domingo, 20 de março de 2022

REGISTROS LADO B (83)

NO 83º BATE PAPO DO LADO B, CLÁUDIO FLOYD, O POETA DOS SINAIS, COMPARADO A BUKOWSKI, SEGUIDOR DE BAUDELAIRE

Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai até a montanha. Sigo o escrito à risca e hoje, logo mais, lá pelas 9h de la matina, vou buscar o poeta marginal dos sinais de trânsito bauruense em seus aposentos e o levo para a feira dominical da Gustavo, onde gravarei ao vivo mais um LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES. Este Cláudio, que juntou um Floyd ao seu nome é muito conhecido na região da avenida Duque de Caixas, entre as ruas Araújo Leite e Antonio Alves, ali seu local de juntar o ganha pão, distribuindo pelas janelas dos carros que param nos sinais sua poesia. Uma troca mais do que justa, quando lhe pagam algo, mesmo meras moedas e este deixa nas mãos do motorista algo para pensar, uma pulsante poesia, de sua lavra e responsabilidade.


A história do Claudião - o danado tem quase dois metros de altitude - é inebriante, pois ele é a própria tradução do que vemos. Ele não finge, não cumpre um papel, não está nas ruas fingindo ou se expondo gratuitamente. Ele é assim como o vemos, pronto e acabado, um lutador contra o sistema vigente. Olhos mais do que atentos, Floyd flana nas avenidas e sinais e tem muita história pra contar. Quero tentar resgatar algo disso neste bate papo matinal, quando o buscarei em sua casa e juntos vamos para algum ponto da cidade, quando o esfrega deve acontecer. Se tinha intenção de trazer aqui alguém com a cara e identidade das ruas bauruenses, eis o que de melhor temos, peça fundamental para um entendimento de como se dá a relação dos combatentes com o resto do mundo. Enfim, como Cláudio encara este mundo, como sobrevive diante de tanta iniquidade e o que faz para mudar o estado de coisas? Conversar com ele e entendê-lo é fundamental.

Semana passada ele recebeu uma baita homenagem vinda de outro poeta local, o seu Brandão, quando numa missiva publicada na Tribuna do Leitor, nos encantou com algo mais sobre como encarava o livro recém lançado do Floyd, sua poesia e o modo de vida. Leia abaixo o texto de José Carlos Brandão, ilustrando o que virá pela frente no bate papo de logo mais: "O BUKOWSKI DE BAURU" - JC, 13.03 - link: https://www.jcnet.com.br/.../794534-o-bukowski-de-bauru.html. Se conseguir seguir a pegada do Brandão no bate papo ao vivo já teremos um considerável ganho, pois são essas pessoas as merecedoras de espaço e consideração.


Olha o que dele escrevi em 28/05/2021, publicado no blog Mafuá do HPA: "CLÁUDIO DOMINGUES KNOP, o poeta FLOYD dos sinaleiros da Duque de Caxias, vendendo sua poesia impressa em xerox pelas esquinas, é também BLIMER, agora sua nomenclatura, escolhida para lançar o que faz em forma de livro. Seu livro está distribuído pelas ruas de Bauru, entregue de janela em janela, dentre as pessoas que compram suas folhas. Na junção daquilo tudo, eis mais do que um livro. Ele não produz somente o que distribui nas esquinas, pois tem muito mais a oferecer e o faz também pela página de sua rede social. Blimer se desdobrou para lançar seu livro, ou melhor, ainda se desdobra, pois junta forças e tenta vender seu livro de forma antecipada, reunindo amigos e admiradores. Divulga seu fone, 14.965843491 e assim espera conseguir pagar a impressão e espalhar por aí algo novo. Será seu primeiro livro, pronto e já na gráfica, contando com amigos para diagramar, a preparação de bastidores. Sua poesia é a do asfalto quente – diria, fervendo -, pulsante e assim, igual ao que escreve, toca sua vida, atribulada, intensa e pulsante. Só ele sabe as condições para escrever e produzir, mas é assim mesmo, entre trancos e barrancos, sua cria está sendo parida e “Memórias de Blimer”, o título deste pontapé inicial, estará nas ruas, esquinas e para quem não o conhece, eis algo retirado de sua página na internet, pois assim, já vão se inteirando das possibilidades do assumido estradeiro".

Em 13/09/2018 publiquei pequeno entendimento que tinha sobre ele: "CLAUDIO VENDE POESIA NOS SINAIS DE TRÂNSITO DE BAURU - Reencontro o baita amigo Lázaro Carneiro hoje pela manhã no centro da cidade. Na parada para o obrigatório papo, ele me diz do seu desalento, total desencanto com o que vê acontecendo, essa inabilidade para nos aproveitarmos do momento atual e virarmos logo essa mesa. Diante da passividade quase geral, ele não mais produz, acabrunhado me diz: “Tudo o que você vê meu lá no facebook não é novo, tudo velho, reproduzido de tempos atrás”. Percebo esse seu estado de espírito se multiplicando, mas alguns estão por aí poetando como nunca, até como meio de sobrevivência e como forma de ir multiplicando uma ideia diferente da que grassa nas esferas golpistas de poder desses sombrios tempos. Conto a história de um que vejo remando contra as marés nos sinais de trânsito desta cidade.

CLAUDIO DOMINGUES DOS SANTOS, 37 anos, mora em Bauru e estuda Psicologia na Faculdade Anhanguera. Nada sei dele, além do fato de vê-lo regularmente diante dos sinais de trânsito da avenida Duque de Caxias, entre a Saint Martin e Agenor Meira vendendo suas poesias aos que por ali param. Sempre de bermuda, óculos escuros, barba por fazer, mochila nas costados e numa das mãos um punhado de papéis. Chega com seu jeito malemolente e oferece algo inusitado aos motoristas: a sua poesia. Muitos já o conhecem e as moedas circulam de uma mão para outra. Em alguns casos ele ali com o corpo vergado fica a explicar dos motivos de poetar e ter que divulgar seu trabalho desta inusitada forma. Ele não se faz de rogado, vai de veículo em veículo e já sabe o tempo a ser utilizado em cada parada diante dos minutos em que o sinal permanece fechado. Faz companhia para tudo o mais nos sinais da região, convivendo num compartilhado espaço, cada um sabendo muito bem como não invadir o do outro, enfim, o mundo é, supostamente, para todos. De uma das poesias comprada dele, o Poemas Persuadictos (parte vinte) extraio algumas linhas: “Estou perdido no meu mundo organizado/ Onde tudo está certo/ E nada pode estar fora do lugar/ Num constante contato/ Com seres de outros planetas...”. Cláudio deve não só fazer contato com seres de outros planetas, mas deve ser um deles, pois flana com seu jeitão no meio dessa bagunça desorganizada, indiferente a tudo o mais, só pensando no cumprimento do seu objetivo para aquele momento. Consegue arrebanhar alguns trocados a cada investida nas ruas e assim toca sua vida. O vejo assim, um ser meio que deslocado deste mundo, num outro estágio, mais elevado, mas necessitando (ainda) das “platas” para continuar sobrevivendo. Inventou um jeito de conseguir seu intento e dele faz o melhor uso possível. Não me perguntem mais nada dele, pois nada mais sei e nem me interessa. O que sei me basta, um poeta de nossas esquinas. Cada um poeta ao seu modo e jeito, esse o dele. Seu facebook para contatos imediatos é:.facebook.com/claudio.domingues666".

Pois este será o entrevistado de hoje para o 83º Lado B. Sintonizem por volta das 9h da manhã e acompanhem o esfrega, que deve ser divinal - ao menos prometo tentar. Vamos juntos?

EIS O 83º LADO B, HOJE COM O POETA DOS SEMÁFOROS, CLAUDIO FLOYD E A ADMIRAÇÃO POR BAUDELAIRE - Uma hora de reveladora conversa sobre a atuação e inspiração do poeta bauruense comparado a Bukowski. Eis o link da gravação com exatos uma hora de duração: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1284415045399988

Inenarrável conversa, dessas marcantes. Eu e ele, tomando uma cervejinha gelada numa manhã dominical, nos entregamos à fala. Marcante sua repulsa por esse desgoverno abominável hoje no comando do País. A conversa rendeu...

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