segunda-feira, 22 de setembro de 2025


EIS A CULPADA DE TUDO, SALETINHA

Se for escrevinhar e tentar me lembrar de todos que maravilhosamente abrilhantaram a tarde de ontem lá pelos lados do parque Vitória Régia, na resistência bauruense contra os desmandos da PEC da Bandidagem, com certeza, iria citar alguns e me esquecer de outros tantos, todos valorosos e de vital importância para o sucesso total do evento. Hoje, segunda, foi um dia difícil, sem luz em boa parte da cidade, portanto, sem internet, daí consigo sentar só no começo da noite e de tudo o que vi ontem nas ruas, algo mais do que emocionante foi rever a professora SALETINHA - no diminutivo com todo respeito e consideração.
Ela foi paparicada por muitos, todos mais do que contentes por vê-la novamente nas ruas. Quem a trouxe, o também professor Adalberto Retto Jr, me disse: "Ela fez questão de vir. Pediu que a trouxessemos". E assim foi feito. Pessoalmente tenho inúmeras recordações dela, nos meus áureos tempos de USC - Universidade do Sagrado Coração -, quando ali, por sorte, cursando História, cai numa turma das mais louváveis e dois professores em especial marcaram, não só a minha vida, como a de todos os demais, Lidia Possas e Salete da Silva Alberti.
Essas duas quando separadas já revolucionavam a cabeça de muitos, mas quando juntas lá naquele inesquecível momento usquiano - que nunca mais se repetirá, pois já encontram-se num outro momento, muito mais conservador - foram para produzir abalos para o resto da vida na cabeça de seus diletos alunos. Tive o prazer de ser um deles, daí, credencio a ela - tão somente a ela e outros poucos -, isso de ter conseguido me encontrar na vida e do que ali me foi introduzido mentalmente, nunca mais querer mais me dissociar.
Seu apelido, ou melhor, a alcunha chamada por todos é DIALÉTICA. Simples assim. Nos introduziu a teoria e nos empurrou para a prática. A maioria dos ali naquele curso já estavam, mais ou menos , encaminhados para uma vida de resistência e luta, porém, faltava o algo mais e daí, com a "Dialética" fermentando tudo, estamos cá, até hoje e para todo o sempre, conscientes e resistindo, lutando de forma bravia, sem desvios, lutando sempre por dias melhores, não só para mim, mas para o todo. Ela reencontrou muitos daqueles ali na rua na dominical tarde de um domingo, transformado em data de resistência e de luta, pois o que visto e presenciado é somente um cadinho do que poderá vir pela frente, se formos devidamente insuflados para não mais abandonar a cancha de luta, ou seja, as ruas. Na dialética aprendida, a sapiência de demonstrar que, sem luta, sem confronto, sem estar disposto a resistir e sem união de propósitos, sem pressão nada será alcançado.
Sim, eu estou nas ruas hoje e sempre, muito por causa de gente como Saletinha. Ela sabe disso e veio ontem conferir, fazer o que fez uma vida inteira, abrindo mentes. deve ter voltado satisfeita para casa, feli da vida, por saber e ver que, a maioria dos que pssaram pelas suas aulas ali estavam. Ela estava presente para nos reanimar e incentivar a não desistir nunca.

PRADO, VELHA RAPOSA QUE JÁ VIU DE TUDO NA POLÍTICA PAULISTA QUERIA ME CONHECER E ASSIM ESTABELECEMOS CONTATO IMEDIADO DE PRIMEIRO GRAU
Antonio Lazaro de Almeida Prado Jr, o PRADO é militantes destes de uma vida inteira. Éramos amigos internéticos, um observando as postagens do outro e assim se identificando, a ponto de sermos amigos pelo modal virtual. Viemos a nos conhecer pessoalmente, frente a frente, na última sexta, 19/09, quando lá no Bar do Genaro, passou pela cidade o deputado estadual, ex-prefeito de Osasco, Emidio. Dias antes, Prado havia passado lá no Genaro e deixou um recado com o dono do estabelecimento: “Quero conhecer o Henrique”. O recado foi dado e quando Emidio passou por aqui e depois de cumprir extensa agenda, seu último lugar antes de bater em retirada, foi papear com a galera do bar. Foi quando nos encontamos.
Prado nunca foi petista, mas faz questão de apregoar por onde ande, sempre estar atrelado a posicionamentos de esquerda. Seu campo de atuação foi no antigo MDB, tempos do dr Ulisses e todo o universo quando fizeram e aconteceram pelo país. No encontro, diz me ler e cita alguns de meus textos. Puxo conversa e começamos falando de nada menos que o ex-prefeito de Itapuí, o grandão Simão, com uma trajetória recheada de boas histórias, motivo para prolongada conversa. Quem dali se aproxima e adentra o papo é a Camys Fernandes, que coincidentemente é de “Bica da Pedra”, a Itapuí. Prado é também nascido ali, mas com um sobrenome dos mais comprido, poderia ser também de Jaú e adjacências.
Ele foi muito amigo do Pedroso Jr. Falamos muito dele e depois das andanças, não do Chinelo, mas as suas. Prado mora hoje em Sampa, com casa em Assis e por onde passe acaba encontrando um porto para ir se abrigando, como agora, pernoitando nos aposentos do Baracat Junior. Ele, pelo visto, continua fazendo política por onde passe. Assim como Pedroso, este o assunto que o move e girando nas muitas rodas, pelos mais diferentes lugares. E o danado é muito bom de conversa e de memória. Quando dizíamos de Assis, da famosa faculdade de Letras, um dos diferenciais da cidade, onde já passaram Sérgio Buarque de Hollanda e Antonio Cândido, digo a ele que, na última passagem por Bauru, a cantante Cida Moreira conta maravilhas dos seus tempos de faculdade por lá. Foi o suficiente para ele contar detalhes dessa passagem de Cida e de um show sendo engendrado. Ou seja, puxando qualquer assunto, ele desenvolve e a coisa flui de tal maneira, sem ser possível imaginar seu término.
Fomos assim, até quando durou a permanência do deputado Emidio por ali, depois Prado, pega um uber e vai descansar, pois pelo que conta, o dia seguinte é de retorno pra Sampa, após uma semana de andanças e conversas pelo interior paulista. Falamos também de Mino Carta, Fernando Moraes, Marcelo Borges, Ladeira, David Capristano, Reginaldo Tech e de tantos outros. Quem acompanhou parte da contenda foi o jornalista Aurélio Alonso, que circulando por outras mesas, quando via que a coisa fervia na nossa, vinha dar seu pitaco. Prado é desses dinossauros, um que já viu de tudo, conhece a maioria dos personagens não de ouvir falar, mas de convivência, daí, impossível não querer sentar e ficar varando a noite em papos pra lá de elucidativos.
Diz querer voltar em breve, ofereço os aposentos do Mafuá e assim, a possibilidade de ir revirando a memória de quem já vivenciou de tudo, se recusa a aposentar e entregar os pontos. Pelo visto, vai estar na lida e estrada até quando puder e também, continuar encontrando com quem prosear. Encontrou em mim um porto um tanto seguro. Em cada porto, pelo que percebi, segue conversando, algo que faz com enorme desenvoltura. Parar para prosear e ouvir histórias de antanho é algo dos mais prazerosos
.

GENARO VEIO DE CAMPINAS PARA CONCLUIR A ÁRVORES GENEALÓGICA DA FAMÍLIA SCRIPTORE JUNTO DE PLINIO, 92 ANOS DE IDADE
Eu tenho um vizinho pelo qual gosto demais da conta de prosear. Moro num lugar onde não primo por confabular e trocar ideias, considerações e relações amistosas de amizade. Na maioria das vezes existe um cumprimento cordial, sem maiores aproximações. Com unsx poucos, algo mais cordial e fraterno. Dentre estes, PLINIO SCRIPTORES, 92 anos, vez ou outra, além de conversar, passo dos limites e me ponho a escrevinhações, algumas publicadas neste espaço.
Seu Plinio, como o chamo regularmente foi uma peça importante na engrenagem da direção da NOB – Noroeste do Brasil – aqui em Bauru. Atuou boa parte de sua vida ali nos escritórios nos andares superiores da famosa estação, a localizada na praça Machado de Mello. Ele, atuou em postos chave por lá, principalmente como o secretário de muitos dos superintendentes, aqueles senhores que, naquela época eram mais importantes que o prefeito bauruense. Todos os importantões que circularam pela cidade, passavam pelo gabinete do superintendente e, consequentemente, circularam pela sala de espera e atendidos pelo meu vizinho. Suas histórias, depois de tanto tempo, são fundamentais para reconstrução do que foi de fato aquele período histórico. Ele foi mais que isso, pois boêmio, era o condutor de todos os figurões, após o expediente para um lugar, o que todos queriam ir quando em Bauru, a Casa da Eni. Amigo pessoal da dama do cabaré local, em cada reencontro despontam histórias que até deus dúvida. Em muitas, ele me conta o fato, omitindo o nome do seu proponente.
Dias atrás, recebo um contato pelo Messenger, depois conversamos pelo whatts com alguém de Campinas, interessado em conversar pessoalmente com seu Plinio. Tratava-se de GENARO CAMPOY SCRIPTORE, nascido aqui em Bauru, mas mudando-se muito cedo e perdendo o contato com alguns da família. Este senhor é memorialista, já tendo escrito um livro sobre a história de Campinas e sabe muito das origens de Bauru. Ele me procura, diz estar recriando a arvore genealógica de sua família e quando foi consultar algo sobre o Plinio, deu de cara com alguns escritos meus. Nos falamos e passo o contato. Não deu nem uma semana já estava aqui. O reencontro se deu na sexta, 19/09, quando passaram a tarde toda conversando e revivendo parte da história da família. Dele me interessei muito quando me dizia da formação da vila Falcão e de sua origem, sabendo muito da família do senhor que dá nome ao bairro. Fiquei interessado por cruzar as informações coletadas por ele, suas fontes e as que circulam em Bauru sobre nossas origens e primeiros bairros.
Na correria da última sexta, consigo estar com eles no finalzinho da tarde e adentro a conversa. Muito bom propiciar esse reencontro e ver nascendo ali algo mais que produtivo para a finalização de sua pesquisa. Mais que tudo, fico de me aprofundar no algo mais de sua pesquisa sobre os primórdios bauruenses. Enfim, como tudo nessa vida, uma coisa puxa a outra e assim, de uma pesquisa, desponta algo de outra, que até se juntam ali na frente, mas ajudam muito a elucidar algo ainda não muito bem resolvido de nossa história. Pois bem, vejo no Genaro, alguém com um algo mais, para apimentar as pesquisas todas que já vem sendo realizadas. E pra conhece-lo bastou atender o telefone e tudo caiu no meu colo. Falar de seu Plinio, para mim é algo me enchendo de prazer. Em cada conversa descubro algo novo, principalmente das entranhas das histórias da NOB e as envolvendo a Casa da Eny.

domingo, 21 de setembro de 2025

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (244)

TOMAMOS O VITÓRIA RÉGIA, NAÇÕES UNIDAS E PRAÇA DA PAZ - NÃO PEC DA PILANTRAGEM E SEM ANISTIA PRA GOLPISTAS*
* REGISTROS DESTE HPA ATO BAURU CONTRA PEC IMPUNIDADE E ANISTIA PRA GOLPISTAS
Quando o povo vai pras ruas, ninguém segura. Vitória Régia, Nações Unidas e Praça da Paz.
Brasil: Grandes passeatas contra anistia para Bolsonaro e escudo para parlamentares
Uma multidão rejeitou dois projetos de lei que buscam conceder imunidade a parlamentares e uma possível anistia aos responsáveis ​​pela tentativa de golpe de 2023, incluindo o ex-presidente, que foi condenado a 27 anos de prisão.
Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em todo o Brasil neste domingo contra duas iniciativas parlamentares : a primeira é uma proposta de emenda constitucional conhecida como “ projeto de lei escudo ”, que ampliaria a imunidade dos parlamentares , enquanto a segunda propõe uma anistia que poderia beneficiar o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro , condenado por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O principal slogan das manifestações era claro: " Anistia não " . Do Rio de Janeiro a Brasília , passando por São Paulo , milhares de cidadãos expressaram seu descontentamento nas ruas de cidades dos 26 estados do país. No Rio, manifestantes se reuniram na emblemática praia de Copacabana , onde artistas como Caetano Veloso , Gilberto Gil e Chico Buarque , além de outras figuras representativas da cultura brasileira, se uniram ao clamor contra os projetos legislativos.
O dia de protestos foi desencadeado pela condenação histórica de Bolsonaro , que foi condenado a 27 anos de prisão por seu envolvimento no planejamento da agitação social que levou ao ataque à sede democrática em 8 de janeiro de 2023. Nesse contexto, os olhos da sociedade brasileira se voltaram para o Congresso , majoritariamente conservador , a quem acusam de colocar os interesses dos parlamentares à frente dos problemas sociais e econômicos que o país enfrenta.
Nem blindagem nem anistia
Um dos focos de indignação foi a recente aprovação pela Câmara dos Deputados do " projeto de lei escudo ". Essa proposta, que exige que o Congresso autorize qualquer acusação criminal contra deputados e senadores por voto secreto , foi apresentada como uma medida para " proteger os legisladores " de potenciais abusos do sistema judiciário . No entanto, seus detratores a descrevem como uma tentativa de autoproteção e de garantir a impunidade de legisladores envolvidos em corrupção e outros crimes.
O presidente da Câmara, o republicano Hugo Motta , defendeu o projeto de lei, argumentando que se trata de uma medida para evitar potenciais perseguições políticas . Por outro lado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva se opôs à proposta. Seu ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski , manifestou preocupação de que a lei pudesse abrir espaço para o crime organizado no Parlamento , enfraquecendo ainda mais as instituições democráticas do país.
A proposta gerou uma onda de críticas, principalmente no meio artístico e nas redes sociais, onde figuras culturais como a cantora Anitta questionaram a legitimidade de uma lei que blindaria políticos da lei. " Imagine alguém te assassinando e o assassino não pode ser processado sem a autorização dos colegas ", escreveu Anitta em sua conta no Instagram.
O clima de tensão se intensificou quando, no dia seguinte à aprovação do projeto, a Câmara dos Deputados aprovou a tramitação em regime de urgência de um projeto de lei que visa anistiar os quase 700 bolsonaristas condenados , incluindo o próprio Bolsonaro , por participação na tentativa de golpe. Flávio Bolsonaro , deputado e filho do ex-presidente, foi um dos principais proponentes do projeto e justificou a anistia como uma forma de "virar a página" do que ocorreu nos dias seguintes à derrota eleitoral de seu pai.
Em Brasília , milhares de pessoas se reuniram em frente ao Congresso para protestar, acompanhadas por um boneco inflável gigante do ex-presidente, adornado com um bigode característico e sangue nas mãos. Aline Borges , ambientalista de 34 anos, expressou sua indignação, dizendo: “ Estamos aqui para protestar contra este Congresso, que é formado por criminosos, assassinos, corruptos, todos vestidos de políticos, que estão elaborando uma lei que os protege .”

sábado, 20 de setembro de 2025

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (220)


A CIDADE/ ESTADO/ PAÍS CONTRA O CRIME - NÃO EXISTE COMO FALAR DE OUTRA COISA NESTE MOMENTO
Painéis em azulejos, com tema "Direitos Humanos", Estação Luz Metrô paulistano.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (223)


INADMISSÍVEL PETISTA VOTAR FAVORÁVEL A ESSA PEC DA BLINDAGEM PARLAMENTAR E CONTRA O SUPREMO 
Eu sou e continuarei sendo petista, pois não vejo outra trincheira, pelo menos neste momento, onde possa continuar na lida e luta, intransigente e ininterrupta, para que o Brasil consiga continuar soberano e menos perverso. Envergonhado estou, pois é inadmissível um partido como o PT, por toda sua história, com o ideal de sua criação, hoje estar contituído com políticos fazendo acordos descardamente com a parte contrária, como se fosse a coisa mais normal deste mundo. Eu já presenciei momentos lamentáveis dentro deste partido, mas a cada dia, algo novo me surpreende. Porém, mesmo diante dessa absurda ocorrência destes deputados, contrariando tudo o que prega ser petista, votaram favoráveis a PEC da Bandidagem, a que estabelece a licensiosidade por lei, como regra para deputados do Congresso Nacional. Mais que, buscarem estar acima da lei, não sendo punidos pelos seus atos, mesmo quando totalmente foras da lei, fica bem claro estarem também contrários ao que rege hoje o STF, ou seja, o estrito cumprimento da lei. Petista agir assim é o fim da picada.

Não adiante o presidente nacional da legenda, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, pessoa por quem ainda tento nutir muita consideração, vir a público e tentar colocar panos quentes no imbróglio. É impossível fazê-lo, pois a ocorrência é mais do que grave. Ver o deputado federal Kico Celeguim, presidente estadual do PT e outro, até então respeitado, Jilmar Tatto na lista dos que votaram a favor da irracionalidade política é pra envergonhar qualquer um. Algo precisa ser feito e Kico precisa ser imediatamente afastado de suas funções. Traiu o ideal primeiro deste partido. Não existe mais a mínima possibilidade de respeito para com ele diante do voto dado. Perda de credibilidade é pouco para estabelecer o sentimento da militância petista, hoje atuando na frente de batalha, espalhada pelo país inteiro, colocando a cara para bater, enfrentando o deus e o diabo dessa direitona cada vez mais perversa e agora, tendo que além de tudo, presenciar as chacotas a que estamos sendo submetidos.

Mais precisamente aqui em Bauru, o descalabro já ocorre há um certo tempo. Pergunto para Claudio Lago, ex-presidente da legenda na cidade, hoje comandando o Núcleo de Base DNA petista sobre o futuro do PT e da luta: "Vamos continuar no PT diante disso tudo?". Sua resposta: "Sim. Seremos, continuaremos sendo petistas pro resto da vida. O que não concordaremos e não temos como estar juntos é de quem age e pensa como fizeram estes traidores deputados". Sim, o entendo e continuo minha militância junto de tantos companheiros pensando e aginda da mesma forma. Mais do que nunca, com este ato neste momento, fica explícito dos motivos do grupo ligado ao DNA ter renunciado a direção local do PT. Não havia mais jeito de continuar militando junto de ideal, que não era mais o de luta. Continuamos atuando, livres, leves e soltos, sem estar atrelado a atos e atitudes como as vislumbradas neste momento.
 

Entendemos perfeitamente a necessidade do governo Lula de negociar para ter governabilidade e poder ir aprovando algo de louvável dentro dos requisitos sociais. O que não me passa pela cabeça é votar junto de quem é declaramente fora da lei e em acordos, que sabemos, não serão cumpridos. Diante de tudo o que fizeram e continuam fazendo os golpistas, dentro e fora do parlamento, a melhor maneira de combatê-los não será se aliando a eles. Eu não sou igual a eles. O meu Brasil é pela soberania e não pela subserviência.

Daí, no ato marcado para domingo, 21/09, 16h, no parque Vitória Régia, não só o DNA, mas muitos outros segmentos petistas estarão aliados e juntos com outros partidos e instituições comprovadamente de luta, esgrimando contra a aprovação dessa inaceitável PEC. Este sim é o espírito petista que nos mantém na lida e luta. dele não nos afastaremos. Posso me sentir envergonhado pela atitude de alguns e pela justificativa sem noção dada pela direção, porém, o momento me fez continuar alerta e de prontidão, vindo pras ruas com disposição e persevereança. Encerro com uma frase de Malcom X: "Não estamos em menor número, estamos desorganizados". Nos organizando, unidos, não perderemos essa luta, aliás, das mais justas, a de defender o Brasil contra essa invasão promovida pela ultradireita e contra os interesses nacionais.

É ONDE TODOS DEVEREMOS ESTAR NO PRÓXIMO DOMINGO, 21/09, 16H, NAS RUAS E LUTAS CONTRA A PERVERSIDADE EXPLÍCITA DESSA PEC DA PILANTRAGEM DEPUTADISTA



HOJE, A RÁDIO BAURUENSE AURIVERDE É AINDA PIOR QUE A JOVEM PAN E PRODUZ INFRAÇÕES ATÉ PIORES - ATÉ QUANDO CONTINUARÁ IMPUNE?
MPF pede cancelamento das outorgas da Jovem Pan
O Ministério Público Federal (MPF) entrou nesta segunda-feira (15) com pedido para cassar as concessões da Jovem Pan. O órgão acusa a emissora de ter sido peça central na disseminação de desinformação e incitação a atos antidemocráticos durante as eleições de 2022.
O que o MPF pede
• Cancelamento das outorgas de rádio e TV da Jovem Pan
• Pagamento de R$ 13,4 milhões por danos morais coletivos
• Obrigação de veicular conteúdos educativos sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas
• Envio de relatórios mensais comprovando o cumprimento das medidas
Acusações centrais
Segundo a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, a Jovem Pan:
• Veiculou sistematicamente informações falsas
• Incentivou desobediência a ordens judiciais
• Defendeu ruptura institucional e intervenção militar
• Foi “a principal caixa de ressonância para discursos golpistas” no país
O caso Paulo Figueiredo
O ex-comentarista da emissora é citado 72 vezes nas alegações finais.
• Ele teria recebido informações de militares golpistas em 2022
• No programa “Pingos nos Is”, expôs nomes de comandantes que resistiam à pressão golpista
• O MPF diz que ele teve “papel de destaque” nas ilegalidades da emissora
Base legal
O MPF afirma que a Jovem Pan violou o Código Brasileiro de Telecomunicações, que considera abuso:
• Incentivar a indisciplina nas Forças Armadas
• Veicular notícias falsas com risco à ordem pública
• Insuflar rebeldia contra instituições democráticas
Palavra do MPF
“Ora demandada, a Jovem Pan se pôs a serviço de aventuras antidemocráticas. A imposição de medidas severas é fundamental para firmar que condutas como essas são juridicamente inaceitáveis”, disse o procurador Yuri Corrêa da Luz.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

FRASES (261)


LEIO LIVRO "COMO VIVER EM SÃO PAULO SEM CARRO" DENTRO DO METRÔ
Comprei este livrinho num sebo, meros R$ 5 reais. São depoimentos de gente que, com o passar dos anos, descobriu poder viver melhor sem estar dirigindo em carro dentro da cidade de São Paulo. O tema é mesmo instigante. No meu caso não queremos, nem eu nem Ana Bia, vir de carro pra Sampa. Foi o tempo. Não pago mais passagem do Prata, nem metrô, nem ônibus urbano. Ana paga, mas tem paúra de me ver dirigindo em Sampa. Tudo aqui se transforma num problemão tivesse vindo de carro. Estacionar aonde? Paganso quanto? Quantos pedágios pela estrada? Fora o transtorno de dirigir no meio da loucura deste eterno engavetamento. Eu vim aqui para me divertir, não para me estressar. Stress já me basta o causado por essa doentia classe política brasileira. Por aqui não sinto a menor falta. Em Bauru pode ser, aqui não.

O livrinho de 96 páginas eu li nas viagens de metrô por aqui. Vi muita gente lendo nos trens daqui. Fiquei até espantado. Um senhor chegou pra mim, querendo saber que livro era aquele. Disse ter lido o título e se interessado. Dei todas as dicas. Com certeza vai encontrar pela Estante Virtual. Edição lindinha, de 2013, idealizado pelo empresário Alexandre Lafer Frankel e o jornalista Leão Serva, editora Santa Clara Ideias SP, com lindas fotos e ilustrações. As opções para quem estiver disposto a aderir são variadas e vão desde ter um transporte urbano decente, a incentivo a caronas e uso cada vez maior de bicicletas. Morar perto do trabalgo é indispensável para quem pedala. O fato é ter gostado, não só da apresentação gráfica do livro, como entender sua justificativa maior, a do estrangulamento paulistano pelo excesso de veículos circulando ao mesmo tempo.

A questão é reta e direta, como mover-se com facilidade e inteligência por Sampa. Tudo se resume em dar ouvidos para gente não mais suportando o desperdício de tempo diário nos congestionamentos, daí deixaram de ver o automóvel como objeto de desejo, adotando a partir daí, formas alternativas de locomoção. Diante da impossibilidade da criação de novas vias para carros, nada melhor do que, entender que ter um carro passou a ser um mau negócio. Dezesseis depoimentos, com dicas de onde ir sem ter que chegar dirigindo. Gostei demais da conta. É a cara de São Paulo consciente. Um argumenro legal é o de que, dirigindo a pessoa não tem tempo de ver a cidade. "Andar a pé é uma espécie de meditação", disse um. "Passei a observar as texturas da cidade", disse outro.

"Amo São Paulo, mas para viver aqui decidi não deixar congestionamentos me sabotarem", concluiu outra, daí vaticinou outro, "O carro é um elemento de perda da inclusão social". O melhor de tudo, perceptível com o texto do livro, publicado em 2013, cidade então administrada pelo petista Fernando Haddad, incentivador do projeto. Depois deles, tudo piorou, hoje fundamentalistas comandam a cidade e o estado, daí até algo nessa linha de pensamento deixou de existir. E daí, sou obrigado a me perguntar: a direitona está lá preocupada com essas questões, quando seu negócio, como se sabe, são amealhar mais e mais dividendos pros seus bolsos? Porém, a metrópole está pela hora da morte.

CHURRASCO GREGO É DE GRANDE MOVIMENTO NA AVENIDA SENADOR QUEIRÓZ, BOCA ENTRADA PARA A 25 DE MARÇO
Quem nunca comeu ou provou na vida que levante o braço? Eu já o fiz, algumas décadas atrás e confesso, o danado é bom. Jô Soares adorava. Tirei as fotos do outro lado da rua, calçada do hotel, depois de acompanhar, dia após dia, o intenso movimento pelo tal do churrasquinho de grego. Pudera, o preço do lanche está lá na placa, meros R$ 4 reais.
Tempos atrás, algumas décadas, nas primeiras vindas para Sampa, havia ali na São João, quase esquina com a Ipiranga, alguns desses quiosques funcionando e com boa frequência e bem temperada. As carnes deviam ser variadas, muita gordura. Vinha acompanhada de um de público. Um dia a vontade passou dos limites e provei. Um churrasco no pão, carne fatiada suco, algo ralo, mas plenamente justiticável, diante do lanche. O preço sempre foi dos mais populares. Que me lembre minha experiência com o churrasco grego não passou disso. No mais, nenhum preconceito, enfim se o preço é barato e popular, nada melhor do que dele usufruir e degustar. Para mim, muito melhor que os tais MCs e BKs da vida.

Desta feita, acomodado num hotel numa das ruas de passagem para a rua 25 de Março, ida e vinda de comerciários e frequentadores, além de muitos motoboys. Nenhuma surpresa o pequeno comércio, uma simples fresta entre outros maiores imóveis, tivesse o maior movimento. Pudera, ali o preço do lanche é acessível. Diante dessa interminável aderência, me vi absorvido por ela e fui retratando como foi se dando essa movimentção. Fiz seis fotos do local. O interesse foi de mero registro. Algo que gosto de fazer e o faço com o intuito de resgatar algo mais fluindo das ruas. Este mais uma de minhas observâncias de como vou enxergando o que vejo por onde circulo. Na mais. Meu modo de olhar, de enxergar e transpor depois através de meus escritos, o meu sentimento pelas ruas.

EXPO "RE-SELVAGEM - NATUREZA INVENTADA, DA ARTISTA EVA JOSPIN, NA CASA BRADESCO, AO LADO DA CIDADE MATARAZZO, NA BELA VISTA
Eu achava conhecer razoavelmente São Paulo, porém, em cada retorno, algo novo diante de meus já cansados e desgastados olhos. Hoje a supreesa foi com essa tal de "Cidade Matarazzo", onde muito tempo atrás funcionou outra novidade para mim, o Hospital Matarazzo, que também não me recordo. Creio nunca ter ouvido falar. O hotel é pra gente doutro mundo, sei lá quantas estrelas. Luxo demais agride os olhos. Lindo foi ver tudo decorado por livros por todos os cantos. Tinha tantos, quase trouxe alguns. Achei que poderia estar sendo filmado e me aquietei, me encolhi. Ali do lado outro lugar por mim totalmente desconhecido, a Casa Bradesco, onde na entrada, a livraria Paisagem só com livrões de arte, desses valendo de 1 mil reais pra cima a unidade. Eu vendo isso tudo, justo quem compra livros de R$ 5 reais do outro lado do morro da Bela Vista, vasculados em sebos de calçada.

Ali a exposição de uma artista tecelã e trabalhando com papelão corrugado, num tamanho descomunal. Toda a imensa Casa só para abrigar sua criação. Gostamos demais. Eva Jospin e a "Re-Selvagem - Natureza Inventada" até então por mim desconhecida. Eu também, navegador de outros mares, conheço pouco destes príncipes das galerias e exposições chiques. Quando me deparo com algo como o visto hoje, me resigno a gostar e admirar. A Casa Matarazzo e a Casa Bradesco, num todo, são um acinte para meus olhos. Muita suntuosidade me assusta. Vewjo por lá que o hotel onde pisei os pés tem diárias de R$ 15 mil reais. Tivesse isso ao mês, como salário médio da nação, estaríamos vivendo outra situação. Junto de tudo, a Capela de Santa Luiza, a serviço da Opus Dei e reverenciado o Josemaria Escrivá, pérfido mentor da ultradireita religiosa católica. Passei rapidamente pelo local e me agarrei fortemente ao meu patuá no bolso da calça.

Conhecer estes lugares me é possível e não os recuso. São possíveis por todos os lugares. Em cada canto, existe os points nababescos, lugares preferidos da burguesia nativa. Vivo distante deles e as vezes os visito, como desta feita. Creio, poderiam ser utilizados de outra forma, porém, dentro do mundo capitalista, isso impossível. Frases que nem caberiam neste momento. Só as repito para saberem quem sou, o que faço, onde estou e de que lado estarei a vida inteira, enquanto viver. Vida que segue. Saio do lugar visitado na tarde de quinta e me volto para os lados do Brás, reduto popular, onde me sinto melhor.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

UM LUGAR POR AÍ (200)


ESTIVE NA MÓOCA, MAS O QUE MUITO ME EMOCIONOU FORAM AS COISAS JUVENTINAS
A intenção ao acordar na quarta, 17/09 era bem clara. Enquanto Ana Bia participava do Congresso Acadêmico eu iria bater pernas. Dentre ficar ali pelos lados da 25 de Março ou mesmo o Brás, como não sou comerciante, não iria comprar nada, optei por ir rever o jeitão malemolente de outro bairro ali nas imediações, a Mooca. Eu, como o Perazzi me denuncia, tenho decendência italiana, portanto, circular por ali sempre me dá enorme prazer e contentamento. Peguei o metrô, que já não pago pela idade, descendo na estação com o nome do bairro e a partir dali, circulando por tudo quanto minhas pernas aguentaram.

Vi e revi muita coisa, mas o que me traz aqui é um registro dos mais alvissareiros. Ali nas imediações da rua Javari, algo sempre me chamou muito a atenção, a presença do centenário Juventus, mais que um simples clube e time ligado aso futebol paulista. O "Moleque Travesso", como é conhecido sempre despertou muito minha atenção. O pequeno estádio não é maior do que o de alguns estádios de futebol varzeano localizados no interior paulista. Porém, possui algo mais. Como fundador da FPF - Federação PAulista de Futebol possui privilegios e os seus jogos seguyem sendo ali mandados. É arrebatador assistir a uma partida de futebol por ali. Já tive este prazer realizado por algumas vezes.

Hoje o estádio está fechado e me fixo em registrar com fotos o que me remete ao Juventus pelas imediações. As fotos dizem muito, mas quando converso com algumas pessoas, tudo se amplia e justifica não só meu interesse, como a importância do Juventus estar encravado ali, exatamente no coração de algo que transborda com emoção. Sinto isso se infiltrar em mim, pois a cada passo, observo o interesse de alguns em se aproximar e querer me dizer algo mais sobre essa paixão, envolvendo o time do bairro e o mesmo. Tudo me envolve e não fosse o horário ali continuaria coletando mais fotos e é claro, depoimentos. Num dos locais fotografados, numa perquena oficina, uma camisa do Juventus está emoldurada. Peço permissão para a foto e a conversa acontece naturalmente. "Essa aí ganhei quando você era muito jovem e o melhor jeito que tive para relembrar sempre foi deixá-la exposta. Reações como a sua acontecem com frequência", me diz.

Nos postes e paredes das imediações, o Juventus está mais que imortalizado. Existe hoje pairando no ar, algo dessa devoação para as coisas referentes ao bairro. Numa praça ao lado do estádio Conde Rodolfo Crespi, o nome dela é mais que sugestivo, "Amo a Mooca". Pelo visto, depois dessa, nã ose faz necessário dizer mais nada. É o que faço, observo, registro e tento entender. Tudo aquilo ali observado é uma espécie de condado, de uma ilha diferenciada dentro do oceano denominado Grande São Paulo. Dentro de Sampa, felizmente, existem lugares assim e todos me encantam. Pudesse, iria nesta curta viagem rever muitos deles. Não consigo nem 10% do que imaginava poder fazer. De tudo, uma certeza, preciso voltar e continuar a saga de rever tudo, enquanto ainda me sobra tempo. Agora, já sem pagar passagem nais idas e vindas para Sampa - desde que consiga ser uma das duas vagas liberadas por lei -, preciso tirar o atraso e como sei, o tempo urge.

Revi junto das coisas juventinas, muitas das edificação de indústrias de antanho, muitas delas em estado de deterioração e outras recuperadas e com empresas as utilizando. O bairro não é tão grande, mas minhas pernas não são mais ligeiras como dantes. Preciso ir devagar para aguentar o batente. Faço tudo com prazer, como se estivesse visitando um museu a céu aberto. Lugares assim me atraem e me consomem, podendo passar por ali dias inteiros. As residências de antanho, muito simples, resistindo ao tempo dizem muito mais do que as palavras ditas por alguns, pelos quais me vendo fotografando se aproximam e puxam conversa. Não devo ser o único interessado nessas coisas sobre isso da Mooca permanecer sendo este reduto, espécie de elo de ligação do passado com o presente. Deixo o bairro como cheguei, via metrô e ao descer noutra do xentro da cidade, outra realidade e preocupações. Não que nã oexista violência lá pelos lados da Mooca, mas a coisa flui mais moderadas por lá. Fora do condado tudo é mais agitado, sei disso, talvez exatamente por causa disso, gosto muito de lá, inclusive do Juventus.

ADENTRANDO A ESTAÇÃO DA LUZ, PASSA MAIS QUE UM FILME NA MINHA CABEÇA, EM RECORDAÇÕES DE MINHA JUVENTUDE, IDAS E VINDAS DE TREM NO TRECHO BAURU/SÃO PAULO
Meu pai trabalhou a vida inteira dentro das hostes ferroviárias a já não mais existente Cia Paulista de Estradas de Ferro, conhecida também como FEPASA. Ele na Fepasa e meu avô, por parte de mãe na NOB, ou Rede Ferroviária Federal. Meu pai, Heleno Cardoso de Aquino, como Chefe de Estação em várias cidades, encerrando suas atividades na famosa estação da praça Machado de Mello. Meu, avô, José Perazzi, foi marceneiro dentro das Oficinas da NOB, uma que um dia chegou a ter no todo aproximadamente milhares de funcionários. Vivi minha infância e adolescência envolvido em histórias e tendo contato imediado de primeiro grau com a ferrovia. Tenho, portanto, o amor advindo desta atividade, a do ser ferroviário, encruado dentro de mim, algo pelo qual não perderei jamais.

Vez ou outra, meu pai pegava a família toda, ele, minha mãe Eni Perazzi de Aquino, meus irmãos, Helena, Erci e Edson e embarcávamos para visitar parentes em São Paulo, na maioria das vezes se hospedando na casa de uma tia, num sítio em Franco da Rocha, num tempo em que não era perigoso perambular pelos lados ainda sendo ocupados na zona rural daquela cidade. Hoje tudo está devidamente ocupado e há mais de 40 anos não vou para aqueles lados. Em muitos casos parávamos em Jundiaí e seguíamos com um trem urbano até Franco da Rocha, noutras vezes, a maioria, íamos até a Estação da Luz e de lá, com um trem pinga pinga chegávamos ao destino.

Inesquecível a Estação da Luz daqueles tempos. Quando atingi a maioridade, fui trabalhar na FEB e depois na Bradescor, viajava sózinho, daí já pagando a passagem, me hospedando em pequenos hotéis lá perto da Luz, tudo nas primeiras aventuras paulistanas. Muitas boas recordações destes tempos, quando adorava não só vir de trem, como perambular pela zona boêmia, lá pelos lados da Major Sertório, hoje locais pelos quais não andaria mais desacompanhado à noite. Durante o dia, sem problemas, mas à noite, como adorava fazer, nem pensar. Todas essas andanças eu fazia de trem e chegando ou saindo via Estação da Luz. Algumas vezes também viajei de ônibus, pelo terminal rodoviário antigo, aquele com as telhas coloridas em acrílico. Uma tia morava ali perto na rua Conselheiro Nébias. O trem sempre esteve permeando minhas andanças paulistanas.

Agora, passados uns 45 anos disso tudo, olho para o teto da Estação da Luz e como, nisso nada mudou, as recordações brotam na minha mente. Viajei de trem até quase o final, quando FHC privatizou todo nosso parque ferroviário. Foi um desastre, fonte de muita tristeza para meu pai - meu avê faleceu antes - e, consequentemente, para mim. Lá no interior pouca coisa mudou e do lado de fora, algumas edificações ainda estão de pé, porém a maioria com as portas lacradas. Ainda resiste um hotel de alta rotatividade diante de sua porta principal e mulheres circulam com saias justas e curtas. Nos meus tempos de juventude algumas delas ferviam meu sangue, hoje é como um filme velho, querendo ser revivido, com as lembranças brotando conforme ando de um lado para outro da estação.

O movimento lá embaixo, junto da plataforma de embarque é o mesmo. As dos meio nos levavam para as cidades próximas, mais precisamente FRanco da Rocha e a plataforma da lateral era onde chegavam os trens que iam até Bauru, depois seguiam até Panorama. Eu e meus irmãos percorríamos o trecho toda da viagem numa brincadeira inesquecível, a ir decorando os nomes das estações, uma por uma. Por um bom tempo as tinha todas de memória, mas com a passagem deste mesmo tempo e com o chips já um tanto cansado e cheio, não consigo mais me lembrar de todas. Porém, me lembro muito bem dos trens. Tivemos ótimos trens, mantidos com o devido esmero, só descuidado ao final, quando tudo já estava mais que consumado. O PSDB, para mim, seguirá por todo o tempo com essa marca mais que negativa em seu currículo. Tivemos uma malha ferroviária de muita envergadura, hoje praticamente destruída, necessitando ser toda reconstruída. Eu sei, o trem de passagereiros um dia voltará a circular por estes trilhos, pois com o passar dos anos será inevitável o término da chegada até a capital via rodovias. Hoje já está complicado, imagino daqui há mais algumas dezenas de anos. Creio eu, tudo voltará um dia, essa ligação São Paulo/Interior, tendo como ponto de partida e chegada a Estação da Luz.

E FOMOS PASSAR A TARDE DENTRO DA PINACOTECA, AO LADO DO PARQUE E DA ESTAÇÃO DA LUZ
Além de circular pelas ruas, tentando revirá-la do avesso, volto sempre que posso a lugares conhecidos, mas me enchendo de prazer e contentamento. Um destes é a Pinacoteca do Estado, este reduto resistindo dentro da grande cidade, ainda bancado pelos atuais desGovernos insistindo em não fazer muita coisa pela Cultura. É perceptível que, a ultra direita abomina a Cultura, daí sabe-se dos receios e riscos de ver aquilo tudo ali contido no prédio ao lado da estação e parque da Luz perdido. Em cada revisita, mais que um olhar, talvez buscando um registro eterno, destes indestrutíveis. O acervo da Pinocoteca não deve nada a muitas instituições mais abonadas do exterior. Tem tanta obra bem brasileira por ali e expostas com o devido valor e importância. Circular entre elas é mais que um dever. As reverencio com respeito e consideração. Temos ótimos artistas, muita gente de valor tem obra ali exposta e isso, precisa ser devidamente divulgado. venjdo escolas por ali, algum alento. O Brasil não deve nada a ninguém possui uma história e ela deve ser reverenciada, respeitada e divulgada. Nosso museus possuem acervos de grande valor, este um destes. Passo por eles sempre que posso e em cada cidade visitada, procuro ir conhecer o museu local. Sempre nestes locais objetos da maior importância.

A HISTÓRIA DO TRIO DE CEGOS, ATUANDO NA MASSOTERAPIA
Eu e Ana Bia fomos convidados a visitar um antigo orientando dela, Alessandro Pelegrini, o Alê, morando na vila Clementino. Estivemos lá hoje à tarde e fomos presenteados com algo inusitado. Além da recepção com acepipes e guloseimas, um trio nos aguardava por lá. Três massoterapistas estavam à nossa espera, pois numa clínica junto da casa, comandada pela mãe dele, inauguravam ali naquele momento, sessões semanais onde estarão daqui por diante, toda quarta atendendo clientes no local. Tudo seria normal não fosse os profissionais três cegos.

Sheila Cardoso do Amaral, 49 anos, seu esposo Joel Soares de Lima, 50 anos e Dário Neves, 43 anos, todos cegos, participando de atividades ligadas a igreja católica ali nas imediações, foram convidados pela mãe do Alê para iniciarem atividades semanais em sua clínica. Ouvimos atentamente a história de todos eles, cada qual com uma vivência e anos sem enxergar. Estavam à nossa espera e recebemos a massagem terapêutica. Todos nos confidenciaram de terem se iniciado nos trâmites do aprendizado da massagem por um belo motivo, enxergando nela um ofício onde a falta de visão não seria impedimento.

Ao final, Sheila conta de como se dá a vida de todos, das dificuldades, ao apoio coletivo e também de como recebm ajuda diária, advinda de todos os lados. O que mais me impressionou foi saber que todos moram bem longe dali e fazem um viagem diária muito longa. Ela e o marido saem de Carapicuiba e caem na cidade grande. No retorno de hoje, contam que não pagam passagem de metrô e nem de ônibus urbano, tendo duas viagens, fazendo uma baldeação para outro trecho, chegando num terminal, pegando um trem, chegando em Carapicuíba, depois mais um ônibus urbano e no ponto onde descem, mas dez minutos a pé até suas casas. Quatro viagens e mais uma caminhada a pé. Fiquei impressionado.

Sheila diz, essas dificuldades todas não a fazem desistir de sair de casa todos os dias para trabalhar, atuando na massoterapia numa empresa de telemarketing, mais de mil funcionários. Os demais, atuam muito, se doando em eventos comunitários e finalizado o aprendizado. Os acompanhei até perto da estação do metrô e até lá, chegaram sem necessitar de ajuda. Contam que, em todas as estações recebem ajuda dos seguranças, os levando até o primeiro vagão, com a estação onde descerão avisadas para receberem por lá o mesmo tratamento. Depois da ida deles, sentamos mais um tempo com Alê e sua esposa Carol, colocando a conversa em dia. A história dos três permeou tudo o mais.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

COMENDO PELAS BEIRADAS (167)


UM PERSONAGEM DAS PROXIMIDADES DA PRAÇA DA SÉ
Nos arredores da praça da Sé o sebo mais famoso é o do Messias. Fica bem nos costados da igreja, conhecido e paparicado por todos. Diria, talvez o mais organizado deles todos e com uma equipe de retaguarda de causar inveja. É um time cuidando dos livros, discos e CDs ali vendidos. Gosto de passar por lá, mas hoje, algo me encafifou. Havia circulado por alguns outros e achei o preço deles pouco mais caro que os demais e sem aquelas bancas de promoção. Ontem comprei alguns por R$ 5 e R$ 10, por lá não achei nenhum com estes preços. Simples assim, vasculhei e nada levei, mas na rua detrás, onde no quarteirão, tem uns três sebos, um deles é famoso e também concorrido - não como o do Messias. Trata-se do Sebo Machado de Assis, rua Álvares Machado 50. Algo já me chamou muito a atenção, uma banca - bem empoeirada, por sinal - com preços variando de R$ 3 a R$ 5 reais a unidade. Me perdi ali e sujei as mãos. Depois adentrei e circulei pelos corredores. Uma perdição a sessão de Política, Biografia e Literatura Brasileira. Tem espalhados no alto de cada pilha, livros de arte, desses grandões de capa dura e com preços convidativos. Fiquei nos baratos e dentre eles destaco um de poesia do Glauco Mattoso, outro da Anais Nin e por fim, coletânea com 34 depoimentos sobre a resistência à ditadura militar. O melhor de tudo veio depois quando do pagamento e das conversações com Fernando, o moço detrás do balcão. Com um ótimo senso de humor, ele é o tipo que todo sebeiro - ou sebento, sei lá - gosta de se deparar pela frente. Antes de tudo, ele é do ramo, ou seja, entende do riscado e está ali sabendo onde pisa, o que faz e está preparado para conversar sobre assuntos variados com qualquer um. Nem todo sebo possui pessoas assim em seus quadros, o que tenho certeza, deveria ser algo primordial, básico e elementar. Ou seja, saio de lá, gastando meros R$ 40 e satisfeito, mesmo com as mãos sujas e debaixo de um garoa, que naquele momento insistia em cair sobre a antiga "terra da garoa". Dentre todos os sebos onde estive, este o quinto visitado, rendo homenagens a um deles, pois o danado foi eleito por mim, rato de sebo, como o que melhor se enquadra pro ofício, que dizem, é algo em extinção.

SIM, PASSAMOS PELO MERCADÃO E O LUGAR QUE MAIS ME IDENTIFIQUEI, O BAR PASQUIM
O Mercadão Municipal paulistano é um point de visitação. Já estive por lá inúmeras vezes e dessa, eu, Ana Bia e Juliana Guido, quando depois de circularmos e sentirmos o cheiro inebriante do lugar, subimos para o mezanino e por lá, um lugar que só de bater os olhos, a minha cara, O Pasquim Bar e Prosa. Não tive o prazer, pela correria de conversações com o dono do estabelecimento, talvez alguém como eu, um remanescente do antigo hebdomadário carioca, um dos poucos que fez de minha cabeça de cabo a rabo. É lindo demais, ainda mais depois do passamento do Ziraldo e agora do Jaguar - quem ainda resta vivo dos fundadores? -, ver estampado na parede, cardápio e por tudo quanto é canto, a logo a me causar arrepios. Já deitei muita prosa por aqui sobre a importância para mim, dentro de minha formação e constituição política, ter iniciado aos 13 anos a leitura do jornal. Não tive como conferir, pois havíamos acabado de almoçar, mas se o local tem um nome desses e está localizado num dos locais mais visitados da capital paulista, creio eu, a comida também deve acompanhar a criatividade e a sapiência de ter dado ao seu negócio este nome. Outra coisa que me chamou muito a atenção é o fato do cardápio da casa estar impresso em tamanho grande, algo raro na maioria dos restaurantes ditos da moda, pois agora virou quase praxe você ter que localizá-lo dentro de seu celular - e se sair de casa sem o celular, não como?. N'O Pasquim não só o cardápio é à moda antiga, nos moldes do jornal e pelo que senti, nas abordagens circulando pelo local, o pessoal que ali trabalha é dos mais simpáticos, como este jovem da foto, que mesmo não sendo da geração, sabe pouco do que representou o inusitado jornal, mas puxou conversa, falamos muito só sobre isso e não foi chato, como tantos outros, em variados lugares que, ficam te empurrando o cardápio. Por fim, o Mercadão continua vibrante e um dos lugares gostosos de ser e estar na capital paulista. Logo na chegada, algo de praxe hoje são os comerciantes, já logo de cara, te oferecer graciosamente um morangão - muito mais saboroso do que o Morango do Amor -, junto de uma tâmara. Uma junção divinal e como sugestão para que compremos outros itens. Lugares assim, são encantadores e só mesmo Bauru ainda não possui um Mercadão Municipal. IMagino das infinitas possibilidades de um funcionar ali no barracão junto da Feira do Rolo e ferver de opções para Bauru e toda região. Por enquanto, ficamos na vontade e desejo reprimido.

JOYCE ROLDAN, DIVINAL CANTANTE DA NOITE PAULISTANA NOS PRESENTEANDO NA ESTRÉIA DO TRIO NO TERRAÇO ITÁLIA
Eu, Ana Bia Andrade e Lucas Melara curtindo muito o visual e, é claro, a linda cantante. Com drinks à mão, desfrutamos da noite de terça e estivemos, os três, conhecendo o famoso terraço paulistano.
Eis o vídeo da cantante Joyce Roldan no bar do Terraço Itália:


NADA COMO TER UMA "BÚSSOLA" NA CIDADE GRANDE, JULIANA GUIDO
Numa megalópolis, por mais que a gente ache que conhece algo, na verdade, conhecemos quase nada. Conhecemos o trivial, o que a maioria dos que aqui aportam sabem. Fora dos roteiros tradicionais, pouca coisa. Eu ouso e me perco toda vez que aqui me encontro, como agora. Enfim, não se perdendo pelas ruas de umacidade grande, pra que valeria a pena sair por suas ruas? Portanto, tem disso, o fato de querer se perder, mas tem também o de nos orientarmos com uma espécie de "BÚSSOLA", como estou encarando o passeio feito conosco - comigo e com Ana Bia -, pela amiga paulistana, que já morou em Bauru e por lá tem muita gente amiga, a JULIANA GUIDO.

Ela reservou seu horário do almoço na terça, para ficar com a dupla forasteira e como estamos hospedados na boca de entrada do Brás e da 25 de MArço, perambulamos por aí. Era hora do almoço e ela quiz nos mostrar um lugar que, nunca íriamos achar sózinhos. Para estes achados só mesmo com a indicação de alguém local. Foi a ida ao Jacob, um restaurante árabe, que passando pela rua, a entrada é modesta, entrada de um prédio e lá dentro, um amplo saguão, onde as comidinhas são fartas e saborosas.

Depois teve mais, pois nos levou por vielas, becos e encruzilhadas no meio da muvuca, subindo e descendo escadas rolantes, atravessando até outro mercado, bem pertinho do famoso Mercadão, em reforma, querendo ser transformado em point. Neste último, disse para a Juliana, estar em lugares onde nem parece uma magalópolis. Ela, como se vê, nos guiou como uma guia de cego, nos conduzindo para lugares nunca dantes pensandos. Como é bom ter gente assim ao nosso lado. Se perder é ótimo, mas ter alguém assim ao lado é também mais que bom.
Juliana trabalha como datiloscopoista na Polícia Civil e por sorte, apenas três quadras do hotel. Continuaremos nas ruas e ciente de como podemos entrar em alguma errada, deixa o número de seu celular conosco e avisa: "Precisando de qualquer coisa, me acione. Paro tudo para atendê-los". Um luxo isso, né! Luxo demais da conta. Desta forma não estaremos desamparados e nos sentimos mais à vontade para abusar um bocadinho da Grande Sampa. Juliana leva a vida numa boa, ela e seus gatos, seus pincéis, pois pinta como ninguém, reinando no traço e como hobby, lazer, canta numa bande de rock, com especialidade em música dos anos 80, tocando e cantando pelos quatro cantos da cidade mais aos finais de semana. Ainda sobra tempo para cuidar de casa e dela mesmo - e também dos amigos que, vez ou outra aqui aportam. Quiz contar isso dela, segredinhos de alcova, não para que outros venham a abusar dela, mas para reverenciar o que sentimos por quem nos abriga, abrindo suas portas e o coração. Ela abriu seu coração para conosco e além do ótimo papo, progressista como nós, é dessas que a gente se envolve e quer ser levado, guiado, amaparado, conduzido pela entranhas paulistanas. Ah, houvesse tempo íriamos passar a seman toda envolvida em suas indicações. Triste, mas ela tem que trabalhar, Ana tem o Congresso acadêmico pela frente eu, o único ocioso, recém aposentado, quero mais e perambular. Suas dicas me são valiosas quando parto, mochilinha às costas, andando pra lá e pra cá, com o celular preso por um cordão na cida das calças. São Paulo é encantadora aos olhos de quem conhece e nos conduz para lugares indescritíveis.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

BEIRA DE ESTRADA (199)


DANDO UM TEMPO
Quatro dias, de hoje, 15/09 até quinta, 18/09, eu e Ana Bia fugimos e estamos na estrada, longe do burburinho bauruense. Ele veio trabalhar eu, já gozando a vida como sedentário aposentado, batendo perna e gastando sola de minhas alpargatas. Não esperem andanças pelos Jardins ou a Bela Cintra, Iguatemis da vida. Quero mais é ir pro Brás, andar a pé da Sé ate a Liberdade, fuçar sebos ainda não navegados, adentrar muitos pés sujos e usufruir também disso de não mais pagar ônibus e metrô - não pago mais nem o Prata, ida e volta grátis. Deixo, por estes dias de publicar a Vitrolinha do HPA e o Cena Bauruense, só escrevinhando algo das coisas daqui. Gente, pareço cada vez mais, algo como dizem, pinto no lixo, todo pimpão, ciscando pra tudo quanto é lado. Dizem que, algo mudou no modus operandis lá de Sampa pros lados da vila Madalena. Vou lá conferir. Ana me faz sair com o celular amarrado numa cordinha. Acho muito brega, mas como tenho espelho lá em casa, sei fazer parte deste time faz tempo. Ela diz ser alvo fácil, mamão com mel. Se alguém souber de alguma manifestação, me conte. Gargarejei ontem o dia inteiro pra perder a rouquidão. Tô pronto pra me esgoelar por aí. Quero ir comer aquele quitute vendido lá no campo do Juventus, na Móoca - como é mesmo o nome? - e ver um filme no Belas Artes. Quatro dias voam. Chato mesmo será voltar pra terra bolsonarista onde nasci, cresci e vivo. Será que consigo ir rever o Museu do Ipiranga, 40 anos depois? Que mais, hem!!!
HPA, no Prata, com Ana ronronando no banco ao lado, já perto de Sorocaba, 8h25, segunda, 15 de setembro de 2025.

RECORDANDO E CAMINHANDO EM SAMPA
01.) AQUI NESSA RUA OCORREU UM DOS EMBATES MAIS EMBLEMÁTICOS DA TRAJETÓRIA ESTUDANTIL BRASILEIRA
Escrevo de memória, sem consultar nenhum alfarrábio. Hoje, logo depois do almoço deixo Ana para participar de abertura em Congresso Acadêmico no Mackenzie, ali perto da Rebouças e de lá decido descer a pé até o centro velho paulistano. Caminho bem pouco e dou de cara com rua Maria Antonia, de saudosa memória. Não vivenciei os embates históricos ali ocorridos, pois fui da geração seguinte. Lá pelos idos de 1968, tinha 8 anos. Li muito a respeito. Neste trecho, no final dos anos 60, época fervilhando a repressão na ditadura militar, ocorreu o choque entre duas vertentes do movimento estudantil da época. De um lado o com ligação umbilical com a esquerda, consequentemente com a luta armada e noutro, a direitona, essa com ligação umbilical com todos os grupos fascistas de então, principalmente os ditos anticomunistas. O choque foi inevitável e hoje, passando novamente pelo local, sento num bar, peço algo para beber e fico assuntando de como os jovens de hoje se situam neste cenário. O Mackenzie domina o pedaço e, evidente, os jovens de hoje são bem diferentes dos daquela época. Os tempos são outros, tudo muito diferente, porém, algo continua do mesmo jeito, a eterna luta pela autonomia universitária e as liberdades democráticas. Não vejo no estudante destes tempos a mesma fibra de antanho, mas escrevo isso sem aprofundamentos. Tudo hoje gira por essa tal de lei do mercado e estes, ainda mais numa escola particular, nenhum sentido revolucionário. Muita luta individual para vencer na vida e pouca para resolver o problema social brasileiro num todo. Não dá para comparar as situações assim numa sentada, meramente observando jovens almoçando num bar. Eu é que, gosto de viajar no tempo e espaço. Divago e para mim, a Maria Antonia representa muito. Foi um momento de intensa resistência e enfrentamento ao poder estabelecido na época. Olho para os lados e é como tudo viesse como li, inclusive com a fumaça nas ruas, a repressã ocomendo solta e a favor dos direitistas. Passei horas divagando sobre tudo isso, tão representativo para mim.

2.) A PRAÇA ROOSEVELT SEMPRE ME SEDUZIU
A primeira vez que vim sózinho para Sampa, lá pelos meus 17 anos, 1987, por aí, em trabalhando na Bradescor em Bariri, conheci assim de bate pronto a praça Roosevelt, no coração paulistano e desde então gosto de circular por dois pontos ali existentes, fincados como patrimônios tombados, o Cine Bijou e a Teatro Satyros. Desde aquela época, gosto demais da conta de bater perna por São Paulo. Anos depois, vendendo chancelas, circulei muito por todos seus cantos, vendendo e aproveitando para garimpar lugares, situações, pessoas e, assim, aprendi a amar a Paulicéia Desvairada. No Bijou já assisti filmes que não veria em nenhum outro lugar e confesso, nunca foi assediado por lá. Talvez isso tenha gerado em mim grande decepção. Tantos outros o foram e dessas incursões tantas histórias, hilárias ou não, eu não as tenho. Assisti filmes e só. Bebi ali nas redondezas, mas nada também fugindo do trivial. Só uma única vez, no Famiglia Mancini, anos 80, conheci alguém e jantamos juntos. Perdi a foto ali tirada e isso muito me entristece. No Satyros, aquele teatro mais que alternativo e num espaço com essa cara, a de quem resiste e insiste em ser diferente, ousar e provocar. Aquele quarteirão é um cabedal de infinitas histórias. Tenho alguns amigos que as contam, eu me reservo a gostar daquele cantinho da cidade grande. Faz uma pá de tempo que não circulo mais por lá à noite. Não vai ser dessa vez. Hoje estive durante o meio da tarde, ambos os locais fechados. Fechei os olhos e viajei na maionese. Vivo muito do passado. Envelheci, mas querendo continuar em exposição, como disse Aldir Blanc numa de suas canções, enquanto Ana Bia está lá numa palestra acadêmica, fico flanando e revendo o passado, com o coração recheado de um saudosismo que sei, não voltará mais. Eu já passei do ponto. A Roosevelt resiste bravamente. Não deve ser a mesma coisa de antes, mas está lá, firme, nem sei se tão forte, mas sei, eu passarei e eles lá continuarão. A vida é assim, a gente passa, os lugares ficam.

3.) A PRAÇA E AS IMEDIAÇÕES DA BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE
Eu tenho uma amigo, reginopolense e hoje, guarulhense, Fausto Bergocce, que trabalhou ali na esquina, quando na encruzilhada funcionava o Diário Popular - alguém se lembra dele? Aquele canto da cidade me atrai. No lugar do jormal, hoje um teatro e na sequência da rua, uma padaria, daquelas onde os quitutes e a comida são a cara paulistana. Defronte ela um sebo, pé bem sujo, mas com preciosidades. Hoje encontrei um livro de fotos do Paulo Garcez, que foi fotógrafo d'O Pasquim e me arrebatou, depois outro de escritos latinos do Augusto Boal e outro com o relato do jornalista Paulo Henrique Amorim, contando a história de quando Roberto Marinho quiz roubar uma eleição de Leonel Brizola e se deu mal. Sai de lá carregando os livros e na praça, bem defronte a famosa biblioteca, duas bancas, nenhum de revistas e jornais novos, mas de livros e antiguidades, estilo sebo. É a forma como encontraram para tocar a vida, num mundo onde leitores ainda pipocam por aí. Eu um deles. Na segunda banca, o cara sobrevive com reprodução de pintores famosos e pelo que vi, gosta muito de Picasso. A praça mudou muito de décadas para cá. Essas duas continuam abertas e tentando manter a chama acesa. Da biblioteca, espiei pelas janelas. Não tive tempo para adentrar e viajar, enfim, o tempo urge. Eu queria muito caminhar, andar, rever lugares e algumas pessoas. Consegui em partes. Enfim, tudo muda com o passar do tempo. Eu tive o prazer de ver aquele reduto com baita movimentação. Até um show solo, piano e voz, com Angela Ro Ro já presenciei por ali. A rua lá do jornal é a Martins Fontes e dava passagem para seguir em frente e chegar ao Bexiga. Andei muito por ali. Muitos cortiços pela frente e neles, gente sobrevivendo como pode, aos trancos e barrancos. Esses ainda possuem certa sorte, por terem encontrado um canto para viver próximo da muvuca, ou seja, do centro nervoso da cidade grande e não precisam de grandes deslocamentos para chegar ao lugar onde tudo acontece. Circulei por ali e depois fui rever a Galeria do Rock, onde décadas atrás, um certo Toninho gerenciava o pedaço e por lá uma loja em especial, a Baratos e Afins. Nessa gastei alguns caraminguás, não hoje, mas ao longo do tempo. Hoje, nem consegui subir as escadas, pois passei do horário. Fico de voltar e o faço sempre que posso. Gosto desses lugares. Aliás, prefiro estes que perambular pelos Jardins. O centro, com todos os seus riscos e perigos possui seus atrativos. Muitos deles os em buca só de luxo não os enxergam. Eu vislumbro algo mais por destrás da simplicidade destes lugares e ali me recarrego.
Amanhã tem mais, hoje vou dormir...

domingo, 14 de setembro de 2025

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZASD (189)


SABE POR QUE EU COMPAREÇO, IMPRETERIVELMENTE, TODO DOMINGO NA FEIRA DO ROLO AQUI EM BAURU?
Essa resposta é longa e vou escrevendo aos poucos, em drops, vai tomar um certo tempo sua leitura, porém, aso final o esclarecimento final de como não é assim tão difícil ser feliz, ou ao menos tentar. Essa resposta começa com os encontros e reencontros possibilitados. Não tem coisa mais saborosa do que, na virada da esquina, você se deparar com alguérm querido, parar e trocar algumas palavrinhas.

Eu, com meus 65 anos, conheço um bocado de gente nessa cidade e desta forma, reencontrar gente é mais que um prazer, um conforto, um benfazejo, algo que faz um bem tão grande pra gente, melhor do que tomar qualquer remédio ou permanecer tranacdo dentro de casa, entre quatro paredes, resmungando e esperando a vida transcorrer, sem ter muito contato com o que se passa do lado de fora de sua janela.

A rua para mim é muito isso. Hoje mesmo eu fui na feira e não sai da Feira do Rolo, não consegui no pouco tempo que por ali passei, subir pela Gustavo Maciel e ir até a rua Primeiro de Agosto. Ou melhor, confesso, algo me atraiu, uma espécie de imã e não arredei pé daquele trecho, o largo na rua Julio Prestes, onde aos domingos, acontece a feira e ali torna-se o lugar mais democrático desta cidade. Cheguei, fui esbarrando em gente, conversando com um, assuntando o que ia acontecendo, sentindo o aroma do lugar e assim, quando me dei conta já estava lá na Banca do Carioca, onde sempre sou recebido com alguma surpresa. Na deste domingo, ele ao me ver, abriu um sorriso e disse ter um presente para mim. Um luxo isso. Ele havia aqcabado de ler um livro e quiz me dar de presente, pois disse ter a minha cara. Era o "Capa Preta e Ludinha - Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada", do historiador Israel Beloch (editora Record RJ, 1986).

Uma delícia você saber que por lá tem quem sabe que, por ali passarei e mais, ciente disso, já me prepara um surpresa. E daí passamos a conversar sobre o livro. Ele havia terminado a leitura dias atrás e nem colocou à venda. Como não buscar outros na sua banca e trazê-los para casa, diante de alguém tão carinhoso para contigo? Quando ainda estávamos falando sobre a "ludinha", a metranca do Tenório, eis que surge, cheio de pacotes o jornalista Aurélio Alonso. Pronto, sei que ele é conhecedor da história do Tenório e isso é só uma pequena amostra de como surgem os assuntos para as longas conversações que por ali acontecem. Percebi que o danado estava apressado no dia de hoje, mas conseguimos amarrá-lo por uma meia hora, quando CArioca chega com umas cervas geladas. Ainda não tinha gasto um centavo e já estava tomando uma loira gelada. Sim, ele traz algumas e as mantém geladas só para bebericar enquanto trabalha e também, o melhor da coisa, oferecer aos clientes e amigos.

E por ali vão circulando pessoas. Sentadinho ao fundo, encostado na parede da Associação dos Aposentados, fico junto de outros vendo a banda passar. O cortejo hoje é divinal, pois o dia está quente, fervilha gente e dentre todos que passam, muitos conhecidos. Alguns nos vêem ali e se aproximam, puxam conversa e assim, o tempo é distendido, prolongado e as horas voam. Não existe nada igual. Alguém vem vindo lá longe e ao te ver, abre um sorriso e se aproxima. Isso é de um sabor indescritível. Abracei tantos hoje, tomei uma só lata de cerveja ali e após escolher dois CDs, um reverenciando a Mangueira, outroNoite Ilustrada, cantando Ataupho Alves e além do livro do Tenório, trago mais quatro, dois de Julio verne, um de frases de famosos, o "Frases Mal Ditas" e por fim, como gosto muito de conhecer outras realidades aqui perto de Bauru, conheci pessoalmente o radialista de Ibitinga, Roque de Souza. Nada como mergulhar num livro onde ele conta histórias e com o título "...e parece que foi ontem!". Tudo por R$ 35,00. Sim, sou um feliz acumulador.

De lá, paro na esquina, ou melhor na encruzilhada das ruas Gustavo com a Julio Prestes, boca de entrada do rolo, local onde por muito tempo tremulou uma bandeira do Paraguai e só por isso, os que ali atuam, sabem muito bem como são considerados e assumiram isso até a bandeira se desgastar, se perder, mas nunca mais a esquecerei. O lugar é magnetizado e magnetizante. Tem uma turma que por ali finca estacas e não arreda pé, pois já perceberam dos fluidos positivos ali irmanados. De um deles, o advogado Marcos, com dois escritórios na cidade, vem ali todo domingo, vestimenta simples, garrafinha de cerveja nas maõs me diz: "Eu tenho uma vida muito tensa durante a semana e não fosse isso aqui, começaria a semana já com problemas. Quando não venho, sei que, a segunda será pesada. Vindo, tudo se transforma, me descarrego e também, é claro, me recerrego. Não tem igual. Conheço todos por aqui e essa convivência é inigualável". Sei muito bem o que ele quer dizer com tudo isso, pois sinto o mesmo. Dali, eu e ele vamos e voltamos pro Bar do Barba, o lugar mais simples do pedaço e o mais aconchegante.

Barba já mereceu muitos escritos de minha lavra. Recuperamos sua sanfona, perdida tempos atrás para dívidas. E ele, aos domingos, é o cara mais feliz do mundo, quando bebe algumas a mais e a tira da estante, tocando junto das vozes ali cantando no karaokê do seu bar. O bar mudou muito, está mais empobrecido, fruto dos tempos atuais, mas Barba resiste, conseguiu se aposentar e aos domingo, faz o mesmo que eu, tenta se divertir. No caso, ganha algum, seu dia de intenso movimento, mas une o útil ao agradável. Compro uma garrafinha de Brahma e puxo conversa. Ele hoje, pelos raios solares invadindo o local, está irradiando alegria e para tanto, me diz, "a gente precisa tão pouco, né!". Sim, aqui o exemplo mais contundente de como, para ser feliz não se faz necessário tanta coisa assim.

O telefone toca e era Ana Bia me lembrando ter prometido voltar pra casa a tempo de fazer almoço, ou seja, as horas passaram rápido demais. Tirei algumas fotos, não consegui falar de todos, mas pelo registro, saibam, com cada um daria paar escrevinhar algo tão comprido como este texto. São todos fotos de gente querida, gente que também vem pra feira dominical em busca de reencontros, de se deparar com a felicidade. Eu escrevo muito de coisas mais duras, elas nos rodeiam durante todo instante e para ir driblando os percalços, nada como ir de encontro com algo e um lugar onde, você sabe, encontrará algo diferenciado. Já se passaram tantos anos que por aqui venho, algumas décadas e aos domingos, podem me convidar para ir aos lugares mais rebuscados dessa cidade. Recusarei todos os convites, só aceitando algum irrecusável, pois tenho um compromisso com a minha felicidade particular e ela tem nome e endereço, Feira do Rolo, Banca do Carioca e Bar do Barba.

Tem quem venha aqui e ache tudo a coisa mais chata deste mundo. Isso pode ocorrer e não vejo problemas nisso. Cada um enxerga o outro e os lugares com seu peculiar olhar, este carregado com todas suas influências e anseios. Eu tenho os meus e eles se encaixam como uma luva aos deste lugar e destas pessoas. A maioria delas, confesso, não conheço, pois Bauru hoje é mais do que uma mera e pequenina aldeia, porém, dentro dessa babilônia, sei tem muita gente pela qual eu perderei tempo para trocar abraços e prosear um bocadinho. Cada lugar deste mundo deve ter um lugar assim, pelo qual o cara fica não só obcecado, como tem uma atração indissolúvel, dessas indestrutíveis e inquebrantáveis. E daí, não vai querer uma alcaide forasteira vir querer tirar os paralelepípedos do lugar ou como outro - depois ele reviu -, achar que ali não aocntecia nada de aproveitável. Ali, meus caros e caras, acontece de tudo e neste tudo, lá estará o hPA, enquanto ele tiver forças para sair dee casa e se juntar ao lugar, escolhido por ele, para rosetar aos domingos.

Em tempo: Em Bauru conheço outro lugar com o mesmo astral, a Banca da Ilda, lá na porta de entrada do Aeroclube. Por lá, além dela, uma personagem dessas raras dentro do universo destes tempos e conseguindo reunir junto de si e de seu local de trabalho, uma legião de abnegados seguidores e admiradores. Sempre que posso, estou a escrever, até de forma repetitiva, histórias vividas nestes dois lugares.

OBS.: Desculpe os errinhos, pois a escrevinhação me veio à mente assim num bate pronto e não estou com saco para corrigir nada. Publico como batuco no meu computador. Deixei de tirar a sesta depois do almoço dominical, tudo porque estava excitado, querendo colocar pra fora um escrito de como me senti hoje lá naquele sacrosanto lugar. Amanhã, se acordar com tempo, releio e corrijo erros, reescrevo algo mais. Hoje, me dou por satisfeito. Isso aqui vale mais do que um "orgasmo total", como diria, Arrigo Barnabé.
Eu bebo sim, ops, nós bebemos sim, enfim, hoje é domingo.