sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MEMÓRIA ORAL (110)

SEU ORLANDO, O MAIS ANTIGO E O MAIS VELHO JORNALEIRO BAURUENSE
Orlando Pavan, 71 anos está à frente da mesma banca de revistas a nada menos que 32 anos (desde 1979), no ponto mais famoso do centro de Bauru, localizado na rua Primeiro de Agosto nº 6-80. Proprietário da Banca Pavan, ele bate vários recordes e o primeiro é pela longevidade à frente do negócio, o segundo por ser o mais idoso em atividade e o terceiro, que ele assume sorrindo é o de sua banca ser a que mais vende jornais e revistas na cidade. Casado com a dona de casa Aparecida Maria Inforzato Pavan, 67 anos, não se esquece da data do casamento, 18/09/1965 e de algo mais. “Naquela época era representante do Motel Clube do Brasil, tinha escritório no edifício Pioneiro, vendia os títulos e viajava fazendo cobrança, tudo de lambretinha. Cheguei a ir até Três Lagoas, conheci esse interior todo, Panorama, região de Ribeirão Preto e num dia saí daqui cedo e fui bater em Paranavaí”, conta.

De suas recordações dessa época, uma ele não esquece jamais: “Minha lua de mel eu passei em Poços de Caldas e fomos os dois de lambreta, carregando junto duas malas. Como vou esquecer isso”, me diz. Conta também algo sobre o interesse pelo ramo de revistas: “Quando comecei não tinha ainda cabelo branco e minha primeira banca foi na vila Falcão, no posto ao lado da antiga Fundação, naquela época movimentada. De lá apareceu o negócio no centro, vim e não parei mais. Eu abro todo dia das 7 às 20h. Saio de casa todo dia às 6h, com minha pickup, vou na distribuidora, na Folha e no estadão e pontualmente levanto as portas no horário que a cidade já conhece. Eu tenho uma pequena chácara atrás do BAC e ia mais lá, mas hoje o filho que me ajudava montou uma firma de água e o neto, vem me ajudar direto, mas não fica esse tempo todo. A molecada de hoje se não tiver um envolvimento com isso, não gostar, eles não ficam. Mecher com isso é um bom negócio, mas é uma prisão. O neto me traz o almoço todo dia e no domingo ele fica aqui por uma hora, enquanto vou almoçar em casa. Esse o único dia”, relata.

Nisso passa um dos muitos que batem cartão por ali só para pedir uma ajudinha para seu Orlando e ele o percebendo meio alcoolizado, tira uma moeda de R$ 1 real do caixa e lhe entrega. “Tem uns que passam diariamente, como esse que diariamente vem buscar. Falou que a hora que se aposentar vai me devolver tudo. Tem tam bém os que percebo que é para droga e para evitar problemas até acabo dando”. Seu balcão possui uma organização que só ele entende, onde vai juntando as encomendas feitas, como a de uma senhora que entra e pergunta se já havia chegado a sua. “Já chegou o que meu neto quer? E se não for esse, posso vir trocar?”, pergunta. Acaba por me contar a história de um dos tantos clientes de tantos anos, mostrando tudo marcado num caderno: “Esse aqui vem todo começo de mês e me deixa R$ 600 reais e vai levando revistas, todas as semanais, outras variadas, coleções. Se passar paga o restante, se sobrar devolvo”.

Faz quase tudo sózinho, desde a rotina pela manhã, como o trabalho interno na banca. “Dá trabalho, pois recebo, faço a devolução, confiro, guardo nas prateleiras e fico numa constante arrumação. E uma característica minha é ainda não ter aderido à venda pelo cartão. Tudo em dinheiro ou cheque e tem dado certo". Nisso entra um que nunca viu na vida e lhe pede R$ 5 reais para ajuda numa operação de vista, com uma lista na mão dos comerciantes vizinhos. Abre o caixa e entrega o valor: “Dou de R$ 10 a R$ 20 reais por dia e contribuo com o Amaral Carvalho, Vila Vicentina, Sorri, Esquadrão da Vida, Albergue Noturno e outros. Faço minha parte e só não fico mais, até às 22h, como até pouco tempo, pois fui assaltado, o centro fica muito abandonado a noite e eu era um dos únicos abertos até aquela hora”, diz.

Olho para um poster do Super-Homem, papel laminado, pregado na sua parede frontal há um bom tempo e ele rindo me diz: “Esse aí tem história. Está aí a pelo menos uns 25 anos, faz parte da banca. Até hoje me pedem a revista, outros querem comprá-lo e estou pensando numa reforma na banca, mas sem tirá-lo do lugar. Faz parte da paisagem daqui. Falo da reforma e penso também em parar, em vender. Já apareceram alguns candidatos, mas ainda não deu certo. Quando isso acontecer irei para a chácara e talvez até mude para lá. Mas tudo isso é doloroso para mim, pois tem criança que o pai entrou aqui segurando no colo e hoje eles vem aqui com os filhos. Não é uma decisão muito fácil. Já tiveram jornaleiros mais velhos, como o japonês lá da Duque, mas hoje acho que sou eu mesmo”.

Toco num assunto que faz parte da rotina do seu di-a-dia, o do roubo de revistas e três histórias são verdadeiras peças literárias: “Todo dia pego um, sempre pego. Faço devolver e deixo ir embora. Uma vez um cara de dinheiro, toda semana comprava uma revista semanal e dois jornais. Não colocava em cima do balcão. Mostrava de longe, dizia o que estava levando e pagava. Vinha sempre com a banca cheia de gente e demorei para pegar ele. Fiquei de olho e vi numa vez quando pegou a Veja e enfiou no meio do jornal. Veio pagar e lhe disse se não ia ficar com a Veja. Foi lá pegou uma e pagou, mas nada da escondida. Tive que perguntar da outra, a do meio do jornal. Pagou de cabeça baixa e já tinha o cliente como perdido. Voltou em meia hora e me fez fazer a conta de dois anos de Veja, o tempo que me roubava, com o preço atual e pagou em dobro. Disse ter-lhe dado uma lição, pois não precisava daquilo. Compra comigo até hoje. Uma outra, de uma senhora, que ia me roubando e a revista caiu do meio de suas pernas no meio do salão. Disse: ‘Fecha as pernas, dona’. Essa nem olhou para trás, deixou tudo no chão e sumiu. Outro é de um amigo que falava muito do filho, morava aqui num hotel e certo dia veio com o garoto. Ficamos conversando na frente e o garoto no fundo da banca. Vi quando enfiou três revistas debaixo da camiseta. Chegou para o paí e disse que iria na frente, pois poderia ficar conversando mais. Tive que dizer ao pai para conferir nas coisas dele e citei até as revistas. Dia seguinte voltou aqui e fez questão de me dizer que ele nunca havia ensinado aquilo para ele, que com certeza, isso devia ser coisa da ex-mulher”.

Depois de tantos anos, seu Orlando possui boas histórias para contar, como a de um amigo que infelizmente não vê mais por ali: “O seu Mauro, diretor lá da ITE. Ele vinha todo domingo, comprava de pacote, inclusive as rifas das instituições. Depois que o tiraram da faculdade, nunca mais veio. Era um dos melhores fregueses e só comprava comigo”. Nelson Teodoro, 51 anos é outro dos clientes antigos, comprando revistas e jornais só ali e isso há mais de vinte anos: “Os donos de outras bancas mudam muito e seu Orlando já é quase da família. Não consigo comprar em outro lugar”. A relação é assim, de pura amizade, inclusive com os ditribuidores, como o caso de Cacá, um que segundo ele está nesse ramo antes dele, ou seja, se entendem no olhar. “Outro dia me aparece aqui um representante da Abril e dizendo que queria reformar me disse para apresentar o orçamento, que veria se conseguiria bancar. Um outro ao falar do mesmo assunto, me puxou para um canto e falou para não fazer reforma nenhuma, pois tudo está tão bonito, uma verdadeira banca à moda antiga, como poucas pelo interior”.

Seu Orlando segue sua rotina, sem muito reclamar, mas com algumas na ponta da língua: “Se a reforma vingar é porque com o passar dos anos está cada vez mais difícil só com revistas. Preciso introduzir mais coisas, cigarros, umas outras coisas. O que atrapalha as bancas não é a assinatura, mas hoje estão vendendo jornais e revistas em todos os lugares, desde supermercados, açougues e até nos sinais. Mas não tenho muito do que reclamar. O record de vendas mesmo ainda são os pornôs, depois os jornais, gibis, as semanais, como a Veja e a Caras. As gays também vendem muito. Tem aqueles que compram uma G Magazine e dizem que é para um envergonhado amigo e pedem para embrulhar”. Se deixar seu Orlando não para de contar histórias e numa frase define bem o seu negócio: “Não existe concorrência em banca, o que existe é atendimento. Eu deixo todos à vontade, não implico e nem sou chato. Voltam por causa disso”.
OBS.: Quase todas as fotos são minhas, só a última é da fotógrafa Juliana Lobato, do Bom Dia, que passava pela banca e foi convocada para registrar uma minha junto do seu Orlando.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BAURU POR AÍ (58)

‘LOLITAS’, PEDÓFILOS, DESVIOS E O CASO DO ADVOGADO SANDRO
O caso envolvendo Sandro Fernandes, advogado dos Sindicatos dos Servidores Municipais e dos Bancários, ex-filiado do PSTU está na boca de todos, agora virando caso nacional via jornais e TV. Achei-o num primeiro momento algo parecido à alguma fixação por uma Lolita. Ao abrir os jornais no dia seguinte, desfez-se a comparação. Reproduzo uma pequena resenha do livro de Vladimir Nabokov, o “LOLITA”: “Esse livro retrata uma mente perturbada, de um homem de meia idade, apaixonado por uma menina com idade para ser sua filha. Vergonhosamente, o leitor acaba torcendo por ele em alguns momentos, por notar a tortura interna e a eterna luta da mente de um homem totalmente obsessivo com o comportamente e com as artimanhas e atitudes de uma "ninfeta" nem um pouco ingênua. Humbert Humbert é um homem culto, respeitado, mas que tem uma grande perversidade e obsessão por jovens, que um dia conhece a menina que mudaria radicalmente sua monótona vida e então se apaixona perdidamente por Lolita, uma menina de 12 anos. O livro retrata um amor sem pré-conceitos de idade mas pisoteia qualquer regra de ética e bom senso e cospe na cara da sociedade por burlar essas regras de maneira tão sórdida. Trata-se de um romance condenável e apaixonante. As atitudes do protagonista são muito pouco louváveis, até o ponto em que sufocam Lolita de ciúmes, exigências e superproteção. O que obviamente só poderia acabar em tragédia! Vemos claramente o personagem perder o juízo, a lógica, a razão...”. Outras tantas resenhas são facilmente encontradas na internet. Vejam a desse blog e confiram um pouco mais desse clássico: http://livrosletrasemetas.blogspot.com/2011/09/resenha-vladimir-nabokov-lolita.htmlvladimir-nabokov-lolita.html . Na mesma linha, um dos últimos filmes de Woody Allen, o “TUDO PODE DAR CERTO” (http://www.youtube.com/watch?v=8CFLKpRm1Bw ), quando um sessentão se envolve com uma garota de 21 anos.

Posto isso sobre um livro e um filme, sei não existir nenhuma semelhança com o que já se sabe sobre o caso com o advogado bauruense. Sobre esse tema, para ampliação de um debate, cito três prováveis situações. Na primeira, a ocorrência de uma avassaladora paixão entre um homem com mais idade e uma ninfeta, diga-se, menor de idade ou recém saída dela. Pode ser até compreensível, desde que ambos assumam todos os riscos e deveres disso tudo. Se a lei, antes mais permissiva, acredito que hoje, mesmo com consentimento de família, a Justiça age e impede ao envolver menores. Numa segunda hipótese, um homem à procura de sexo pago o faz com uma menor de idade, dessas que o país inteiro sabe existirem e onde estão. Além da mera transação comercial, ciente de todos os riscos e da bestialização do ato em si, ainda assim deve ter tratamento diferente da anormalidade da pedofilia. Na terceira hipótese, algo indefensável, o ato sendo repetido com várias menores, parentes ou não, sob coação e constrangimento. Perceba a diferença desses três casos. Acredito que tudo isso mereça ser discutido sem hipocrisia e falso moralismo. Estamos no século XXI e tudo não pode ser colocado no mesmo balaio. Eu nunca gostei de hipocrisia e a vejo sendo cometida em vários segmentos do mundo atual. Veja o caso da proibição por lei da utilização de animais em circos. Merece o aplauso de muitos, mas muitos desses continuam aplaudindo os bovinos sendo judiados nos rodeios. Aqui claramente o tal dos “dois pesos e duas medidas”. Se proibido no circo, por que não nos rodeios? O que não pode é no circo não poder e no rodeio sim. E os padres pedófilos, cujos nomes são escondidos pela Santa Igreja Católica, guardados a sete chaves? Santos pecadores, todos do pau oco.

Voltando ao caso do Sandro, após o já divulgado (agora fala-se até do filho), não seria o caso de comparações com as duas obras citadas, pois são mais diferentes que o fogo e a água, o joio e o trigo. Muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte e o minímo que se pode dizer nesse momento é que se tudo o que já foi divulgado é a mais pura verdade, Sandro está num “mato sem cachorro” e acaba de destruir tudo o que construiu na vida. Mas o mais recomendável é aguardar mais dados. Fico por aqui.

OBS FINAL: E por falar em velhice, terceira idade, tema resvalado lá no alto, lembro a todos que dia 01/10, sábado é o DIA DO IDOSO e assim sendo, o melhor lugar para comemoração da data é com uma ida ao Teatro Municipal, hoje, 19h30, assistir a peça “BRASIL DE CABELOS BRANCOS“, de Jorge Julião. Minhas informações da peça são somente essas, nada mais sei, mas o tema instigante e o dia de apresentação melhor ainda. Só isso vale pela ida ao teatro hoje. No mesmo horário, mas lá no Alameda Quality Center, numa das salas do Cine’n Fun, sessão gratuita do filme “ABEL CONTRA O MURO”, produção bauruense e com a chancela do Enxame Coletivo. Vou nessa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (41) e CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (45)

PARA AQUELES QUE AMAM O PT E SUA TROPA - enviado pela mariliense CARMEN HELENA MOYSÉS GANTOUS (Recebo algo por e-mail de uma velha conhecida de Marília, dos tempos em que atuei como bancário naquela cidade. Sei de todos os males do PT, mas o vejo em maior intensidade nos outros partidos e não gosto de pessoas que só enxergam defeitos no PT, como únicos culpados de todos nossos males. Respondi e a troca desses e-mails está reproduzida aqui e a faço por não ter receio nenhum de expor meus pontos de vista. Gosto do debate e de tentarem me convencer. Não me venham com nada pronto, acabado, e pior, com embutidos, do tipo )

1.) Essa notícia foi enviada a você por CH. Para acessá-la basta clicar no link abaixo. Ideli Salvatti: 'A Saúde vai ter um novo imposto'. Ou, acessar o seguinte endereço:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional%2cideli-salvatti-a-saude-vai-ter-um-novo-imposto%2c777451%2c0.htm/nacional%2cideli-salvatti-a-saude-vai-ter-um-novo-imposto%2c777451%2c0.htm Ele(a) ainda destacou que: Caso queira mais informações sobre o mesmo assunto acesse www.estadao.com.br/politica. Atenciosamente Equipe de conteúdo http://www.estadao.com.br/

2.) Eis minha resposta para ela: "Pêra aí, Carmen, mas esse imposto é tudo o que o país e a Saúde precisam para ter uma sobrevida e repassar um atendimento digno para todos os brasileiros. Sem pieguice, gostaria muito que esse imposto vingasse e fosse bem utilizado, fiscalizado por todos nós e pudessemos ter uma Saúde melhor. PT ou qualquer outro, temos que enfrentar isso sem calhordice. Aprovo o imposto sem pestanejar. Henrique".

3.) Carmen me respondeu no mesmo dia: "VC TÁ BRINCANDO, NÉ? FALA SÉRIO, HENRIQUE. TD TEM UM LIMITE, VC ACHA CERTO ESTE BANDO TIRAR MAIS DINHEIRO DA GENTE? QDO TINHA A CPMF, P/ ONDE IA O DINHEIRO Q ATÉ HJ NINGUÉM SABE, NINGUÉM VIU...SÓ VC TÁ DE ACORDO COM MAIS ESTA POUCA VERGONHA, FRANCAMENTE AMIGUINHO, ACHO Q VC FOI HIPNOTIZADO, ACORDAAAA!!! BJSSS".

4.) Respondi também de pronto: "Carmen, não falo de CPMF, nada disso, nem de PT, cuja parcela abomino e PSDB, que sei ser o pior de todos, mas falo de Brasil e de deixarmos de hipocrisia. Para nós, os pequenos esse impostão representaria quase nada, pouco, isso ninguém enxerga. Ficamos a repetir o discurso de quem pagaria mais, os mais abastados e se isso fosse recolhido e devidamente utilizado, com um esclarecimento para a população, seria ótimo para o país e para a Saúde dos menos favorecidos. É isso que falo e poucos querem enxergar. Perceba que esse discurso de ser contrário tem um interesse, usam a antiga CPMF para forçar a barra, mas escondem de todos nós que, não querem aprovar para não favorecer um governo, que mesmo nos erros, tem acertos. Essa é uma longa história. Eu não sou o único, o fato é que não como mais gato por lebre. Enxergo sempre os dois lados e nunca me verá defendendo algo junto dos interesses dos ricos, os maiores sonegadores desse país. O imposto é bom e se será mal aplicado, isso dependerá de nós quando da Fscalização de sua utilização. Por favor, repasse isso para os de sua lista, pois é interesante estimular o debate e um melhor entendimento sobre essa questão. Um abraço do Henrique - Bauru".

5.) Após isso repasso o texto para alguns diletos amigos e recebo uma resposta de um deles, repassada à Carmen: "Carmem, não conheço, mas conheço o Henrique. Concordo com ele e não acho que ele esteja hipnotizado. Ao contrário. Lembra quando diziam que os de esquerda eram os radicais, mal criados, mal educados. Sua resposta só comprova a falta de tolerância e radicalismo de quem quer defender um estado mínimo, sem impostos e sem serviços públicos. Temos que deixar de dormir no forno e acordar se achando "pão". O discurso dos impostos são dos ricos. Os que mais sonegam e menos pagam. Temos que defender uma reforma tributária alicerçada na taxação das grandes fortunas, menos impostos nos produtos mais consumidos pelos pobres e limite de repasse dos impostos das empresas nas prateleiras. Regrar os pedágios é fundamental, já que se trata d uma das formas mais injustas de taxação. Um forte abraço a todos e todas e parabéns pelo debate. João Carlos de Andrade - CUT Bauru".
OBS.: As ilustrações são todas do argentino QUINO e demonstram algo bem desses nossos tempos. Estão na sequência correta e para vê-las ampliadas, basta uma clicada em cima de cada uma delas.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

RETRATOS DE BAURU (109)

ELIAS BRANDÃO, UM CANTANTE CAÇADOR DE MALFEITOS
Elias Brandão, exatos 50 anos no lombo, professor e bacharel em Direito é um inveterado criador de caso. Não no sentido pejorativo, mas do bom, daqueles a espezinhar malfeitos daqui e de acolá. Está ficando famoso pelas ações oriundas do seu afiado taco, na qual apoquenta a vida de alguns instalados no poder. É dele (juntamente com o advogado Hermann Schroeder) a iniciativa que extinguiu o cargo de Gerente da Cidade em Agudos, cargo quase acima do próprio prefeito, recolocando seu ocupante, o ex-prefeito Octaviani fora dele. Briga hoje na Justiça para que esse devolva os valores recebidos. Como ativista da ONG Naturae Vitae promove ações contra rodeios dentro de área urbana dos munícipios, proibidos por lei, mas ocorrendo repetidamente por vários lugares. Também pelos lados de Agudos, trava batalha para que as contas do mesmo ex-prefeito, reprovadas pelo Tribunal Estadual e a seguir aprovadas pela Câmara Municipal daquela cidade, portanto legais, porém imorais, sejam entendidas como tal pela população. Um briguento (sem ser rabugento), mas com outro lado dos mais salutares, pois para diminuir a tensão do dia-a-dia, fugir da rotina, canta em bares e bailes dos mais variados, bastando ser convidado para tal. No passado fez parte do “Roberto e seus teclados” e hoje brinca junto do amigo Hermann numa hilariante dupla, “Roberto e Ratinho”. Se ainda não sabem, a utilização do nome Roberto é porque dizem por aí ser a encarnação caipira de Roberto Carlos, da qual não desmerece, aliás, incentiva e se diverte com a comparação. Trabalha muito, ralação em diária em dois turnos no escritório do amigo advogado e hoje, divorciado, pai de uma garota de 13 anos, além da cantoria, namora nas horas vagas e morador da vila Cardia, divide o espaço com um enfezado hottweiler. E assim sendo, não é recomendado aproximações para intimidá-lo, pois toca seu barco sabendo muito bem do seu campo de atuação, guiado por uma consciência cada vez mais tranqüila.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

INTERVENÇÕES SUPER-HERÓI BAURUENSE (17) e PERGUNTAR NÃO OFENDE OU QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (54)

GUARDIÃO BUSCA UMA SOLUÇÃO PARA O “LEITE DERRAMADO” NAS COMPRAS DO DAE Na principal manchete do Jornal da Cidade da última sexta, 23.09, mais do que um alerta: “DAE paga o dobro pelo litro do leite – Autarquia compra leite por R$ 3,13 enquanto a Emdurb paga R$ 1,53, diferença que pesa no bolso do contribuinte”. A alegação ou justificativa são que os tais procedimentos de compra de pregão eletrônico são feitas a cada quinze dias e na Emdurb, as compras são diárias. Não cola. Qualquer pessoa freqüentadora de supermercados sabe que o preço oscila, mas no dia de hoje, antes de escrever esse texto, GUARDIÃO, o super-herói bauruense percorreu alguns supermercados e constatou o litro sendo vendido por até R$ 1,80. Isso em supermercado e para venda em pequena quantidade, pois até as pedras do reino mineral sabem que, para vendas em grandes quantidades o preço cai e bastante. E só paga caro quem não entende nada de compra, se utiliza do método "gato por lebre" ou é lerdo no assunto.

Incrédulidade é pouco. Ou a burocracia dessas máquinas de fazer doido, que são os setores de compra dessas autarquias são fiéis seguidores, de olhos vendados, tipo viseira de animal de tração do que é prescrito nesses insensíveis pregões ou existem gatos (no plural mesmo) nessa tuba e algo mais a ser explicado e conferido. Faltam explicações mais detalhadas, sobrando algo bem dos tempos atuais, quando surgem os a repetir que isso é normal dentro do sistema vigente. É o mesmo que dizer que uma dona de casa diante de um produto similar, preços diferenciados, faz sua opção sempre pelo mais caro. Irracionalidade dela (o que dificilmente acontece) e nesse caso, de um Setor de Compras, que vislumbrando a ocorrência do preço acima do mercado nada faz para mudar a situação.

Guardião não gosta de atuar sozinho e prefere sempre estar embasado de mais detalhes antes de dar o bote final. Nesse caso, lembrando de um intrépido repórter, desses não mais existentes nos tempos atuais, ERNESTO VARELA, um que perguntava tudo o que fosse preciso, sem medir conseqüências, sem medo de cara feia. Consultando o repórter via mediunidade obteve dele algumas perguntas que gostaria fossem feitas nesse momento:
- Não seria essa mais uma atitude pensada para tornar o DAE cada vez mais “um caso perdido”, facilitando sua privatização lá na frente?
- Não seria o caso de perguntar para o responsável pela compra, se ele fosse fazer a mesma para sua casa e ciente da diferença de preços, que atitude tomaria? E se já tinham ciência dessa diferença entre o preço praticado no mercado e o adquirido pelo DAE, em caso positivo, por que nada foi feito para defender os cofres da autarquia? É assim que se trabalha?
- E se a partir de agora algo for feito, demonstrando que o preço pago poderia ter sido reparado antes, não seria o caso de penalizar os responsáveis, até com ressarcimento?
- Sugestão desse Guardião: Já que a coisa chegou no estágio atual, recomendo ao sr prefeito ir a qualquer mercado da cidade e contratar em caráter emergencial, para fazer as compras dessa autarquia uma dessas donas de casa, que andam de prateleira em prateleira, com uma listinha na mão a conferir preços. Essas não pagam um centavo acima do que vale o produto e pechincham até não mais poder. Sobrariam recursos para finalidades outras. Que achas sr prefeito?

Guardião sempre acreditou que o DAE tem jeito e não precisa ser privatizado. Necessário é a privatização das atitudes, dos conceitos e dos procedimentos. E, observador como nenhum outro, presta um serviço para a comunidade bauruense. Após a pesquisa feita, sabem qual a marca de leite mais barata nas prateleiras dos supermercados bauruenses? É o leite “Terra Viva – Produto da Reforma Agrária” (http://www.terravicasc.com.br/ ), produzido, embalado e comercializado pela Cooperativa Regional de Comercialização do Extremo Oeste – São Miguel do Oeste SC, para espanto de alguns com a chancela do MST – Movimento dos Sem Terra e encontrado em vários pontos de venda na cidade de Bauru. Guardião, o HPA deste Mafuá e Leandro Gonçalez (http://www.desenhogoncalez.blogspot.com/ ), todos inveterados tomadores de leite, só tomam deste e pagam sempre um preço dos mais justos. Confiram e digam se não temos razão.

domingo, 25 de setembro de 2011

CENA BAURUENSE (86)

AS ÁRVORES DE DONA ENI, MINHA MÃE, SÃO LEMBRADAS NO “BOM DIA” DE HOJE
O diário bauruense BOM DIA está promovendo uma comemoração diferente do Dia da Árvore (22.09) e com ações diárias envolvendo pessoas conhecidas da cidade. Numa delas personalidades são convidadas a plantarem árvores, algumas pela primeira vez. Novidades são apresentadas aos leitores a cada dia. Na de hoje, além de outras, uma envolvendo a minha família, com uma matéria de página inteira relembrando algo a tocar profundamente todos daqui de casa, uma história sobre ENI PERAZZI DE AQUINO, minha mãe, falecida em 13.09.2011. Estiveram aqui defronte minha casa na tarde de sexta, a jornalista CRISTINA CAMARGO e a fotógrafa JULIANA LOBATO, entrevistando meu pai, minha irmã e eu sobre uma história que nos é muito grata: aqui no quarteirão de casa são cinco árvores plantadas pela minha mãe, uma lembrança das mais felizes que todos temos dela. Isso faz a diferença, numa cidade com poucas árvores defronte as residências e espalhadas pela cidade. Reproduzo abaixo o texto do jornal:

“ENI PARTIU, MAS DEIXOU SUAS ÁRVORES PARA SER LEMBRADA – Professora levou o verde para a calçada em frente à casa da família. Primeira muda veio de Minas e uma das últimas, de Cuba.

Por causa de uma antiga colite, o ferroviário aposentado Heleno Cardoso de Aquino, 83 anos comprou uma casa no distrito de Pocinhos do Rio Verde, em Caldas, Minas Gerais. Tinha ouvido falar que lá a água é boa para esse tipo de problema de saúde.
Foi há mais de 50 anos, mas a história não sai da memória. Foi de Pocinhos que a mulher dele, a professora e artesã Eni Perazzi de Aquino, trouxe a muda da primeira árvore plantada em frente à casa da família, no centro de Bauru. “Ela trouxe num saquinho de leite”, recorda.

Heleno e os filhos confessam que não sabem o nome científico da árvore. Nem o popular. Na casa, é conhecida como “a árvore mineira”. Embaixo de sua sombra, os quatro filhos do casal brincaram e cresceram. “Brincávamos de queima”, conta a advogada e leitora de tarô Helena Perazzi de Aquino, uma das filhas.

Agora, a mineira e as outras cinco árvores que Eni plantou na calçada provocam a saudade. A professora aposentada morreu em junho desse ano, aos 74 anos, vítima de complicações cardíacas. Mas deixou sua história bem enraizada: basta abrir o portão para o viúvo e os filhos lembrarem dela. Em texto publicado em seu blog, o professor de História Henrique Perazzi de Aquino, escreveu sobre o reflorestamento do quarteirão feito pela mãe. “Na calçada que circunda o vazio não havia nenhuma árvore plantada. Hoje, o espaço é disputadíssimo pela sombra proveniente das muitas que ela plantou”.

O vazio a que se refere é um terreno localizado às margens da avenida Nuno de Assis, ponto tradicional para a instalação de parques e circos. Eni não gostava de ver aquele espaço desocupado, sem verdes no entorno. Por isso, resolveu tomar suas providências. Uma das mudas plantadas veio de Cuba, país que o militante de esquerda Henrique visitou em 2008. “Era uma que dá uma espécie de caixinha em formato de coração”, descreve o blogueiro. Mas a cubana não teve chance de crescer. Na instalação de um dos parques no terreno, a arvorezinha foi atingida e não resistiu.

Eni, contam os filhos, gostava muito de plantas. “Era o passatempo dela”, conta Helena. E não se limitava a plantar. Ficava de olho em suas árvores, espantando os moleques que se atreviam a mexer com alguma delas. Chefe de estação na época em que os trens transportavam passageiros e movimentavam a região central da cidade, Heleno ganhou um caderno do filho Henrique para escrever suas longas memórias. Ali são imortalizadas histórias de trens, de viagens, da família, de Minas e de Bauru. Eni e suas árvores, claro, são protagonistas”.

OBS.: As fotos de minha mãe foram tiradas por mim em 2009 e publicadas num texto quando da passagem do seu aniversário naquele ano, 27.04.2009.