domingo, 10 de junho de 2018

BAURU POR AÍ (153)


ACONTECENDO O “ARRAIÁ AÉREO”, MAS A CARA DE BAURU SERIA MAIS PARA UM “ARRAIÁ FÉRREO”

Aqui perto de onde moro tem mais um arraiá, dentre tantos acontecendo por esses dias de junho aqui na aldeia bauruense. Quermesse tem para todos os gostos e santos. Não fui (ainda) em nenhuma delas, mas a daqui de perto, pela grandiosidade do que foi produzido merece mafuentas considerações. Trata-se do “Arraiá Aéreo”, no espaço do Aeroclube Bauru, ocorrendo no prolongamento da avenida Octávio Pinheiro Brisola. Estive na primeira e foi um sufoco para andar e querer usufruir a contento do lá proporcionado. Não dava nem para andar. Ontem, frio na cidade, todos com grana curta, vejo que, mesmo com todo o investimento feito, o retorno deve ter deixado a desejar. Das 19h até o final, o espaço estava com pouca gente. Hoje, domingo e com toda a divulgação feita pelo Jornal da Cidade e afins, o local deve ferver.

Gosto de aviões e sei ter Bauru boa relação com eles, principalmente com os planadores, onde alguns aqui da terrinha já galgaram troféus e láureas variadas. Quem não se lembra do Batata? O Aeroclube para mim possui algo de encantador na sua estrutura térrea, pois foi todo feito pela mão de obra ferroviária e nele ainda bem expostos os trilhos usados como estrutura para os galpões. Tudo na história dessa cidade lembra a ferrovia e ela, depois da privatização ocorrida no Governo do neoliberal FHC, além do esquecimento, a derrocada e decadência. Espertos empresários sacaram o filão de juntar a questão aérea e essa aura no imaginário do povão, com a preciosidade de ser daqui o dito astronauta brasileiro, Marcos Pontes, com o espaço desse aeroclube, grandiosa área, as edificações tombadas pelo patrimônio histórico e disso tudo nasceu o tal do Arraiá.

Na divulgação que é feita, massiva, o evento bomba. No local além dos quiosques de praxe, comerciantes variados, tanto do lado interno, como do externo, com trailers e os food-trucks, além dos camelôs com banquinhas improvisadas, todos tentando tirar leite de pedra nesses bicudos tempos. A Prefeitura Municipal de Bauru, por intermédio de sua Secretaria Municipal de Cultura entra com algo de grande vulto, bancando os shows e a instalação da estrutura desses, com palcos grandiosos. O valor investido é alto, bonito de ser visto, mas questionável. Nunca foi informado como se procede a discussão para esse investimento, pois até as pedras do reino mineral sabem que além do caráter beneficente, que fazem questão de difundir, existe uma empresa local administrando tudo e ganhando os tubos com o evento. Nada contra o evento, mas muito a ser questionado sobre o investimento público em algo onde existe o lucro de empresários. A Cultura Municipal tem contrato licitatório com empresa de palcos e dezena deles ocorre em datas previamente estabelecidas. Algumas datas fazem parte do Calendário de Eventos da cidade e algumas, como essa, possuem empresários por detrás. Os critérios precisam ser melhor esclarecidos.

Explico o motivo da cobrança. Dinheiro público não pode estar envolvido com empresários por detrás do pano ganhando grana. Isso é ponto pacífico. Se ocorre, um lamentável erro, passível de crítica e punição. E agora chego no ponto crucial envolvendo Bauru. Muitos fazem questão de negar, mas essa terrinha tem mais a cara do trem do que do avião e pouco, quase nada ocorre na louvação do modal trem por essas plagas. Na recém encerrada greve dos caminhoneiros algo sobre trens e Bauru no fato de aqui não ter faltado combustível, pois o mesmo ainda chega via férrea. Temos uma malha ainda sendo utilizada para carga e esse entroncamento grandioso, edificações férreas de grande porte, o fato de quase todas famílias possuírem extensos laços de pais e netos ferroviários, com a constatação de algo inquestionável, o progresso aqui ter ocorrido por causa dos trilhos. Devemos isso à ferrovia e nem uma mera festa anual em seu nome ocorre a contento. Da mesma forma que hoje vejo o envolvimento da mídia para o “Arraiá Aéreo”, já o vi, pelo menos em sua primeira edição para algo hoje ainda ocorrendo sem a pompa devida, o “Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru”. Muito já escrevi sobre o assunto no Mafuá e aqui o link para localizar alguns desses textos: http://mafuadohpa.blogspot.com/search…. Peço especial atenção para um, o da segunda página, feito após a ocorrência do 1º Encontro, publicado em 04/10/2008, “Um férreo encontro”. Naquela oportunidade até um jornal especial saiu bancado pelo Jornal da Cidade e a estação da NOB bombou. O evento foi perdendo o folêgo, o interesse e quando empresários vislumbraram algo mais além do evento, o aéreo ocupou todo o espaço.

Cabem os dois e mais outro tanto de eventos espalhados pelo ano, mas com grana pública, talvez pegasse melhor o envolvimento num férreo. Esse toque dado é para tentar possibilitar algo mais do que os questionamentos de praxe. A dívida de Bauru com a ferrovia não será quitada nunca, mas ao renegar engrandecer algo com a sua marca, numa promoção dessas de endoidecer gente sã, diante do que aqui exponho, no mínimo algo preocupante. Vejo poucos, muito poucos discutindo seriamente esse viés e dessa forma, ajudam consideravelmente a sepultar o sonho do retorno da ferrovia. E tudo poderia receber um incentivo grandioso vindo de uma cidade com tradição e história férrea. Enfim, um sonho cada vez mais distante.

CINCO DIAS DA COPA DO MUNDO - UM TEXTO POR DIA SOBRE FUTEBOL (03)
Eu sempre gostei muito de ler Marcelo Rubens Paiva e nesse momento vale muito a pena dar uma espiada e considerada no que ele diz sobre torcer para um time que se transformaou em massa de manobra de cruéis e insanos golpistas. Discutível, porém, mais do que compreensível.
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/nao-da-para-vestir-a-camisa-da-selecao-que-virou-simbolo-de-uma-massa-de-manobra-comandada-por-golpistas-marcelo-paiva-para-epoca/

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