quarta-feira, 12 de outubro de 2022

BAURU POR AÍ (208)


O VENDEDOR DE BANDEIRAS E MINHA INQUIETAÇÃO
A cena dessa foto muito me intriga. A vejo quase todo dia ao abrir a janela do apartamento onde moro e lá do outro lado da avenida Nações Unidas, junto da praçAqui onde morto são a da Paz, o vendedor de camisetas de times de futebol, agora também de bandeiras do Brasil. Iguais a este, outro tanto, todos espalhados cidade afora. A praga das bandeiras, antes símbolos da nação, hoje representando o conservadorismo latente em parcela significativa do eleitorado e do povo brasileiro. Não dá mais para ter orgulho e nem vontade de ostentar no peito a camisa verde-amarela, muito menos fixar uma bandeira brasileira na janela de sua casa ou sair com ela tremulando da janela do seu carro. São agora símbolos do bolsonarismo, deste mal do qual o Brasil está acometido e como praga se mostra pelas ruas. Aqui onde moro são cinco bandeiras brasileiras e justamente a minha, também brasileira, mas com dizeres bem explícitos e ocupando todo o espaço, para ser lida e entendida, um sonoro "Fora Bolsonaro". Nada disseram das outras, mas sim da minha, pois essa é a que incomoda. Por sorte, não estou só e no dia do pleito, mais duas, muito mais ousadas que a minha apareceram, duas vermelhas, algo simbolizando o PT e sua luta para hoje, representar a saída contra o advento do fascismo ganhando corpo e querendo se instalar, tomar conta de nossas vidas.

O vendedor de bandeiras é só mais um trabalhador tentando ganhar algum, numa atividade precarizada e, diante da oportunidade, o momento do aumento da venda das bandeiras, investe nisso. Conversei com alguns destes - não com este especifico da praça da Paz -, a maioria nordestinos, cientes do papel deles no próximo pleito de segundo turno. O nordestino sempre foi um forte e estes o são ainda mais. Fazem parte de uma rede e estão pelas esquinas, abastecidos e empregados por um esquma de distribuição de camisas de futebol, toalhas e afins, incorporando a bandeira desde o advento da sua utilização. Passou a ser um filão de mercado, rentável para estes. Dias atrás, falei com um destes e ele me contava os detalhes de seu ofício, sem nenhuma regulamentação, explorados na essência, mas tendo algo em comum, a consciência de classe e a necessidade de ganhar algum, algo não encontrado em outra atividade, daí se juntam e estão pelas esquinas, num comércio ambulante e a satisfazer o que o momento pede para ser vendido. Se hoje joga o Corinthians e o Flamengo, as esquinas estarão infestadas de bandeiras destes times. No momento também a do Palmeira,s quase campeão antecido do Brasileirão 2022, no mais a bandeira, que vende muito aqui no estado de São Paulo, onde o conservadorismo grassa e agora é motivo de exibicionismo.

Na foto vejo o vendedor estendendo novo varal e ampliando o leque dos que passam e observam seu produto ali exposto. Da janela o vejo e observo seus movimentos. Minha tristeza vai além da cena. Primeiro, por vê-lo em trabalho precarizado, quando poderia estar atuando pela aí com carteira assinada, algo pelo qual nem mais passa pela sua cabeça. A tristeza maior é essa, vê-lo ali quase sem esperança de dias melhores. Se vingar o que pregam o que está por detrás da simbologia dos que hoje se utilizam das cores da bandeira, o trabalhador perderá ainda mais. Já perdeu muito, mas estará num beco cada vez mais sem saída. Depois, ao ver essa bestial utilização e apropriação deste símbolo pátrio como o signatário do fascismo, dos fedensores do genocídio ocorrido no país, a necessidade imediata de reação. Não dá mais para esperar sentado e clamar por alguma mudança vendo a bestialidade progredir. se faze necessário reagir. Amanhã poderá ser tarde e hoje ainda é possível esgrimar e combater o mal maior ganhando terreno. Por sorte, Lula ainda mantém a dianteira e nele estão concentradas toda a esperança de retorno deste país a alguma normalidade. Foram eleitos muitos pérfidos, com mente deturpada e atuando com o ideal miliciano destes tempos, desconstruindo o país, mas assim mesmo, algo vindo do Governo Federal pode incutir uma mudança de rumos. Só com Lula, não temos mais nenhum outra opção ou alternativa. Espero que, com Lula eleito, consigamos resgatar também os símbolos nacionais hoje nas mãos dos que já não defendem o Brasil, mas a perversidade, a exclusão social e pregam o ódio e a violência como mola mestra, conduta deteriorada a desvirtuar e desencaminhar o Brasil. A cena me choca por tudo isso, junto e misturado. Dias melhores virão, mas primeiro existe a evidente necessidade de eleger Lula presidente, do contrário a reversão durará décadas e o Brasil definhará em todos os sentidos e meios. De hoje até 30/10 não se trata de torcida, mas de atuação. Eu atuo, luto bravamente, pois sei tudo o que está em jogo.

AMANHÃ SERÁ TARDE
"Violentos, na primeira noite eles se aproximaram e destruíram fundamentos sagrados das religiões de matriz africana.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: comparam quilombolas a animas a serem pesados em arrobas, tacam fogo nas matas, profanam terras sagradas, xingam, violam, atacam Judeus e todos aqueles que não professam a mesma fé no negacionismo e no ódio.
E não dizemos nada.
Até que um dia, também violentos, atrevidos e cheios de ódio, profanam a festa de Nossa Senhora Aparecida, ocupam o Santuário, agridem pessoas, vaiam o sacerdote, arcebispo de Aparecida, atacam e desrespeitam os fiéis. E o "mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."
(Texto inspirado e utilizando trechos do poema, No Caminho com Maiakóviski, de Eduardo Alves da Costa - algo bastante apropriado ao dia de hoje, 12/10, após assistir às arruaças e uso político do dia de Nossa Senhora Aparecida)", Célio Turino.

ESSO MACIEL HOJE

Esso Maciel está bem. Estive com ele pela manhã e voltarei a estar à tarde. Está mais do que amparado e depois de alguns dias do ocorrido, está refletindo melhor, conseguindo juntar tudo o que lhe ocorreu e como vai ser sua vida daqui por diante. Ele bem sabe que, não vai conseguir reconstruir tudo no formato como vivia até então e nas conversas, ele entende bem isso. Sabe da luta do grupo próximo a ele, em busca de um imóvel, sua nova casa e nela a não possibilidade de trazer ou ter novamente tudo o que tinha na sua queimada. Tudo é uma construção e com o passar dos dias, ele vai aceitando e na base do diálogo, iremos todos juntos, construir algo onde ele possa viver feliz, da sua forma e jeito. Nada é fácil, mas a vida é assim mesmo. Tudo é construção...
OBS.: Ele, quando disse que queria fotografá-lo, fez pose diante da pousada onde está por estes dias e quiz ver as fotos, só permitindo a publicação após sua aprovação.

O "L" DE LULAR (10)
Cruzo sem querer querendo com o padre Matheus Brito num supermercado da cidade. Ele é atuante da Humanidade Livre, a igreja que, inicialmente era conhecida como a do excomungado padre Beto e hoje, praticamente é tocada por ele, num templo nas imediações do Beija Flor. Matheus é atuante e não hesita em tomar posições, algo a diferenciar da maioria dos religiosos. Professor de Filosofia na rede pública estadual, nunca escondeu algo de suas preferências por um Brasil mais justo e sem as desigualdades hoje perpetuadas. A conversa com ele sempre flui por caminhos libertários e hoje, evidente, só poderia estar ao lado de Haddad governador e Lula presidente. Sua foto está nessa galeria e com toda a pompa, pois é corajoso suficiente para assumir sua posição e com a certeza dela ser a esperança de devolução do Brasil para dias muito mais altaneiros que os atuais.

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