terça-feira, 28 de agosto de 2012

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (40)
O ACERVO DO JOÃO DEZ E MEIA ESTÁ NA PRAÇA E A MÓDICOS PREÇOS
Quem gosta de bons programas radiofônicos conhece muito bem JOÃO DEZ E MEIA (fotos dele de J.Schubert, restantes minhas). Seu programa fez história na FM96, quando tocava preciosidades que poucos tinham, raridades do seu próprio acervo, algo juntado ao longo de décadas, principalmente jazz, blues e instrumentais brasileiros. João deixava muitas vezes de se alimentar direito, mas nunca de comprar mais e mais discos, ultimamente CDs. Infelizmente em março do ano passado João Olckmey Albert Leite, esse seu nome, nos deixou aos 68 anos de idade e como não tinha esposa e nem filhos, seu acervo ficou sob a responsabilidade dos parentes mais próximos. Existe uma máxima nesse sentido que diz: “A pior coisa que existe para um colecionador chama-se viúva”. Não faço uso da frase aqui com sentido pejorativo, muito menos de cobrança. Tudo o que relato a seguir são circunstâncias da vida e a mais pura realidade. Ele se foi, seu acervo ficou com pessoas e essas não enxergaram nele a riqueza que João denotava para aquilo. Só quem coleciona sabe do que digo. O mais previsível de acontecer é o que sempre acontece. Tudo foi vendido.
Fico sabendo do fato através do amigo Aldo Wellicham. Ele, assim como eu, um fuçador por natureza. Esteve dia desses no mais belo e organizado sebo da cidade, o SEBO LITERÁRIO (Rua Antonio Alves, entre a Batista e a Rodrigues) e lá só de bater os olhos numas novidades nas prateleiras teve a certeza: “Isso aqui faz parte do acervo do João”. E faz mesmo. O proprietário Antonio desconhece a história da procedência, sabe de quem comprou, mas nada de quem a amealhou ao longo dos anos. Fez o negócio, vislumbrou possibilidades comerciais com a nova aquisição e ao colocá-la à venda, sente na receptividade do público, ter feito mesmo um bom negócio. Ótimo, diria. Ninguém pensou nisso antes, pois esse acervo mereceria não ser disperso. Tarde demais para discutir isso. 

Ganho um CD de presente do Aldo, o “Cambre Avec Vue”, do Henri Salvador. Vou lá e trago mais cinco. A vontade de voltar (toda vez que passo em frente) e amealhar tudo o que fui vendo é grande, mas o comedimento se faz necessário e na impossibilidade de ter aquelas preciosidades todas reunidas aqui no meu mafuá, passo a bola e indico para os amantes da boa música: sejam rápidos, pois a boa nova corre de boca em boca. De tudo, o saldo positivo é que terei aqui comigo e como compartilho do mesmo gosto do saudoso João, pelo menos alguns dos CDs que ele tanto gostava. Fica a dica: todos ao Sebo Literário (o Antonio é ruim de choro, mas pressionando cede algum desconto). E um viva para esse danado João, que esteve a vida toda envolvido com questões musicais. Viva!!!
DUAS EXPOSIÇÕES NO MESMO LUGAR: Hoje, algo em curso e que não acontecia há certo tempo. Exposições sendo abertas com a chancela do MUSEU HISTÓRICO MUNICIPAL DE BAURU. Bato efusivas palmas e torço muito para que o mesmo volte a funcionar o mais rapidamente possível num definitivo lugar, o prédio da antiga Cia Paulista, junto à rua Julio Prestes. “Cozinha Caipira”, ambientação da tela do artista “Nelson Martins” com peças do acervo e “Telas e Pontos Históricos de Bauru”, são as duas montagens e podem ser vistas de hoje à noite até 30/09 na Casa Ponce Paz (esquina da Ezequiel com Antonio Alves).

ADENDO AO TEXTO DO JOÃO DEZ E MEIA: Publiquei esse texto no final da tarde e repassei a indicação para alguns diletos amigos. De um deles, J. SCHUBERT, algo mais, pois me envia três fotos tiradas por ele com o nosso personagem, João Gordo, seu outro apelido. Na primeira, que substitui lá no alto, a última dele vivo, já aparentando não estar bem de saúde e nas duas últimas tiradas num momento de descontração na Casa Síria, local onde ambos se encontravam para bater papo. A rapidez com que algumas respostas chegam via internet é algo que ainda me espanta. Para esse tipo de procedimentos é perfeita, respostas quase imediatas e solidariedade idem. O que não noto rapidez nenhuma é quando lanço algum questionamento impertinente, principalmente envolvendo personagens locais da política e pedindo posicionamentos do outro lado. Nesses momentos são poucos, mas poucos mesmo os que se sujeitam a colocar a cara para bater. Esse os dois lados do mundo virtual. Para o Schubert, meu sincero agradecimento, pois batucamos muitas conversas pelos meios quase ocultos da internet, um dando dicas ao outro e as fotos recebidas, com a concordância dele, estão sendo postadas quase que de forma imediata. Tudo para podermos falar mais um pouco do inesquecível João Dez e Meia.

8 comentários:

Anônimo disse...

prezado amigo: voce sumiu?.abz. Jose Luis - La Guagua - programa de A.J.Alzenmesser - Buenos Aires - Argentina

Anônimo disse...

Professor Henrique

Eu tenho algumas fotos do João Gordo, meu amigo...

Envio duas fotos por e-mail. Eu tirei na antiga LOJA SÍRIA da família GEBARA de quem o João Gordo era muito amigo. Faça uso delas.


J Schubert

Mafuá do HPA disse...

caro Jose Luiz - o argentino que mais conhece de MPB:
Saudades enormes de ti e do programa, que sempre que lembro, ouço com enorme prazer. Devo voltar Buenos Aires em breve e quero te rever. Essa história que lhe mandei é a de nós, os colecionadores, que após irmos desta nada sabemos do que será feito de tudo o que colecionamos ao longo de nossas vidas. Eu e ti estamos nesse barco. Hoje busquei cinco CDs maravilhosos e amanhã gasto mais um pouco. Queria tudo, mas impossível isso. Meu sogro no fim da vida, livros pela casa toda, olhava aquilo tudo e me dizia: "Será que valeu mesmo a pena. Que será disso tudo?". Enquanto vivermos vale, não Jose Luiz?
Abracitos brasileiros do Henrique direto do mafuá

Mafuá do HPA disse...

caro Schubert:
Sua resposta, de forma tão imediata é o alento, aqueilo que busco sempre para continuar escrevinhando por aqui. São lindas as duas fotos do nosso querido João e vou logo mais dar uma estendida no texto, um parágrafo mais só para poder incluir e mostar elas para os que aqui adentram. Obrigado pelo carinho no envio das fotos.
Abracitos do Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Valeu a dica!! Vou lá ainda hoje!! Pena que os Lps ele já tinha desfeito!!
Abrax.
Ralinho.

Anônimo disse...

Amigos e amigas,

A Galena FM está realizando uma promoção cujo sorteado fará jus a uma coleção “Arte na Lata”, contendo 2 CDs intitulados “Naquele Tempo” (ver anexos), contendo gravações nacionais, originais, realizadas entre os anos de 1947 e 1962. Para concorrer basta acessar nossa página (link abaixo, na assinatura) e entrar em “Promoções”, no menu do topo do site. Lá vc encontrará todas as instruções de cadastro. Vale a pena participar, é uma promoção gratuita,trata-se de rara coleção.

Boa sorte a todos!

José Esmeraldi



http://www.galenafm.com.br

Anônimo disse...

Ao ler o texto do Henrique Perazzi de Aquino sobre o acervo do João Dez e Meia, foi impossível não lembrar de uma participação dele na minha vida, numa manhã já distante. Amigo de um primo mais velho, foi João que bateu na porta de minha casa para dar uma notícia triste: meu tio-avô mais boêmio havia morrido em São Paulo. Ele contou com olhos melancólicos, disse sentir muito e foi embora, andando devagar. Foi triste, mas ninguém melhor para trazer o recado. Porque, do seu jeito, esse meu tio também era pura música. Foi com ele que aprendi a apreciar Vinicius de Moraes cantando. Era esse o som na velha varanda do casarão de antigamente, na cidade pequena. Ali, tão longe, sentia nostalgia de uma Itapoã que só conheci mais tarde. Não consigo ouvir Vinicius sem pensar nessa boêmia que conheci ainda na infância. É bom ter essa bagagem lírica.
CRISTINA CAMARGO

Aldoi Wellichan disse...

Ao ler o texto do amigo Henrique sobre o meu grande amigo João Dez & Meia, jamais deixaria de me posicionar a respeito. Fui colaborador do seu programa na FM Rádio Jornal da Cidade de Bauru, conhecida como 96FM, durante 12 anos. Ao ver todo o seu acervo à venda no sebo mencionado uma tristeza enorme tomou conta de mim, pois no meio de muito cd's que presentiei o João Gordo, estavam muitos deles à venda, prá não dizer todos. Fora um sobrinho dele de SP que não soube preservar esta riqueza musical e muito menos a memória do Tio dono do Jazz Entre Outros. Fazer o quê...sobrinhos não são amigos. Valeu Henrique.