sexta-feira, 23 de outubro de 2009

BAURU POR AÍ (27)

FESTA DA CIÊNCIA NO SESC E ALGO SOBRE O TERMO “ÚLCERA DE BAURU”
Acontece hoje do SESC, das 8h00 às 21h30 mais uma “Festa da Ciência” (encerrando a Semana Nacional da Ciência e Tecnologia) e vou estar por lá, pois o filho estará presente no estande da CTI - Colégio Técnico Industrial da UNESP, com sua vestimenta cosplay e tirando dúvidas sobre mangás, games e personagens variados dos HQs, principalmente os japoneses, sua especialidade. Essa grande festa é interessante e poderia servir também para elucidar algo que me intriga. Bauru ganhou fama nacionalmente, sendo denominada no meio científico como a geradora do dito “Úlcera de Bauru”. Já ouviram falar disso? Pergunte para qualquer cientista, professor da área ou mesmo médico e eles lhe explicarão nos mínimos detalhes.

Ano passado, em março, fui procurado pelo pesquisador carioca André Felipe Cândido da Silva, da Fio Cruz (Fundação Oswaldo Cruz, Manguinhos RJ), querendo ter acesso a documentos aqui em Bauru sobre os primórdios da ferrovia, pois estava concluindo um trabalho, que deveria ser transformado em livro, “História das doenças nas ferrovias” e seu interesse por Bauru, claro, era por causa do famoso entroncamento ferroviário e o tal do termo, “muito conhecido no meio médico”, como me disse. Do seu trabalho não tive mais notícia, pois sai da Secretaria Municipal de Cultura em janeiro (vou pesquisar e informo aqui posteriormente), mas do termo, que certamente, muitos em Bauru rejeitam, algo a ser esclarecido.

O mesmo é relacionado à leishmaniose e numa rápida pesquisa encontro: ”A leishmaniose tegumentar americana, conhecida popularmente pelos nomes: “úlcera de bauru”, “nariz de tapir” e “ferida brava”, se caracteriza por apresentar feridas indolores na pele ou mucosas do indivíduo afetado. É causada por protozoários do gênero Leishmania, como o L. braziliensis, L. guyanensis e L. amazonensis: parasitas de vertebrados mamíferos. Fêmeas de mosquitos do gênero Lutzomyia são os vetores. Esses, de tamanho pequeno (menores que pernilongos), podem também ser chamados de mosquito-palha, birigui, cangalhinha, bererê, asa branca ou asa dura. Vivem em locais úmidos e escuros, preferindo regiões onde há acúmulo de lixo orgânico, e movem-se por meio de voos curtos e saltitantes”.

Não quero me aprofundar nesse assunto, pois dele sei muito pouco, mas seria interessante atualizar os dados. Os reais motivos da difusão desse mal? Sua incidência em Bauru foi em decorrência da ferrovia e a denominação por causa do famoso hospital de tratamento aqui localizado? Como tudo é encarado pela Ciência hoje? Remanescentes daquele período e suas histórias. Um belo trabalho de pesquisa, que certamente, o pesquisador André fez e já deve ter a maioria das respostas prontas (no "santo" Google clicando seu nome, muita coisa pode ser encontrada). Que o tema tenha prosseguimento. Por fim, tiro uma foto na tal Festa, do filho junto a um ilustre personagem do mundo científico brasileiro, CARLOS CHAGAS. Quem seria o ilustre bauruense por trás daquele imponete bigodão? Seriam capazes de matar a charada? A resposta está lá embaixo e deixo aqui uma excelente dica de leitura: A revista Caros Amigos acaba de colocar nas bancas, em 12 fascículos quinzenais, a série "Grandes Cientistas Brasileiros" (R$ 8,90 cada) e no primeiro, Carlos Chagas. Imperdível.
Resposta da Charada: É o professor TOKA, querido amigo e um dos que me lêem aqui nesse espaço.

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Henrique,
o tema de minha pesquisa à época em que fizemos contato era, de fato, um histórico das ferrovias e doenças para um artigo e não para um livro. Mas em virtude da dimensão exigida pelas pesquisas, tivemos que operar um recorte, abordando apenas a mais importante das doenças no que se refere ao impacto durante a extensão dos trilhos pelo Brasil afora, a malária. Nesse trabalho a Noroeste acabou recebendo um tratamento un passant, exatamente devido à escassez de fontes e à pouca disponibilidade de tempo que tínhamos para procurá-las. O referido artigo escrito em colaboração com meu orientador eStá disponível também on line; o link é este, caso queira postar no seu blog para aqueles que se interessarem: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702008000300009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Certamente que a leishmaniose tegumentar americana demanda uma pesquisa aprofundada e sobre a qual já temos algum volume considerável de informação acumulada, mas ainda não foi possível trazer isso a lume. Foi um capítulo interessante não só devido à importância que a doença veio a assumir no evolver das pesquisas científicas, como também por representar um episódio bastante significativo das realizações da ciência brasileira naquele tempo. Espero em breve poder trazer alguma contribuição acerca disso.
Agradeço imensamente a menção no seu interessantíssimo blog e louvar desde já essa excelente iniciativa. A meu ver o fato de a doença ser conhecida como "úlcera de Bauru" retrata menos um estigma do que o interesse que não só esta cidade, como a região da "Noroeste" de um modo geral despertou do ponto de vista científico, por se tratar de uma área de intervenção bastante brusca e relativamente rápida na fisionomia do ambiente local, o que propiciou a irrupção de uma série de doenças. Migração recente de populações, submetidas a um regime de trabalho bastante exaustivo, sob condições de higiene não muito adequadas, tudo isso aliado a fatores de ordem ambiental contribuiram para que beribéri, malária, leishmaniose, entre outras doenças, se tornassem frequentes.
Abraços,
André Felipe.

Anônimo disse...

Caro Amigo Henrique.
Primeiramente saudações corinthianas, espero que o "Timão" consiga mais uma vt´pria, vamos ver.
Em relação a Ulcera de Bauru, pouco tenho a acrescentar a pesquisa que descreveu no seu texto.
Vou conversar com o Dr. Garbino ( Lauro de Souza Lima ) e perguntar se o mesmo sabe algo a respeito do hospital que tratava os ferrroviários da Noroeste quando da construção da estrada rumo a Mato Grosso ( na época, apenas Mato Grosso).
Tenho um interesse todo especial pela História da ciência e me coloco a sua disposição para maiores esclarecimentos sobre a nossa ' ulcera de Bauru".
Obrigado também pelo envio da foto e pelo texto a respeito do meu "personagem", a foto ficou maravilhoso, vou imprimí-la e colocar em uma moldura aqui em casa, sério mesmo.

Como você é um pesquisador, gerador de conhecimento é por mim considerado um cientista político e grande historiador ( afinal etmologicamente : cientista é aquele que conhecimento, cultura, etc) quero mais uma vez dar meus parabéns pelos maravilhosos artigos que tem escrito e me enviado e também a toda uma comunidade.
Peço-lhe mais uma vez: junte todos e publique em um livro, pois afinal ( e agora faço uma citação da revista- UnespCiencia - que estava a nossa disposição ontem no SESC.
Esta citação serve para você que tem divulgado fatos e personagens bauruenses;"

[... Em outra vertente desse problema, a ciencia tem se isolado no laboratório, deixado de se preocupar com a formação científica da população ...] , dizeres do professor da Unesp Roelf Cruz Rizzolo, professor de anatomia humana da Faculdade de odontologia de Araçatuba".

Por isso, durante a caminhada que fiz hoje, solitariamente e lendo o artigo " Os quatro séculos da ciencia moderna" fiz uma reflexão e a mesma divido com você:
Penso que o evento do qual participamos ( eu, seu querido filho, você, minha família e todos que lá estavam ) serve-me de embasamento para formular o seguinte pensamento ( surgido após 33 anos e 10 meses de atividades pedagógicas): O conhecimento não pode pertencer ao professor e sim ao aluno.
Dessa forma a ciencia não deve ser restrita ao laboratório, mas sim a população.

Permita-me fazer uma segunda reflexão ( fiz a mesma já comigo mesmo ): para mim e para minha esposa ( que neste momento lê o que estou escrevendo);
" A casa de Berenice jamais será a mesma", pois a partir daí pretendo divulgar para o meu público as doenças tropicais negligenciadas.
Abraços, um bom final de semana, parabéns pelo filho e pelos pais.
Um abraço.
Dos amigos:
Toka e esposa Verinha

Anônimo disse...

Caro amigo Henrique.

Interessante a pesquisa do nosso amigo pesquisador, espero que o trabalho tenha sido realizado de forma satisfatório.
Pouco sei sobre a ulcera de Bauru no aspecto histórico, conheço ais sob o ponto de vista biológico.
Por isso, tenho algumas dúvidas, sendo a mais importante: qual foi o hospital aqui de Bauru que ficou encarregado de tratar dos pacientes?Teria sido o Lauro de Souza Lima, ou o Salles Gomes ( lembra, depois virou Hospital Psquiátrico?).
Poderíamos entrar em contato com o historiador Gabriel Peregrina Ruiz ( é assim o nome do nosso ilustre bauruense e perguntar dados para ele.
Aliás o nosso querido Gabriel P. Ruiz foi um dos cientistas ( 14 ao todo ) que foi homenageado durante o Evento.
Tal homenagem ocorreu na Câmara Municipal, ficou sabendo.
Um abraço e entro em contato ainda esta semana.
Do amigo de sempre,
Professor Toka