quinta-feira, 2 de junho de 2022

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (104)


O RESULTADO DA CEI BAURUENSE E O POVO NAS RUAS EM BUENOS AIRES - PRESSÃO NAS RUAS É PRECISO
Ontem, os vereadores bauruenses apurando a aquisição de imóveis pela Secretaria de Educação, todos feitos no final do ano passado e por decisão isolada da alcaide Suéllen Rosim, declaram que, ocorreram vários indícios de irregularidades e ela podendo incorrer no crime de responsabilidade. Se o bicho vai pegar daqui por diante, só mesmo um indiciamento e o processo ganhando corpo, com o Judiciário fazendo sua parte. Ontem em Marília, a Polícia Federal interveio na Secretaria da Educação daquela cidade e fica a dica para averiguar mais detalhadamente o que ocorreu por aqui. Seria bom tudo ocorrer o mais breve possível, para abreviar o sofrimento bauruense. Escrevo isso e assisto, também de ontem, manifestação nas ruas de Buenos Aires.

Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Explico. "O Obelisco de Buenos Aires foi mais uma vez o epicentro dos protestos contra o governo da cidade de Buenos Aires , devido ao descaso com as cozinhas comunitárias nos bairros populares. De lá se mudaram para a sede do Executivo chefiado por Horacio Rodríguez Larreta. A modalidade da reclamação foi um “ollazo” , realizado por um grupo de organizações que se encarregam de dispositivos de contenção social no bairro do Parque Patricios. Eles exigem assistência para refeitórios que estão "sobrecarregados" por pessoas de todas as idades desempregadas ou com empregos precários", publica o jornal diário argentino Página 12.

E o que quero comparando o que ocorre aqui com o que ocorre ali? No nosso caso, algo escabroso em curso e a maioria do povo assistindo de longe, aguardando que tudo seja resolvido via judicial e lá em Buenos Aires, com tradição de ir pras ruas, protestar e com o bloco na rua, a necessária pressão nas ruas. Confesso sentir falta disso, do povo nas ruas aqui em Bauru e no país num todo. Precisamos resgatar isso o mais breve possível, pois a sacanagem presenciada neste país merece não só o povo nas ruas, como ele decidindo o seu destino.
Comparo as situações e sinto inveja do que vejo lá. Precisamos muito de povo nas ruas.

Estamos as vésperas de uma campanha eleitoral onde o outro lado, além de armado, perigosos, pregam algo contra a democracia e só com o povo nas ruas calaremos as vozes do autoritarismo. Pressão e massa nas ruas, todas as horas e dias, só assim a gente muda este país. Gosto de ver a disposição histórica do argentino de ir pras ruas, mesmo que isso também não resolva tudo por lá, mas os movimentos sociais de lá não desistem e estão nas ruas todos os dias. Quem conhece Buenos Aires sabe disso. Não existe um só dia onde não ocorra uma manifestação nas ruas. Rua é tudo, principalmente para transformar a coisa em algo mais palatável e expulsar de vez os detratores e perversos.
OBS.: As três fotos aqui publicadas são de autoria do bauruense Beto Castilho, que está neste momento em Buenos Aires e me envia algumas de suas andanças pelas ruas daquela cidade. Ele, como eu, não perde uma manifestação. Está em todas. Ruar é preciso.

MANACÁS, CAIXA ALTA, O MURO E O DESCASO
O Minha Casa Minha Vida foi um louvável projeto. Atendeu a contento a incumbência de proporcionar moradia para brasileiros de baixa renda. Uma das falhas do programa eu credito a pouca fiscalização junto das construtoras. Muitas das edificações apresentaram problemas estruturais e isso se deve pela forma como se deu a construção de muitos conjuntos habitacionais. Deixando de atuar com rédea curta junto a estes, muitas das construções saíram meia boca e com problemas para seus moradores. Um destes resulta no noticiado essa semana no Residencial Manacás, no Jardim Nova Esperança, aqui em Bauru.

O financiamento ocorreu através da CEF - Caixa Econômica Federal, o banco governamental e a construtora dessa obra foi a Caixa Alta. A finalização da obra se deu ano passado, portanto, bem recente e foi mais do que um parto sua entrega. Adiada inúmeras vezes, paralisada outro tanto, foi concluída após luta na Justiça e algumas ocupações no local. Foi os moradores adentrarem o local e notarem uma série de problemas. As reclamações quase nunca foram atendidas e o público morador de baixíssima renda, de aproximadamente R$ 1.800 reais mês. Muito descaso, culminando com constantes falta de água encanada. Dias atrás um muro de quatro metros de altura começou a tombar e ameaçando cair sob a lateral de um dos prédios. Atrás do muro um barranco e com a chuva, barro.
O local foi interditado, mas a maioria dos moradores não tem para onde ir. E mesmo indo para hotel pago pela Caixa, temem perder o que possuem com roubos. Muitos enfrentam o perigo e contam com a sorte. O vazamento é interno, portanto responsabilidade da construtora, que até hoje pouco fez diante das reclamações. Agora, diante do eminente risco, a Caixa resolveu acionar a Construtora e algo está sendo providenciado. Mas por que só agora? Os moradores já se mudaram para lá reclamando e nada foi conseguindo. O escândalo que foi e continua sendo a construção de muitos desses empreendimentos é mais do que uma caixa preta ainda não aberta. Ganham sempre muito, sempre pedem e conseguem gordos aditivos. Mas as construções deixam muito a desejar, num evidente descaso para com as construções populares neste país. Uma só constatação, a de que quando em projetos para o povo mais simples, o desleixo é a utilização de produtos inferiores. Trato mais do que diferenciado, pois quando levantam edificações para as camadas mais abastadas, a incidência de problemas da natureza do que ocorreram no Manacás é quase nula. Tudo começa por aí.
Obs.: As fotos foram tiradas do publicado no diário Jornal da Cidade, daqui de Bauru.

outra coisa
ALEXANDRE DE MORAES EXTRAPOLA SUAS FUNÇÕES - UM PERIGO - CINCO PONTOS DE VISTA QUE CORROBORO, TODOS DE BRENO ALTMAN
1.) UMA COISA É UMA COISA...
Não tenho simpatia pelo PCO, de cuja imprensa sou alvo costumeiro. Mas não é isso o que agora importa. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, suspendendo as redes sociais desse grupo, é um ataque às liberdades de todos os que ousarem se manifestar contra o Estado.
2.) PROGRAMA MÍNIMO
A liberdade de expressão, mesmo que seu uso seja ameaçador, deveria ser considerada um direito absoluto, imune a qualquer processo criminal ou censura. Infâmias, calúnias e difamações deveriam responder exclusivamente a processo civil, com multas pesadíssimas. Textos e imagens específicos, jamais redes ou meios de comunicação, poderiam ser retirados de circulação, mas somente no caso de mentiras comprovadas em juízo.
3.) TODO CUIDADO É POUCO
Não é alternativa razoável, para a esquerda, substituir o bolsonarismo pelo governo da toga, força autoritária e restauradora da hegemonia liberal-burguesa. A vitória de Lula tem que abrir portas à democratização radical do Estado, através de novo processo constituinte.
4.) TRISTEZA...
Vivi para assistir essa degeneração... gente supostamente de esquerda defendendo a decisão do STF contra o PCO, suspendendo suas redes sociais, sob a consideração de que devem mesmo ser proibidos e punidos ataques verbais contra instituições do Estado e seus dirigentes.
5.) QUESTÃO DE PRINCÍPIO
Inadmissível, antidemocrática e inconstitucional qualquer punição a quem apenas se expressa contra instituições ou seus integrantes, mesmo em termos agressivos. Aplaudir restrições às liberdades alimenta o poder oligárquico, mesmo quando parecem ser "em defesa da democracia".

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