quarta-feira, 8 de novembro de 2017

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (126)


EU CONHECI UM CARA: ELES SÃO NORMAIS, ANORMAIS SOMOS NÓS, OS TROUXAS

Existem muitos iguais a ele na terra onde predomina a especulação imobiliária acima de tudo e de todos. É o mundo do vale tudo. Diante deste mercado hoje mais pra parado do que pra andando, fazer ele se movimentar é coisa para os ditos mais experientes, os que possuem tarimba para conseguir girar a roda. Falo de uma nata de privilegiados, que com algum dinheiro na mão, adentraram esse negócio de comprar e vender imóveis e nele tendo qualquer tipo de procedimento para obter seus objetivos. Sentem o tal do bom negócio no ar.

O sujeito em voga é conhecido de todas as imobiliárias da cidade. Por lá, todos sabem como age. Todos o avisam quando surgir algum negócio daqueles imperdíveis, onde o desesperado foi lá com algo de boa localização, tanto faz se casa ou apartamento, mas o importante é a percepção da disponibilidade do imóvel numa situação de aperto financeiro. Quando o avisam ele entra em ação, conhece o mercado de preços, vê o preço de venda e vai assuntar , tirar proveito. Ao perceber o aperto do outro lado, a corda no pescoço, oferece algo bem abaixo e vai fazendo pressão. O tempo vai passando e quando o desesperado está no seu limite, ele ainda espreme mais um pouco e acaba comprando por uma ninharia. Não é um, são vários, todos se conhecem e são conhecidos de todos. Formam um time, o dos sacanas, sem alma.

Não pense que existe algum tipo de pena neste tipo de negócio. Ganhando muito aqui, negócio fechado, já pensam no próximo lance: O que vai fazer com o imóvel adquirido? Por quanto vai vender e quanto vai ganhar? A roda gira e todos nas imobiliárias sabem: agora existe mais aquele imóvel na parada e se o ajudarem a passar adiante, um algo mais pode pintar. O que vendeu é esquecido tão logo a coisa é concretizada e se existe alguma lembrança dele é feita nas rodas de conversas entre os iguais: com esse foi mais fácil do que com aquele outro. Com este a corda roeu mais rápido, estava mais desgraçado. Nunca com algum tipo de pena, dó ou tentando entender onde se poderia prestar alguma ajuda para semelhantes em apuros. Enfim, quem pensa assim não sobrevive neste tipo de negócio.

Conheci um cara frio, calculista, objetivo, prático, um verdadeiro jogador, desses que ficam o dia inteiro com o baralho nas mãos, olhos vidrados nos lances, viciado no que faz, doente e doentil. Desconhece o que vem a ser trabalho. Possui escritório num dos pontos mais caros da cidade e das conversas que presenciei, o assunto principal é sempre o mesmo: quanto vale aquele terreno no condomínio tal, aquele outro tem preço fora da realidade, aquele boboca vai ter que vender mais baixo pois está na lona, não compre agora pois quando ele se apertar mais um pouco entrega quase de graça para gente, tenha paciência pois desesperado come cru neste nosso negócio e assim por diante.

É um tal de contar vantagens, um alardeando a trapaça dele como a mais vantajosa do que a de todos os demais. É o tal do vale tudo, onde os inocentes, os ingênuos, os necessitados, os com pouca prática, esses são todos passados para trás. Tirar vantagem e ir acumulando para aumentar seus negócios, eis algo muito em curso dentro de um segmento que está aí, com suas fachadas e luzes neon, com uma prática que não escandaliza com mais nada. Tudo é um mero negócio. No mundo do tudo é permitido, o que Temer & Thurma faz é fichinha, pois vivem algo muito parecido, todos acabam se confundindo, práticas e lances tão iguais uns dos outros. Os do lado de fora são os tais trouxas, os prontos para os do lado de lá passarem a perna na primeira oportunidade. Eu não conseguiria dormir vivendo naquele ambiente. Sai de lá e fui vomitar na esquina mais próxima e, é claro, lavar as mãos.

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