domingo, 4 de abril de 2010

OS QUE SOBRARAM e OS QUE FAZEM FALTA (07)

ODE A ALDIR BLANC, O OURIVES DO PALAVREADO
Esse é um dos resistentes, dos poucos que restaram e que, verdadeiramente vale a pena continuar falando dele. E sempre falo muito, pois o considero, além do nosso melhor letrista, uma figura ímpar, na escrita e na postura. Ontem, na festa de aniversário da Tatiana Calmon, debatia com ela sobre quem era nosso melhor letrista, ela insistindo no Chico Buarque (que também adoro) e eu, com o Aldir. Acompanho sua trajetória desde que o descobri no velho e saúdoso O Pasquim, nos anos 70 e nas primeiras letras em parceria com o João Bosco. Virei fã de carteirinha. Comprei quase todos os seus livros, tenho quase todos os seus LPs e CDs, inclusive os dele cantando. E quando me bate a melancolia, vou em busca dos seus escritos (suas frases são antológicas, tiradas de pura maestria), sempre revigorantes e de suas músicas, uma melhor que a outra. Vascaíno e suburbano, possui uma das posturas mais lúcidas deste país, para mim, inigualável e inenarrável. E gosta duma loira gelada, assim como eu.

“ALDIR BLANC MENDES, compositor, nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) no dia 2 de agosto de 1946. Nasceu no bairro do Estácio, tendo residido também na Tijuca. Começou a compor na adolescência e em 1966, ingressou na Faculdade de Medicina, onde se especializou em Psiquiatria. Em 1968, sua composição A NOITE, A MARÉ E O AMOR (parceria com Silvio da Silva Jr.) foi uma das classificadas no III Festival Internacional da Canção (FIC). Não parou mais. Nessa época, integrou o Movimento Artístico Universitário (MAU) com seus amigos de bairro (Cesar Costa Filho, Gonzaguinha, Ivan Lins e Marco Aurélio), que pretendia maior divulgação da música brasileira. Ainda em 1970, conheceu João Bosco, um de seus parceiros mais importantes e com quem conheceu os primeiros sucessos. Em 1971, Elis Regina gravou BALA COM BALA (primeiro sucesso da dupla). Em 1972, lançaram AGNUS SEI, interpretada e acompanhada ao violão por João Bosco, no primeiro Disco de Bolso, do semanário O Pasquim. Em 1973, foi lançado pela RCA um LP em que João Bosco interpreta composições da dupla. Em 1974, Elis Regina lança outro LP pela Philips, incluindo novas composições da dupla: O MESTRE-SALA DOS MARES; DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ e CAÇA À RAPOSA.Ainda em 1974, Aldir Blanc foi um dos fundadores da SOMBRÁS, entidade destinada a defender compositores e direitos autorais. Em 1975, saiu pela RCA o LP "Caça à Raposa", de João Bosco, com DE FRENTE PRO CRIME, KID CAVAQUINHO e outras, além daquelas lançadas por Elis Regina, que também gravou um dos maiores sucessos da dupla: O BÊBADO E A EQUILIBRISTA, em 1979. Abandonou definitivamente a Medicina em 1973 e fundou, em 1979, a Sociedade do Artista e Compositor Independente (SACI). Em 1983, rompeu sua parceria com João Bosco. Com sua criatividade, riqueza e fluidez verbal, nem sempre é fácil encontrar um compositor que se adeqüe à poesia de Aldir. Teve vários outros parceiros, como, por exemplo, Maurício Tapajós, com quem compôs a bela QUERELAS DO BRASIL, entre várias outras obras. Outros parceiros constantes de Aldir são Moacyr Luz e Guinga. Leila Pinheiro grava, em 1996, o disco "Catavento e Girassol", exclusivamente com composições da dupla Guinga/Aldir Blanc. Ainda em 1996 foi lançado o disco comemorativo "Aldir Blanc - 50 Anos", com diversas participações especiais. Foi cronista do jornal carioca O Dia (1995) e de O Estado de São Paulo (1996), publicou livros, entre eles: Rua dos Artistas e Arredores (1979), Brasil Passado a Sujo (1993), Vila Isabel - Inventário de Infância (1996), Um Cara Bacana na 19ª (1996) e Guimbas (2008). Também foi encenado em 1999 o musical Aldir Blanc, Um Cara Bacana, escrito por Cláudio Tovar”.
Extraído do site: http://www.samba-choro.com.br/artistas/aldirblanc

Para quem acha que faço elogios gratuitos, leiam o que escreveu Dorival Caymmi na introdução do CD, “50 Anos”: “Aldir Blanc é compositor carioca, é poeta da vida, do amor, da cidade. É aquele que sabe como ninguém retratar o fato e o sonho. Traduz a malícia, a graça e a malandragem. Se sabe de ginga, sabe de samba no pé. Estamos falando do ourives do palavreado, estamos falando de poesia verdadeira. Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo. É Dorival Caymmi que está falando aqui”. Semana passada uma nova história do Aldir, ele cansado das batalhas, rodeado dos netos, pouco sai de seu apartamento na Muda, Tijuca RJ e anuncia no blog de seu amigo, Eduardo Goldemberg, o Buteco do Edu, a venda de uma peça rara de seu acervo pessoal : “O fato é que - e não é sonho! - Aldir está se desfazendo da mesa de sinuca, tamanho oficial, que mantém, há anos, na ampla sala de seu bunker, na Muda (Tijuca, evidentemente). Pediu-me que anunciasse aqui, neste balcão, o tesouro: a mesa, em mais-que-perfeito estado, a taqueira sem os tacos (os tacos viraram espada nas mãos dos netos...) e dois jogos de bolas (também em perfeito estado), um da sinuca brasileira e outro da sinuca americana. Tem mais, tem mais! O felizardo, se quiser, leva a mesa com uma dedicatória do compositor sobre o pano verde (a idéia, genial, é dele)” – in http://www.butecodoedu.blogspot.com/

Escreveria dele um dia todo e seria pouco. Deixo abaixo algumas dicas dele cantando, tiradas do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=xr2c80poAMw , http://www.youtube.com/watch?v=ni89IL9srfg e
http://www.youtube.com/watch?v=tL9Qq9fzMvk&feature=related .

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