sexta-feira, 2 de abril de 2010

FRASES DE UM LIVRO LIDO (35)

A GRANDE ARTE – RUBEM FONSECA
Li esse livro em 1991 (editora Francisco Alves RJ, 1983, 1ª edição, 300 páginas) e só sei disso pelas anotações encontradas dia desses num velho caderno de anotações. Esse texto, anos depois virou filme, do Walter Salles Jr, com partes rodadas em Bauru (tendo como figurante meu amigo morto num boteco no Gasparini, o seu Jonas, que foi garçom nos trens da Noroeste por muitos anos). Um verdadeiro road movie brasileiro. Rubem Fonseca é coisa rara. A narrativa começa com uma cliente procurando um advogado e logo a seguir surge assassinada, com uma enorme letra “P” marcada no rosto. Mortes vão se sucedendo e o aparente motivo é uma fita cassete, que um milionário tenta recuperar. As caçadas passam até pela Bolívia (daí o trem de Bauru até lá). Fonseca quando escreve sobre um assunto acaba por descrevê-lo com uma grande riqueza de detalhes. Aqui algo sobre os manejadores de facas e as paradas do trecho de trem Bauru-Bolívia. Sintam algumas frases que anotei e ao resgatá-las, a emoção ao reler cada uma e colocá-las no contexto em que foi escrita:

- “Conheço esse tipo que faz fortuna lesando milhões de fodidos. O fim de semana deles começa na quinta-feira”.
- “Nós vivíamos brigando, quem mandou eu casar com mulher mais moça...”
- “...a verdade não nos interessa, o que interessa é defender o cliente”.
- “Toda noiva é bonita, o noivo é que costuma ter cara de idiota”.
- “Os que se vendem, se vendem por pouco, é a minha experiência”.
- “A gente deve tomar cuidado com os livros”.
- “A vida não passava de uma luta de vida ou morte entre as pessoas. Entre os animais. Entre os povos. Entre as forças da natureza”.
- “Os filhos empobrecidos das boas famílias, assim como os incompetentes das famílias ricas arranjavam sempre um bom emprego público, onde nada faziam”.
- “Todo louco sabia que era louco”.
- “A pobreza tinha um cheiro, a velhice tinha um cheiro, a morte tinha um cheiro”.
- “...os homens só respeitavam as mulheres que não se entregavam”.
- “...dividindo-se entre várias mulheres, mesmo um homem com ardor e imaginação (...), acaba não podendo dar a nenhuma delas a satisfação mínima necessária”.
- “Existem putinhas de corpo bonito que pensam que vão ficar a vida inteira assim. A beleza é o bem que dura menos nesse mundo”.
- “Quem tem um único olho tem o maior dos tesouros. Porque tesouro verdadeiro é aquilo que você não pode perder”.
- “...não existia uma situação tão ruim que uma mulher não pudesse piorá-la”.
OBS.: Chove sob Bauru nesse feriado de sexta santa e eu novamente convulsionado com uma nova leva de cupins a me destruir livros. Passo boa parte do dia envolvido nesse serviçinho inquisitorial, de queima de livros estragados. E isso dói, fico arrasado. Agora, nesse momento faço um bom uso dos sacos plásticos onde recebo o jornal. Encapo livros, ou melhor coloco uma proteção, espécie de camisinha sob suas páginas. Meu exemplar da "Grande Arte" escapa ileso à gula dos meus condomínos indesejados. Porém, eles continuam vencendo a batalha que travam comigo.

Um comentário:

Anônimo disse...

OS QUE SE VENDEM, SE VENDEM, POR POUCO.

Pensemos sempre nisso e não nos deixemos vender.

Resistir é mais do que preciso.

É necessário

Paula