sexta-feira, 16 de maio de 2014

AMIGOS DO PEITO (90)


O BEBÊ E O CÃO PROTEGIDOS PELO PEITO HUMANO
Semana passada estive na cidade do Rio assim num vapt-vupt. Pouco tempo para alçar voos, mas algo foi feito. No MAM – Museu de Arte Moderna uma exposição inusitada e vibrante, a do escultor hiper-realista australiano RON MUECKL. Por ali filas imensas para ver suas obras, nove delas, um quarto de toda sua produção. As obras de Mueck fogem do trivial e estão atraindo frequentadores outros além do habituê. Via-se gente acotovelando-se para ver e fotografar as peças de resina sintética, esculturas representando pessoas, em tamanho natural, agigantadas e anãs, com detalhes muito próximos do real, como o de uma barba por fazer, unhas sujas, feridas, olheiras fundas, vincos na pele, etc. As expressões dos bonecos são de pessoas indiferentes, um tanto distantes, longe de tudo e de todos. Mais que isso, diria que são tristes, desanimadas, talvez pela escolha feita, as situações colocadas. A que escolhi para mostrar aqui irá me remeter a algo que quero escrever a seguir. Trata-se na “Mulher com as Compras”, onde a personagem carrega seu bebê no peito, ao modo canguru, além das sacolas de compras. O que vi denota tristeza, nada desejável para esse nosso mundo real, mas acontecendo muito, ou melhor, cada vez mais. Veja ela aqui: www.mamrio.org.br/exposicoes/ron-mueck/ e aqui www.lab.kalimo.com.br/2013/05/ron-mueck-fondation-cartier/.

A comparação que quero fazer nessa sexta é mais alegre do que a do Mueck. No evento do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, lá no Vitória Régia, dentre todas as fotos que tirei, uma acredito tenho sido uma das mais sensíveis. Não me lembro de quem me alertou para fotografar a cena. Acabei fazendo e acho que encontro agora quem me deu a dica. Enquanto rolava o som lá no palco principal, gramado quase todo ocupado, um casal muito simples, que depois fico sabendo são moradores de rua estavam ali assistindo ao show com seus dois cães. Um deles maior e ao invés de uma coleira, amarrado junto eles com pedaços emendados de pano e dentro da camisa do homem um cãozinho bem pequeno, filhote ainda, protegido do frio e do vento que começava a aumentar gradativamente com a chegada da noite. Pedi a eles para tirar a foto e elas não ficaram boas, mas a cena me marcou. A sensibilidade dele em proteger o filhote de cão dentro de sua camisa.

Assim como a moça lá da exposição (vista depois), quando me deparei com ela, fiz a associação na hora. A diferença é que a da exposição tem uma expressão de muita tristeza e o casal lá no show estavam alegres e cantantes. Dias depois os vi na rua, mas de carro não consegui parar a tempo de saber seus nomes, um papo talvez. Fica para a próxima. Deixo aqui o registro de duas cenas, que nem sei se poderia ser juntadas, mas na cabeça desse mafuento escrevinhador está sendo. Esse é o olhar que gosto de ter para com as pessoas, suas expressões, gestos, movimentos e depois tentar entender um bocadinho só de seus significados. Era o que tinha para hoje minha gente, uma sexta onde queria divagar um pouco e acho que o faço a contento.

Um comentário:

Anônimo disse...

HENRIQUE

Eu ja vi esse casal, realmente eles tem muito carinho msm pelos cachorrinhos, qdo recebem alimentos, eles sempre se lembram deles, é muito bonito o apreço q eles tem, e muita gente abandonando porai suas criação.

Suhh Braga