terça-feira, 3 de março de 2009

BAURU POR AÍ (12)

ROQUE FERREIRA NA REVISTA "VEJA" E AS COTAS RACIAIS
Roque é meu amigo e ele sabe muito bem disso. Nem por isso concordo com tudo o que diz e faz (e ele age comigo da mesma forma). Estou ao seu lado na maioria das lutas, que são as do nosso povo sofrido e espoliado. Estamos juntos para o que der e vier. Nessa semana o vejo na revista "Veja". Quem me avisa é seu Orlando, o da banca da rua Primeiro (pede para avisar o Roque, que saia mais vezes, pois vendeu tudo). O fato é que nem Roque, muito menos eu nos simpatizamos com a postura atual dessa revista e dos seus mandatários. Sectários por natureza, quando colocam algum "esquerdista" em suas páginas, deve existir um motivo. Nesse caso existe. No título da matéria, "O perigo das cotas". Todos sabem, Roque é contra as cotas para negros nas universidades públicas. Nem por isso está contra a luta do movimento negro e é visto como um inimigo de luta, longe disso, pois é um dos mais combativos militantes que conheço. A revista assim o coloca. E ele só está lá porque nesse caso está do mesmo lado dos interesses da revista. Isso todos temos bem claro. A "Veja" é contra o povo brasileiro, contra as massas, contra tudo o que seja reivindicação justa vinda dos anseios populares. Ela tem um lado, nós, os trabalhadores estamos no campo oposto. Isso tudo não desmerece Roque de lá estar. Ele foi procurado, assim como outros do grupo político a que pertence e deram sua opinião, cientes de onde estariam e a serviço de que. A questão das cotas é algo a ser discutido de forma mais ampla, com toda certeza, por um outro órgão de imprensa. Prefiro não discutir o que li na revista (leitura superficial, pois não compro a mesma) e se o fizer não o faria baseando-me em algo proveniente de conteúdo de lá retirado. Roque me entende e sabe do que estou falando. O fato é que ele está bonito na foto e a revista aproveita mais essa, como costumeiramente faz, para cutucar divisionismos da esquerda e outras coisinhas. Ela não perde a oportunidade. Já o Roque, mantém sua coerência e continua o mesmo para mim e todos que o conhecem. E por fim, se querem saber minha opinião a respeito das cotas, pendo mais a favor, mas preciso me aprofundar mais na discussão. É o que farei, não com a leitura de "Veja".

9 comentários:

Anônimo disse...

Olá HPA,tudo bem contigo?
Li no seu blog hoje,e de manhã ouvi comentário na rádio.
Gosto e respeito a opinião do Roque,é um ser humano especial,inteligente,culto e tem discernimento no que diz.
Bjo .
Maria José

Anônimo disse...

Oi Henrique, tudo azul?
Então a "última flor do fascio", como diz o Paulo Henrique Amorim, decidiu usar a esquerda contra os negros? O Brasil deveria parar de comprar esse lixo anti-brazuca.
Fiz a escolinha da rede, época em que o Roque era do sindicato, e sempre assistindo a suas palestras, mas nunca fui apresentado a ele. Mas por ele, acabei sendo convencido da importância das cotas. Justamente ele, que depois mudou de idéia.
Depois, assistindo Roque discursar contra as cotas, não concordei.
Respeito a opinião dos contrários, claro, mas precisamos ficar atentos para não dar armas a escroques da imprensa comercial.
A Veja, mestra no jornalismo "criativo" e as publicações Abril, a dona de tudo, deveriam ser banidas da leitura dos brasileiros conscientes e sinceros.
Apesar disso tudo, fica minha admiração ao Roque e sua defesa dos valores que hoje em dia, são negociáveis pela maioria dos políticos bauruenses.
Abração,
W. Leite

Anônimo disse...

A diferença é que nos torna iguais


Os defensores das Cotas e do Estatuto afirmam que as políticas universalistas foram incapazes de "incluir o negro" por isso as cotas seriam necessárias. Nada mais falso. Como não conseguem sustentar sua posição se apóiam única exclusivamente no conceito de raça que a ciência abomina, e na ignóbil pratica de detratar quem pensa de forma diferente.

Os defensores das cotas em maioria não possuem vínculos orgânicos com a classe operária trabalhadora. Desprezam a luta organizada dos trabalhadores negros e não negros para garantir a aplicação desses direitos nas luta do dia a dia, como educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis, saúde de qualidade e gratuita para todos, reforma agrária, demarcação das terras dos quilombos remanescentes, emprego, salário decente, aposentadoria justa, fim da violência policial, o que garantiria condições de vida decentes.

O racismo que existe no Brasil é fruto dos abismos econômicos que separam as classes sociais. Não é produto da opressão de 'brancos' contra 'negros', mas do princípio da desigualdade social que dissolve as esperanças dos trabalhadores de todos os tons de pele.

O Movimento Negro Socialista (MNS), do qual faço parte, luta pela igualdade verdadeira, pela extensão dos direitos e dos serviços públicos. Essa é a única via eficaz para combater o racismo.

O conceito de raça, fundamento das declarações dos defensores das cotas, estabelece uma fronteira nas escolas, nas periferias, nos sindicatos. Divide os cidadãos e os trabalhadores. No limite, propaga um ódio estéril que só serve aos que tudo tem. Os interesses dos trabalhadores negros são os mesmos dos trabalhadores brancos, são os interesses de todos oprimidos!

A aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e das Políticas de Cotas fará erigir uma nação de guetos 'raciais', na qual não haverá lugar para o conceito de direitos universais. A chamada 'discriminação positiva' só pode desembocar na divisão da nação brasileira e na criação de uma oposição 'legal' entre negros e brancos em escala de todo o País. É evidente que os primeiros a sentir as conseqüências da divisão 'racial' da sociedade serão os pobres, negros e brancos, em sua luta pela sobrevivência, na luta por emprego, e que tem necessidade de saúde, educação e serviços públicos universais e de qualidade!

O trabalhador 'branco' que vive na casa ao lado de um “negro”, no mesmo bairro, cujos filhos estudam na mesma escola pública, não pode culpado, responsabilizado pelo desemprego, pelo salário de fome, pelas péssimas condições de vida, pelo racismo e todas suas conseqüências, pois isso é o que almejam os poderosos.

Não reivindico privilégios de 'raça' nas universidades e no mercado de trabalho. Continuo a sonhar (e a lutar) pelo dia em que ninguém será avaliado pela cor da sua pele, como sonhou Martin Luther Ling. Tenho convicção de que os negros não se iludirão pela política da divisão e do ódio. Continuaremos a explicar que nós trabalhadores somos uma só classe e os interesses dos negros não se distinguem daqueles dos demais trabalhadores.

“A luta pela sobrevivência, a luta contra o racismo existente já é muito dolorosa para permitir que um mal maior se faça.”

Grande Abraço,
Acesse o blog http://roque.ferreira.blog.uol.com.br e divulgue

ROQUE JOSÉ FERREIRA

Anônimo disse...

Sou contra as cotas e a favor da não discriminação que já começa bem cedo, lá na escola.
abs
Roberto Pallu

Mafuá do HPA disse...

Meus caros
Eis minha situação.
Não a entendam como estar em cima do muro, longe disso.
Duas das pessoas que mais ouço e admiro no momento, Roque Ferreira e Duílio Duka estão em lados opostos. Roque contra as cotas e Duka a favor. Ouço os dois lados com a devida atenção. Cada um possui argumentos consistentes na argumentação de suas teses e cada um contra-argumenta em cima da defesa realizada pelo outro. Tudo feito com muito estilo e elegância.
É dessa forma que continuarei construindo minha opinião, até chegar a tê-la definitivamente. Estou na fase de fermentação de idéias, devendo ocorrer logo a seguir a da definição de idéias.
Um abracito a todos
Henrique, direto do mafuá

Anônimo disse...

A riqueza do Brasil está na mistura e muitos, em posições sociais privilegiadas, ainda menosprezam uma pessoa pela cor da pele, mesmo que sua família seja considerada branca. É urgente que haja um movimento de conscientização das pessoas, mas também um que garanta chances iguais aos mais afetados pela ignorância.
A grande maioria dos cidadãos não participa de movimentos sociais e nem por isso podem ser desqualificados.
E todos os cidadãos de bem deste país sempre saudaram e saúdam a "mulatada brasileira", como diz o Martinho da Vila.
Abraços
W.Leite

Anônimo disse...

Acho que a única coisa em que discordo do Roque é nisso. No mais é com larga vantagem, o nosso melhor e mais lúcido vereador.
Mauro

Anônimo disse...

Gente, o problema do Roque e do grupo a que está atrelado é só um, são trotiquistas. Para quem desconhece o que venha a ser isso, procure saber e a explicação estará bem evidente.

Mafuá do HPA disse...

MEUS CAROS
Em respeito ao posicionamento do vereador Roque Ferreira e contrários a pré-julgamentos por ser ele trotskista ou não, acho que qualquer diálogo precisa ser mantido de forma elegante, como o texto do amigo Ademir Elias, publicado hoje na seção Opinião, do Jc, reproduzido aqui por mim:

A história não pode ser renegada
Sou amigo do Roque Ferreira há muitos anos, mas nem por isso vou deixar de me manifestar, no campo das idéias, sobre as declarações dele, publicadas nos jornais de Bauru e numa revista de circulação nacional. Discordo frontalmente quando ele diz que “o racismo que existe no Brasil é fruto dos abismos econômicos que separam as classes sociais”. A combinação das desigualdades econômicas, de gênero e raça, é que produzem uma distancia social entre negros e não-negros que só pode ser corrigida com políticas e investimentos públicos que garantam educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis, para beneficiar negros e brancos pobres e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, onde está contemplada a política de cotas para afrodescendentes nas escolas públicas. Defendo as cotas, por um determinado período, a título de reparação rápida, da dívida que o País tem com os negros. Aliás, a implementação de cotas nas universidades públicas não é nenhum favor, é uma obrigação do Governo Brasileiro, que é signatário da Conferência Mundial de Durban, em 2001, na África, quando ficou definido que todos os países que exploraram a escravidão seriam obrigados a implantar as políticas de reparação, às quais eu me referi. Na minha avaliação, quando o Roque diz que as pessoas não são discriminadas pelo tom de pele ele está renegando um passado histórico, quando por mais de 200 anos, durante o período pós-industrial os negros foram explorados e sequer participaram do processo de construção da sua cidadania. Até hoje a cor da pele é um fator determinante na exclusão nas mais diversas camadas sociais.


O autor, Ademir Elias, é presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra