sábado, 22 de outubro de 2022

DIÁRIO DE CUBA (224)


O CARA DA HILLUX EU ENTENDO, MAS ESTE AQUI ME DÁ UMA DOR INCONTIDA
"Sim, a democracia pressupõe o direito à liberdade. Mas eu pergunto: o que leva um cidadão brasileiro nestas condições aparente votar em um candidato que tirou e vai exterminar com todas as conquistas sociais das camadas mais pobres? A ignorância política e a falta de consciência de classe pode nos levar aos caos absoluto", jornalista de Carta Capital e meu amigo René Ruschel.

Eu poderia escrever muito mais do que o faço neste momento. Concluo com uma observação lacônica, sentida e de alguém buscando não convencer ninguém, mas demonstrar o óbvio para quem ainda não consegue enxergá-lo. Enfim, os caras de caminhonetes enfeitadas com bandeiras do Brasil passam por mim e nada fazem, não me provocam, só ostentam sua preferência, mas o cara da motocicleta, esse faz questão de passar e me espezinhar. Só ontem, dois destes ao passar pelo meu carro e o vendo com adesivos do Lula e Haddad no vidro traseiro, xingam e provocam. Os dos carrões se posicionam pelo que representam, estes outros, infelizmente, são iludidos, ludibriados, incautos no processo. É com estes que precisamos mais e mais conversar. Impossível não entenderem o que se passa após uma bela conversa. Acredito nisso.

Um vizinho aqui de onde moro, dias atrás no portão me dizia algo parecido: "Eu e tu, pelo bem pelo mal, vamos tocar nossas vidas após a eleição. Seguiremos quase do mesmo jeito, mas a classe trabalhadora, os remediados, os autônomos e carregadores de lanches em motos, todos sem carteira assinada, esses vão sofrer muito mais do que já o fazem hoje e mesmo assim estão optando por votar contra seus interesses. Eu não entendo". É disso que escrevo.

A ÚLTIMA DAS ÚLTIMAS - ESSA É PRA ACABAR
Quando escrevo aqui dessas cabeças e mentes totalmente desvirtuadas, não exagero. Simplesmente constato algo da insanidade em curso. Mais uma, dessas para endoidecer gente sã. Num famoso bar/restaurante desta cidade, coração de sua Zona Sul, a garçom parda, portanto negra, atende as mesas e numa delas, o "refinado" senhor chega com os seus e se sente incomodado por ser atendido com moça de cabelo crespo. Pede para ser atendido por outra pessoa. Deve ter sido bem explícito, pois um rapaz branco troca de setor com ela e tudo prossegue sem maiores ocorrências.

Essa história foi contada para comerciante das redondezas, que ao me encontrar relata o ocorrido. O pior ainda estava por vir. Essa comerciante me diz, incrédula, ter comentado com ela sobre o ato de racismo, se nada iria fazer e sua resposta, mais ou menos essa. "Não, meu patrão me aconselhou a deixar pra lá. Disse que tudo isso vai passar com Bolsonaro ganhando de novo e esses petistas não mais incomodando o país, querendo tumultuar com tudo". Quase caiu das pernas. "Fiquei sem ação, na verdade, sem chão. Inacreditável ter ouvido isso da moça. Como pode ela não estar entendendo nada. Eu até queria sentar com ela, tentar algo, mas estava atendendo outras pessoas. Essa história não me sai mais da cabeça. O que fizeram com a mente do povo brasileiro, hoje defendendo quem o oprime", me diz.

ISSO É LUTA DE CLASSES*
* Eis meu 80º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição nas bancas hoje pela manhã:
“Luta de classes é um fenômeno social marcado por uma oposição de ideias entre grupos diferentes. Essas visões antagônicas podem ser observas em diferentes esferas e muitas vezes referem-se à defesa de próprios interesses. A expressão originou-se a partir da teoria do sociólogo alemão Karl Marx”. Ouvi durante estes tempos, variadas bocas e lugares, algo dela ter se findado. Impossível.

Nunca a luta de classes foi mais evidente como neste momento brasileiro. Hoje, com esse acirramento de posições muito bem demarcado nas ruas, bem nítido, a possibilidade de diferenciar quem está de um lado e do outro da contenda. Essas diferenças se apresentam, como num piscar de olhos. A grande benfeitoria do Brasil hoje é o fato de não mais ser possível ocultar a linha de pensamento e ação de um e outro. Não dá mais para se passar por bonzinho não o sendo.

Exemplos. O cara que é racista, não consegue mais se segurar, como os contratantes do show em Porto Alegre com o Seu Jorge. Aqui em Bauru, um sujeito bem intencionado (sic) ao entregar marmitex para pessoa com dificuldade financeira, sabendo ser ele eleitor do Lula: “Essa a última, viu! Vá pedir a próxima pra ele”. O empresário pressionando seu funcionário para votar no seu candidato, no caso Bolsonaro, com ameaça de demissão se Lula ganhar.

Nunca as relações trabalhistas estiveram tão desajustadas como neste momento. Carteira assinada e piso salarial se tornaram luxo, algo excêntrico. A exploração do homem pelo homem está mais evidente e até a Justiça do Trabalho está na berlinda, quase sem utilidade. Nessa licenciosidade, alguns lucram mais do que antes e, por outro lado, o trabalhador se vê cada vez mais acuado, sem direitos e sem a quem recorrer.

Quem ousa reclamar da situação de exploração é logo taxado de petista e comunista. Ambas qualificações não são pejorativas, muito pelo contrário, são na verdade, inadequadas. Dessa confusão, fica muito evidente quem explora e quem é explorado. “Eu só contrato quem não quiser se sindicalizar e pense igual a mim”, são frases usuais. Toda uma legislação de proteção está sendo desmantelada e a isso dão o nome de modernidade.

A luta de classe se mostra como uma chaga, muito desigual e ainda por cima, pedem para achar tudo normal, mesmo quando, neste exato momento, o presidente encaminha projeto para reduzir o salário dos aposentados e se utilizar do dinheiro em benefício do tal Orçamento Secreto. Para “eles”, os malversadores da vida humana, isso não se trata de luta de classes e sim, um ajuste natural nas condições de trabalho. Na verdade, sem voz e força, querem todos subservientes como na Idade Média, diria mesmo, escravos. Com o voto numa das candidatura isso se consolida de vez, noutra, alento e esperança de, no mínimo, resgate do que já fomos.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

ISSO NÃO É VENEZUELA, É O BRASIL BOLSONARISTA
Tenho comigo, até pelas leituras feitas ao longo da vida que, não há liberdade em uma sociedade desigual, e não há igualdade verdadeira em uma sociedade sem liberdade, dado que, se não há liberdade, alguns poucos desigualmente dominam aos demais. Isso, para mim, é mais do que nítido em nossa sociedade. Conquistamos tudo até hoje através de muita luta. Todas elas e tantas outras constituíram o que chamamos hoje de democracia e de direitos. Trata-se de um tesouro ainda insuficiente para uma sociedade totalmente justa, mas nem por isso menos preciosa. Um tesouro amealhado não pela tinta do papel, mas pelo sangue das calçadas do sacrifício de nossos antepassados. É mais do que um dever de cidadania zelar pela sua preservação e possível ampliação e entregá-lo às novas gerações. Com o resultado dessas eleições podemos fazer exatamente o contrário e por tudo a perder, jogar tudo na lata do lixo e deixar que, malucos e abilolados construam algo totalmente insano, nem um pouco justo e só favorecendo "eles", os vendilhões destes tempos. Deixar é outra coisa e estamos muito quietos e permitindo que isso ocorra sem muita reação, principalmente nas ruas. Escrevo isso baseado em algo que li do jurista Pedro Estevam Serrano, uma de minhas fontes de inspiração nestes bicudos tempos.

OUÇAM ESSA MATÉRIA DA BBC: *Cristãos relatam perseguição em igrejas a quem não apoia B0z0 A LAVAGEM CEREBRAL OCORRENDO DENTRO DAS IGREJAS FOGE DE QUALQUER PRECEITO RELIGIOSO
Compartilhem para expulsar o diabólico das igrejas  Eis o link da matéria jornalística:https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/pfbid0fkFe5EvhbEt6WfAUcxzijAqG3VRpLJMcEjNfRxRdxRp5v8qZbm4kEj6Xo66jPrQil


O "L" DE LULAR (20)
Destes que não saem das ruas, destaco estes dois, em foto minha no Calçadão da Batista, mais precisamente na Esquina da Resistência. Ele é o presidente do PT Bauru, Claudio Lago e ela, militante de anos, evangélica neopentecostal da igreja do pastor e ex-vereador Luiz Carlos Valle, Karen Romano. Ela é daquelas não aceitando imposições, nem que lhe façam a cabeça. Diz continuar na igreja, pois acredita na palavra, muito menos nas pessoas e assim segue discutindo muito, sempre ao lado dos candidatos petistas, como neste momento, com Haddad governador e Lula presidente. Se querem conversar com alguém da resistência dentro do mundo religioso e sendo de esquerda, eis alguém com a cabeça muito arejada. Hoje mesmo, ambos estiveram em atividades nas ruas bauruenses, se medo de ser feliz, mostrar a cara e defender o que pensam.

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