terça-feira, 7 de junho de 2011

AMIGOS DO PEITO (54)

QUIXOTESCAMENTE PERCORRENDO OS CAMINHOS DE BETO MARINGONI E PAULO NEVES
Gilberto Maringoni é um conceituado desenhista, jornalista, professor e pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - www.ipea.gov.br/ ), tem 11 livros publicados e para os amigos de Bauru, sua aldeia de nascimento, os únicos a chamarem de outra forma, aqui é simplesmente Beto. Veio à Bauru exclusivamente para participar da palestra de abertura do III Encontro Latino Americano do Colégio D’Incao. Fui buscá-lo na rodoviária no final da tarde, colocamos todas as conversas em dia, comemos juntos um bauru no Skinão e o levei para o auditório da Nobel. Lá, basicamente alunos do terceiro ano do segundo grau e um casal de amigos, Arthur Monteiro e Lilian.Fujo de quem não fala o que não quero mais ouvir e confirmo que “boi preto anda com boi preto”. De sua fala extrai um bocadinho de uma nova carga de ânimo para continuar empunhando uma lança contra os moinhos desse mundo a predominar o capital sobre a pessoa.

“A América Latina era um lugar de onde se queria sair. Nos últimos 30 anos ganhou importância no mundo como nunca teve antes. É na AL que as coisas estão acontecendo, aqui se define o futuro do mundo. A Europa vive uma profunda crise e o povo desesperançoso vota na direita. Na Espanha uma geração sem perspectivas foi para as ruas, os jovens resolveram não votar e os que foram às urnas fizeram a direita ganhar o pleito. O socialismo francês é representado por um banqueiro, preso em Nova York. Aqui na AL se vota diferente, pela mudança. No mundo sempre foi assim, manda quem tem poder, força, pois não existe leis que impeçam as guerras e novas invasões, feitas conforme interesses. O mundo gira e a ONU, criada há 60 anos possui seu Conselho de Segurança com a mesma composição da criação, ela não obedece a nova hierarquia existente no mundo. Muitos países passaram a negociar em bloco e o Mercosul é uma dessas formas. Escapamos da Alca e protegemos o produto brasileiro e na Europa, as fronteiras de um país para outro estão abertas, mas as moedas são desiguais e as mais fracas padecem. Na AL não temos o ódio racista aos imigrantes, lá na Europa o negro e o árabe são imigrantes estrangeiros e aqui todos os oprimidos são nativos. A grande diferença é que a revolta das pessoas ainda se expressa nas ruas, os votos ainda caminham no mesmo sentido do sentimento do povo. O poder no mundo está mudando e esse ódio norte-americano ao Irã, deve ser o mesmo que sentimos pelos EUA fazerem muito pior com os povos dominados por eles. Não cola mais dar apoio incondicional a eles. Ser de esquerda hoje é enfrentar o mundo”, foi o que anotei de sua fala.

Depois fomos papear junto do organizador do evento, o professor de História e diretor teatral Paulo Neves, sentados novamente no Skinão (Ana Bia chegou e ficou). Paulo está cansado de dar murro em ponta de faca, ficar garimpando espaço para divulgar algo que deveria ser disputado como eventos a engrandecer a cidade. Curvamos-nos para continuar buscando divulgação e não reclamamos muito disso, pois temos plena ciência de que “boi preto anda com boi preto” e não será nos espaços destinados a outro tipo de preferenciais eventos, que serão disponibilizados espaços generosos, justamente para quem luta contra o representado pelo a ceder o tal espaço. Coisas de quem enfrenta os moinhos com uma velha e enferrujada lança. Somos todos quixotes.

Ainda do Beto, compro seu novo livro, “Angelo Agostini – A Imprensa Ilustrada da Corte à Capital federal, 1864-1910” e recebo como brinde uma dedicatória única e indivisível.

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