tudso foi mais uma mera coincidência? Será? Talvez? Pode ser? Sei lá...

Leio que "a medida em que a infraestrutura tecnológica avança no Brasil, assim como a melhoria na conectividade de telefonia e internet, o setor público precisa se preparar para a chegada da Inteligência Artificial que promete ser uma ferramenta poderosa para auxiliar na tomada de decisão mais assertiva". Fico sem entender. Será que em Bauru já estamos fazendo uso dessa teconologia de ponta e nem ao menos sabíamos?

O PROGRAMA LANÇADO POR LULA E A REUTILIZAÇÃO DO PRÉDIO DO INSS, HOJE FECHADO E SEM NENHUMA UTILIZAÇÃO
"O programa lançado por Lula identificou cerca de 3,7 mil terrenos baldios. Brasil: imóveis abandonados do Estado serão convertidos em moradias populares. “O governo de Jair Bolsonaro estava vendendo esses terrenos e prédios, e o que faremos é dar a eles uma destinação social correta”, disse a ministra da Gestão Pública, Esther Dweck", abro o diário argentino Página 12 e leio matéria sobre a mais nova iniciativa do Governo Lula. Fico todo pimpão. Na continuação: "O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou esta segunda-feira um programa que permite que imóveis abandonados do Estado sejam convertidos em habitação popular ou utilizados para outros projetos sociais, como escolas, hospitais e parques. O chamado programa “Democratização do Imobiliário do Estado”, lançado num evento no Palácio Presidencial do Planalto, identificou cerca de 3.700 terrenos baldios, edifícios desocupados ou infraestruturas abandonadas que podem ser aproveitadas para o projeto. Entre os imóveis que poderão ser utilizados estão prédios públicos invadidos por organizações que lutam pela reforma urbana, cuja ocupação poderá ser regularizada, e até aeroportos não utilizados. Embora o decreto que institui formalmente o projeto só tenha sido assinado esta segunda-feira, a iniciativa começou a ser implementada em janeiro de 2023, quando o líder progressista assumiu o seu terceiro mandato como chefe de Estado".

Volto meus olhos para Bauru e bem no centro da cidade, esquina das ruas Azarias Leite com Ezequiel Ramos, boca de entrada do viaduto JK, um destes, ou seja, um edifício todo desocupado e pertencente ao Governo Federal. No local funcionou até bem pouco tempo a sede do INSS. Nos últimos anos, somente o térreo funcionava e os demais andares já estavam vazios. Hoje, após a mudança do órgão para outro endereço, tudo lacrado e sem nenhuma utilização, muito menos algo pensado para o futuro. Daí, a pergunta que não quer calar: POR QUE NÃO CEDER O MESMO E TER UMA UTILIZAÇÃO SAUDÁVEL DENTRO DA INICIATIVA PROPOSTA POR LULA?

Gostaria muito de ouvir o que pensa a respeito o atual Gerente Executivo da Regional Bauru do INSS, Wilson Maceri Jr. Lula está lançando agora o novo projeto e se essa edificação for lembrada e incluída, seria de grande valia para a cidade de Bauru. Mesmo que a atual alcaide, Suéllen Rosim, talvez não demonstre interesse, pois suas preocupações estão muito além dos reais problemas da cidade, algo vindo do Governo Federal e feito para atender parcela que mais necessita de auxílio na população, poderia preencher neste momento uma enorme lacuna. A cabeça fervilha pela quantidade de opções que ali, naquela edificação poderia ser implantada com o auxílio advindo do novo projeto de Lula. Tomara algo seja pensado e executado, pois do contrário, teremos um baita "elefante branco" prostrado bem no centro da cidade e ali permanecendo sem que nada de útil nele aconteça. E não se pode nem pensar em deixar acontecer o que já ocorreu com outra edificação do mesmo INSS, ao lado deste, derrubado, quando poderia neste momento também estar sendo reaproveitado. Maceri é cabeça pensante e pulsante, destes bauruenses aptos a fazer muito pela cidade, portanto, deve já estar matutando das possibilidades.

Resposta de Wilson Maceri Jr: "Esse prédio é da década de 70. Tem a fachada tombada pelo patrimônio. Desde dezembro passado sem destinação. Tivemos algumas procuras de órgãos públicos interessados na utilização e estão em análise pela administração central".

Aguardemos, mas o que não podemos fazer é fazê-lo sentados e diante deste precioso prédio se deteriorando e talvez, com o passar de mais alguns anos, se perdendo totalmente. Se alguma ação ainda pode ser feita por ele, que seja agora.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

MEMÓRIA ORAL (302)

BAURUÍCES

01. O PINTOR DO ASFALTO

Eu moro nas imediações e o vejo em incontáveis ocasiões desenhando com tocos de giz no asfalto da rua Henrique Savi, rua paralela à Nações Unidas. Sua preferência são aos domingos pela manhã, quando a afluência de gente e carros é menor e assim, uma rara oportunidade de não ser importunado, nem interrompido. 

Ele perde - ou ganha? - horas ali debruçado e colocando pra fora o que vai em sua mente, deixando tudo ali exposto no asfalto até que a próxima chuva carregue tudo e sua arte não seja conhecida - nem reconhecida - pela imensa maioria dos bauruenses. 

Coisa de um mês atrás o fotografei desenhando e hoje, não o vi, mas lá estava sua arte no mesmo lugar de sempre. Junto as duas fotos e aqui os apresento mais um artista de nossas ruas.

02 - ALGO NUNCA MAIS VISTO POR ESTAS PLAGAS  

Este senhor ostentando camiseta chilena no último domingo na Feira do Rolo me fez relembrar de tempos idos, quando afluiam em Bauru, latinos de diversificadas origens, tudo possibilitado pelo famoso trem, ligação diária daqui até a Bolívia e com isso, vai-e-vem divinal, algo perdido com o fim do modal trem de passageiros.

 Nunca mais voltaremos a ter o que já tivemos por essas bandas de latinidade, pulsante movimentação a nos impulsionar.

03. ALBERTO DA CAPOEIRA, MEU CONSTRUTOR DE ALFAIAS - E REFAZENDO A MINHA PELA TERCEIRA VEZ
A história desta minha alfaia é pra lá de inebriante. Eu só não a perdi definitivamente por causa e culpa deste tal de Alberto Pereira, ex-manager da Casa da Capoeira de Bauru. Alguns bons anos atrás eu encomendei uma com ele, pois o vi construindo algumas. Fiz e prometi pra mim mesmo que um dia aprenderia a tocar. Esse dia ainda não chegou, mas a dita cuja da alfaia já passou por poucas e boas. Anos atrás, antes da pandemia, desfilou no Sambódromo - áureos tempos -, sendo manuseada pela mãos hábeis de Cristiane Ludgerio no bloco Primavera, do Redentor. Foi um sucesso e um dos destaques daquele ano na avenida do samba. Por pouco não a presenteei para quem dele fez uso. Trouxe para o Mafuá, seu local de descanso e ali ficou, esquecida e entre enchentes, goteiras e tudo o que veio com a pandemia, quando a vi meses atrás, acreditava ter chegado ao final da linha. Não tinha mais cara para pedir ao Alberto para recuperá-la, pois já havia feito isso, quando fez manutenção para a apresentação da Ludgerio. Criei coragem e pedi. Ele fora de Bauru, morando na Chapada em Goiás, quase não mais aporta por aqui. Veio depois do Carnaval resolver outras coisas e vendo minha súplica me escreve:

- Tô em Bauru, bora resolver sua alfaia...

Caí das pernas, ou seja, vergonhosamente levei seus escombros para sua avaliação. Esperava uma dura, pois por mais que a pandemia e tudo o mais tivesse influenciado, fui negligente. Ela estava em petição de miséria. Contei a história do novo lugar e a fiz nova promessa:

- Dessa vez piorou muito. Arrumei um outro lugar, arejado, uma quitinete, pois vendi o antigo Mafuá. Detonei com a alfaia, está horrível. Vou te levar envergonhado. Agora irei cuidar dela com todo cuidado. Permanecrá pendurada na sala, num local seco e bem cuidado.

Marcamos e levei. Alberto não me deu a dura esperada e proseamos muito no portão de sua casa. Suas histórias goianas são boas demais. Ele acabou por se desvincular das aulas no Estado, pois estava a adoecer com tanta pressão dos que tentavam a todo custo modificar o currículo de suas aulas de Educação Física, moldando-a para os tempos neopentecostais. Caiu fora e foi viver. Sua fisionomia está ótima, porém não escapando de uns exames de rotina, estes inevitáveis pelo passar dos anos. Disse ficaria dez dias em Bauru e faria devagar. Não tinha pressa, mas ele me surpreende, pois nem bem sai de lá começou a me postar, primeiro a desmontagem da peça e o proposto.

- Henrique, eu abri a bonitona e cheguei na conclusão que o couro não dava mais para aproveitar e o bojo, o corpo dela propriamente dita, ela só não afundou porque o couro rasgou. As lâminas de maderira da parte interna estão todas soltas. Na externa tinha proteção da tinta, parecia que estava bacaninha, mas por dentro ela está toda fofa e não tem mais como colar. Minha sugestão é uma outra, da mesma época que fiz a sua, só que pintada com bojo rosa. Não aproveito os aros, pois perderam a forma. Mas prático, rápido e indolor eu desmontar essa, faço a pintura dela em vermelho, pra ficar novinha, bonita e faço a substituição da corda. Topas?

Como poderia dizer algo e querer contra argumentar? Aceitei tudo.

- Alberto, meu nego, eu acho fantástico. Qualquer coisa que você me sugerir eu topo. Se você quiserr manter ela rosa, pra mim, sem nenhum problema. Se achar que é muito trabalhoso desmontar, pintar e depois entrelaçar tudo novamente, mantenha rosa. Não tenho problema nenhum com a cor rosa. Fica a seu critério. Meu problema é quanto vai ficar isso e como irei te pagar. Me ligue para termos uma negociação honesta e franca. Baita abraço.


- Desmontar e remontar é tranquilo. A pintura também. Tudo vermelho é a sua cara. A corda vou substituir, pois 
a sua apodreceu no meio. A parte mais cara dessa brincadeira toda seriam as duas peles de cabras. Ficará tudo em $___. A alfaia vai pra ser bem cuidada e espero que agora isso seja verdade. Quanto a me pagar, um ou dois pixs se resolve.

Quando vejo tudo já está quase pronto. Escrevo a ele:


- Mas você não me disse que tudo seria feito devagarzinho, lentamente. Daqui hpa pouco me liga e diz, tudo pronto. Vai ficar lindo, pendurada na sala. Faz uma assinatura e coloca nela, pois a obra é sua.

Dois dias atrás me responde:

- Ainda não está pronta. A corda nova está bem esticada, afinando o couro. Viajo e volto na terça. Quarta, depois que a corda ceder, solto tudo e aperto de novo. Daí sim, estará pronta.


Que dizer? Sem palavras. Quarta é amanhã e bem que poderia marcar uma apresentação com diletos amigos, para algum lugar, onde ele tocaria um pouco e todos os com saudade do danado, iriam aproveitar para colocar as conversas em dia. Penso a respeito. Já imagino ela sendo utilizada carnavalescamente no Sábado de Aleluia no revival do bloco do Tomate e depois, cuidada com todo esmero. Tinha que contar essa história, pois gosto demais da conta da pessoa deste cidadão Alberto Pereira, esgrimador de causas insólitas e como eu, na luta e lida por um mundo melhor, bem diferente deste onde vivemos atualmente. Quem me ajuda a marcar algo onde poderíamos rever o Alberto e bater forte da nova alfaia?

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

ALGO DA INTERNET (210)


SÓ COM MANDADO DE SEGURANÇA - DEIXA VER SE ENTENDI DIREITO...
Ouvi partes da sessão semanal da Câmara de Vereadores e nela a continuação da discussão se a alcaide vai ou não retirar o pedido de urgência da concessão água/esgoto, possibilitando a votação de outros projetos, como o da LPG - Lei Paulo Gustavo, favorecendo aproximadamente 400 artistas da cidade ou o dos rendimentos mensais da Educação Municipal, aumentando o soldo, atualmente girando em torno de R$ 1.600 mês. "A sra quer prejudicar os artistas?" ou mesmo "A sra quer ou não ajudar os professores?", este o conteúdo das falas. Num certo momento, o líder da alcaide na Câmara, Miltinho Sardin, volta de ligação feita para o Palácio das Cerejeiras e coloca definitivamente as cartas na mesa: "Para a administração só existe uma urgência, a da concessão de água/esgoto". Ponto final. Ou seja, a alcaide só pensa nisso. Seria então o caso de votar logo e dar um basta, derrubar esse jeito inconsistente e mimado de governar, vergando-a pelo voto. Ou não?

Enquanto a votação não ocorre e a sessão corria, acalorada discussão, vejo muitos exaltados e depois do circo pegar fogo, eis uma luz no final do túnel. Os vereadores Meira e Lokadora deixam o circo pegar fogo e só depois, lançam a proposta salvadora da pátria, a de que existe sim uma solução para ver votado os demais projetos acumulados na Casa de Leis. Vi vereadores dizendo que tanto faz votar pelo sim ou pelo não e até comparação do que ocorre, com a Escolinha do professor Raimundo.

Lá no final, Meira vem ao microfone e diz mais ou menos isso: "A saída é só uma. O projeto dos salários dos professores foi pedido vista, daí terá que passar pelas comissões internas para ser votado, mas o da Cultura, a LPG não, já está pronta e sem entraves, só com o impedimento da pauta estar travada. E como destravar? Que o pessoal do Conselho de Cultura, Igor Fernandes, Paulo Maia e o Tonon entrem logo com um MANDADO DE SEGURANÇA, via Judiciário e este determine que a votação ocorra também em caráter de urgência".

Sim, é isso mesmo, este desGoverno bauruense só vai agir atráves de Mandados de Segurança ou mesmo, outras ações da Justiça, essas mais impositivas, devolvendo a normalidade para a coisa pública, hoje administrada de forma limpidamente distorcida e a prejudicar a cidade. Tudo pode ter início com um primeiro Mandado, depois outro, outro e mais outro, até não mais existir necessidade de continuar com uma administração tão inoperante e omissa aos problemas bauruenses. Que tal?

COMO ANDA O LEVA E TRAZ COM A ALCAIDE, OU SEJA, COM A PREFEITURA
O jornalista Nelson Gonçalves explicita algo da resposta da alcaide, sem que a solução esteja próxima ou encaminhada. Sem nenhum luz no final do túnel segundo conepção de quem só pensa em aprovar, a toque de caixa, o projeto bilionário e inconsistente da privatização/concessão da água/esgoto:

O JORNALISTA NELSON GONÇALVES EXPLICA DOS MOTIVOS PELOS QUAIS ACREDITA NÃO DAR CERTO NADA NESTE MOMENTO ATRAVÉS DO JUDICIÁRIO:
Juridicamente não vejo possibilidade de êxito. Mandado de segurança requer "direito líquido e certo". E, neste caso, este direito não poderia, a princípio, interferir no cumprimento do Regimento da Câmara. A inclusão como REGIME DE URGÊNCIA FOI DADA. A questão é que a prefeita travou a pauta, pela primeira vez na história. E Suéllen não vai mover um dedo para a verba da Cultura ser votada... esta é a realidade, infelizmente. Então, é aguardar (como regime de urgência) o PL da Paulo Gustavo que será nesta nova condição, votado ou analisado no mesmo dia que a concessão, ao menos.. Ou seja. amarrou às outras urgências... magistério, Cultura e concessão... Isso tende a acontecer no final de março, pelo andar da carruagem... abcs!

LEITURAS OUTRAS
01 - É momento de propor uma unidade progressista para América-latina e Caribe, diz vice-presidenta da Colômbia:

02 - Não foram sequer identificados, quanto mais punidos. "Bolsonaro e todos os participantes da reunião são traidores da pátria", direto do Jornal da Cultura:

03 - Fomos salvos pela burrice do lado de lá - Salvo pela limitação intelectual, direto do Jornal da TV Cultura:


ISSO É UMA TÍPICA CENA PAULISTANA
Este mural foi colocado ontem cedo na Paulista. Vários bostominions tiraram fotos com ele e postaram na rede. Não tinham ideia de que o escrito em hebraico רצח עם significa “genocida”.

SACOU?

domingo, 25 de fevereiro de 2024

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (186)


DOMINGO EM DROPS*
* Com o textão abaixo de GM - Gilberto Maringoni, ilustrado com fotos de minha lavra e responsabilidade, do que vai acontecendo paralelamente ao avanço da ultradireita neste insólito país. Unidos venceremos, desunidos estamos fudidos e mal pagos...
Sergião, do Debate e o fim de mais um órgão de resistência.


NÃO SE PODE SUBESTIMAR BOLSONARO NA PAULISTA - Gilberto Maringoni
Qual o impacto na conjuntura da manifestação pública convocada por Jair Bolsonaro neste domingo (25) na avenida Paulista?

ESTIVE NO ATO e andei ao longo de toda sua extensão, indo e vindo, por duas vezes. Fiquei impressionado. Eram quatro quadras apinhadas de gente. Havia pontos, no quarteirão onde se encontrava o caminhão de som, em que a compactação tornava quase impossível a passagem. Numa apreciação impressionista, arrisco dizer que pouco mais de dois terços da massa era composta por gente de classe média-média, branca. O restante parecia ser de classe média baixa (pobres), com presença significativa de pretos e pardos. Não era um protesto de grã-finos dos Jardins. Havia quatro governadores e algumas dezenas de parlamentares no palanque. Tarcísio de Freitas reforçou o policiamento e há notícias de que teriam vindo caravanas do interior e de outros estados. Dinheiro parece não ter faltado.

QUAL A MÉTRICA PARA SE AVALIAR o evento? Há pelo menos três essenciais: A). Saber se havia um público em volume expressivo; B) O que Bolsonaro pretendia com a iniciativa e C). Compará-lo com as possibilidades organizativas da esquerda.

EXAMINEMOS A PRIMEIRA variável. Mesmo que não tenha colocado no asfalto os 700 mil que alguns de seus apoiadores chegaram a alardear – é possível que tenham comparecido pouco menos de 200 mil -, a soma não é desprezível. Acima de tudo, vale a foto aérea de uma Paulista apinhada de gente.

TUDO INDICA QUE BOLSONARO queria dar uma demonstração de força e retirar as acusações que enfrenta do terreno jurídico – que lhe é desfavorável - e deslocá-las para a seara política, na qual pode obter bom resultado. Cercado de processos, o ex-mandatário está absolutamente correto em buscar as ruas. Uma possível prisão, assim como foi a de Lula, depende da criação de um ambiente político que enfraqueça sua legitimidade e o torne vulnerável aos tribunais. O petista só foi encarcerado depois de anos de impiedosa campanha midiática, de acusações infundadas por parte da Lava Jato, de opções desastrosas do PT no governo e do golpe de 2016.

O MARIDO DE DONA MICHELLE se fortaleceu na ensolarada tarde paulistana. Passa o recado de que não é carta fora do baralho, mesmo sendo inelegível. Mais do que tudo mostra que o peso político da extrema-direita brasileira não é pequeno.

SE A META DE MOSTRAR apoio de multidões foi atingida, o segundo objetivo tem poucas chances de se concretizar. Como assinala Valter Pomar, Bolsonaro propõe um acordo que livre sua cara e isso ficou explícito em seu discurso. Antes de entrar no mérito do que o ex-presidente externou ao microfone, é preciso focar brevemente na direção do espetáculo, ou na coreografia de palco.

OS PRINCIPAIS ORADORES foram três, além de Bolsonaro. Puxando a fila estava Michelle, a demonstrar fidelidade ao marido – ela cancelou uma viagem aos EUA – e pregar uma chorumela emotiva, pretensamente religiosa. Em seguida, tivemos Tarcísio de Freitas, anfitrião e possível herdeiro do espólio político do chefe, a garantir sua retidão de caráter. E por último e o mais importante, Silas Malafaia, misto de espertalhão e guru espiritual, para quem Bolsonaro terceirizou a saraivada de ataques ao Supremo, ao TSE, a Lula, ao PT, a Alexandre de Moraes e a quem mais estivesse pela frente. No meio do fraseado, destacou em tom quase apocalíptico: "Jair Messias Bolsonaro é o maior perseguido político da nossa historia.


LIMPO O TERRENO, o indigitado ficou livre para tentar um caminho sem agressões e baixarias, quase um Jairzinho paz e amor. E se revelou tremendamente defensivo e vulnerável. Em 22 minutos de uma oratória surpreendentemente articulada para os padrões do ex-capitão, ele falou de sua infância, da vida no Exército, contou da experiência parlamentar, de seus feitos na presidência, atacou o comunismo, a ideologia de gênero, o aborto e listou um rosário de lugares-comuns do fascismo pátrio que faz a alegria de seu eleitorado. Destacou ainda a importância do pleito municipal e negou ter tramado um golpe. De cambulhada, aproveitou para insistir no vitimismo: “Levo pancada desde antes das eleições de 2018”.

DEPOIS DA PIEGUICE, vamos ao que interessa: buscar o que chama de conciliação e pacificação. “É passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados”.

A ARENGA VAI EM FRENTE: “Agora, nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita justiça em nosso Brasil”. E cita os possíveis beneficiários, “Esses pobres coitados que estavam lá no 8 de janeiro de 2023”. Mas o altruísmo do ás das moticiatas logo revela o verdadeiro objetivo: “Também quero dizer que nós não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja. A não ser que seja por um motivo extremamente justo”.

AQUI O EX-PRESIDENTE MANDA as sutilezas às favas. Sua meta enfim é revelada por inteiro: sair liso - juntamente com o alto comando do golpe – de quase vinte acusações judiciais, transformando o caso em disputa política, apelando ao Congresso – que tem as prerrogativas constitucionais para isso – e não ao STF. O projeto do ato tem, assim, início, meio e fim. Nessa tentativa de mostrar força, é possível que busque realizar manifestações semelhantes em outras capitais.

O COMPORTAMENTO DA MÍDIA, ao longo do dia, foi cauteloso. Mesmo o Fantástico, principal atração dominical da Globo, enquadrou a notícia numa reportagem de 3 minutos, quase ao final do programa, na qual não faltaram menções às acusações que pesam sobre Bolsonaro. Como as corporações de comunicação têm sido atendidas em quase todas as suas demandas junto ao governo federal – arcabouço fiscal, verbas publicitárias, predomínio de fundações privadas na Educação, não reversão de privatizações e reformas de Temer e Bolsonaro – possivelmente seus dirigentes avaliem não ser esse o momento de romper com a atual gestão.

FINALMENTE, DO PONTO DE VISTA da esquerda, convém não subestimar a força da extrema-direita. Desde a posse de Lula III, o que se entende genericamente por progressismo não colocou contingente equivalente em praça pública. Apesar da defensiva, Bolsonaro age com competência ao buscar mudar o terreno de seu enfrentamento da Justiça para o Congresso. É difícil que conquiste a anistia, mas também é pouco provável que seja preso no curto prazo. Há um objetivo secundário nessa trama toda: o mais ilustre morador do condomínio Vivendas da Barra tenta coesionar e unificar nacionalmente os aliados com vistas às eleições de outubro.

FALTA UMA ÚLTIMA PEÇA nesse quebra-cabeças. Até aqui não há uma campanha vigorosa da esquerda contra a extrema-direita. Ao contrário: o bolsonarismo está no governo e no Congresso, negociando cargos e prebendas. Sobra soberba, desleixo e falta de rumo nos campos progressistas. A celebração do 8 de janeiro no palácio do Planalto se resumiu a um convescote destinado a passar o pano geral para o andar de cima do golpe. Seguimos depositando todas as expectativas no Xandão. A esquerda acaba fazendo um lawfare com sinal trocado ao bater às portas dos tribunais diante de qualquer controvérsia. Embora Lula tenha subido o tom na política externa, seu comportamento não é acompanhado pela maioria de seu partido ou das agremiações aliadas. Com raras exceções, ministros, senadores e deputados do PT evitam se posicionar nessa questão.

NÃO BASTA RECLAMAR, xingar, fazer piadas, desqualificar, ofender e dirigir vitupérios ao fascismo made in Brazil. É preciso enfrentá-lo politicamente, retirá-lo do governo, assumir o real comando das forças armadas e definir melhor quem são aliados e inimigos. Sei que falar é fácil, mas não há outro jeito.
Tudo pode parecer não ter ligação umbilical, mas todos estes temas das ilustrações se fundem num só. É disto que estou falando, do CONJUNTO DA OBRA, HPA. 

CARTAS (225)


DUAS CARTAS DESTE HPA*
* Texto correspondendo a publicação de sábado, 24/02/2024.

Eu sempre gostei demais de escrevinhar cartas e as enviar pela aí. Aqui duas, ainda não publicadas, portanto, inéditas.

01 - GENOCIDIO EM GAZA, para Tribuna do Leitor, JC - Jornal da Cidade, Bauru SP - Israel é hoje a meca da extrema-direita global e não se faz necessário entrar em detalhes, pois as evidências são gritantes. Israel é um país, um estado soberano, sujeito a todas intempéries decorrentes de desGovernos autoritários, genocídas, truculentos e também de cunho fascista, como o atual, infelizmente beirando algo muito próximo do modo nazista de governar. Não existe como escamotear o que fazem. Sua resposta a um ato terrorista foi outro, o genocídio de um povo, o palestino. Cometem diariamente atos imensamente piores e mais danosos do que o cometido contra eles. Imperdoável segundo qualquer tipo de concepção sensata de convivência humana. Mesmo assim, muitos passam o pano, adulam e se calam diante de tanta atrocidade. O que Lula fez foi se pronunciar contra a mortandade patrocinada por Netanyahu e o fez acertadamente. Não dá para entender o sentido de se criticar o óbvio. Não existiu isso de incontinência verbal, pois não é por ser ele Chefe de Estado, deva permanecer calado, contido e vendo a banda passar. O mundo reconhece sua fala como um divisor de águas, mas aqui, eternas carpideiras do espectro direitista o criticam, sem querer enxergar o contexto. Será que para estes, seguir o script é sendo o que é, deixar tudo continuar acontecendo? Se formos pautar as relações internacionais pela aceitação da truculência e guerra sem limites, nos veremos todos num embate sem fim. Lula propôs com sua fala o fim do conflito e isso é salutar. Israel precisa ser contido, pois já passaram de todos os limites toleráveis.
Henrique Perazzi de Aquino - historiador e jornalista (www.mafuadohpa.blogspot.com).

02 - meus caros de Carta Capital
Escrevo para obter notícias de Mino Carta. Não existe justificativas plausíveis para manter os diletos e fiéis leitores sem notícias de seu bardo. Seu último texto saiu na revista na edição de final de ano e depois, com a última, sete sem sua participação. Não aguentei e escrevi para Manuel Carta e ela me conta de sua internação, a Covid e em recuperação. Foi um choque. Ninguém é eterno fisicamente, porém estar privado dos textos semanais no Mino é como continuar na lida revolucionária e sem o baluarte do comandante em chefe, aquele a nos conduzir e abrindo flancos. Escrevo sempre, Mino é o maior e mais completo jornalista brasileiro em atividade. Nada o suplanta. Sou seu seguidor fiel, elo inquebrantável. Tive o prazer de, na qualidade de leitor da revista, ter uns dez artigos de minha lavra publicados na revista e isso, graças ao Mino. Comecei a ler a revista pouco antes dela se transformar em semanal e não mais parei. Tenho aqui guardados todos os exemplares. Em quase todos, a presença impoluta e resoluta de Mino. Comprei seus livros, li a todos e hoje, além de todas admiração para com ele e sua trajetória, algo mais para o percurso de Carta Capital. Sei que, ele e Belluzzo fazem das tripas coração para manter essa chama acesa. Quando muitos deixaram de ler publicações impressas, não consigo abandonar a Carta - ao menos ela. Das bancas, resta CC e a Piauí, sendo que, algo em torno de dez anos atrás, comprava e lia ao menos de dez a quinze no mês. Para mim, CC é espécie de "último dos moicanos", pois ao frequentar as ainda poucas bancas existentes aqui em Bauru SP, vejo não só jornaleiros mudando de ramo, fechando seus antigos negócios, pois na continuidade a falência é certa. Se o brasileiro lê menos, não sei mensurar. Sei que leio como antes, ou melhor, como sempre, mas muito menos revistas e jornais. Mudaram-se os meios, mas não a busca pela boa leitura e enquanto a Carta existir - e eu também -, tenham certeza, cá estarei, pois ela é o que mais se aproxima, dentro do mercado editorial brasileiro, a minha linha de preferência, questão ideológica. Não rezo, mas faço minhas preces para não sei quem e nelas sempre esperando reencontrar na próxima edição me chegando em casa, um texto do Mino. Dói não tê-lo semanalmente nas páginas da revista e daqui só posso torcer - e muito - pelo seu mais rápido restabelecimento. A equipe de CC sempre foi boa e enxuta, tendo Mino como baluarte. Escrevo para uma necessária reverência, primeiro como fiel leitor e depois pelo eterno reconhecimento. Mino é Mino e CC é inigualável. Resistam e combinem com quem quer que seja, para prolongar a estadia do nosso mestre por aqui, pois mesmo sem poder contar com a leitura de seus textos, fico a imaginar, semana após semana, como seria sua tirada semanal para os acontecimentos deste insólito país. Baita abracito do tamanho do mundo - ou melhor, mediterrâneo, como ele sempre diz - para todos da revista.
do leitor de todas as horas Henrique Perazzi de Aquino - Bauru SP.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (199)


EM BAURU TUDO PARECE PIADA, ATÉ ESSAS 53 PERGUNTAS...
Inacreditável. Essa a melhor palavra para definir o que está em curso neste momento na política local, num bate cabeça uns com os outros e a alcaide rindo de tudo lá do 3º andar do Palácio das Cerejeiras.

Eu me divirto à distância, mas também fico puto da vida com a inércia e com as pisada em falso, como se os opositores - dentre os quais me incluo - estivessem todos num lodaaçal, e dele não conseguissem dar um passo adiante, escorregando em cascas de banana. Começo com essas tais 53 perguntas que vereadores encaminham para a alcaide responder. Miltinho Sardim, líder dela na Câmara, com aquele sorriso maroto disse que, em até dois dias responderia, mas sabemos que isso não ocorrerá, pois ela, a alcaide não responde nada e tudo fica por isso mesmo. Alguém acredita que ela responderá? Evidente que, ninguém. Inútil encaminhar algo assim para ela. O JC já anuncia que a Prefeitura diz não ter prazo para responder. Até quando Bauru fica acreditando em história de carochinha.

A pessoa está eleita no Executivo precisa trabalhar sério, mas o que mais se vê são lives da alcaide, a maioria após tragédias e no local dos acontecimentos, tirando o seu da reta e sempre dizendo ter proposto algo e outros emperrando. A culpa sempre é dos outros. Não sabe disso não sabe daquilo, não sabe quanto pagou no imóvel, é hacker morando na mesma casa que ela, é o inútil Palavra Cantada, os púlpitos nas escolas, é projeto de concessão da água e esgoto de bilhões e atropelando tudo o mais, deixando artistas a ver navios, esperando desde junho do ano passado, com dinheiro na conta da Prefeitura e nada fluindo.

E os movimentos sociais e partidos políticos batendo cabeça. Falta união de interesses, para coletivamente agir e reverter este quadro. Essa cartada bilionária da concessão talvez seja a última deste desGoverno e não é possível essa inércia nas coisas. Confusão em tudo quanto é PL - Projeto de Lei - que essa alcaide manda, tudo cheio de irregularidades, massa de manobra pra todos os lados, um espera algo, outro também e até os professores inseridos neste balaio, uns não se entendendo com os outros, cada qual defendendo interesses pessoais em detrimento do todo na hora da folha de pagamento. A alcaide vai pintando e bordando. Alguém em sã consciência achou que essas 53 perguntas seriam de fato respondidas no prazo de alguns dias? Não tem que encaminhar mais pergunta nenhuma e sim uma Processante. Vamos ficar assistindo a este Circo de Horrores até quando?
Todos vendo meio que incrédulos e ainda na fase de encaminhar meras perguntas pra alcaide, algo sabido até pelas pedras do reino mineral que não serão respondidas a contento. Nada cai do céu como maná. Tempos atrás, governos anteriores vivenciavam nas ruas e lutas movimentos e pedidos de processante, mas agora tudo estagnado, em compasso de espera. Agora, só o encaminhamento de perguntas, fazer reuniões e reuniões, nada além disso. Quase quatro anos enrolando todos, fazendo todos de palhaços e mesmo assim, inércia predominando.

Olha outra coisa escabrosa, o negócio lá da cesta básica distribuida na Sebes e tendo à frente a mãe da alcaide, ela na distribuição. A tal da mãe já foi comunicada da irregularidade e mesmo assim, ela é quem continua fazendo a distribuição. Passa por cima da Sebes e usa argumento que está ali para atender demanda das asssociações de bairros. É rolo com ônibus caindo aos pedaços, outro cedido pra viagem de turismo, é tanta coisa, um conjunto da obra admirável e constituindo o que o bloco carnavalesco Bauru Sem Tomate é Mixto levou pro Carnaval deste ano, com o "No Templo das Perdições". Não é possível uma coisa dessas continuar ocorrendo e ficarmos na época e fase de encaminhar perguntas, cientes não terão respostas. Que tal uma ação investigativa mais abrangente e contundente, resultando numa Processante séria e construída, como disse, levando em conta o CONJUNTO DA OBRA? O momento é esse, pois ela já não possui maioria consolidada dentro da Câmara de Vereadores. Deixando passar, existirá tempo para se reverter tudo. É agora, ou vai ou racha. Ou melhor, se nada for feito continuaremos esperando SENTADOS - pois em pé cansa - pela resposta das tais 53 perguntas...


ENFIM, QUEM PERSEGUE TANTO LULA E QUAIS OS MOTIVOS...
Lula fez greves contra a ditadura, a mídia criticou, Lula liderou a fundação do PT, a mídia criticou, Lula liderou a fundação da CUT, a mídia criticou, Lula foi candidato a deputado constituinte, a mídia criticou, Lula foi candidato a presidente, a mídia criticou, Lula foi candidato de novo, a mídia criticou, Lula foi candidato novamente, a mídia debochou, Lula foi candidato mais uma vez, a mídia criticou, Lula foi eleito, a mídia analisou que ia fracassar, Lula foi reeleito, a mídia suspirou, Lula indicou a Dilma, a mídia debochou, Dilma foi eleita, a mídia tentou cooptar a Dilma contra o Lula. Dilma foi reeleita, a mídia resmungou. Aecio e Cunha lideraram o golpe, a mídia apoiou. O golpe veio, Temer assumiu, a mídia comemorou. A lava jato tentou destruir o PT, a mídia turbinou. A lava jato prendeu o Lula, a mídia gozou. Bolsonaro foi eleito, a mídia relativizou. Bolsonaro tentou o golpe, a mídia tergiversou. Lula saiu da cadeia, a mídia pirou. Lula foi candidato, a mídia tentou uma terceira via, e flopou. Lula foi eleito, mídia brochou, Lula botou ordem na economia, a mídia negou. Lula disse que o genocídio é um genocídio, a mídia se desmoralizou.
*Ricardo Berzoini*

FALECE HOJE SERGIÃO, DO DEBATE E SE VAI COM ELE UM DOS MAIORES ÍCONES DO JORNALISMO DO INTERIOR - TRISTEZA É POUCO
Eis o link da matéria do DEBATE após seu falecimento:

Meu mais que baita amigo. Uma das pessoas que mais aprendi a admirar dentro do mundo do jornalismo, principalmente por ser do mundo palpável, ou seja, próximos uns dos outros. Com ele se vai muito - quase tudo - do que ainda resta de independência no jornalismo brasileiro. Um destemido guerreiro, nos últimos tempos levando e conseguindo soltar suas edições do insuperável e inquebrantável DEBATE na unha, cara e coragem, algo só possível por ele mesmo.
Quando anos atrás descobri o Jornal Debate, ele já havia passado pela maior agrura de sua vida, o processo que por pouco não lhe fecha definifivamente as portas. Tudo deixou marcas profundas nele e nos seus, pois seu belo parque gráfico, o melhor de ampla região, encontra-se até hoje todo arrolado em questiúnculas judiciais. Isso não vergou Sergião, melhor que isso, o revigorou para todos os embates seguintes. Guardo comigo o desfecho da pendenga que teve com o Judiciário, quando pelas suas objetivas e conclusivas publicações feriu interesses desconexos a ocorrer na insólia SCRP - Santa Cruz do Rio Pardo. O processo movido contra ele foi tçao absurdo, chegando a ganhar projeção nacional. Foi quando o país conheceu de fato quem era este Sérgio Fleury - muito diferente do homônimo - e seu jornal, algo até hoje não igualado no quesito lisura e qualidade jornalística.

Na época eu enviei texto sobre sua história para publicação na revista semanal, a única que poderia dar uma isenta matéria sobre o assunto, a até hoje presente e com a mesma atitude, a
CartaCapital. Mino Carta foi tão solicito e mesmo não publicando o meu texto, o fez com fotos de minha lavra e deu matéria sobre as perseguições que a imprensa livre sofria, ressaltando o caso do pequeno jornal do interior paulista. Anos depois, Sérgio me contou que aquela publicação foi crucial para o desfecho de seu processo e isso me encheu de orgulho, ou seja, um dos maiores reconhecimentos que tive em vida de algo concebido spor mim em prol de uma causa mais que justa.

A partir daí, eu e Sergião estabelecemos uma relação mais que cordial. Ele me presentou por anos com uma assinatura do jornal, que recebia em casa e anos depois, quando passou a ser impresso na gráfica do Jornal da Cidade, aqui em Bauru, ele deixava uns dez exemplares toda semana, eu buscava e os distribuia na cidade através da banca da Ilda, lá junto do Aeroclube. Assim foi feito enquanto ele resistiu e conseguiu soltar suas edições semanais no formato impresso. Ou seja, tivemos algumas boas histórias juntos.

Depois, por fim, ele me ofereceu espaço para escrevinhar o que me viesse na cabeça, com textos entregues toda sexta e sempre publicados, sem nenhum corte ou censura. Creio ser ele o único que escrevi sem aquela obrigatoriedade - caso bem brasileiro - de me conter e mesegurar no que escrevia. O Sérgio aguentava a pinimba e eu nunca abusei, mas também nunca baixei a guarda. Certa vez lhe disse que naquela semana tinha escrito tudo de última hora, sem nenhuma correção e se ele tivesse tempo poderia fazê-lo. Ele aproveitou, dando uma sonara gargalhada que, não só publicou sem as correções, como algo parecido havia ocorrido com ele. Numa semana ocorreu o mesmo, o fechamento ocorria em dez minutos e o espaço livre, foi quando veio uma ideia e a escreveu sem poder corrigir. Disse não ter tido coragem de ler o texto, mas foi abordado na rua em mais de uma vez naquela semana e justamente para os elogios sobre exatamente aquele seu texto. Rimos muito e continuei mandando meus textos sempre com pouca ou nenhuma correção, do jeito que escrevia ia e ele publicava.

Muita gente escreveu e publicou rapidamente algo pela internet após sua morte. Eu até ia compartilhar outro link, mas dei preferência para o do próprio DEBATE, que certamente deve ter sido escrito com "sangue, suor e lágrimas", pelo filhão André Fleury Moraes, hoje atuando no JC Bauru. Sua história é toda de muita luta e fibra, garra e perseverança, sem se desviar para os decaminhos jornalísticos e facilidades, quando quase todos pelo interior afora vivem de verbas públicas e daí, publicam meia verdade, ou seja, a verdade que o patrocinador permite. Com Sergião isso não existia. Ele e o outro que também admiro de paíxão, Mino Carta já perderam muitos anunciantes só por causa de matérias a envolver algo pelos quais estes preferiam ver a verdade na lata do lixo. Olho para os grandes jornalões de hoje e não vejo isso mais acontecendo em nenhum deles, mas no DEBATE isso era a mola mestra. Certa feita eu estava lá na portaria do jornal, papeando com seu dono e surge um velhinho, que fez questão de vir buscar o jornal ali na redação. Era também assinante e me disse não conseguir ficar sem ler semanalmente o que Sergio escrevia. Eu também. O diferencial de seu jornal, além do ótimo noticiário político eram as reportagens semanais, todas com a verve do jornalista inigualável. Ele gostava de contar histórias de pessoas e nas primeiras páginas, fotos destes. Tenho várias recortadas e guardadas numa espécie de álbum de figurinhas do que vem a ser o bom jornalismo, algo hoje em falta. Mesmo nos jornalões, acabou isso de fazer matéria deste tipo. Na maioria das vezes, hoje predomina a bunda sentada na cadeira da redação e dali o faz tudo. Sergião, como eu, gostamos da rua e dela subtraímos tudo o mais, o melhor conteúdo de seu hebdomadário.

Vou sentir burta falta deste macanudo e aqui confesso, a gente só sente falta mesmo quando o gajo parte. Eu até que falava constatemente com ele, pois ultimamente enviada com atraso meus textos e ele, já em decorrência da doença, não tinha a preiodicidade de antes. O jornal nunca deixou de sair, mas saia quando ele estava bom. Ele foi um bravo até o fim. Alguém pelo qual me rendo e o reverencio como dos grandes deste País. o pequeno DEBATE é grande demais da conta, muito mais do que ele o imaginava, pois é exemplo vivo de algo tão em falta hoje, uma independência libertadora, tão difícil de vingar neste emaranhado engrivinhador de ideias dos tempos atuais. Se pudesse e tivesse condições, iria agora mesmo lá pedir para o André, seu filho, permissão para produzir um último número, ou até mesmo tentar seguir adiante, mas me falta tudo, folego, pernas e condições. Fico na vontade, mas aqui a externo, pois é este o meu desejo. 
Queria muito poder me desdobrar para que o DEBATE tivesse solução de continuidade. O Sergião e seu DEBATE já são eternos, não só em SCRP, mas no País inteiro, pois o exemplo deixado lá atrás, veio vindo e só se finda com a morte de seu bravo guerreiro. Queira eu um dia, poder contar isso tudo num livro, num documentário ou algo parecido, para tentar imortalizar e espalhar pelos mais diferentes caminhos essa bela história de vida e de luta.

OBS.: Este é mais um dos meus textões sem correções e não me peçam para fazê-lo, pois se assim os enviava para publicação no DEBATE, aqui permanecerá exatamente deste jeito e maneira.

MÚSICA (232)



O "TEMPLO DAS PERDIÇÕES" NÃO PODE SER ESQUECIDO...

https://web.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/pfbid036UM2Dhxsy9Dt8oPxR6FxsTQmK3nuVXCGnMLRcttZKQSZcd7gSuuRcmbptDT2ktJFl

Fui parado na rua anteontem por figura conhecida de Bauru. O motivo era mais do que justificável. "Henrique, adorei a letra do bloco do Tomate neste ano, a no Templo das Perdições. Ela foi muito precisa, quase cirúrgica e abordou todos os pontos nevrálgicos em questão no momento. A camiseta estava ótima e a letra impecável. Não se esqueceram de nada, daí, isso não pode ter fim com o Carnaval. Vocês precisam encontrar um meio de continuar fazendo essa música ser executada e cantada por aí, pois ela é demais", foi sua fala. Adorei e já estamos, o pessoal do bloco do Tomate tomando as devidas providências para continuar executando a música pela aí, dia após dia, até o dia em que tudo for devidamente resolvido. Acertamos em cheio, né!!!

CHEGANDO O DIA DA PUNIÇÃO DA JOVEM PAN, CONSEQUENTEMENTE DA JOVEM AURI-VERDE BAURU
Não sei se alguém dentre os que agora dão uma lida neste texto, ainda se prestam a perder tempo ouvindo a nhaca na qual se transformou a Auri-Verde nas mãos da ultra-direita e de Alexandre Pittolli? Pelo que sinto, ela hoje sobrevive nas cordas, respirando por aparelhos, pois além da perda de toda sua credibilidade, sua audiência anda decaindo a cada dia. Não se ouve mais como antes, nenhum comentário do tipo: "Viu o que saiu na Jovem Pan". Isso acabou, pois a maioria da população percebeu o que está por detrás de uma programação voltada somente para adular a ultra-direita e os interesses bolsonaristas. Suas entrevistas refletem isso, o descalabro jornalístico e os reflexos são dantescos, ou seja, estão à mingua e beirando a falência. Porém, continuam boquirrotos e assim como a JP - Jovem Pan, devem pagar pelos seus atos. O caso JP é mais antigo e pelo que se vê chegará em breve o dia onde terão que pagar pelos seus atos. O caso JAV - Jovem Auri-Verde é mais recente e além de colocar a rádio numa situação idêntica a da JP, praticamente a estão destruindo. Se a JP for mesmo punido - e deverá sê-lo -, a JAV deve seguir na mesma linha, pois tudo aquilo de perversidade feito em Bauru nas ondas da concessão bauruense, foram repassadas e pioradas. É mais que um jornalismo condenável, pois ultrapassam todos os limites do bom senso.

Para muito breve a condenação de ambos e servindo de exemplo para todos os que ousarem ultrapassar os limites permitidos pela liberdade de expressão. Mente e continua a fazê-lo desmedidamente em algo a ser punido com o devido rigor. Basta de fake-news nas ondas das rádios brasileiras e hoje, a nossa JAV está querendo se transformar na meca da boçalidade brasileira.


LUTAR PELA LIBERDADE DE JULIAN ASSANGE E LUTAR POR TODAS AS LIBERDADES SENDO REPRIMIDAS E COMPRIMIDAS
A batalha pela libertação de Julian Assange é política, cultural e judicial, por Santiago O'Donnell, Página 12, 21/02/2024
Começa com a falsa noção de que Assange roubou informação sensível pertencente aos Estados Unidos. As informações não podem ser roubadas. Você sabe ou não sabe, você acessa ou não acessa. A informação não tem dono. Os governos e as empresas utilizam diferentes ferramentas jurídicas e de TI para impedir que determinadas informações sejam conhecidas fora de um círculo fechado de pessoas supostamente autorizadas a aceder a essas informações. Por exemplo, governos e empresas impõem e utilizam leis contra crimes informáticos, criminalizando o acesso não autorizado a determinadas informações. Eles também usam uma combinação de firewalls, criptografia, chaves secretas, impressões digitais e muito mais para complicar o acesso aos seus servidores e plataformas. Tudo isso é feito invocando o direito à privacidade. Mas este direito tem um limite, que é o nosso direito de informar livremente e de ser informado. Este direito também tem caráter jurídico nas democracias do mundo e, em muitos casos, incluindo a Argentina, status constitucional. Esta tensão entre o direito à privacidade e o direito a ser informado tem sido até agora resolvida punindo aqueles que obtêm acesso a informações protegidas por lei, mas deixando isentos de culpa aqueles que as publicam. Graças a esta proteção do jornalismo, foram reveladas informações de interesse público que certos governos e empresas preferiram manter ocultas.

No caso de Assange, ele publicou no Wikileaks informações fornecidas por Chelsea Manning, que foi presa, julgada, condenada e posteriormente perdoada por ter obtido essas informações e compartilhadas com Assange para publicação. O governo dos Estados Unidos, claramente afectado e exposto pelas publicações de Assange, procurou uma punição exemplar para que outros jornalistas não seguissem os seus passos. Ao não poder acusá-lo de publicação, acusa-o de espionagem. Por outras palavras, acusa Assange de fazer parte de uma associação ilícita dedicada a espionar ou roubar informações dos Estados Unidos. Para fazer esta acusação, o governo dos Estados Unidos, através da sua Procuradoria-Geral, parte da falsa premissa de que o site de publicação de Assange não é um meio jornalístico. O Congresso dos Estados Unidos definiu o Wikileaks como “um serviço de inteligência privado hostil”.

Mas é claro que publicar não é o mesmo que espionar. Publicar, como a própria palavra indica, é um ato público. A espionagem, por outro lado, é um ato privado. Envolve o acesso a informações a serem entregues confidencialmente a um governo ou empresa em troca de dinheiro ou algum benefício. Voltando à forma como os Estados Unidos definem o Wikileaks, o termo “serviço de inteligência” não tem base porque não há provas conhecidas de que Assange tenha feito outra coisa com a informação a que acedeu, para além de a publicar. Outras publicações, incluindo algumas de prestígio como a centenária revista The Economist , possuem unidades de inteligência que vendem reportagens jornalísticas a clientes privados, mas este não é o caso do Wikileaks. Quanto a “hostil”, bem, ninguém gosta quando outra pessoa acessa e revela informações que deixam você em uma situação ruim. Mas convenhamos que este é um termo muito subjetivo, principalmente se for utilizado para descrever a publicação de informações verdadeiras e de evidente interesse público. E quanto ao “privado”, pelo menos é uma admissão de que até o próprio governo dos Estados Unidos reconhece que Assange não é um agente de nenhum governo inimigo.

Há quatro anos que Assange está preso numa prisão de segurança máxima na Grã-Bretanha com um pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusa de ter violado disposições da Lei de Espionagem daquele país, com acusações que podem levar a uma pena até 170 anos. prisão. Se Assange for extraditado, será quase certamente condenado porque enfrentaria um julgamento com júri no leste da Virgínia, o coração das comunidades de inteligência e segurança nacional dos EUA. Mas ele não deveria ser extraditado. Primeiro, porque ele não é espião. Segundo, porque o crime de espionagem em qualquer sistema judicial democrático é considerado um crime político. E os crimes políticos não são extraditáveis. Nem nos Estados Unidos, nem na Grã-Bretanha, nem no tratado de extradição entre os dois, nem em qualquer país ocidental.

Os argumentos humanitários também teriam de ser considerados. Assange está enjaulado há quatro anos. Ele fica sozinho 23 horas por dia e tem 45 minutos para se exercitar em um pátio de cimento. Anteriormente, ele teve que permanecer trancado em três salas da pequena embaixada do Equador em Londres durante sete anos com o mesmo propósito de não ser extraditado para os Estados Unidos. Tal regime gerou grave deterioração física e mental em Assange, que foi criticada pelo Grupo de Trabalho das Nações Unidas contra as Detenções Arbitrárias e pelo Relator Especial da ONU sobre a Tortura.

Até agora, o governo e a justiça da Grã-Bretanha deram seguimento ao pedido de extradição, colocando os interesses geopolíticos e as convicções ideológicas acima do que a jurisprudência e o mais básico senso comum indicariam. Fizeram-no num processo longo, tortuoso e opaco, com reviravoltas, atrasos e restrições para a defesa. Parece que o objectivo é prolongar a extradição e, portanto, a permanência de Assange numa cela isolada e segura. Até que ele desista, desista, enlouqueça ou morra.

É difícil imaginar que um governo democrata como o de Joe Biden queira julgar Assange nos Estados Unidos e assim se expor a um confronto com o New York Times , o Washington Post e os defensores da Primeira Emenda constitucional que garante a liberdade de expressão. Também não é imaginável que Biden liberte um personagem que foi demonizado durante uma década pelos falcões de Washington, pelos meios de comunicação conservadores e por grande parte de Hollywood. É por isso que não parece coincidência que todo o mandato de Biden tenha passado sem que a situação de Assange tenha sido resolvida. A posição que Donald Trump, o favorito nas eleições de novembro, tomaria é diferente. Supõe-se que Trump adoraria montar um circo e mandar para a fogueira os esquerdistas que molharam os ouvidos do complexo industrial militar e dos serviços de inteligência. E se o programa o levar a confrontar os “liberais” do Times e do Post, tanto melhor.

Mas a extradição de Assange não será tão fácil. Tudo parece preparado para que a próxima ronda judicial, através do apelo de Assange, tenha lugar no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo. Lá é provável que os Estados Unidos tenham menos interferência do que em Londres e Assange terá mais hipóteses de vencer. Mas daí até tirar Assange da prisão inglesa...difícil. Embora mesmo depois do Brexit, a Grã-Bretanha continue a fazer parte do sistema de justiça europeu e reconheça os seus tribunais internacionais, o caso Assange mostrou que em questões que afetam a sua relação bilateral com os Estados Unidos, o interesse geopolítico pode levá-la a tomar decisões judiciais e executivas. para dizer o mínimo questionável.

No meio desta complexa trama política, judicial e cultural, cresce um movimento global que trabalha em todas as frentes para a libertação de Assange, entendendo que o que está em jogo é o direito à informação, pilar fundamental do sistema democrático. Do ponto de vista cultural, é importante compreender que Assange não é um espião nem roubou informação. Do ponto de vista judicial, os crimes políticos não são extraditáveis. E do ponto de vista político, colocar um limite a um Estado poderoso que tenta impor um gigantesco acto de censura global é quase uma questão de sobrevivência para as nossas democracias maltratadas e questionadas.