terça-feira, 8 de outubro de 2024

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (207)


"DIFICULDADE DA ESQUERDA EM TROCAR DE PELE"
Cá estou eu tentando entender e dar um significiado para tudo o que tem acontecido para com a "esquerda" nestes últimos tempos, principalmente os rumos depois desta última eleição, a municipal, no país num todo. Perceptível que, algo não anda muito bem nessa relação dela com o povo, o eleitor e tudo o mais. Mesmo que a presidenta do PT afirme que o partidso esteja numa processo de "reconstrução", tem algo mais nisto tudo, alguns complicadores, enfim, estariamos nós, os esquerdistas - me incluo nestes, viu! - sabendo jogar e entendo realmente o que se passa do lado de fora de nossa janela?

Pensava nisto tudo, quando o telefone toca e do outro lado uma baita amigo, o Miltão - grandão, o cara - Epstein, do inesquecível restaurante Mió, um paulistano que um dia deixou sua cidade e aportou por aqui, para não mais sair. Pois bem, ele me liga para falar exatamente disto. Queria conversar, mas estavasem tempo, daí me pergunta: "Você assistiu o Roda Viva de ontem com o publicitário Renato Meirelles?". Disse que não. Pede para que perca um tempinho e o faça. Marcamos a conversa pessoal, olho no olho e fico de assistir. Localizo programa pelo youtube e assisto, do começo ao fim. Gosto do que ouço. Eis o link deste Roda Viva: https://www.youtube.com/watch?v=c6aSJMbINSc

Anotei até algumas frases, bem dentro do que estou a pensar depois da última eleição: "Qual o rumo da direita hoje? A direita, como se vê, é muito maior que o bolsonarismo. Temos eleitores da direita muito menos homogêneo que antes. Parte deste eleitorado não queria continuar discutindo e polemizando, brigando com o petista ou a esquerda, mas discutir os problemas de sua cidade. (...) A tendência que veio para ficar é a da busca pela prosperidade, diferente da empreendida pelo PT e pela esquerda, muito em cimado tema CLT, carteira assinada. (...) Existe uma enorme dificuldade da esquerda em trocar de pele. (...) Lula foi enorme, só ele conseguiria derrotar Bolsonaro, mas e o futuro dela sem Lula. (...) Se faz necessário olhar mais para a vida das pessoas, do que continuar só buscando através do olhar acadêmico. (...) Dificuldade de coenexão. (...) Não é pecado sonhar em algo para você e não só pelo coletivo. (...) O Estado Mínimo já existe no Brasil e precisa ser entendido, mudar o discurso e abrigá-lo".

A cabeça ferve pensando nisso tudo. Sempre é bom - nestes e em todos os casos - pensar junto com outros. Daí, as coincidências da vida. O telefone toca outra vez e do outro lado um jauense, conhecido de outros carnavais, o jauense André Galvão, do PV daquela cidade. Ele sai de uma eleição "destroçado", como me diz. Conta detalhes e quando lhe conto do que acabo de ouvir, diz ser sobre exatamente isso o que precisamos conversar. E falamos, rapidamente, pois logo tem que voltar pra sua cidade. Antes de partir diz estarmos "fazendo política à moda antiga, algo que precisa ser repensado, pois definhamos a cada novo pleito. Mudamos ou seremos engolidos". Foi mais ou menos isso.

Junto tudo e penso eu, cá com meus botões. Eu quero mudar? Sei lá se quero, pois aprendi a fazer política de um jeito e o acho correto, mas tenho que concordar, os tempos são outros, as relações trabalhistas são outras e pelo visto, no mínimo, não estamos a entendendo muito bem. O exemplo que ouvi no programa da moca negra, trabalhadora que pegava dois ônibus para se deslocar no emprego com carteira assinada, ganhando muito mal, pouco mais que o salário e hoje, montou seu pequenio negócio, um salão de beleza, onde não se desloca mais como antes, ganha mais e chamou mais duas pessoas para trabalhar com ele. Ganham mais, ninguém está registrado, mas quando ouvem a esquerda dizendo do mal que é este momento, com gente como ela sendo considerada empreendedora, mas explorada, não entende direito e pensa, "eles estão falando mal da forma como encontrei para dar minha volta por cima".

Sim, isso pode e deve ocorrer. E como sair do discurso de só criticar, de desdizer do trabalho como se dá pela aí, sem entender como já é uma realidade. Como continuar insistindo na tecla da necessidade de registo, de leis trabalhistas, de carteira assinada, sem ferir quem já está atuando de outra maneira? Difícil. Essa "troca de pele" não é nada fácil. Eu não quero mudar tudo e começar só a elogiar tudo como vejo acontecendo, o Estado Mínimo já implantando e em curso, pois vislumbro enormes dificuldades pela frente, com redução drástica de aposentados. Sem recolhimento junto ao INSS, sem aposentadoria, mas na cebeça de quem atua, uma outra forma de encarar isso tudo. E como não ferir quem já mudou, continuando a ser trabalhador, porém, sem sindicatos por detrás do que fazem, sem amparos legais, mas a forma encontrada para se safar a estes tempos?

Que conversa longa, hem! Sim, creio eu, estou ainda nos meandros da mesma. Busco neste momento, entender como a esquerda e o PT, onde me encontro, conseguirá ir de encontro a outro momento, entendimento e discurso, sem ferir seus princípios e com outra pele, conquistar essas pessoas. Escrevo isso tudo, mais em busca de ouvir outros (as). Isto deve estar mais do que na pauta do dia, pois está nos compromissando seriamente enquanto força política. Outros tantos - alguns abomináveis -, já se utilizam de outro discurso para conquistar as pessoas e, pelo visto, conseguem atingir seus objetivos com maior facilidade. Enfim, sei, não devo falar só o que as pessoas querem ouvir, mas fazê-la entender também da exploração em curso. Como conciliar isso tudo, sem ser entendido como ultrapassado, fora do seu tempo e não mais conseguindo chegar no coração das pessoas? Por enquanto, conversei só com duas pessoas, assisti um programa de TV e estou, neste momento, ruminando sózinho sobre isto tudo. O momento é mesmo de muita reflexão, até para entender e sobreviver. Como estão a entender isto tudo? Enfim, mudar ou não, trocar de pele ou não, se adaptar ou não, radicalizar ou não?

OBS.: Na sequência das fotos, o Renato, Milton e André. Por fim, uma charge do programa, levando em consideração não ter muita pelo genérico termo "progressistas", um nada original balaio de gatos.

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