quarta-feira, 30 de novembro de 2022

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (124)


ENCHENTE NO MAFUÁ
Quadra 1 da rua Gustavo Maciel após enchente de ontem à noite, todos hoje no rescaldo e sem água nas torneiras - por azar, a região hone deve estar no rodízio do corte d'água. Limpeza interrompida e do lixo colocado na rua, o poeta nordestino Fábio Vieira de Alecar tendo que colocar seu próprio livro na rua. Onde está onpoeys? Neste momento no meio da lama. E o livro do poeta, editado a duras penas? Este no monte de lixo, aguardando a boa vontade da Prefeitura para sua retirada. Um lugar esquecido pela cidade. Um curioso passa, vê o estrago e pergunta: "Encheu aí?". Todos se olham, tolerância zero e o cidadão, que não vai ajudar em nada, bate em retirada. Lama e secura nas torneiras, algo nada incomum das imediações do CIPs e Disbauto.

DIA DE TRAMPO E POUCA ESCREVINHAÇÃO - ÁGUA JORROU EM CARÁTER EXCEPCIONAL NA REGIÃO

A primeira enchente deste período de chuvas lá pelos lados do Mafuá (encruzilhada da Gustavo Maciel com Inconfidência e também com rua Aparecida) foi desgastante. Diante de tudo o que precisa ser feito após a água da enchente invadir seus domínios é limpar. Nestas plagas conta-se pouco com o poder público para rersolver os problermas deste tipo e com a casa cheia de barro, não existe outra providência, se não a de arregaçar as mangas da camisa e ir à luta. Ou seja, limpar o estrago e maquiar a casa, preparando-a adequadamente para a próxima chuva, que neste ano, pelo visto, deve se repetir com uma frequência dantesca. Sem ilusões, chego cedo para o trabalho de rescaldo, contrato meu inquilino, seu Laerte - o pau pra toda obra - e juntos começamos, ou melhor tentamos começar.

A novidade é que, justamente neste dia a região estaria sem água nas torneiras. Dentro do rodízio, água somente a partir da meia noite do dia seguinte. Limpar o barro sem água, algo impossível. Começo a dar meus pulos. Ligo para tudo e todos que possam resolver o problema. Quem me atende é o Marcos Souza, vereador e presidente da Câmara. Explico a situação, não a minha, mas a de todos os mortadores da encruzilhada. Ele liga para o DAE e me passa os fones de quem possa fazer alguma coisa. Passo o fone para outros em pior situação que a minha e do que ouço, nada podem fazer. Teria que resolver com a Defesa Civil e aguardar na fila para ter caminhão pipa. "Vai ter um aí nessa rua, mas tenha paciência, muitos problemas na cidade", foi o que ouvi. Insisti e continuei ligando e para minha surpresa, sei lá como, misteriosamente a água chegou por volta das 9h e em bom volume. Pelo que fiquei sabendo, jorrou em caráter excepcional.

Não credito a mim, ao Marcos, a quem mais tenha ligado lá pros departamentos burocráticos bauruenses, mas o fato é que, em caráter excepcional, a água jorrou e assim completei o serviço de limpeza. Acredito que, o conjunto da obra deve ter sensibilizado o cara lá do outro lado e o encarregado de decidir, de apertar o botão vermelho. Decidiu certo e assim, fizemos o serviço. Muito lixo e coisa estragada colocada na calçada e vida que segue, neste momento ouvindo atentamente as informações metereológicas nos dizendo que, a chuva deve continuar e na quinta, deve voltar a ser forte. Tem uma nhaca enterrada aqui neste local e o ex-secretário municipal, Sílvio Rodrigues, sabe de tudo, pois acompanhou tudo, desde o estreitamente da rua e os entubamentos subterrâneos. Enfim, a população ribeirinha sabe muito bem que, solução mesmo é se mudar daqui e nunca mais querer rivalizar com um rio. Não existe solução possível para quem mora tendo como fronteira um rio. Diante de todas as transformações climáticas hoje em curso no mundo, só mesmo batendo asas. E um baita VIVA para quem, agindo dentro do bom senso, possibilitou que a água voltasse a escorrer nas torneiras, mesmo fora do rodízio. Sinta-se devidamente apalpado em seus órgãos genitais...

ELES LÁ E O RESTANTE DO POVO CÁ, LASCADOS E DANADOS
No exato momento em que os vereadores reajustam o salário deles mesmos em 100%, o deles e o do alcaide municipal, mesmo sendo para a próxima administração é injustificável também o aumento de 17 para 21 vereadores. Não os vejo hoje mais labutando pela solução dos problemas da cidade, não existe mais aquele fervor de buscar entender de fato o que se passa com essa cidade, o bom combate, mas no frigir dos ovos, tudo é conchavo, acordos e isso fica bem explícito nas decisões, na hora do voto. Promovem fiscalização de meita pataca, vesgos e ceguetas. Ouço o Juninho, líder da alcaida na Câmara, justificando que, o aumento quantitativo é para atender regiões desassistidas da cidade, como se elas fossem atendidas aumentando o número deles. Simplista demais também justificar 100% de aumento, buscando desdizer do fato de que a grande maioria deles faz da vereança profissão, praticamente sem outra fonte de renda. Tem algo de muito errado nisso tudo, mas não é só isso e o ocorrido é só parte de uma engrenagem construída para beneficiar uns poucos. Cada vez mais fica bem evidente, a existência de um mundo à parte, eles lá e o resto da população aqui, do outro lado, lascada e danada da vida. Segue o jogo.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

BEIRA DE ESTRADA (159)


espírito do cidadão ao acordar
O QUE VOCÊ ANDA LENDO NO MOMENTO?
Nada assim tão importante. Ou melhor, revendo, lendo algo pelo qual dou a maior importância. Deixei de lado - por uns tempos -, os clássicos e textos acadêmicos, aqueles onde tenho que ler o mesmo parágrafo várias vezes, pois numa só entendo quase nada. Leio trivialidades, ou sejas, maravilhas curativas. Garimpo muito o que leio, até porque, aos 62 anos, não vai dar tempo de ler tudo o que tenho aqui armazenado e a minha espera. Tento vencer a pilha, acordo cedo, carrego uns junto conigo, mantenho vários abertos ao mesmo tempo. Agora mesmo comecei este "De hoje não passa", cartas trocadas entre dois bocudos - não seria botocudos? -, um carioca, Eduardo Goldenberg e outro paulista, Júlio Bernardo. Troca de confabulações entre bons botequeiros, brizolistas, aldiristas e hoje lulistas. Uma delícia. É o que me arrebata hoje, livros assim com essa pegada. Este comprei na última ida ao Rio, na Folha Seca, do amigo Rodrigo Ferrari. Lá tem muita coisa a me atrair loucamente. Mostro na foto alguns mais comprados no Sebo do Ismael, sábado passado em Águas de Lindóia e cito os começados e não terminados, mas todos com clara intenção de serem devorados até o fim: "Vinicius Portenho", Liana Wenner; "Prosa Fiada e outrsos Goles", José Renato de Almeida Prado; "Soturna de Ontem, Arealva de Hoje", Nicolau Aparecido Juliano Nicolielo; "A Casa do Rio Vermelho", Zélia Gattai; "Diário de um Cucaracha", Henfil; "Quarto de Despejo", Carolina Maria de Jesus; "Cronista do Rio", Lima Barreto; "Era uma vez Bezzera do Sax", Carminha Carmen Lucia Bezerra Bandeira e Rogério Bezerra; "Fronteira Infinita", Edson Fernandes e Luis Luís Paulo Césari Domingues; "Paris é uma Festa", Hemingway; "Da Boca do Sertão", Antonio Miguel Carneiro; "Underground", Luiz Carlos Maciel e outros. No Mafuá mantenho outros abertos sobre a mesa, lendo bocadinho a cada dia: "Bestiário", Julio Cortazar, "Soy loco por ti, América", Marcos Rey e "Estranhos Estrangeiros", Caio Fernando Abreu. Em alguns momentos, inevitável, misturo tudo, embaralho as cartas e o bicho pega. Tudo acontece pelo simples fato de querer ler todos ao mesmo tempo. Só paro de ler, quando Ana Bia me chama para as obrigações domésticas, tenho que ruar ou ocorrência de causa maior, como me navalhar contra a extrema-direita. Do contrário, estarei mergulhado em alguma leitura. O tempo urge e eu já dobrei o Cabo da Boa Esperança. Neste momento, tirando o atraso.

O QG GOLPISTA EM DIA DE JOGO DO BRASIL NA COPA
Por Tatiana Karnaval Calmon

espírito do cidadão no final da tarde
A LUTA DE UM BRAVO CIDADÃO, DIA APÓS DIA, TENDO QUE MATAR UM LEÃO POR DIA - LABUTA SEM FIM E NENHUMA TRÉGUA
Seu Laerte é meu inquilino, casa ao lado do Mafuá, beirada do rio Bauru, quadra 1 da Gustavo Maciel. O conheci bem antes de lhe alugar o canto para morar. Ele tinha um caminhão, desses antigos e com ele percorria a cidade, circulava por todos os cantos e vendo entulho a ser recolhido, batia palmas e oferecia seus serviços. Recolhia e sabia onde levar. Preço combinado, serviço executado. Ajudou retirar muita coisa atulhando o Mafuá. Tempos depois bateu palma por lá quando soube da casa vazia. Contou sua história, a sua imediata necessidade. Acreditei, ele se mudou no dia seguinte. Fiquei de fazer contrato, não feito até hoje e lá se vão uns oito meses.

Quando precisamos de alguém para limpar o que sobrou e o lixo da casa incendiada do Esso Maciel, seu Laerte se prontificou. Combinamos um valor e ele começou. Ele já não tinha mais o caminhão, quebrado e numa oficina, aguardando ter mais dinheiro para o serviço necessário, que nãoi pintou até agora. Veio com seu carro branco, marcas de muitos anos de intensa labuta, puxando surrada carretinha e hoje, quase dois meses de serviço iniciado, perdemos a conta da quantidade de viagens feitas. Aprendi a gostar mais do danado, desses pau pra todas as obras. O observando esse tempo todo, não tem como não se sensibilizar. O danado sabe que, tem que agarrar a coisa bem cedo e ir até onde puder e aguentar, pois do contrário não leva nada para sua casa no final do dia e daí, o bicho pega. Ele não deixa pegar e, por isso, o admiro muito.

Vive de bicos e de pequenos serviços. Faz de tudo, não renega nada. Diante do monte de papel, material não aproveitado de campanha política, lhe digo que vai conseguir auferir um ganho legal, mas ele me desanima. "Seu Henrique, esse tipo de papel é o que menos paga. É R$ 0,01 centavo por quilo. Tudo isso que carreguei não deve dar uns R$ 4 reais. Mas tudo bem, pouco aqui, pouco ali, no final do dia, dá algo", me conta. Fico sabendo que as caixas de papelão dão mais, hoje em torno de R4 0,20 centavos o quilo, esse o motivo de tanta gente só querer papelão. Um vizinho do Mafuá lhe cedeu um corredor de uam casa desocupada para ele depositar o reciclável que coleta. Ele junta ali de tudo um pouco e não deixa nada na calçada. Posa fora só a carretinha e quando lhe pergunto se não tem receio que a levem me diz: "Já tentaram levar, mas dei um esfrega do sujeito e hoje os nóis sabem que essa não é para tocar, pois já disse a todos eles como resolvo as coisas". É a lei do mais forte, pois do contrário, segundo me diz, se bobear e se mostrar fraco, o farão de bobo.

Ele conhece todos os ferro-velhos da região, sabe aquele que paga mais e os que o enrolam. Tem dias que, não tendo outra saída, leva o que conseguiu para estes e sabe que vai ser enganado, mas como precisa de levar algo pra casa a cada dia, tem momentos onde acaba voltando, mesmo naquele onde havia dito pra si mesmo que nunca mais voltaria. Não renega serviço e não tem medo de pegar algo mais pesado. Lá do incêndio da casa do Esso, só me pediu para lhe arrumar algumas luvas, pois enfiava a mão no meio das coisas e me dizia: "Aqui tem de tudo, desde carrapato, pilga, rato, barata e escorpião". Semana passada conseguiu colocar um destes no vidro só para me mostrar e dizer, como sempre faz, sua forma de reclamar: "O bicho é feio, seu Henrique". É mais do que feio, é horripilante e eu só de vê-lo enfurnado no que faz para ganhar seu dia-a-dia, fico penalizado. Dias atrás se mostrou abatido e só foi ao médico, finalzinho do dia, pois estava mesmo fraco. Medicado, não ficou parado nem 24h e já se dizia pronto para retornar. Ele sabe que, não pode e não tem como parar, daí me diz, "minha vida é essa, é o que sei fazer e enquanto tiver força, vou fazer, eu sei que uma hora vai melhorar e terei meu caminhão de volta".

Ele é uma simpatia de pessoa. A Tatiana Calmon outro dia, lá defronte a casa do Esso o viu com uma bandeira brasileira fixada na carretinha e conversaram a respeito. Depois disso, ele por si só, achou por bem não mais fixar nada deste tipo no que é seu. Nada lhe foi imposto e também conversei com ele, quando me disse: "Eu tenho minha religião, vou toda semana e nem dou dinheiro lá, pois não tenho. Eles me entendem e também não me deixo levar. Não pediram meu voto para ninguém e nem se pedissem, não daria, pois religião é uma coisa e política é outra. Eu vou lá por causa do Cristo, do salvador e não para me dizer como devo votar". Ele sabe que sou Lula e sempre me pergunta dele, das coisas da eleiçõa. Conversamos e não tento lhe impor nada, mas mostrar o quanto este novo governo do Lula vai ser bom para todos os trabalhadores, principalmente os que não mais conseguem nem pagar a contribuição mensal para aposentadoria. O vejo a cada dia com um novo problema e dos desdobramentos feitos para dar a volta por cima e resolver, sem ter que interromper a labuta, ou seja, a luta diária.

Seu Laerte é um bravo guerreiro. Olho para a sua situação e nele enxergo a de milhões de outros brasileiros, na mesma ou até pior. Num dia, seu pneu estoura, mas não é só o estouro e sim, ter que trocar, pois aquele já estava imprestável. Noutro o que estoura é a correia do motor, quase funde, mas ele sabbia que, se se ligasse direto, daria para chegar ao menos no mecânico. Anda com um conjunto mínimo de ferramentas e mesmo não sendo mecânico, sabe o básico, o trivial para não ficar na mão. Ontem conseguiu rodar até a frente de uma mecânica, que lhe emprestaram a chave que precisava e assim trocou ele mesmo a peça avariada. Hoje me ligou para ver se podia passar o meu número de PIX, pois o seu ele não sabe manusear e se recebesse, se podia lhe sacar e lhe dar em dinheiro. Claro que fiz e assim vai continuar ocorrendo, pois amanhã, quando raiar o dia, todo o suor que teve que ter para conseguir vencer e conseguir levar para sua casa algo, já será passado e tudo recomeçará novamente. Eu o ajudo no que posso, pois sei o quanto luta. Ele quebra meus galhos e eu quebro os dele, assim continuamos, um entendendo o outro e irmanados, vida que segue. Eu tenho meus problemas - e são muitos -, mas quando olhos para os dele, sei que os meus são café pequeno perto de tudo o que gente como este meu amigo, seu Laerte, passa para ir tocando sua vida e a cada dia colocar a cabeça no travesseiro e amanhecer lépido e fagueiro, já pensando no que terá que fazer no novo dia para conseguir algo, o sustento do dia. Seu nome é Laerte de Oliveira Filho, nascido no ano de 1973, portanto com 49 anos, natural de Pongaí e um baita profissional, bravo guerreiro, destes que, infelizmente, não tem tempo para se preocupar com quem será o próximo presidente do Brasil. Ele sabe algo do que está em curso, mas sua preocupação principal, a que lhe move a vida é sobreviver, transformar sua vida, conseguir diminuir o ritmo e com uma renda suficiente para viver e ser feliz. Quando me diz algo dos seus sonhos, eu paro e fico a escutar, pois mais importante que tudo é saber que alguém o ouve. Eu ouço muito dos que tantos iguais a este Laerte estão a dizer e minha luta por dias melhores é mais por eles do que por mim.

espírito do cidadão lá pelas 22h
DEU RUIM - PRIMEIRA CHUVA FORTE DO PERÍODO E QUASE MEIO METRO DE ÁGUA BARRENTA DENTRO DO MAFUÁ
Desço para a limpeza, às 20h30 e por lá fico, pelo menos, até arrumar lugar decente para o cão Charles poder dormir. Amanhã rescaldo e a repetição da frase mais repetida nestes momentos: "Não aguento mais essa situação". Porém, tenho que aguentar. Até quando?

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

RETRATOS DE BAURU (270)


DARCY, O BARDO, E O DIA DA BANDEIRA*
* Texto de Jorge Carlos Rodrigues de Freitas, filho do imortal militante Darcy Rodrigues. Este texto foi escrito dia 19/11 e só hoje sai aqui publicado. Prometi ao Jorge que o faria e hoje cumpro o prometido. Um texto dele sobre seu pai, desses escritos tirados do fundo da alma. Como hoje, dia de jogo da Copa, Brasil 1 x 0 Suiça, bebi, comi e dormi, Não estou com saco, nem condições para escrever nada. Lembrei do texto do Jorge para seu pai. Achei, o li novamente e aqui ele sai como peça principal de minhas postagens no dia de hoje. O velho bardo - como o chamava - Darcy Rodrigues é desses tantos inesquecíveis, fazendo falta mais do que danada. Era uma espécie de bússola para tantos, dentre os quais me incluo. Em alguns momentos, me sinto meio desorientado e quando isso ocorre, sempre busco auxílio, amparo em amigos diletos, desses onde confiamos de olhos fechados, a experiência dos anos vividos, quilometragem rodada. Darcy era um destes. Hoje, infelizmente, o círculo se fecha e as peças de reposição estão cada vez mais raras. Este texto é dos mais pertinentes nos dias de hoje, pois estamos diante de patridiotas defronte quartéis, ao passo que, o verdeiro patriota foi e é gente como Darcy. Vamos, sem mais delongas, ao texto homenagem do Jorge:

Darcy, o Bardo, e o Dia da Bandeira
Hoje é aniversário do meu pai, Darcy Rodrigues. Hoje ele faria 81 anos, amanhã farão seis meses que ele partiu.

Ele estaria feliz, com boa dose de motivos a comemorar: O grande ano do Palmeiras, as eleições, os netos para mimar com presente no Natal. E, apaixonado por futebol que era, já estaria se preparando para mais uma copa.

"De fato, teria completado mais um ano no dia primeiro, mas por causa de uma dessas confusões que aconteciam nas pequenas cidades, foi registrado no dia dezenove. Nasceu na zona rural de Avaí, meu avô só conseguiu ir para a cidade registrá-lo no dia dezenove, e a data acabou ficando como o nascimento.

Confusão essa que ele nunca fez questão de corrigir, por dois motivos. O primeiro é porque hoje é também o dia da Bandeira. Como Brasileiro orgulhoso do país, ficava envaidecido de comemorar natalício no dia do “Pendão da esperança”.

Isso me remete a uma das histórias que ele sempre contava: quando preso na OBAN pela ditadura, em 1970, sob tortura comandada pelo tal Albernaz, provocam-lhe:
– Aqui a gente quebra vermelhos, alaranjados e rosados. Qual o seu tom?
– Verde e Amarelo – responde, Darcy, e segue: Você pode encontrar militar tão nacionalista quanto eu, mais do que eu, não existe um. O torturador ficou constrangido, nesse dia ele não apanhou mais.

Verdade que o patriotismo do meu pai não era apenas estético, para desfile ou superficial. Nem ufanista. Reconhecendo as mazelas de um país que amou a vida inteira, o seu amor à Pátria se compadecia do povo mais sofrido. Foi esse patriotismo que ele nos ensinou. De que vale um patriotismo que não se compadece do pobre, do fraco, do povo?

É óbvio, quem conheceu meu pai não tem dúvidas, a cor da ideologia dele era vermelha, cor de sangue derramado, do povo, do trabalho. Vermelha sempre foi a bandeira ideológica que meu pai carregou. Bem traduzida no subtítulo da sua biografia escrita pelo saudoso amigo Antônio Pedroso “Uma vida dedicada a busca do socialismo” (Título: “Darcy Rodrigues, Lugar Tenente de Lamarca”)

Mas Verde e Amarela não é a cor de um partido, nem pode ser sequestrada por corrente ideológica nenhuma, é a cor da Bandeira do País que meu pai tanto amou, e que sonhou tantas vezes vê-lo mais justo, mais igual, mais democrático.

“Salve símbolo augusto da Paz” sem se esquecer da mensagem da carta de Tiago, livro bíblico que meu pai mais citava: de que adianta encontrar um irmão faminto, sem bens e lhe dizer “Vai em Paz” e não lhe dar nenhuma ajuda concreta? O que adianta saudar a bandeira num simbolismo abstrato e vazio e não amar o povo que essa Bandeira representa? Não lutar pela liberdade desse povo em todos os sentidos?

O segundo motivo que meu pai tinha para comemorar seu aniversário sempre no dia de hoje, é que dia um de novembro é o dia do falecimento de minha avó materna, quando minha mãe ainda era muito criança. Para ele comemorar este dia deixaria minha mãe triste, assim fez questão de ‘esquecer’ do dia primeiro e adotar de vez o dezenove.

Isso me lembra também o tipo de socialista que meu pai era, um homem complexo, quase sempre duro, mas capaz de gestos concretos pelo outro, mesmo que parecessem pequenos, como comprar um bolo para que um amigo que estava ‘duro’ pudesse cantar parabéns para o filho.

Outros gestos, para a maioria das pessoas, pareciam apenas intransigência, como muitas atitudes que ele tomou durante os anos que serviu à administração pública de Bauru.

Certa vez, época de Natal, a gente vivia nos apertos do final dos anos oitenta. Recebemos uma cesta farta de Natal. O presente vinha de um amigo pessoal dele, mas que era advogado de uma certa empresa de ônibus, e meu pai era diretor do conselho de usuários de transporte coletivo de Bauru. Para ele era claro o conflito de interesses. Ficaria devendo um favor? Colocou-me no carro com a cesta e disse “Vou te ensinar o que é honra”. Dirigiu até a casa do amigo e tocou, não sendo atendido, arremessou a cesta por cima do muro. Estourou o espumante antes da noite feliz. Eu não tinha dez anos, confesso que na hora não entendi bem.

Ou da vez que foi exonerado da diretoria de merende escolar porque se negou a receber uma carne fora do padrão, mesmo a pedido de um prefeito para agradar um importante fornecedor. Se negou a servir carne ruim às crianças da cidade.

Ele era inflexível com suas convicções. Arrisco dizer que foi a pessoa comprometida com sua ideologia que conheci. Mesmo com bom salário, já com anos avançados, se negava a ter um carro caro. Como ele, socialista, teria um “carrão” se a maioria da população brasileira sequer se alimentava corretamente? Para ele, um ‘carro popular’ era suficiente ao que precisava. Comprou um carro automático a contragosto, já nos últimos anos, quando por problema de saúde, seu joelho esquerdo perdeu as forças e não conseguia mais usar a embreagem. Assim mesmo, comprou o mais simples e menor que tinha a tecnologia.

Sei que essa sua intransigência conquistou muitos desafetos pelo caminho. Por outro lado muitos outros foram amigos fiéis, ombrearam lutas homéricas. E fizeram a luta valer. Aproveito então, para agradecer a todos esses, que meu agradecimento chegue a todos que merecem, mas citarei alguns de memória que estiveram mais próximos a nós nos últimos anos.

A todos que ajudaram nossa família quando retornamos do exílio, sob uma lei de anistia que protegeu torturadores e oficiais mantendo seus prêmios e soldos e mal permitiu que exilados que lutaram pela democracia voltassem pra casa, sem nada. Voltamos, os cursos que meus pais fizeram em Cuba não foram reconhecidos, meus pai não foi reintegrado nas forças armadas, contamos apenas com a caridades de amigos socialistas, comunistas e vermelhos.

Aos saudosos amigos, professor Isaias Daiben, e Antônio Pedroso Junior, já citado biógrafo das histórias contadas pelo bardo Darcy. E também advogado da família que conseguiu que a justiça brasileira reconhecesse, não sem décadas de atraso, os direitos dos meus pais.

Ao querido amigo Henrique Perazzi de Aquino, de quem emprestei o título que ele deu ao meu pai na sua carta à tribuna do leitor “Darcy, mais um bardo que se vai”, do dia vinte e dois de maio, último, dias depois da partida do meu pai.

Ao amigo Milton Dota, palmeirense como meu pai e eu, companheiro de tantos anos dele. A quem meu pai primeiro ligava para comentar resultado das partidas.

À amiga Inês Ferreira, que estava do meu lado quando recebi a notícia mais difícil que já ouvi. E que tantas vezes foi ombro e ouvidos para meu pai. E até apoio tecnológico nas “lives” dos últimos anos.

À todos, muito obrigado. A todos que não citei, mas merecem demais, muito obrigado. À nossa Bandeira: dias melhores virão".
Darcy afirmava e eu o contestava, da ainda existência de militares verdadeiramente  nacionalistas, os de verdade, como ele. Ele se foi repetindo isso para mim. Eu desacreditando e tentando encontrá-los, enfim, como ele mesmo repetia, a massa militar é oriunda do povão e lá no fundo não defendem cegamente o que os lá de cima professam. Fico com a purerza do contido nessa sua conclusão.

domingo, 27 de novembro de 2022

MEMÓRIA ORAL (286)


A "401", BAURU, ABPF E SEU DESTINO ATUAL
Atuei no segundo mandato de Tuga Angerami (2005 a 2008), como Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural, junto da SMC - Secretaria Municipal de Bauru e uma das tarefas mais prazerosas do período foi o realizado dentro da manutenção do Projeto Ferrovia para Todos. Como foi importante conseguir manter funcionando a Maria Fumaça nos trilhos desta cidade. Hoje, olho para trás e diante do quadro atual, tudo parado, algo além da tristeza. Tocar aquilo tudo requer algo mais além de carinho e dedicação. Tem ainda gente por lá com esse espírito, mas não existe vontade política, daí, tudo feneceu.

Conto aqui e agora, algo particularmente envolvendo uma história daqueles tempos. Tínhamos sob a guarda do Projeto algumas raras locomotivas. A que rodávamos, outra no Bosque da Comunidade e a 401, requisitada pela ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, com sede em Jaguariuna SP. Estes, entidade privada e tocando, além de tudo o restauro de itens férreos, colocando-os para rodar no trecho do leito férreo Campinas - Jaguariúna. Rivalizavam com o de Bauru, pelo simples e único motivo. Queriam e conseguiram levar de Bauru a locomotiva 401. Hoje, olhando para trás, vejo que, brigou-se muito, mas a locomotiva se encontra rodando nos trilhos e tudo aqui em Bauru juntando teia de aranha. Está, portanto, em ótimas mãos.

Essa história, a da resistência bauruense, me voltou à mente após hoje, sábado, 26/11, ter encontrado no Sebo do Ismael, em Águas de Lindóia, o exemplar do livro "Na linha da Preservação - O leito férreo Campinas - Jaguariúna", autoria de Suzana Barretto Ribeiro, 2007. Dentre tantas outras, revejo a história da 401, assim relatada: "Operou Companhia Noroeste do Brasil, inicialmente na linha de passageiros Bauru-Corumbá. Nos últimos anos, operou no ramal Araçatuba-Lussanvira. Após a extinção do ramal, ficou estacionada no trecho e na década de 1990, seguiu para a Oficina de Bauru com a intenção de implantar na cidade um trem turístico. A reforma foi iniciada, mas não chegou a ser concluída. Em 1997, com a privatização da EFNOB, a concessionária Novoeste solicitou a RFFSA a retirada da mesma do pátio das Oficinas. A ABPF solucitou à RFFSA em regime de comodato. A reforma consistiu na recuperação da caldeira, da tubulação externa e da readaptação de todos os acessórios. Atualmente está no comando dos horários principais da Viação Férrea Campinas-Jaguariúna".

O livro me custou R$ 50 reais e pelas fotos revividas, junto de tudo o que a ABPF fez e faz, sem preço. Tívemos um Projeto, muito foi feito, escrevemos a História, mas atrelado ao poder público municipal feneceu e hoje tudo existe na saudade. Sem entrar nestes detalhes, uma só certeza, a de que, a 401 não poderia mesmo aqui permanecer, pois caso ainda aqui estivesse, seu destino seria trágico. O mal do Ferrovia para Todos foi ter se deparado com administrações que não o valorizaram. A atual nem o conhece, enquanto a ABPF, entidade privada, sabendo se impor, faz acordos com as Prefeituras da região de Campinas e assim toca seu barco adiante.

Não quero muito me estender. A lembrança tem como intuito reavivar a memória de alguns, demonstrando que o Ferrovia para Todos pode um dia voltar a existir, mas sempre dependerá da boa vontade dos administradores da cidade de Bauru. Hoje, sendo dilapidados pelo tempo, a maioria sem abrigo, exposta a sua ação implacável, enquanto, se tivesse tido solução de continuidade, teríamos hoje na cidade de Bauru a belezura da composição da Maria Fumaça alegrando tudo, todas e todos por aqui. Contra fatos, não existem argumentos.

A PRAÇA E ALGO AOS DESASSISTIDOS...
Sábado último, 8h da manhã, vou ao Banco do Brasil, agência da praça Rui Barbosa. Tudo ainda um tanto deserto. A cidade começa a se movimentar, com o comércio abrindo suas portas logo a seguir. Na volta do atendimento eletrônico, vou abrir o carro e me deparo com uma única movimentação de pessoas, ajuntamento em torno de uma mesa no local.
Na mesa, coberta com toalha, frascos de isopor com café com leite e cestas cheias de recheados pães. Alguém estava preocupado com os tantos em situação de rua e distribuia algo de comer e beber a estes. Não havia nenhuma identificação, ou seja, quem fazia a boa ação não estava preocupado com a divulgação de seu nome e sim, em fazer algo, se doar. Parei e fiquei assuntando, percebendo a rápida movimentação em torno daquela mesa. Pelo visto, já se tratavam de velhos conhecidos, em algo repetido com certa frequência. Na quadra debaixo, de segunda a sábado - menos aos domingos -, o Bom Prato também faz o mesmo e do outro lado da praça, num dos portôes da catedral católica - só nos finais de semana -, também o mesmo procedimento. Na junção de tudo, a sensibilidade de algo sendo feito para os desvalidos e desassistidos desta cidade. Vi também se aproximando a travesti Darcy, velha conhecida e também indo em direção à mesa. Quero muito entrevistá-la, ouvir suas histórias, mas aquele não era o momento. Vou aguardar outro mais adequado. Naquele momento, queria permanecer à distância, sem ser notado e ir constatando algo bom de ser visto. Sai dali com todo o presenciado bem vivo na memória. Essas ações, para mim anônimas, são as mais significativas, ou seja, tem algo de bom ocorrendo nas entranhas desta insólita Bauru, algo que poucos tomam conhecimento.

ESTAMOS DIANTE DE UM COVARDE
Rui Castro na Folha SP de ontem, sábado, 26/11/2022.


DE QUE LADO SE ENCONTRA A MÍDIA MASSIVA BRASILEIRA 
Com o vácuo que Jair Bolsonaro (PL) deixa na Presidência da República nos últimos suspiros do seu governo, somado ao magnetismo internacional de Lula (PT), estamos vivendo um fenômeno inédito que é o tratamento destinado ao presidente eleito. Lula já está sendo tratado como chefe de Estado em exercício do Brasil, tendo sido convidado para a COP27, a conferência sobre o clima da ONU, por exemplo. Entretanto, a imprensa brasileira, muitíssimo na contramão de toda a comunidade internacional, insiste em sua postura de ódio de classe contra Lula e, mais recentemente, contra Janja, socióloga, militante e esposa dele.

Isso, na verdade, vem acontecendo desde antes das eleições, quando a imprensa achou pertinente divulgar os valores dos vinhos servidos no casamento dos dois, os quais eram absolutamente razoáveis, diga-se de passagem. Depois das eleições, já soubemos o valor máximo da diária de um quarto de hotel no qual Lula ficou hospedado, já soubemos que ele pegou carona em um avião particular de um empresário e já soubemos também do valor da camisa usada por Janja em sua entrevista ao "Fantástico.

Curioso, porém, que nunca soubemos, pela imprensa, quanto custou levar o pastor Silas Malafaia em um avião da FAB (Forças Aéreas Brasileiras) para Londres no funeral da rainha Elizabeth. Vale lembrar que ele não ocupava nem ocupa cargo público que justificasse sua ida ao evento. Não sabemos também quanto custou levar o maquiador de Michelle, primeira-dama, para esse evento, ou quanto custavam os looks que ela usou nos últimos quatro anos. Não sabemos de quem era o barco no qual Jair aparecia dançando enquanto milhares morriam na pandemia. Não sabemos a quantas ficou a carona que o atual vice-presidente do país, Hamilton Mourão, pegou no jatinho de Serafim Meneghel, um usineiro do Paraná. Não sabemos muitas dessas informações porque estão dentro do sigilo dos gastos do cartão corporativo da presidência. Porém, para a imprensa brasileira, é mais grave que uma socióloga use uma camisa cara do que a família presidencial ter comprado 51 imóveis com dinheiro vivo. É evidente que a imprensa brasileira tem um viés ideológico quanto o assunto é Lula e, agora, Janja. E, na minha opinião, esse viés é especialmente de classe, porém não só. Há também uma tentativa de reafirmar o senso comum de que pessoas politicamente à esquerda devem fazer voto da pobreza e sacrifícios. Quem nunca leu por aí a expressão pejorativa "socialista de iPhone" sendo usada para apontar uma suposta hipocrisia?

Costumo dizer —e imagino que de forma nada inédita— que quem gosta de pobreza é o capitalismo. Esse sistema precisa, necessariamente, da escassez e da concentração de renda existir. A ideologia política à esquerda, portanto, não tem nenhuma intenção em compartilhar a pobreza e a miséria, mas sim em compartilhar as riquezas. Lula, por exemplo, sempre diz como seu sonho é acabar, de novo, com a fome, não em aumentar a quantidade de pessoas famintas.

A imprensa brasileira também parece esquecer a magnitude do cargo que Lula já ocupou e voltará a ocupar em 2023. É sabido por qualquer pessoa que, por questões de segurança, um ex ou atual chefe de Estado não pode pegar um voo comercial. E se o atual governo não teve a capacidade republicana de oferecer um avião da FAB para que o presidente eleito pudesse representar o Brasil na COP27, qual solução você daria a esse imbróglio?

Não vale dizer que o PT deveria pagar o avião porque Lula foi representando o Brasil no evento, e não o partido. Também não fico confortável com essa carona, entretanto noto que havia pouca ou nenhuma margem de manobra disponível para Lula conseguir cumprir esse compromisso em nome do país.

Na minha opinião, a explicação para esse escrutínio financeiro da imprensa a cada passo de Lula e sua esposa se explica apenas porque ele já foi muito pobre e porque, apesar de ter ascendido socialmente, continua a ter as pessoas pobres no centro de sua atuação política.

A imprensa, especialmente a sudestina, parece se contorcer em cólicas ao ver especificamente esse presidente eleito se comportar, em todos os aspectos, de acordo com a indiscutível importância do cargo, o qual tem liturgias específicas que são integralmente inquestionadas quando exercidas por qualquer outro político.

Se você acredita que é preciso ser ou ter sido pobre para se indignar com a fome ou com a falta de moradia, sinto dizer que sua humanidade está um pouco enfraquecida. Tive o privilégio de crescer em uma família de classe média alta, porém nunca me faltou, desde criança, a angústia com as pessoas esquecidas pelo Estado.

Infelizmente, está parecendo que a imprensa prefere os incontáveis sigilos financeiros do governo Bolsonaro do que a transparência do futuro presidente de uma das 20 maiores economias do mundo que apenas está vivendo de forma condizente ao cargo de homem mais poderoso de uma nação trilionária. E, caso você não lembre, a exposição das roupas da posse de Jair e Michelle custou R$ 9.285 ao governo, ao passo que a camisa de Janja não onerou nem em R$ 1 os cofres públicos.
Escrito por Isabela Del Monde e transcrito integralmente por este HPA.

RECADO DO HPA (10)*
* Tomo conhecimento ou participo do fato, venho correndo pra casa, antes dele cair no esquecimento, passo para o papel de próprio punho e depois publico.

sábado, 26 de novembro de 2022

DICAS (226)


E ELE SE ACHAVA FAZENDEIRO*
* Meu 85º texto para o semanário DEBATE de Santa Cruz do Rio Pardo, edição nas bancas hoje:
Essa história me foi contada entre risos. Aconteceu num bar aqui de Bauru. Um amigo estava por ali e com vestimenta dando e entender ter votado em Lula. Saiu para fumar e foi seguido por alguém, este eleitor de Bolsonaro. “Eu sou Bolsonaro e você é Lula. Eu te respeito e só não admito o MST ocupar terras”, diz este ao meu amigo.

Ele, me diz ter para momento como este, já na ponta da língua uma reação recheada de ironia e maledicência. “Eu também te respeito, mas me diga, você é por acaso proprietário rural? Eu sou, tenho 35 alqueires e não vejo motivo para preocupação, pois o MST não está interessado em pequenos produtores como eu”, diz.
O cara se surpreendeu com a resposta e para tentar ao menos se igualar e não ficar por baixo dá uma carregada da resposta: “Eu tenho 100 alqueires e tenho receio”. Rindo meu amigo lhe disse: “Tenha receio não, pois juntando a minha e a sua propriedade não vai dar para abrigar quase ninguém. Eles não estão interessados em pequenas propriedades como a nossa. Durma tranquilo”.

Já enfezado a resposta foi para acirrar a discussão: “Eu sou grande proprietário, sou fazendeiro”. Mal terminou de dizer isso e recebeu a devida resposta, pois percebeu que o tal do fazendeiro estava exagerando no que dizia ser seu: “Eu além de ter essa pequena propriedade, trabalhei a vida inteira no Banco do Brasil e na área de financiamento rural. Terras como as nossas passam longe de ser consideradas fazenda, grandes propriedades. Somos pequenos proprietários”.

O dito fazendeiro se irritou e quando ouvir do oponente, que ele era aposentado do Banco do Brasil, com propriedade rural e eleitor do Lula não se segurou: “Você é do time dos parasitas”. Sem se altercar, o deixa mais nervoso com sua resposta, o comparando com proprietário sem grande expressão: “Meu caro, sou assumido pequeno e administro bem o que possuo. Arrendei 75% das terras para plantarem eucaliptos e vivo tranquilo, com ganhos consideráveis. Sem medo de ser feliz”.
Isso irrita ainda mais o sujeito, que achava iria contar vantagem, se viu encurralado e ironizado. A percepção era de que, ele devia ter na verdade, talvez uma chacrinha, quanto muito um sítio e se achava, por causa disso, fazendeiro. Não conseguiu nem explicitar o que cultivava em sua área e assim o diálogo foi minguando. Na verdade, meu amigo disse a mim que, o cara se sentiu diminuído com a constatação dele passar longe se ser o que dizia da boca pra fora.

Na sequência, diz ele, “o cara queria me agredir no meio do bar, pois não tinha mais argumentos. E eu ainda defendendo o Lula e demonstrando o que seria feito de incentivo para pequenos como nós com o novo Governo”. Devo ter sido irônico demais da conta.
Na verdade, deve ter muita gente pela aí se vangloriando de algo do qual passam ao largo. E por fim, conclui a mim: “Desmonto esses todos que chegam querendo cagar regra de que o MST seja perigoso e quando averiguo, nem terras possuem e ainda por cima se acham do agronegócio. Para cada um tenho um jeito de fazê-los cair no ridículo”. Gostei da tática e já penso em colocar em prática para tudo o mais que virá pela frente. Não adianta esbravejar, mas sim, deixá-los sem reação e com a brocha na mão.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

EIS A POESIA EXISTENTE NO FUTEBOL
"O gol, Richarlison, João Cabral, Pasolini neste texto lindo!

"É famoso o artigo escrito por Pasolini sobre a final da Copa de 1970 comparando o estilo de jogo do Brasil e da Itália, onde dizia que o futebol italiano - por contiguidade o futebol europeu - era prosa e o futebol brasileiro - portanto latino-americano - era poesia. Desde 82, a primeira Copa que eu acompanhei, não via uma seleção jogar com tanto gosto quanto essa.

O gol do Richarlison foi um poema de João Cabral: preciso, geométrico, sem firulas. Evoco outro italiano lembrado hoje em memes que se espalharam pela internete: Leonardo Fibonacci, o matemático que desenvolveu na idade média a sequência de cálculos que leva seu nome e ilustra essa imagem. A torção de corpo do jogador, fazendo no ar um movimento espiral para chutar a bola de voleio com força e precisão na direção da rede, sem chances para o arqueiro sérvio, pode ser comparada a uma espiral de nautilus, o desenho que representa a sequência matemática encontrada no arranjo arquitetônico de folhas, sementes, troncos, copas, flores, pétalas e outras formas encontradas na natureza.

Volto a Pasolini que cravou: "Há no futebol momentos que são exclusivamente poéticos: trata-se dos momentos de gol. Cada gol é sempre uma invenção, uma subversão do código: cada gol é fatalidade, fulguração, espanto, irreversibilidade. Precisamente como a palavra poética." O gol de Richarlison foi um espanto, uma fulguração e ainda um desagravo por tudo que ele representa como renovação do futebol brasileiro, pelo seu engajamento político e social, pelo contraponto à atitude de Neymar que prometeu dedicar o primeiro gol ao futuro ex-presidente, como resposta àquela geração de jogadores que transformavam o campo em templo religioso com suas comemorações proselitistas. O Brasil pode até não levar o título, mas esse jogo já lavou a alma e a camisa verde e amarela."
- Makeli K.

TODOS NÓS, SOMOS MUITO MAIS DO QUE UM BANDO DE FDPs
Escrito após Gilberto Gil ser chamado de Filho da Puta, no Catar, onde se encontra, inserido no contexto da Copa do Mundo. Meu dileto amigo Márcio Blanco Cava, o Márcio ABC da TV Tem escreveu e endosso integralmente:

“Filho da puta”, disse um dos agressores covardes de Gilberto Gil no Qatar. Deixemos para a Justiça botar no rabo desses vagabundos inconsequentes que, aqui e lá fora, emporcalham nossa imagem, envergonham nossa gente, diminuem nosso país. Num exercício de paciência, fiquemos por ora apenas com as palavras do agressor. Realmente, Gil, você é um grande filho da puta! Um grande filho da puta de um monstro da música, um grande filho da puta de um ícone da cultura nacional, um grande filho da puta de um homem respeitado mundialmente por sua importância para a arte, um grande filho da puta de uma voz fundamental de nossa poética musical, um grande filho da puta de um compositor que embalou e segue embalando nossos sonhos de um mundo melhor, um grande filho da puta de um intérprete que tantas vezes nos faz chorar, rir, dançar, amar, rebolar feito crianças inocentes ao som da sua voz, um grande filho da puta de um rei negro que nos leva ao êxtase, ao encanto, à consciência de uma nação filha da puta que infelizmente depende de um filho da puta qualquer para nos mostrar o quanto podemos ser filhos da puta por não sabermos ainda defender como deveríamos artistas que, como você, são maravilhosamente filhos da puta, mas de uma filhadaputice tão fodida que só nos fazem amá-los fodidamente, seu grande filho da puta de um anjo que veio para combater tanta gente estúpida!"

O ALGO MAIS: "Que justiça? A mesma que condenou o Lula? A mesma que condena jovens pobres e negros das periferias e absolve os canalhas burgueses que espoliam dinheiro público e absolve agentes do Estado que assassinam pobres nas periferias? Muita ingenuidade acreditar na justiça burguesa. A solução é a tomada do poder pelos trabalhadores", Alexandre Silvestre Casaldáliga deu a palavra final. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

COMENTÁRIO QUALQUER (231)


O SINCOMÉRCIO E A LIBERAÇÃO DOS COMERCIÁRIOS PARA JOGOS DA COPA
Todos por aqui possuem ainda a lembrança de como atuou o tal do SinComércio quando da pandemia em Bauru. Foram não só negacionistas, como impuseram a reabertura das lojas, mesmo no auge da pandemia. Capitaneados pelo ser Walace Sampaio, fizeram e desfizeram, com um autoritarismo de doer. Depois, este se calou e continuou seu reinado sem alardes e holofotes. Ontem numa nova ocorrência, algo a ser aqui comentado.

Dia de jogo do Brasil na Copa, existe um entendimento entre as partes, empregador e funcionários, para serem dispensados e todos assistir a partida em suas casas. Pelo que sei, ontem, a maioria dos estabelecimentos fechou as portas com no mínimo um hora antes da partida ter início. Com uma hora e muitos dos comerciários tendo que pegar um ou mais ônibus, já seria algo corrido. Porém, o comércio fechou as portas com meia hora antes do jogo começar. Em muitas, fechou as portas com meia hora e ainda com serviços internos para serem realizados antes de serem dispensados.

Ou seja, o empregador do comércio não demonstra sensibilidade nenhuma. Já estava explícito isso no período da pandemia e agora, tudo reafirmado. Será que vale mesmo a pena sacrificar e ter o comerciário contra sua vontade até momentos antes do jogo começar? E hoje, se fingem de mortos, como se nada tivesse ocorrido. Das falas dos dirigentes do comércio, a preocupação é somente uma, com as perdas com as portas fechadas. Sensibilidade humana ZERADA. Parece bobagem, mas cumprir o acordado, vai além dos gestos de generosidade, algo difícil hoje de ser perpetrado nas cabeças pensantes e atuantes dos donos de negócios. Fica o registro.

O PERTURBADO DE BAURU
Mais uma vergonha pra essa Bauru já judiada de cabo a rabo. Este vídeo demonstra só um bocadinho de como anda a cabeça destes todos energonhando a nação. Já passaram de todos os limites. Eis o vídeo: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/pfbid037YziXATLFFqahF846ELnnmGWGKnpgxkm3aTiycaUHEcJSfp54wMMCmfkvC66z8iol

PAPAI NOEL CHEGA HOJE NO CENTRO, INFELIZMENTE, NÃO MAIS DE MARIA FUMAÇA
A tradição da chegada do Papai Noel, quando da abertura do comércio noturno em Bauru é quebrada pela ineficiência da atual administração municipal, capitaneada pela incomPrefeita Suéllen Rosim. Até alguns anos atrás, esse ato simbólico sempre se deu com o personagem Papai Noel chegando de Maria Fumaça. Ela se posicionava estrategicamente lá junto das Oficinas da NOB e vinha com a comitiva até a Estação da NOB, na praça Machado de Mello, onde era recepcionada pelo bauruense, que de forma festiva o encaminhava para seguir em corte subindo o Calçadão da Batista.

A tradição foi quebrada, pois a Maria Fumaça está desde o início dessa desastrosa administração, mais dilapidada que antes. Ou seja, hoje, permitiram que peças dela fossem roubadas e ela, a composição toda, por medida de segurança, foi retirada da área coberta da Estação e levada para área descoberta, mais próxima do Museu ferroviário e da única vigilância ainda existente no local, mantida pelos remanescentes do DNIT na cidade. Funcionários da Cultura municipal, para não aumentar o prejuízo e pensando em um dia tê-la funcionando novamente, aproveitaram e retiraram da composição o restante de peças vitais para seu funcionamento e as guardaram no interior do museu. Ninguém acredita em nada de novo dentro da administração Suéllen para trazer de volta a composição férrea da Maria Fumaça, daí, melhor se resguardar e assegurar algo para o futuro.

Nos noticiários locais, causa espanto, ninguém da mídia local cobrar ou ao menos relembrar este fato, o da chegada do Papi Noel pelo modal de transporte, o impulsionador do progresso desta cidade, no caso o férreo. Esses esquecimento, faz com que, acreditemos na memória muito curta de quem produz notícia por essas bandas. Seria pouco caso ou de fato, existe também um certo resquício de ressentimento dos que desgostam da ferrovia e, desta forma, fazem de tudo e mais um pouco para não ressaltar nada que porventura eleve o tema ferroviário. Já no meio comerciário, principalmente o patronal, tanto faz, pois o que interessa a estes é só verificar possibilidades de lucros. Falam de tudo neste sentido, desde a tal da black friday a outras promoções. Já, os saudosistas, bauruense natos, estes continuam tendo muita saudade da Maria Fumaça funcionando. Já estou nos preparativos para, desde o início da novíssima administração federal de Lula como presidente, instigar o DNIT, para estudar todas as possibilidades dessa composição voltar a funcionar, mesmo a revelia dos interesses dessa pérfida administração municipal.

OBS.: Nas fotos tiradas por mim, algo de como se dava a recepção popular junto da Estação, sempre lotada e a composição férrea da Maria Fumaça chegando toda pomposa, apitando a todo vapor. Hoje, infelizmente, a Estação continua interditada, sem que nenhuma palha desta administração tenha sido movida no sentido de reparar ou ir sanando os problemas. Na última foto, tenho orgulho de numa das chegadas do Papai Noel até a estação da NOB, ter conseguido introduzir meu pai como passageiro, presenciando como tudo era feito. Hoje, vivemos de saudade nestas plagas, pois na modernidade proposta por Suéllen, a Bauru de ontem é renegada ao esquecimento, quando não lacrando tudo com tijolos, para desta forma, não resolver nada, mas impedindo o acesso e das pessoas continuarem vendo as chagas desta cidade. Eu acredito, tempos melhores virão, nunca com administradores ao estilo atual, fundamentalistas, negacionistas e não se importando na preservação do que ainda nos resta de História.

A ALCATEIA
Presenciamos um processo eleitoral exemplar, no mês que se encerrou: após um período em que os eventuais ajustes de documentação dos eleitores foram realizados com eficiência, e a propaganda eleitoral foi realizada de maneira equânime, as eleições – nos dois turnos – se processaram dentro da lei, com os resultados computados de maneira rápida e cristalina.

Tudo estaria bem, se não fosse a atuação de um grupo expressivo de pessoas que tudo fez – e continua fazendo – para sabotar as eleições e os seus resultados.
O principal baderneiro, Jair Bolsonaro – postulante à reeleição presidencial – começou o achaque, já faz tempo, ao acusar fraudes à aferição de votos por urnas eletrônicas, sem qualquer indício ou evidência a amparar sua denúncia. As coisas pioraram muito a partir de junho deste ano, quando Bolsonaro passa a caluniar os juízes do Tribunal Superior Eleitoral, como parciais.
Como o primeiro turno das eleições ocorreu em clima de absoluta tranquilidade, e a apuração dos votos ocorreu em velocidade extraordinária, com o cômputo feito com imparcialidade e clareza, Bolsonaro – apoiado por sua malta de seguidores – mudou de planos e partiu para o terrorismo.

Nessa nova fase de ataque, as instituições nacionais (já manchadas pelo uso mofino da bandeira nacional e pelo circo montado nas comemorações do bicentenário da Independência) foram vilipendiadas na semana do segundo turno eleitoral. Roberto Jefferson, ex-deputado federal, partidário de Bolsonaro, e em prisão domiciliar, xingou – nas redes sociais – uma juíza do STF. Punido com a ordem de retorno à penitenciária, Jefferson recebe os policiais federais que cumprem a ordem de prisão, com tiros de fuzil e arremesso de granadas, ferindo dois deles. Outra deputada federal, Carla Zambelli, igualmente comparsa de Bolsonaro, entrou em um bar com um revólver em punho, exigindo que um cidadão pedisse desculpas por hipotético xingamento. E ainda se jactou de que iria votar, portando arma no dia seguinte, afrontando norma eleitoral que proíbe este tipo de ato.

O segundo turno transcorreu sob a tensão gerada por setores da Polícia Rodoviária Federal, que interpôs obstáculos a eleitores que se deslocavam para votar. Mas, felizmente, a votação acabou ocorrendo com absoluta serenidade. Os resultados, computados com a eficiência de sempre, mostraram que o candidato Lula da Silva venceu a eleição pela pequena, mas respeitável diferença de 2,1 milhões de votos.
De maneira oblíqua, podemos dizer que Bolsonaro igualmente triunfou, de maneira abjeta: um número não pequeno de pessoas chegou à conclusão de que o resultado eleitoral só é válido se for o que eles desejam. E essa alcateia bloqueou estradas, queimou pneus, atulhou as portarias de estabelecimentos do Exército Brasileiro com o argumento de que estão “protestando” contra os resultados da eleição. Neste “protesto”, impedem o abastecimento das cidades, prejudicam as atividades econômicas, proibem que os cidadãos realizem suas atividades profissionais, rumem para hospitais e clínicas, tenham seus momentos de lazer.

Será necessário obrigar que esse bando, de meninos mimados e de adoradores do fascismo, a respeitar os preceitos mínimos de civilização. Se necessário, usando a força, sempre dentro do limite das leis. Não é possível que essa imaturidade cívica ou – o que é muito pior – esse arreganho antidemocrático fique sem punição.
Texto de NEY VILELA, transcrito por HPA

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

DIÁRIO DE CUBA (225)


GANHAMOS

VESTIMENTA PRONTA PRA TORCER
Aderi, não aguentei ficar sem torcer pra Seleção. Pensava em fazê-lo usando camiseta de outra cor. Capitulei quando meu amigo Rodrigo Ferrari, da Livraria Folha Seca, rua do Ouvidor, Rio de Janeiro me ofereceu a camisa com escudo da CBD, criação do Cássio Loredano, com dois 13, um na frente, outro nos costados. De lambuja ainda me disse: "Para não ter dúvidas, leva junto braçadeira vermelha". Não quero, não posso e não devo ser confundido com esses inconsequentes "patridiotas" fazendo reverência até pra pneu e a clamar por intervenção intergalática. Respiro fundo e hoje, dirigindo, um me vê com a camiseta, buzina e faz sinal de positivo. Vejo ser bolsonarista, daí, sem me alterar, pois de onde está não enxerga a numeração, mas aponto pra braçadeira e faço o "L" com a mão. O cara emburrou na hora e eu ecelerei dando risada. Vamos pras cabeças. E pir fim, a pergunta que não quer calar: Quem é o 13 da nossa seleção?

RICHARLISON E TAMBÉM CASEMIRO, LUFADAS DE OXIGÊNIO RENOVADOR NOS ARES CANARINHOS
Tudo bem, o Brasil já ganhou em sua estréia na Copa do Catar e os ânimos estão acalmados. O menino da periferia do mundo, Richarlison demonstrou a que veio, primeiroquando em entrevistas anteriores à Copa, demonstrou saber exatamente o que acontece e está em curso no País, daí tomou partido pelos seus, os que sofrem, padecem nas mãos dos tais "donos do poder".

Ele, o meninão ganhando o mundo por causa de suas habilidades com a bola, sabe muito bem que só está lá por causa de saber dar um trato diferente na bola, do contrário estaria padecendo em algum subemprego, carregando nos costados uma caixa de entrega e sendo considerado empreendedor. Ele conseguiu se salvar deste martírio por saber jogar muito bem bola. Sabe disso, mesmo com jeito de moleque, fala muito acaipirada, mas sabendo muito bem onde está e dos motivos de ter conseguido dar o salto. Não renega nada e ainda demonstra lucidez, algo em falta na maioria dos nossos atletas do futebol. Não é mesmo fácil ter lucidez diante de tantos holofotes e tanta gente lhe propondo adentrar um novo mundo, os dos endinheirados, dando de costas para seu passado. Este menino é grande demais da conta, exatamente por causa disso: ele, além de não virar as costas para sua condição inicial, fala sobre o assunto sem ressentimento, mas demonstrando saber muito bem quem pode fazer algo mais pelos seus neste momento.
Gosto demais dele e do representa. Ele é o oposto do Neymar, inclusive na postura. Neymar é ainda nosso craque, mas incorpora o novo rico, o que adentrou o clube e faz o jogo, muitas vezes sujo, para ir galgando mais poder, fama e juntar grana sem ter que gastar muito por isso. Apoia abertamente o governo miliciano de Bolsonaro, tudo por este ter lhe acenado com facilidades e fugas de ter que pagar impostos. No jogo, quem se sobressaiu foi o menino do Espírito Santo, ufa! e não Neymar. Outro que falou algo antes da Copa e demonstrou saber muito bem de que lado deve estar, até pelas suas origens é Casemiro, o craque da camisa 5. Estão rodeados de muitos evangélicos, louvando aos céus em cada gol ou defesa, sem dar uma só pitaco sobre os problemas deste País.

Estes dois, Richarlison e Casemiro, eu ressalto como lúcidos, dos poucos que conseguiram adentrar o novo mundo, sem dar às costas para suas origens e manter uma mente arejada. Se antes tivemos no passado gente como Afonsinho, Sócrates, Reinaldo do Atlético Mineiro, Raí, Casagrande, Juninho Pernambucano e alguns poucos, a lucides tem continuidade com estes dois. Eles, confesso aqui, me fizeram voltar a ter orgulho de torcer pela Seleção verde-amarela. Que assim continue...
OBS.: Escrito horas depois do jogo entre Brasil 2 x 0 Sérvia, nossa estréia na Copa da indefensável Fifa e, também, Catar.

COMO PODE TEREM TUDO E NÃO CONSEGUIREM ENFIAR A PELOTA ALI NAQUELE RETÂNGULO - ISSO ME DEIXA MUITO NERVOSO
O desabafo de torcedor argentino, a demonstrar os mundos tão distintos vividos pelos craques da bola e os torcedores. Vale a pena ver e entender do que se trata: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/pfbid0QNTmEbuXU8NZmgxpxS6V8NAAjNEAf7J2dkgrCgXzgmjvyWfTa2UKahYkWXJFR4Gjl


E ATENÇÃO
"Youtube desmonetiza a Radio Jovem Pan por causa de Fake News e desinformações. A de Bauru também foi atingida", Pedro Valentim.

"Quer dizer que aquilo que o Pittoli faz aqui na Velha Klan, incitando seus ouvintes a darem um clique deixou de render grana para os sacanas. Mexendo no bolso destes, a ficha começa a cair. Ver Pittoli sem seus "likezinhos" é um ótimo começo para desmascarar o que venha a ser de fato essa pérfida rádio", pitaco deste HPA.
"PITOLI agora vai ter que trabalhar acabou a mamata
Parabéns a todas as pessoas que estão vigilantes e denunciaram esses canais tanto da JOVEM PAN Bauru como o canal da JOVEM PAN NEWS SP a rede JOVEM PAN através de sua programação vem promovendo desinformação essa rádio criminosamente se colocou contra VACINAS, isolamento social, urnas eletrônicas, contra a democracia, também promoveu inúmeros ataques as instituições e ao supremo. Aqui em Bauru tornou se insustentável ouvir a programação tamanha são as ofensas e os comentários fazendo apologia às manifestações e contestação do resultado das urnas, essa rede JOVEM PAN tem programação baseada na desinformação para alimentar o discurso de ódio é responsável pela apologia a tratamento precoce e Cloroquina, por divulgar FAKES NEWS para destruir reputações, essa rádio da apóio as manifestações antidemocráticas que fecham rodovias e as que estão na porta dos quartéis. Em Bauru os responsáveis pela rádio e canal no YouTube são ALEXANDRE PITOLI diretor e Locutor, VEREADOR BORGO comentarista, OLAVO PELEGRINO advogado e comentarista e COFANI advogado comentarista. Continuem denunciando ", Montinegro Monti.

OBS FINAL DE TUDO O QUE AQUI ESTÁ ESCRITO: Duas vitórias no mesmo dia...