sábado, 22 de outubro de 2016

MEMÓRIA ORAL (203)


AZARIAS LEITE Nº 1-82 E MAIS UM BARRACÃO FÉRREO ESTÁ VINDO ABAIXO
Essa edificação hoje sendo posta abaixo fez parte da história dessa aldeia bauruense e está localizada ali na quadra dois da rua Azarias Leite, bem defronte o prédio do INSS. Um imenso barracão, que nos últimos tempos estava sendo utilizado com estacionamento de veículos. O danado tem muita história vivida ali no seu interior e arredores. Do seu lado direito, uma outra edificação de importância histórica, uma casa construída pelo pessoal da Rede, ou seja, pelos ferroviários da Noroeste do Brasil, uma que foi pujante por essas plagas.

Saber ao certo o que ali esteve instalado eu não sei. Ouço por repetidas vezes muitos dizendo que ali funcionou a Cooperativa de Abastecimento dos Funcionários da Rede, ou seja, ela onde esses buscavam mês após mês os mantimentos para preencherem suas dispensas. Si, tenho recordação de ali ter funcionado um supermercado, ou seja, deve ter sido mesmo a tal cooperativa. Enfim, são tantas edificações remontando a história da ferrovia nessa cidade que, muitas delas passam batido.

Tenho lembrança de ver ali circulando um personagem significativo daquela região da cidade, o seu Meca. Era um senhor bem alto, magro, andava com aqueles carrões gastadores de combustível, tipos mais imponentes que o Opala e o via sempre por ali. Não sei estabelecer a relação dele com o imóvel, talvez tenha sido um dos últimos herdeiros ou coisa parecida. O que sei é que esse senhor Meca, teve por muito tempo sob sua responsabilidade a banca de revistas do terminal rodoviário de Bauru, antes da Vera Tamião e do seu marido, Valdir ali se estabelecerem. Ia comprar o carioca Jornal do Brasil com ele, conversávamos muito e acredito que tenha até desabafado algo as tais perdas propiciadas pela vida e dos motivos de ter ido parar ali numa banca de revistas, mas como não me recordo direito dessas conversas, prefiro deixa-las de lado. Sei ter o Meca algo a ver com esse imóvel hoje já destelhado e em mais alguns dias, colocado definitivamente no chão.

Quem executa o sérvio de demolição é o nosso mais famoso demolidor, o Chiquinho Demolidor, da RB Demolições, localizada lá nas barrancas dos trilhos e de um córrego na Nova Esperança. Chiquinho não tem culpa nenhuma e acredito que essa edificação, dentro da atual conjuntura e com vários imóveis férreos já tombados, não devesse mesmo ser mantida ad eternum. A demolição faz parte da vida do Chico e também de velhos centros comerciais país afora. Deteriorado e desgastado pelo tempo, o imóvel estava subutilizado e num local um tanto esquisito no centro antigo da cidade, já não devia atender nem as expectativas como estacionamento. Não me perguntem sobre o destino que será dado ao terreno, pois Chico como bom executor do seu ofício, colocará tudo abaixo em alguns dias.

Havia visto o telhado sendo posto abaixo dias atrás e ontem reencontrei seu Chico. Liberou meu acesso até lá e estive acompanhando o trabalho do seu pessoal nas atividades de marretar as estruturas do prédio. Cheguei a tempo de ver a bela armação de madeira do telhado intacta, já sem as telhas, mas imponente e tendo no centro, uma cúpula, algo bem comum nas construções de épocas passadas. Era, além de outras finalidades, feita para circular o vento dentro da construção. Tentei buscar na construção algo bem comum na época, a data ali gravada, ou numa placa ou mesmo em reboque, mas nada encontrei. A fachada ainda este em pé e um pequeno tapume colocado na calçada divide o que resta com a rua ali defronte.

Escrevo isso tudo não para protestar com nada do que vi ocorrendo. Demolir e reconstruir, reutilizar locais é algo natural na vida das cidades. Meu registro é mais no sentido de com as fotos perpetuar, deixar registrado um algo mais, tentar resgatar um pouco da história desses locais. Daí, diante de todo esse longo texto, proponho aos que souberem algo sobre esse prédio que me ajudem a reconstituir um pouco de sua história. Só isso. Que me auxilia nessa empreitada?

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

Toka Miguel Garcia Parabéns Henrique pela reportagem. Meu tio Marcos, trabalhou muito tempo neste local. Irei procurar informaçoes com minha prima e assim que obtê-las, passo-lhe. Um abraço. Senti sua falta na SNCT no RMM - Abraços. E o livro de memorias? Quando sai?

Adilson Talon Este prédio foi do Julio Meca..e depois da famíli Zugaib...!!!

Gilberto Truijo BAURU UMA CIDADE SEM MEMORIA E PELA ELITE QUEREM AABAR OM O LEITO FERROVIARIO E FAZER UMA AVENIDA. NÉ Henrique Perazzi de Aquino.

Maria Cristina Romão Que triste

Tobias Ferreira Gomes Filho O Super Meca, primeiro supermercado de Bauru era ali a menos de 100 metros desse prédio...hoje é o Sampaio...devia ser dele o prédio.

Victor Stoian O que mais me deixa estarrecido é o fato da cidade com 4 cursos universitários de Arquitetura e Urbanismo, não conseguir imprimir força ao CODEPAC para haver maior nível de conscientização e projetos economicamente sustentável para reutilização dessas áreas. Uma pena.

Maringoni Gilberto Que merda

Fábio Paride Pallotta É a vida vai.... Pra onde? Eta Bauru que não conhece a si mesma e não se interessa sobre. Hoje passei ao lado na tradicional Visita Técnica ao Centro Histórico de Bauru. Lamentável.
As cidades se transformam, mas é necessário um mínimo de memória. Grato Henrique Perazzi de Aquino pela informação. É lá nave va........

Fábio Paride Pallotta Também tenho fotos destes barracões, mas agradeço pelas que você enviou.

Marco Antônio Souza O Empório e depois Super Mercado Meca ficava na esquina da Azarias Leite com a Primeiro de Agosto. Defronte ao Grupo Escolar Lourenço Filho. As entradas quando empório eram pela Azarias e pela Primeiro. Quando virou Supermeca só havia entradas pela Primeiro.

Marco Antônio Souza O prédio que vc comenta Henrique Perazzi de Aquino pelo que sei nunca teve nada a ver com o Meca . E este sr Meca que vc lembra teria algo a ver com o SM?

Neli Maria Fonseca Viotto Como assim? Cado o Conselho de Defesa foz Patrimonio?

Duilio Duka Henrique Perazzi de Aquino, MEU AMIGO; É ASSIM QUE QUEREM A CIDADE: SEM HISTÓRIA, SEM MEMÓRIA! E, COMO DISSE A Neli Maria Fonseca Viotto: CADÊ O CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO?

Henrique Perazzi de Aquino Pelo que sei, "dorme em berço esplêndido", deram um jeito dele se aquietar. Será que um dos dois candidatos o ressuscitará?

Gustavo Jose Souza "um povo sem memória é um povo sem história"

Lazaro Carneiro Carneiro em 1958 ali já funcionava o comercial Julio Meca

Antonio Luiz Ferreira Ramos boa tarde querido amigo professor DUILIO DUKA eu queria fazer parte do CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO DE BAURU ..tem muitas coisas a serem conservadas

Henrique Perazzi de Aquino Para participar do CODEPAC se faz necessário ser indicado pelas entidades que o compõem.

Anônimo disse...

Hoje pela manhã ao realizar o meu tradicional tour pelo Centro Histórico da Cidade, parei na esquina da Azarias com a 1º de Agosto e disse aos meus alunos que um pouco, com mais tempo poderiam vem dois galpões industriais da década de 1920, raros em termos de Patrimônio, mas muito bonitos na sua simplicidade. Hoje recebi a notícia através do Henrique Perazzi Aquino que forma demolidos.
Bauru perde mais um pouco da sua história. Como sabemos a cidade não pode ficar intocada e nem a mercê do Patrimônio, mas ele deve ser discutido. E la nava va...Arrivedercci
Fabio Paride Pallotta