domingo, 25 de fevereiro de 2018

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (132)


RECONHECIMENTO DE GARIBALDI E ANITA NA ITÁLIA E SEMELHANÇAS COM CHE GUEVARA
Nas andanças por Ravenna, Itália reencontro um dos personagens da história mundial que mais me emociona, Giuseppe GARIBALDI, o revolucionário de dois mundos, pois lutou bravamente na Revolução Farroupilha no sul do pais e depois, na volta para Itália, conseguiu após muitas batalhas, libertar o seu país do jugo da igreja católica. Junto tudo nesse meu texto, a citação do personagem histórico dessa América Latina que mais me toca, Ernesto Che Guevara, também outro revolucionário desses sem pátria, lutando onde ela se fizer necessária e igualmente como Garibaldi, desses homens imprescindíveis, principalmente no mundo de hoje. E na junção da luta de ambos eis algo singular da luta do italiano Garibaldi e confirmada hoje aqui na cidade que o reverencia, sua luta de libertação foi contra o poder exercido na época pelo papa, ou seja, para amainar o poder quase absoluto da igreja católica. Che também lutou desbragadamente contra esse poderio que perverte mentes e torna os homens mais fracos, pois deixam de lutar e passam a crer em algo do outro mundo.
Podem muitos criticar a ambos, mas as lutas desses dois foi algo a colocá-los na história definitivamente. Hoje comprovei na prática, nas andanças por Ravenna o quanto Garibaldi é querido por aqui. Uma historiadora local que me diz, quando comento a semelhança com o latino Che, serem eles revolucionários “criminosos”. Nada contra, pois o criminosos para ambos não é no sentido pejorativo do termo e sim, de algo mais do que necessário. Em momentos da história não existe outra alternativa para se mudar o rumo da situação, a não ser pegando em armas e indo á luta fazer o serviço mais do que necessário. Ambos fizeram isso e para conseguirem seus intentos, mortes pela frente. Do contrário, nada fariam. Daí o termo revolucionários “criminosos” ser algo muito bem assimilado pela História. Vá perguntar para um italiano se o que Garibaldi fez não era o necessário e faça o mesmo no caso dos cubanos para com Cuba.
Momumentos estão espalhados por toda Itália a reverenciar Garibaldi e aqui em Ravenna, onde me encontro, percorrendo hoje suas ruas, vejo alguns deles e o primeiro em todo o planeta, exatamente dez anos após sua morte. Junto à Garibaldi, algo a enaltecer o Brasil, pois quando ele lutou em nosso país, trouxe consigo Anita, que veio a morrer de malária em seus braços. Uma praça bem no meio da cidade a reverencia e todos por aqui sabem de cor a história da revolucionária de Laguna (será que os brasileiros conhecem sua história...). Ao tirar fotos numa praça, puxo conversa e o interlocutor me diz serem centenas as homenagens a eles mundo afora. “Tem até uma rua em Moscou, outra em Praga e assim por diante”, me diz. Circulei muito hoje por museus e igrejas e na qualidade de ateu ouvi uma explicação sobre isso de visitar igrejas mundo afora e ela me satisfez: “Vá a elas, principalmente as históricas, como as daqui, com mais de mil anos como se entrasse num museu e não num templo. As entenda desta forma, pois é assim que precisam ser entendidas e extraia delas a ampliação do seu conhecimento”.

Ravenna é uma das poucas cidades do período bizantino conseguindo preservar muito dos seus templos, museus e peças históricas. A explicação ouvi da guia turística a nos levar pelos templos cheios de peças milenares: “Ravenna foi durante um período centro das atenções e depois foi esquecida, permaneceu isolada e desta forma seus tesouros não foram objeto da cobiça, do saque e da destruição. Passou incólume por permanecer por longo período longe dos olhos mundo e isso a salvou”. São observações que vou juntando, como a da mesma guia, profunda conhecedora da história de sua cidade: “Quanto mais estudo sobre religião, mais ateia fico”. Falávamos disso na rua, quando assim do nada, me deparo, depois de ver tantos monumentos para Garibaldi e Anita com uma inscrição numa parede no centro velho e histórico da cidade e isso me encheu de orgulho. Lá estava um “Che vive”. Ganhei o dia com esses dois e se já gostava de ambos, agora gosto mais ainda.

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