quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BAURU POR AÍ (58)

‘LOLITAS’, PEDÓFILOS, DESVIOS E O CASO DO ADVOGADO SANDRO
O caso envolvendo Sandro Fernandes, advogado dos Sindicatos dos Servidores Municipais e dos Bancários, ex-filiado do PSTU está na boca de todos, agora virando caso nacional via jornais e TV. Achei-o num primeiro momento algo parecido à alguma fixação por uma Lolita. Ao abrir os jornais no dia seguinte, desfez-se a comparação. Reproduzo uma pequena resenha do livro de Vladimir Nabokov, o “LOLITA”: “Esse livro retrata uma mente perturbada, de um homem de meia idade, apaixonado por uma menina com idade para ser sua filha. Vergonhosamente, o leitor acaba torcendo por ele em alguns momentos, por notar a tortura interna e a eterna luta da mente de um homem totalmente obsessivo com o comportamente e com as artimanhas e atitudes de uma "ninfeta" nem um pouco ingênua. Humbert Humbert é um homem culto, respeitado, mas que tem uma grande perversidade e obsessão por jovens, que um dia conhece a menina que mudaria radicalmente sua monótona vida e então se apaixona perdidamente por Lolita, uma menina de 12 anos. O livro retrata um amor sem pré-conceitos de idade mas pisoteia qualquer regra de ética e bom senso e cospe na cara da sociedade por burlar essas regras de maneira tão sórdida. Trata-se de um romance condenável e apaixonante. As atitudes do protagonista são muito pouco louváveis, até o ponto em que sufocam Lolita de ciúmes, exigências e superproteção. O que obviamente só poderia acabar em tragédia! Vemos claramente o personagem perder o juízo, a lógica, a razão...”. Outras tantas resenhas são facilmente encontradas na internet. Vejam a desse blog e confiram um pouco mais desse clássico: http://livrosletrasemetas.blogspot.com/2011/09/resenha-vladimir-nabokov-lolita.htmlvladimir-nabokov-lolita.html . Na mesma linha, um dos últimos filmes de Woody Allen, o “TUDO PODE DAR CERTO” (http://www.youtube.com/watch?v=8CFLKpRm1Bw ), quando um sessentão se envolve com uma garota de 21 anos.

Posto isso sobre um livro e um filme, sei não existir nenhuma semelhança com o que já se sabe sobre o caso com o advogado bauruense. Sobre esse tema, para ampliação de um debate, cito três prováveis situações. Na primeira, a ocorrência de uma avassaladora paixão entre um homem com mais idade e uma ninfeta, diga-se, menor de idade ou recém saída dela. Pode ser até compreensível, desde que ambos assumam todos os riscos e deveres disso tudo. Se a lei, antes mais permissiva, acredito que hoje, mesmo com consentimento de família, a Justiça age e impede ao envolver menores. Numa segunda hipótese, um homem à procura de sexo pago o faz com uma menor de idade, dessas que o país inteiro sabe existirem e onde estão. Além da mera transação comercial, ciente de todos os riscos e da bestialização do ato em si, ainda assim deve ter tratamento diferente da anormalidade da pedofilia. Na terceira hipótese, algo indefensável, o ato sendo repetido com várias menores, parentes ou não, sob coação e constrangimento. Perceba a diferença desses três casos. Acredito que tudo isso mereça ser discutido sem hipocrisia e falso moralismo. Estamos no século XXI e tudo não pode ser colocado no mesmo balaio. Eu nunca gostei de hipocrisia e a vejo sendo cometida em vários segmentos do mundo atual. Veja o caso da proibição por lei da utilização de animais em circos. Merece o aplauso de muitos, mas muitos desses continuam aplaudindo os bovinos sendo judiados nos rodeios. Aqui claramente o tal dos “dois pesos e duas medidas”. Se proibido no circo, por que não nos rodeios? O que não pode é no circo não poder e no rodeio sim. E os padres pedófilos, cujos nomes são escondidos pela Santa Igreja Católica, guardados a sete chaves? Santos pecadores, todos do pau oco.

Voltando ao caso do Sandro, após o já divulgado (agora fala-se até do filho), não seria o caso de comparações com as duas obras citadas, pois são mais diferentes que o fogo e a água, o joio e o trigo. Muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte e o minímo que se pode dizer nesse momento é que se tudo o que já foi divulgado é a mais pura verdade, Sandro está num “mato sem cachorro” e acaba de destruir tudo o que construiu na vida. Mas o mais recomendável é aguardar mais dados. Fico por aqui.

OBS FINAL: E por falar em velhice, terceira idade, tema resvalado lá no alto, lembro a todos que dia 01/10, sábado é o DIA DO IDOSO e assim sendo, o melhor lugar para comemoração da data é com uma ida ao Teatro Municipal, hoje, 19h30, assistir a peça “BRASIL DE CABELOS BRANCOS“, de Jorge Julião. Minhas informações da peça são somente essas, nada mais sei, mas o tema instigante e o dia de apresentação melhor ainda. Só isso vale pela ida ao teatro hoje. No mesmo horário, mas lá no Alameda Quality Center, numa das salas do Cine’n Fun, sessão gratuita do filme “ABEL CONTRA O MURO”, produção bauruense e com a chancela do Enxame Coletivo. Vou nessa.

6 comentários:

Anônimo disse...

Henrique,

Liga na Ana Maria Braga, agora 8h50que o caso do Sandro está em rede nacional. Só falta agora ouvir a versão dele para se ter certeza ou não de tudo. Escabroso, tudo.

Aurora

Anônimo disse...

Você se lembra do Caso da Escola Base? Vamos com calma...

Alvarenga

Anônimo disse...

Mas há uma diferença do caso da Escola base, as denúncias apresentadas até o momento na imprensa são dos envolvidos diretos no caso, parentes proximos do acusado e com detalhes que complicam a situação. O cuidado sim deveria ser com a exposição e sensacionalismo que a imprensa acaba fazendo na ânsia de vender noticia, mas esse é o mal da nossa imprensa, a capa do jornal bom dia de hj é de algo totalmente desnecessário.
Agora o texto do Henrique está excelente, o melhor que li sobre esse episódio, e cheio de riqueza literaria, fazendo uma analise inteligente e cuidadoso com fatos.
É por aí mesmo que se deve caminhar.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

QUE TEXTO GOSTOSO, SEM PRECONCEITO E HIPOCRISIA. MELHOR DO QUE TUDO O QUE FOI ESCRITO SOBRE ESSE CASO. PARABENS SEU HENRIQUE, TÁCOMO O VINHO, HEM...

ROSANA

Anônimo disse...

Claro que o ex-prefeito de São Paulo, possui vários "lavacar" de
dinheiro público, isto nem
a minha cadelinha duvida. Mas justamente numa hora que uma corregedora lança
uma denúncia gravissima contra o judiciário, chamando alguns juizes simplesmente
de bandidos, e são mesmo, o suspeito de corrupção Paulo Salim Maluf, é manchete
para valorizar a atuação(?) do judiciário. É o mesmo que dar ração à
minha cadelinha.
(Aldo Wellichan)

Anônimo disse...

A imprensa que fez estardalhaço precisa ler isso, que saiu hoje no JC - Paulo Lima:

01/10/2011
O crime da sociedade
Sandro Fernandes pode ser culpado ou inocente. A natureza do crime de que é acusado e as condições em que normalmente é praticado dificultam a obtenção de uma certeza absoluta quanto à sua ocorrência. Não por acaso, recomenda-se nestes casos muito cuidado por parte das autoridades e da mídia. O sigilo é imperioso e neste caso não ocorreu. Como conseqüência disto, o advogado está previamente condenado por uma mídia vampiresca e por uma opinião pública de voracidade somente comparável aos leões das antigas arenas romanas. Mesmo que seja inocente, isto não terá a menor importância para o futuro dele, graças à estigmatização de sua imagem, que ficará para sempre. Tudo isto não chega a ser novidade. Afinal, a datenização da tele-visão aberta existe para garantir audiência a todas as emissoras, sem que seja necessário gastar com criatividade.

O que constrange e assusta, notadamente quando vemos a mídia e a própria polícia indiferentes, é a exposição do menor envolvido. A hipocrisia de não mostrá-lo na televisão ofende a inteligência humana. Afinal, todos sabem quem é o pai dele, a mãe dele e, consequentemente, quem é ele. Alguém está preocupado com o que isto pode acarretar na vida futura da criança? Os acusadores, certamente, não.

Segundo notícias veiculadas em Bauru, entre a primeira queixa e a publicidade conferida ao caso houve um lapso de tempo durante o qual a Polícia poderia ter determinado às vítimas maiores de idade que não procurassem os jornais nem a televisão. Esse silêncio em relação ao caso teria evitado o linchamento moral a que assistimos, e possibilitaria tomar providências mais objetivas para a investigação e menos traumáticas para a criança: por exemplo, interrogar as professoras do menino, convocar psicólogos e apurar a ocorrência ou não de mudanças comportamentais que pudessem, à luz da psicologia, definir com maior grau de certeza se o crime teria ou não sido cometido em relação a ele.

Despretensiosa busca na Internet nos dá parâmetros mundialmente aceitos para lidar com crianças expostas a situações como esta. A criança abusada sexualmente apresenta sintomas que incluem agressividade e depressão, em clara desordem comportamental, perturbação de apetite e no aprendizado, regressão, entre outros que, se ocorreram, certamente foram notados por suas professoras e poderiam ser confirmados por psicólogos, em um ambiente neutro e com a utilização das técnicas corretas. Mas nada disso foi feito. O objetivo da mídia foi alcançado. Já não tenho tanta certeza quanto ao sucesso do Poder Judiciário, pelo menos em relação à criança. Afinal, a sociedade como um todo está dando continuidade ao linchamento moral do pai, na figura do filho.

O autor, Ricardo De Callis Pesce, é colaborador de Opinião