quinta-feira, 10 de outubro de 2024

COMENDO PELAS BEIRADAS (152)


QUE TAL UMA CARAVANA BAURUENSE INCREMENTANDO CAMPANHA DE BOULOS NO 2º TURNO DA CAPITAL PAULISTA - RELEMBRANDO ALGO OCORRIDO TEMPOS ATRÁS
Vi fotos, mostradas a mim, numa conversa entre risadas de tempos idos, quando uma caravana de bauruense foi incrementar uma campanha política na capital paulista. Quem me contava algo sobre essa epopéia foi o finado e saudoso Antonio Pedroso Junior. Ele havia participado da saga e a rememorava com a devida picardia. As fotos eu vi, não me lembro se numa postagem dele ou do Pedro Romualdo, um que fotografou tudo num período intenso de nossas vidas, hoje possuidor do maior acervo fotográfico político de décadas atrás neste rincão bauruense.

Pois bem, descrevo como me lembro do ocorrido. Vi fotos de muitos dos jovens de então, creio que, Pedroso Jr, Marcelo Borges, Arthur Monteiro Jr e outros, nas ruas paulistanas, numa contribuição bauruense numa das campanhas de antanho, daquelas que todos estivemos nas "ruas e lutas". Eu creio, sem dar certeza de nada, ter sido naquela campanha do FHC - Fernando Henrique Cardoso -, a para ao Senado, ele começando e todos ainda acreditando piamente em uma reviravolta, com ele sendo um dos próceres. Terá sido nessa? Não sei, lembro de algo envolvendo o jornalista e escritor, também político Fernando Morais. Tudo está envolto em névoas na minha mente, enfim, o tempo ajudou a distanciar tudo. Levo em consideração não ter participado dessa viagem e dessa arruaça paulistana.

Hoje, passado todo este tempo, gostaria de poder reviver algo daquele dia. Para tanto, preciso contar com quem dela participou e ainda esteja vivo. Compartilho com todos os que, acredito possam acrescentar algo, na verdade, esclarecer como se deu aquilo tudo. E por que faço isso neste exato momento? Guilherme Boulos foi para o segundo turno pra eleição paulistana e como se sabe, será uma pauleira sem fim este período até a volta às urnas. Querendo dar meu quinhão de participação, proponho que o ocorrido lá atrás, com a saga envolta em névoas - para mim -, possa ser refeita, desta feita, com a ida de muitos de nós, os ainda propondo que algo novo possa ressurgir e ser possível, diante deste avanço abrupto e quase incontrolável de uma direita pérfida e querendo destruir tudo o que foi duramente conquistado.

Adoraria embarcar numa nave e ir passar uns dias em Sampa, ajudando no que for possível na campanha de Boulos, pois tenho plena consciência da necessidade de sua eleição. Ela é vital para nós todos, da esquerda brasileira. Sei que, muitos poderão me dizer, que nada hoje se decide mais nas ruas e sim, de forma virtual, mas como sou rueiro, gosto deste contato imediato. É o que posso contribuir. Daí, lanço a ideia: vamos pra Sampa ajudar Boulos vencer o bolsonarismo?

A CONVERSA COM A DENTISTA - SÓ ELA FALA...
Precisei sentar novamente na cadeira da dentista, dias após o término da campanha política. Não teve mais jeito, o dente gritou mais alto. Sentei e como somos amigos, começamos a falar, trocar animada conversação. Ela ganhava mais e mais sustância a cada novo diálogo. O tema preferido foi o político, porém sai no prejuízo, pois quando estava no auge da argumentação, eis que, eu lá de boca aberta, ela com a maquininha na mão, me diz em alto e bom som:

- Daqui por diante, não feche mais a boca, não fale mais nada. Só eu posso falar. Entendido?

Entendi a mensagem e me calei, mas ela não parou mais de argumentar e a todo instante. E encerrava cada frase com um:

- Não é isso mesmo?

Eu lá com a boca aberta, sem poder me mexer. No máximo levantava a mão e fazia um sinal de positivo.

Ela não foi votar. Disse já ter perdido as esperanças deste país melhorar. Faço um resumo do que me disse:

- Minha última eleição acho que foi pro Mario Covas, depois me decepcionei de vez. Ele, depois, também falaram algo dele e resolvi, pago a multa, mas não vou mais perder meu tempo. Ainda mais, como desta vez, num domingo, meu tempo de lazer. Eu tenho lá minhas ideias, mas não gosto nem de Lula, nem de Bolsonaro e não quero votar nem em gente ligada a um, muito menos no outro. Outro dia uma cliente me disse que, agindo assim eu não poderia reclamar. Respondi a ela que, sabia disso. Não reclamo, toco meu barco, pago meus impostos e fico quieta. Resolvi levar a vida assim, sem me envolver. Não confio em mais ninguém, pois pelo que vejo e leio, todos são corruptos. Não consigo mais encontrar um que, lá no fundo, eu não detecte algo e o coloque como suspeito de algo errado. Prefiro não arriscar. O sistema gerou isso, difícil quem nãoseja engolido por ele e não participe. Pago a multa, vou lá, pago e pronto, vida que segue. Meu filho, estudante do ensino superior também não queria ir e o aconselhei, ou melhor, o fiz ir votar e usei um forte argumento. Ele quer fazer uns concursos, tem muita coisa pela frente e em todos vão pedir o comprovante de votação, daí no caso dele, não teria como justificar. Foi sem reclamar. Nem sei em quem votou. Eu não, ninguém mais me convence. Não me pergunte se a coisa aqui na cidade está feia, se isso é só atualmente, ou sempre foi assim. Não quero saber, pois pelo que sei todos os últimos deixaram a desejar e agora não é diferente. Não sei se isso é ser conservadora ou não, mas sou assim e não escondo isso de ninguém. Falo como sou pra todo mundo. Gosta de mim quem quer".

Eu queria argumentar, incrementar a conversa e pretendia fazê-lo quando pudesse abrir a boca. Chegou a hora, tinha algo mais a perguntar sobre minha boca, ela me explicou com tanto esmero, me levou até outra sala, tomamos água e por fim, esqueci. Perdi a oportunidade. Enfim, o mal de ir no dentista é esse. Só eles falam e nós, lá de boca aberta, não temos como argumentar. E mais, se discordamos de forma veemente, algo pode nos acontecer, pois quem está com aquele aparelhilho de esmeril na mão são eles.

Saio de lá pensando no que ela me disse, por mais de meia hora. Daria uma boa prosa. Ela gosta de prosear e sabe para que lado pendo, daí, sempre algo salutar, pois ela, quando não estou de boca aberta, fala e me ouve, o que é maravilhoso. Adoro os que, além de falar, ouvem. Gosto dela, talvez outro dia a encontre fora do consultório, daí, eu pedirei, delicadamente, para ficar de boca aberta e lhe darei o troco. Ela é uma ótima profissional.

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