SEU ANTONIO RESGATA UMA HISTÓRIA DA IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DA “CASA DOS PIONEIROS” PARA BAURU – BASTA A PREFEITA ENCAMPAR ESSA IDÉIA E RESTAURAR O LOCALAo olhar logo pela manhã recados deixados em meu WahtsApp, um deles veio de um senhor com algo mais que contundente. Trata-se de um sinal de fumaça emitido justamente para mim e vindo de nada menos que de ANTONIO MIGUEL CARNEIRO. Seu Antonio ganhou a vida como motorista e soube ir juntando histórias – e muitas estórias também – na sua cabeça, tanto que depois delas ocuparem bom espaço em sua vida, foi convencido a juntar tudo num livro, o catatau com mais de 400 páginas, “Da Boca do Sertão – Prosas e Versos de um caipira no asfalto”, edição do autor, do ano de 2013. Hoje, mora num paraíso lá perto do aeroporto entra Bauru e Arealva. Vez ou outra vem pra cidade e dessas últimas vindas, o motivo para me enviar um contundente recado:
- Olá meu amigo HPA, bom dia. Ontem passando pela rua Araújo Leite lembrei do senhor vendo a Casa dos Pioneiros naquele estado. Será que o dono do poder, a Prefeitura não teria como dar uma recuperada naquilo ali, pelo menos um pouquinho. Tá vergonhoso. Aquilo ali vai acontecer uma acidente com um desavisado morador de rua. Aí a imprensa vai cair de pau encima. Só que tá lá e ninguém vê, pô. Tá feia a coisa ali. Eu tenho história daquela casa ali. Meu pai e meu avô pernoitavam ali quando eles vinham trazer porco gordo, que meu pai chamava capado. Eles vinham se Soturna, o caminho era por Santelmo e depois subia por uma estrada que sai aqui no que era o antigo Mary Dota. Passava por ali a estrada. Eles pernoitavam ali nessa casa algumas vezes, vinham trazer capados com o carro de boi e fazia transporte lá na Soturna, hoje Arealva. Então eu vi lá e lembrei do senhor. O meu querido HPA sempre está escrevendo aí alguma coisa interessante. Acho que ele podia dar uma cutucada aí para ver se os caras fazem alguma coisa. Que acha?
- Seu Antonio, não imagina o prazer que me dá ouvir o senhor contar essa história que acaba de me contar. Simples, porém muito significativa. Eu ouço de muitas pessoas que, aquela casa não tem importância nenhuma e o senhor acabou de me expor toda a importância que ela teve. Só o relato que, o pessoal vinha de Soturna trazer os animais aqui e pernoitavam na casa, isso deve lhe trazer muita recordação desse lugar. Agora, quanto ao poder público municipal, não dá para culpar só essa administração, que é muito ruim, péssima, fundamentalista, mas outras também não olharam para essa casa. Ali foi denominada de Casa dos Pioneiros, porque talvez seja o último resquício dessa Bauru daquela época. Não tem outra, não sobrou outra e essa aí hoje está um farelo. Não é nem mais ruína. Pra mexer ali terão que ter um cuidado muito grande, pois vai esfarelar. Ela está por um fio. Triste, mas não existe interesse, seu Antonio. A última notícia que essa nossa prefeita nos disse a respeito dali é que ela ia procurar na iniciativa privada pessoas interessadas em fazer a recuperação da casa. Ela não vai encontrar. Ela nem foi atrás e espera que as pessoas vão atrás dela. Ela gasta dinheiro em tanta coisa inútil, desnecessária e deixa isso de lado. Não dá importância nenhuma para isso. Eu vou cutucar de novo a partir dessa fala do senhor. E se o senhor topar vamos lá em frente, gravar essa história, o que lhe remete essa casa. Vai ser muito importante falar das recordações que essa casa lhe traz. Vai ser de uma importância muito grande para gente tentar sensibilizar esse pessoal. Topa? Um abraço, seu Antonio. Tô morrendo de vontade de ir comer um bolinho de fubá aí, hem!
- Então, meu amigo, as histórias que eu tenho são as que meu avô e meu pai contavam. Em 1974, 72, um pouco antes deu casar meu avô veio ali na casa do meu pai ali na Bela Vista e pediu para mim levar ele lá. Ele queria ver onde ele pernoitava com os carros de boi dele. Vinha ele e meu tio, cada um com um carro de boi trazer os capado. E soltava os bois dele na chácara do Seabra, ali no quintal daquela casa. Acho que tinha uma cobertura ali, onde o pessoal deixava eles pernoitarem ali dentro. Eles posavam debaixo do carro, mas em Bauru, o lugar de parada deles e de posar era ali. Eu tenho história que eles contavam. Eu não vivi essa época, né. Isso é um pouquinho da história de Bauru e foi ali vivenciada. Ali no Posto do Silvino estão acabando com tudo, com as coisas antigas ali. Agora ali, eu passo ali e olho e lembro do meu vô e do meu pai.
- Essa história que o senhor conta é a história que nós precisamos resgatar. É o que nos resta para tentar sensibilizar esse pessoal, da necessidade de se manter em pé essa Casa dos Pioneiros. Eu vou fazer um escrito disso, vou publicar ainda hoje, mas eu vou tentar juntar mais pessoas. Vou conversar com a Camila Fernandes, jornalista lá do Canal Brasil/TV Preve. Talvez eu nem precise ir junto. Queria que ela fosse lá com o senhor e mostrando a casa, apontando pra Baixada do Silvino, revivesse as histórias todas que os seus antepassados lhe contavam. Isso vai ser emocionante. E se nem isso emocionar esse pessoal do poder público, aí nós vamos ter que outras forças mesmo para resgatar aquilo, porque se nem isso, que é a última peça que nos resta e a história por detrás dela, se nem isso os mover, aí nós podemos desistir deles. Mas vamos tentar? Posso fazer o contato com a jornalista. Vai ser demais da conta. A gente precisa muito fazer isso ir pra frente. Eles precisam ouvir o senhor contando isso pessoalmente.
- Dizem que um povo que não tem história, não tem passado, mais ou menos isso. Se o senhor acha que eu tenho uma mínima chance, colaboração muito pequena que seja para resgatar a história, pra resgatar o passado da nossa velha Sem Limites, eu posso colaborar. Se ainda sirvo para alguma coisa, quero ser útil. Muito obrigado, desculpa minhas palavras, mas é que eu sou meio ruim com as palavras.
- Hoje, seu Antonio, eu vou botar lenha nessa fogueira. Vou transcrever essa conversa que tivemos. Publico e envio para o Renato Zaiden, diretor da TV Preve e pra jornalista. Eles devem dar prosseguimento nisso e depois deles, tenho certeza, mais virão. Vamos expandir isso para ver se esse pessoal tira a bunda da cadeira e faz alguma coisa. O nosso negócio é colocar lenha debaixo da cadeira deles, pra ver se fazem algo. Vão fazer isso junto. Eu nem preciso aparecer nessa matéria. O que precisa é ser mostrado de uma forma transparente, objetiva, o que precisa ser feito mais que urgente naquela casa. Fiquei muito contente pela lembrança que o senhor teve comigo e vamos passar isso adiante. Baita abraço e creio, o senhor terá notícia em breve disso tudo.
Leiam seu texto e percebam, como qualquer pessoa a gostar de livro, que tenha ido visitar o que foi feito, saindo de lá com uma só certeza: quando tem tudo para dar errado, não dá outra, dá errado mesmo.
"FEIRA DO LIVRO - Neste sábado às 9:00h acaba a 22° Feira do Livro de Bauru com uma apresentação musical e sarau no Jardim Botânico municipal. Um evento que durou uma semana e que não apresentou nada de qualidade para a cidade. Somente atrações
infanto-juvenis e estandes sem vínculos livrescos com o público, não havia uma editora, sebo ou livraria, apenas a Jalovi como representante do ramo. Faltaram escritores, professores e pessoas ligadas ao mercado literário, tudo muito superficial e descomprometido com a verdadeira proposta da Feira, o livro. Um trabalho que assim como a Bienal do Livro de São Paulo apresentou um evento fraco e sem profissionalismo. Já foi o tempo em que Bauru tinha suas Bienais com muitas atrações culturais, livros e escritores palestrantes. Depois culpa-se o brasileiro por ler pouco, mas não poderia ser diferente, a sociedade responsável não faz seu papel como deveria. Um evento como este deveria receber a mais importante atenção de seus organizadores. Afinal esta é uma atividade pouco praticada por nós, os brasileiros.".
Fiquei a semana fora de Bauru e ao retornar, encontro no informativo "Contexto" a melhor expressão de como é a atuação hoje da Cultura Municipal. Sem tirar nem por, desconexão total com a Cultura. Com a cidade, quase sem bibliotecas ramais, todas fechadas, vive-se um momento onde o leitor é o que menos conta. Não tenho as estatísticas, mas pelo pífio trabalho apresentado, devem ter o menos índice de interessados em procurar livros através das bibliotecas ainda abertas. Eu teria vergonha de fazer o que fazem.
OUTRA COISA - Rafael me conta que sua mãe, Fátima Aparecida Ramos, 64 anos, até então só dona de casa, resolveu escrever de uns tempos para cá e com os textos reunidos, disse queria publicar um livro. Ele deu a maior força e neste momento, o "FRASES" - este o título -, está no prelo, quase pronto, tiragem de cem exemplares, umas 30 páginas e os primeiros escritos dela. Algo mais que auspicioso, tanto que, semana que vem vou lá na casa deles para registrar uma conversa com a mais nova escritora bauruense. E para finalizar, precisamos dar uma aula de meios eletrônicos para o Rafael, pois ele quer transformar seu informativo semanal, totalmente bancado por ele, agora sem nenhum anunciante, também com distribuição eletrônica. Escrever bem é com ele mesmo, já como fazer seus textos se multiplicarem pela aí, isso é tarefa que, alguém com disposição de lhe dar uma aula, lhe ampliará os horizontes. Quem topa?
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