segunda-feira, 1 de outubro de 2007

UMA DICA (3)

OS MUITOS MOTIVOS DE UMA ESCOLHA: CARTA CAPITAL
Eu leio quase tudo o que me cai nas mãos. Não consigo ficar sem uma revista na pasta e em cima da mesa de trabalho, que devoro até nos sinais fechados. Já tive, durante minha vida, algumas escolhidas como favoritas e delas dificilmente me separei. Colecionei O Pasquim, Coojornal, Folhetim, Repórter e os tenho até hoje, ocupando um espaço numa estante no meu mafuá particular. Outras eu fui colecionando, juntando e se desfazendo. São tantos e tantos os títulos, que isso tornaria esse texto longo demais. Enfadonho.

Hoje, compro quase todo mês a Caros Amigos. A revista Imprensa, tenho desde o primeiro número, mas de uns dois anos para cá, perdi a regularidade. Por amar cinema, até a SET já ocupou espaço por aqui. Veja, Afinal e Isto É já formaram montanhas em minhas casas. Desfiz-me delas. Outras duas estão bem guardadinhas, coleção completa, Bundas e Pasquim 21. Li e tenho todos os números da Piauí, mas ela só me serve para constatar a que ponto chega o mais novo braço da direita brasileira. Piauí está do lado exatamente oposto ao meu, do que acredito. Descobri há pouco a Brasileiros, revista mensal de reportagens, onde o dileto considerado Ricardo Kotscho bate cartão e esse mês a Diplo, que está no segundo número.
Mas quem faz mesmo a minha cabeça é a semanal Carta Capital, da melhor cabeça pensante do jornalismo nativo, Mino Carta. Descobri a revista, passando a colecioná-la em agosto de 2001, exatamente quando passa a circular semanalmente. A revista fez a minha cabeça desde o primeiro instante. Parecia estar sendo escrita para mim, tal a afinidade entre o que penso e o que encontro escrito. Como se separar de algo assim? É praticamente impossível. Carta Capital é a minha cara e quem quiser me conhecer melhor, minha linha de pensamento e ação, basta ler suas páginas e entenderão do que falo. Como tenho afinidade, não resisto e vou enviando cartas, cutucando, fazendo sugestões e eles foram publicando.

Em 17/08/2002, Mino abre o seu editorial semanal com o título “O preço e o prazer da independência”, onde reproduz uma carta minha em página inteira. Ele havia me entendido e a revista idem. Num outro momento estava mal das pernas, duro como nunca, sentindo que a grana gasta semanalmente na compra da revista me faria falta. Enviei carta expondo meu padecer. Qual não foi minha surpresa ao começar receber a revista gratuitamente por seis meses. Já com a situação normalizada, assinei por certo período. Não renovei, pois não suportava receber a revista na segunda ou terça, quando ela sai nas bancas aos sábados. Isso me torturava. O passo seguinte foi mover céus e terras para trazer Mino até Bauru, o que foi feito na abertura do OLA - Observatório Latino-Americano, no Teatro Municipal, em 2005. Mino veio, lotou, desancou as estruturas (“falta sangue nas calçadas da nossa história”) e comeu o sanduíche Bauru.

Em março desse ano, quando fui até Buenos Aires com o Marcão ver o “Fuera Bush”, patrocinado por Chávez, justamente quando Bush estaria ao lado, em Montevidéu, escrevi para Mino e ele deu a dica: “Escreva sobre isso tudo”. Saiu uma “Bolivariana” em 21/03, que emoldurei, estando lá exposta no mafuá. Continuando com as cartas, surge a oportunidade de uma “Brasiliana”, publicada em agosto sobre a certificação do sanduíche Bauru. Minha intromissão continua, pois sou aquela espécie de leitor interativo, que lê e faz questão de opinar.

Isso tudo acontece porque não existe traição na relação revista/leitor. Mino não cansa de apregoar sua resistência, com frases do tipo: “Carta Capital sabe que a dimensão e as potencialidades do País transcendem as mazelas do poder contingente, a incompetência e a ferocidade de sua elite, a hipocrisia dos nossos falsos capitalistas e a resignação dos miseráveis”. A fiscalização do poder, onde quer se manifeste, a bem da prática correta do jornalismo e da verdade factual dos fatos é o que busco e encontro em suas páginas. Para uns bobocas, que insistem em continuar afirmando ser a revista lulista, deles tenho dó, pois ou não entendem o que estão lendo, ou estão afirmando algo sem ler a revista ou são mesmo mal intencionados. A revista faz a crítica quando necessário e com a contundência e dureza que a questão exige, mas não é golpista, alarmista e muito menos tendenciosa e falsa. Sou macaco de auditório de Carta Capital. Ela me é indispensável no dia-a-dia e para o Brasil, tanto que com seus 70.000 exemplares semanais ganha quase todas as premiações respeitáveis no quesito “melhor revista brasileira”. Eu me orgulho muito de ler a melhor revista semanal brasileira e faço questão de divulgar isso para todos. Experimentem e depois me contem.

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