sexta-feira, 7 de abril de 2023

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (189)


O TOMATE NÃO MALHA JUDAS COM PAUS E PEDRAS, MAS O FAZ CONTRA OS PERVERSOS, NO GOGÓ, COM MUITA ARGUMENTAÇÃO - AMANHÃ TEM "ALELUIA TOMATE"
Isso de malhar Judas no sábado de Aleluia não é de hoje, tradição antiga. "Costume trazido pelos portugueses e espanhóis para toda a América Latina, desde os primeiros séculos da colonização européia, a malhação ou queimação do Judas, para alguns pesquisadores, seria um resíduo folclórico transfigurado das perseguições aos judeus que se desencadeou na Idade Média, na época da Inquisição. Para outros, o Judas queimado seria uma personalização das forças do mal, vestígio de cultos para obter bom resultados, no início e no fim das colheitas, realizados em várias partes do mundo. Há ainda alguns historiadores que afirmam ser o costume remanescente da festa pagã dos romanos", Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco RJ.

Pratiquei nos meus tempos de moleque e hoje pela manhã, um amigo, diante da festa carnavalesca do Tomate no Bar do Genaro me dá a ideia: "Por que não malhar um Judas durante a festa?". A princípio achei boa e quando me preparava para mobilizar alguns para ver das possibilidades, alguns me chamaram a atenção para o despropósito no momento atual vivido pelo país. Confesso não ser muito adepto do politicamente correto, mas quando Tatiana Calmon expôs seu ponto de vista, aceitei de bate pronto.

"Você me descupa, mas sou totalmente contrário a malhação do Judas. Primeiro que o Judas e Cristo se entenderam lá na época deles. O Judas teve a razão dele para entregar as moedas, porque o Cristo vacilou e ao invés de fazer a guerra que tinha que fazer, deu a César o que era de César. Eu sou contra o linchamento. Estamos vivendo um momento de violência escancarada, então a nossa malhação tem que ser de boca, tem que ser malhação oral, tem que ser discussão. Eu sou totalmente contrário a esse incentivo ao lichamento e a Malhação do Judas é isso, colocar uma pessoa inerte na rua e um monte de criança e adulto dando paulada. Eu não gosto disso não, tá", se posiciona Tatiana.

Não preciso mais nada, nem levar o assunto para as instâncias superiores do Tomate, pois navegamos em outros mares, muito distantes do propalado pelos tribunais de exceção, fica estabelecido que, amanhã, Sábado de Aleluia, no furdunço do bloco do Tomate, o "Malhando Geral", a coisa se dará no gogó e com argumentos consistentes. Todos convidados para dar prosseguimento ao ocorrido no último Carnaval, quando os "Imbrocháveis da Alegria" botaram pra quebrar.

Portanto, nada de malhar alguns Judas em poste, mas malhar oralmente os que se fingem de cordeiros, quando na verdade, são é lobos, perversos e cruéis, desalmados. O "Aleluia Tomate" será sábado, 8/4, a partir das 15h no Bar do Genaro. Vamos?

CULTURA INDÍGENA E O TRABALHO INCESSANTE DE IRINEU N'JEA E CHICÃO TERENA
Essa Semana Municipal da Cultura Indígena, em sua 4ª edição só ocorre em Bauru devido aos esforços do Instituto Araci e de seu idealizador Irineu N'Jea, pessoa por demais conhecida dentre todos os militantes sociais desta cidade. Ele não deixa nunca a peteca cair e, ano após ano, não só marca posição, como reforça para todos os interessados, a necessidade de continuarmos sempre muito atentos para a questão indígena. Agora mesmo, quando o busto de Machado de Mello, na praça que leva seu nome desparece, primeiro acusam os moradores em situação de rua e depois, algo deplorável, a louvação para o caçador e dizimador de índios em nossa região. O nome deste engenheiro, um dos construtores das pioneiras ferrovias cortando Bauru está manchado de muito sangue indígena e não podemos nos esquecer disto, mesmo que, segundo muitos, o contexto histórico fosse outro. Isso uma coisa e outra, o trabalho de resgate proporcionado pelas apresentações neste final de semana prolongado, na praça Rui Barbosa e no parque Vitória Régia, culminando com roda de conversa com o cacique Chicão, da aldeia de Araribá. Tudo isso acontece agora, este o momento, depois já passou e mais uma oportunidade perdida. Não a deixe escapar entre os dedos...

OS CEM DIAS, por SERGIO LIRIO, revista CARTA CAPITAL (Relato minucioso e apelo mais que sentido):
A mítica dos primeiros cem dias de governo nasceu do engenho de Franklin Delano Roosevelt. Maior símbolo da capacidade de intervenção virtuosa do Estado e uma das personagens políticas centrais do século XX, Roosevelt precisava dar um choque de ânimo em uma sociedade destroçada pela Grande Depressão. Em 1933, ao alcançar a marca na Casa Branca, o democrata lançou um pacote de medidas conhecido como New Deal, o novo pacto social que marcaria a história dos Estados Unidos e transformaria um país moribundo na maior potência do planeta. Desde então, tornou-se quase obrigatório a qualquer presidente, em Washington e no Ocidente, ao menos lançar mão de um espetáculo de pirotecnia para marcar o período. Mas não seria assim tão fácil para Roosevelt, embora ele tenha se tornado o único a governar os EUA por três mandatos, até o fim da Segunda Guerra Mundial. Foi preciso, nos anos seguintes, uma longa e extenuante cruzada contra o conservadorismo na Corte Suprema, no Congresso e nas finanças, felizmente vencida pelo mandatário de corpo frágil e espírito forte.

Na segunda-feira 10, Lula completa cem dias de seu terceiro mandato. O Brasil, a exemplo dos EUA da Grande Depressão, anda a precisar de um New Deal, após Bolsonaro e seus comparsas salgarem a terra e demolirem o edifício institucional do País. Como lamenta a historiadora Heloísa Starling em uma entrevista publicada na edição especial de CartaCapital que está nas bancas, “o país do futuro perdeu a dimensão de futuro”. A fratura vai demorar a cicatrizar, a solidão do indivíduo atomizado, caldo de cultura do medo e do rancor, está envolta em uma casca que impede a entrada da luz do contraditório. Bolsonaro foi derrotado, mas o Brasil continua prisioneiro do cercadinho. Libertar o País do trauma é um tratamento de longo prazo. O relançamento de programas sociais bem-sucedidos, entre eles o Bolsa Família e o Mais Médicos, são um importante começo, alvissareiro, porém insuficiente. A capacidade de negociação e a criatividade do presidente da República nunca foram tão fundamentais.

Lá se vão cem dias. Faltam, no entanto, 1360 noites de mandato e o jogo só termina quando acaba. O adversário não descansará. A falta de uma oposição partidária – Bolsonaro vive na corda bamba da cassação pela Justiça eleitoral e a terceira via continua sonho de uma noite de verão – é compensada pela aliança Faria Lima-agronegócio-mídia, mais preparada e poderosa. Como Roosevelt, Lula terá de dobrar as forças sociais reacionárias, fortalecidas desde o impeachment de Dilma Rousseff, se quiser cumprir a promessa de campanha - “colocar os pobres no Orçamento e os ricos no Imposto de Renda”.

Não bastasse o desafio em si, estes foram os primeiros cem dias mais frenéticos da história republicana brasileira. A canhestra tentativa de golpe em 8 de janeiro, a revelação do genocídio Yanomâmi, as Forças Armadas entre a desobediência e a conspiração e as chantagens de Arthur Lira mostram que Lula navega em águas turvas no comando de um transatlântico a deriva. Entende-se o cuidado das manobras, traduzido no arcabouço fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad, tentativa de acalmar o mercado financeiro e abrir margens à retomada dos investimentos, públicos e privados. A colossal e vergonhosa desigualdade não demorará, porém, a cobrar seu preço. Nem Lula nem o caro leitor podem esquecer: Bolsonaro entregou o Brasil com 33 milhões de famintos e mais de 100 milhões em insegurança alimentar. A fome tem pressa. O petista vive um dilema: precisa de popularidade para implantar seu programa de governo, mas só o sucesso dessas iniciativas lhe garante o apoio popular. Para angústia de muitos e desespero de outros tantos, às vezes parece que só o próprio presidente compreende o quão urgente, definitiva e definidora é a contenda. Um Dom Quixote a se debater contra os moinhos de vento.
RUY CASTRO, NO QUE RESTA DE FOLHA SP


Em várias áreas o governo começou bem. Em outras, ainda precisa mostrar a que veio. Não há margem para erros. O fracasso de um terceiro mandato de Lula seria o fracasso do Brasil. Se tudo der errado, os bárbaros entrarão triunfantes pela porta da frente e se sentirão autorizados a levar a cabo o projeto de ruína.
CartaCapital seguirá onde sempre esteve. Defendendo a democracia, os direitos humanos, a igualdade e a justiça, mas sem deixar de cobrar do novo governo que honre os valores e a agenda que marcaram a história de Lula e que o reconduziram ao poder.
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ESSA É PRA QUEM AINDA NUTRE ALGO DE BOM POR BOLSONARO - ENTENDA DE UMA VEZ POR TODAS QUEM ELE É
Só não vê quem não quer.
E alguém acha que eram só aquelas joias que foram desviadas?
E mais, alguém ainda duvida da propina de 1 dólar por dose de vacina?
Eis o link de trecho de programa da Globo News (até tu, Brutus): 

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