terça-feira, 2 de setembro de 2025

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (204)


MINO CARTA*
* 1 - Assim a revista comunica do seu falecimento, logo pela manhã desta terça-feira
Morreu nesta terça-feira 2, aos 91 anos, o jornalista Mino Carta, fundador de CartaCapital. Há um ano, Mino lutava contra os problemas de saúde, em idas-e-vindas do hospital. Na última passagem, estava havia duas semanas na UTI do Sírio-Libanês, em São Paulo.
Sua trajetória se confunde com a própria história do jornalismo brasileiro. Foi criador de revistas que marcaram época: Quatro Rodas, Veja, IstoÉ e, por fim, CartaCapital.

Nascido em Gênova, em uma família de jornalistas perseguidos pelo fascismo, Mino chegou ao Brasil após a Segunda Guerra. Aqui, descobriu por acaso sua vocação: começou a escrever ainda adolescente e nunca mais parou. Fez do ofício uma forma de interpretar o País, com olhar atento às contradições de poder e firme desconfiança das elites brasileiras.

Sempre acompanhado de sua Olivetti, recusou modismos tecnológicos e nunca escondeu o desencanto com os rumos do Brasil. Até o fim, manteve-se fiel a uma máxima: jornalismo deve servir à verdade, fiscalizar o poder e desafiar o pensamento único.

* 2 -  Assim o redator-chefe da revista, Sergio Lirio escreve sobre Mino
O lamento da máquina de escrever Olivetti, separada à força da última lauda, ecoava pela redação. Era a hora da pausa, no intervalo que precede o inevitável momento de enfrentar mais uma batalha perdida. Do pai, Giannino, Mino Carta capturou a angústia da profissão. Todas as semanas, jornalistas perdem a batalha. Perdemos para o tempo, para a roda esmagadora dos fatos, para nós mesmos. Mas, no nosso caso, tudo recomeçava na segunda.

A hipocrisia nativa revolvia suas entranhas. Contra ela, Mino dedicou sua carreira e pagou o preço, mas não se arrependeu. Quanto mais deliberadamente ignorado pelo resto da mídia, mais estudantes batiam à porta para ouvir suas lições, mais sindicatos e entidades, de Norte a Sul, o convidavam para falar da profissão e do Brasil.

A coerência garantiu, além disso, a consciência tranquila. Em mais de 70 anos de profissão, nunca se viu obrigado a pedir desculpas. Da ditadura à farsa da Operação Lava Jato, postou-se na margem oposta, do lado certo. A história, cedo ou tarde, lhe deu razão.
As perdas dos companheiros de estrada Paulo Henrique Amorim e Nirlando Beirão o afetaram profundamente. A morte prematura do filho Gianni, no mesmo período, caiu como uma bola de concreto. A dor, “entre o fígado e a alma”, obliterou o sentido das coisas. Mas o humor volta e meia aflorava. O estilo também, como se percebe em seu último texto publicado por CartaCapital.

De repente, sou eu quem carrega esse vazio “entre o fígado e alma”. Mino se foi. Nós continuaremos a perder as batalhas, até o apagar das luzes. Em seu nome. Faltou um último abraço, ficaram presas na garganta as palavras finais. O que eu teria dito? Cubra-se de glórias.

Leia na íntegra a despedida de Sergio Lirio, redator-chefe de CartaCapital, a Mino Carta: https://bit.ly/4p2Aaer

* 3 - Assim escreveu Léo Bruno, um dos tantos admiradores
SÓ NO BRASIL JORNALISTA CHAMA PATRÃO DE COLEGA
O cara apenas inventou a revista Veja, a revista Istoé, o Jornal da Tarde e a Carta Capital. Só isso.

Foi o Mino Carta ter saído e elas viraram o que viraram. Sua combatividade fica expressa hoje na Carta Capital - uma que luta por verdade e Justiça, e não pelos bilionários.

Interessante: chegou tão longe e era um analógico. Quando foi o primeiro a dirigir a 4 Rodas, era a única coisa que ele dirigia - comandava uma revista sobre carros sem saber guiar um carro. E ela foi um dos carros-chefe da editora por tanto tempo.

Dizia-se que até o final escrevia em laudas de papel em uma Olivetti. Alguém que a convertesse ao computador.

E deixou aforismos. Alguns deles:
"“A mídia verde-amarela dedica-se com sofreguidão ímpar às coisas da grana e do business, como se correspondessem às preocupações essenciais da opinião pública.”
"O Brasil paga por três séculos e meio de escravidão."
"Um dia os computadores irão engolir as pessoas."
"Só no Brasil o jornalista chama o seu patrão de colega."
Vai fazer muita falta. Descanse em paz, e que deixe inspiração.

* 4 - Assim o presidente Lula se refere ao amigo Mino Carta
Recebi com muita tristeza a notícia da morte de meu amigo Mino Carta, ocorrida na madrugada deste 2 de setembro. Ele fez história no jornalismo brasileiro: criou e dirigiu algumas de nossas principais revistas (Veja, Isto é, Quatro Rodas, Carta Capital, Jornal da Tarde, Jornal da República) e formou gerações de profissionais e, sobretudo, mostrou que a imprensa livre e a democracia andam de mãos dadas. Em meio ao autoritarismo do regime militar, as publicações que dirigia denunciavam o abuso dos poderosos e traziam a voz daqueles que clamavam pela liberdade.

Conheci Mino há quase cinquenta anos, quando ele, pela primeira vez, deu destaque nas revistas semanais para as lutas que nós, trabalhadores reunidos no movimento sindical, estávamos fazendo por melhores condições de vida, por justiça social e democracia. Foi ele quem abriu espaço para minha primeira capa de revista, na Istoé, em 1978. Desde então, nossas trajetórias seguiram se cruzando. Eu, como liderança política, ele, como um jornalista que, sem abdicar de sua independência, soube registrar as mudanças do Brasil. Vivemos juntos a redemocratização, as Diretas Já, as eleições presidenciais e as grandes transformações sociais das últimas décadas.

Estas décadas de convivência me dão a certeza de que Mino foi – e sempre será – uma referência para o jornalismo brasileiro por sua coragem, espírito crítico e compromisso com um país justo e igualitário para todos os brasileiros e brasileiras. Se hoje vivemos em uma democracia sólida, se hoje nossas instituições conseguem vencer as ameaças autoritárias, muito disso se deve ao trabalho deste verdadeiro humanista, das publicações que dirigiu e dos profissionais que ele formou.

Em sua memória, estou declarando três dias de luto oficial em todo o país.

À sua filha Manuela e a todos os seus familiares e os inúmeros amigos que construiu ao longo de sua vida, deixo um forte e carinhoso abraço.
 foto de Ricardo Stuckert

* 5 - Assim escrevo eu, HPA,tentando fazê-lo ao modo e jeito de Mino Carta
40 MILHÕES
Não tenho mais saco para suportar vereador bauruense, destes que descaradamente, faz longo discurso contra a privatização da água, se diz defensor em todos os momentos do DAE, prega a favor da autarquia e, na hora de votar a dinheirama na mãos de quem nada fará para resolver a problemática da falta d'água, pede desculpas, só falta se ajoelhar, alguns ligam até para a mãe e depois de toda a ladainha, vota a favor do empréstimo de 40 milhões, que sabe-se, servirá para tudo, menos para resolver o eterno problema da falta d'água na cidade de Bauru. Perdi a paciência com estes, PULHAS sem qualificação. Se não aguentam pressão, nem sei o que estão fazendo aí. Sem perdão. Ajudam desmedidamente ao endividamento acelerado nas contas públicas da Prefeitura, algo que, dizem, já bate cifras estratosféricas.

* 6 - Assim este HPA, como Mino não perdoa quem apunhala do Brasil
FASCITAS SE MOSTRAM NOS DETALHES, EIS UM VEREADOR NA SESSÃO SEMANAL DE ONTEM NA CÂMARA DE VEREADORES
É nos detalhes que observamos de quer lado as pessoas estão, o que pensam e como agem. O vereador Helinho, que também gosta de ser identificado com a patente de sua antiga atividade militar, que não ouso citar, quando do uso de seu tempo de fala ontem na tribuna da Câmara de Vereadores de Bauru, deixou bem claro ser contrário ao atual governo lula, mantendo-se fiel seguidor do hoje quase presidiário Bolsonaro, mesmo diante de tantas evidências de seus crimes. Ele comentava outro tema, mas resvalou sobre este, onde se mostrou desfavorável à atuação do STF e demonstrando estar o país descontrolado e atuando de forma ditatorial.

Com certeza deve fazer parte do time dos que, estão a agir contra a tal "ditadura" de Alexandre de Moraes. Para gente como Helinho, por "ditadura", entenda-se qualquer medida que impeça a concretização dos sonhos golpistas do capitão derrotado nas urnas em 2022 e de seus seguidores - os "malucos", como o próprio Bolsonaro os definiu ao depor no STF, em junho passado. Helinho antes de ser eleito vereador, creio que já na reserva militar, esteve à frente de muitos atos bolsonaristas em Bauru. Lembro muito be mde um deles, quando um carro de som envolvido na propaganda do ex-capitão foi pichado nas ruas e ele lá estava, como um dos organizadores do que era feito nas ruas. Para gente assim, quem luta por inclusão em um dos países mais desiguais do mundo ainda é tachado de "comunista" pela direita mais empedernida. Revira meu estomago ver pessoas como o vereador Helinho, não enxergando virtude nenhum nos atos de Moraes, se dizendo "patriota" e propagando como "ditador" qualquer autoridade que estabeleças limite às suas movimentações conspiratórias. Precisamos, até para ver o país avançar, que a sociedade brasileira repudie com vigor os absurdos de quem se mostra extremista de direita e continua defendendo o "indefensável. O povo brasileiro precisa saber separar quem age contra sua soberania.
OBS.: Faço uso de trechos de artigo da psicanalista e escritora Maria Rita Kehl para fundamentar melhor este meu escrito.

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