terça-feira, 5 de janeiro de 2016

BAURU POR AÍ (122)


A CONTINUAÇÃO DO CASO "BAURUENSE" - ENTREVISTA COM O JORNALISTA JOAQUIM DE CARVALHO, DO DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
Repercutiu bastante a reprodução da reportagem escrita por Joaquim de Carvalho sobre o envolvimento de uma empresa de Bauru, a empreiteira Bauruense e o esquema de Furnas, com dinheirama no colo de Aécio Neves. Leia clicando a seguir: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-elo-entre-a-list…/. Pelo fato dela ser sediada em Bauru, resvala em muitas empresas, pessoas e fatos da cidade, com pífia divulgação até então pela mídia tradicional local. Após a publicação do texto e algumas cobranças recebidas resolvi procurar o jornalista e o entrevistei por e-mail. Eis as respostas na íntegra:


1- Sabemos que sua vinda para Bauru se deu exclusivamente pela participação da empreiteira Bauruense com Furnas. Como montou a estratégia para vir em Bauru e realizar a matéria? Contou com a ajuda de alguns locais ou fez tudo por aí e se virou sempre sózinho quando na cidade?
RESPOSTA: Primeiramente, tenho que agradecer às 525 pessoas que financiaram o projeto, por meio de um crowdfounding do Catarse. Jornalismo demanda recursos, para custear despesas de viagem, hospedagem, comida e para remuneração, e hoje o jornalismo independente depende de fontes de financiamento como esta. Com os recursos, programei viagens para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Bauru e Brasília, locais prioritários de apuração. Em Bauru, tentei levantar informações sobre a Bauruense, primeiramente pela internet e vi uma referência importante no seu blog. No mais, nada de relevante. É como se a Bauruense não tivesse nenhuma relação com um dos maiores escândalos de corrupção da história. Comecei a conversar com pessoas que conheciam o Daré e essas pessoas me levaram até ex-executivos da empresas, que me deram as informações mais importantes. Esses executivos participaram de algumas das ações citadas. Contei, sim, com o apoio de pessoas em Bauru. A pedido delas, não revelo os nomes dessas fontes. Também foi importante o acesso à denúncia da procuradora da república Andréia Sayão, do Rio de Janeiro, que acusou Daré de crime de lavagem de dinheiro e de participação no esquema de desvio de recursos de Furnas.

2 - Quantos dias permaneceu na cidade para a realização da matéria? Nos contatos todos realizados, na empresa, com os políticos, com os vizinhos da residência do sr Daré sofreu algum tipo de admoestação ou tudo transcorreu normal?
RESPOSTA: Eu permaneci três dias em Bauru, mas fiz muitos contatos antes, por telefone.

3 - Sentiu um clima na cidade do tipo, esse tema é tabu e por aqui as pessoas podem até falar (voce mesmo afirma que alguns diretores da Bauruense até dão entrevistas, mas no anonimato), mas ver publicado ou divulgado quase impossível?
RESPOSTA: Respondi parte dessa questão na primeira pergunta que você fez. Senti, sim, que é um assunto tabu na cidade. É até compreensível. O Daré não tinha inimigos, era querido até por pessoas simples, como manobristas de restaurantes. Muitas pessoas que procurei não quiseram nem conversa. Procurarei a Bauruense, que me pediu que enviasse as perguntas por e-mail. Isso já faz três semanas. Até agora, não recebi as respostas.

4 - Dá para notar que seu conhecimento sob os meandros da Bauruense não são de agora. Conte algo mais que sabe sobre o procedimento dessa empresa como empreiteira de obras públicas? Como é o modus operandi de uma empresa desse quilate junto aos servidores públicos?
RESPOSTA: A primeira vez que ouvi falar da Bauruense foi no caso do assassinato do prefeito de Campinas, o Toninho do PT, mas aqui faço justiça: as ilações feitas à época eram absolutamente infundadas. As evidências de envolvimento da Bauruense com esquemas de corrupção são muitas, mas, de envolvimento na morte daquele prefeito, não há nada consistente. O que apurei é que a Bauruense se deu muito bem no jogo de cartas marcadas que representa a contratação de grandes obras públicas. Achei curioso que, em seu código de ética, disponível na internet, a Bauruense garante absoluta confidencialidade nas negociações com seus clientes. Este é o padrão de negócios das máfias de obras públicas. Silêncio total. Hoje é diferente. Muitas das pessoas que ajudaram Daré nessas negociações estão fora da empresa. Se a Justiça brasileira quisesse mesmo passar o Brasil a limpo, deveria chamar essas pessoas. O caso existe, é atual. O que falta é disposição para investigar Chico e Francisco, para usar a expressão do procurador Rodrigo Janot.

5 - Tem fotos exclusivas tiradas na cidade e que poderiam ser disponibilizadas para divulgação junto a essa entrevista?
RESPOSTA: Não posso divulgar essas fotos, de propriedades do Daré, porque pertencem ao DCM, site para o qual fiz esse trabalho. Está sendo produzido um documentário sobre toda a apuração, e é possível que o editor use essas imagens. Peço sua compreensão.

6 - Diante de tudo o que apurou, acredita que, mesmo com todas as evidências conseguidas, quais os reais motivos de algo nesse sentido não ir para a frente? O caso mesmo do valor apreendido pela PF no apartamento do sr Daré em que pé está? Caminha na Justiça ou está estacionado? Por que uns andam e outros empacam nesse país?
RESPOSTA: Henrique, o que aconteceu com a investigação sobre a Lista de Furnas é um escândalo. Depois de um inquérito da Polícia Federal que durou mais de quatro anos, a Procuradoria da República no Rio denunciou Daré e mais dez por crimes que vão de corrupção ativa e passiva a lavagem de dinheiro. Quando a denúncia chegou à mesa de um juiz federal no Rio de Janeiro, a procuradora Andréia Bayão foi promovida ao cargo de procuradora regional e transferida para Brasília. O juiz entendeu que o caso era da justiça estadual, e mandou toda a investigação para o Ministério Público do Estado do Rio, que decidiu enviar toda a investigação para a 6a. Delegacia Fazendária do Rio de Janeiro. É lá que o inquérito está há mais de três anos, tudo parado. No que diz respeito aos políticos com foro privilegiado, não houve sequer inquérito. Tudo parado em Brasília.

7 - Evidente nos procedimentos judiciais hoje em dia um retardamento nos processos envolvendo tucanos, mesmo quando algo fartamente comprovado ou isso é lenda e não ocorre de fato? E se ocorre, qual o motivo, de algo de menor importância ter um desdobramento muito mais escandaloso e alguns grandiosos permanecerem esquecidos sem chances de caminhar?
RESPOSTA: Há uma blindagem, isso é fato. É só comparar os casos. Mas acho que a série da matérias sobre Furnas produziu um efeito. A Justiça em Minas condenou Azeredo depois que começamos a denunciar a manipulação judicial em casos de Minas, inclusive o do mensalão.

8 - Nos seus relatos feitos na cidade, levanta algo novo, ou seja, o relacionamento de um ex-prefeito quando a família Daré adquiriu a rádio AuriVerde. Essas informações já possuia ou as conseguiu nesse momento. Mais, essas histórias de Bauru descritas na matéria foram conseguidas todas agora ou já as possuia? Pergunto isso, até para saber a forma como foi formatando seu texto até chegar no definitivo.
RESPOSTA: Soube agora por meio de uma pessoa que participou das negociações. A história é curiosa e representativa da forma como os negócios da Bauruense se misturavam com os negócios públicos. No caso da empresa, era difícil separar o público do que era privado. A esse respeito, a denúncia da procuradora é interessante. É citado o caso da contratação, pela Bauruense, do irmão de um funcionário de Furnas responsável pelas licitações.

9 - A empresa Bauruense continua mantendo acordos da mesma natureza com órgãos públicos mineiros e quiçá brasileiros, pois é sabido que a empreiteira, mesmo após o falecimento do seu mentor continua na ativa?
RESPOSTA: O que posso dizer é que ela continua trabalhando para órgãos públicos.

10 - Algo mais te surpreendeu quando na estadia em Bauru? A facilidade ou dificuldade em obter informações.
RESPOSTA: Acho que tive meu trabalho facilitado por ser um jornalista de fora. Penso que, para os que são da região, o trabalho seria muito mais difícil.

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 1:

Gilberto Truijo PARABENS Henrique Perazzi de Aquino, POUCOS JORNALISTAS TEM SUA POSTURA E INDEPENDENCIA. ABRAÇO AMIGO E TAMU JUNTOS.

João Neto Coloca no jc na coluna do leitor

Lazaro Carneiro Carneiro kkkkkkk

Paul Sampaio Chediak Alves show de trabalho, Henrique Perazzi de Aquino ... achei precisa a colocação dele em um trecho: "O que falta é disposição para investigar Chico e Francisco, para usar a expressão do procurador Rodrigo Janot."

Paul Sampaio Chediak Alves e desse lugar em que está, na 6a. Delegacia Fazendária do Rio de Janeiro, a investigação vai parar lá na quadra da Beija-Flor de Nilópolis, e de lá pro LIXO.

Marco Antônio Souza Acho que deve publicar no JC.

Henrique Rocha De Andrade Filho JC ??????

Renato Neves Será?

Henrique Rocha De Andrade Filho Está bem desacreditado esse jornal

Henrique Rocha De Andrade Filho Mudam a impressão mas não mudam o jornalismo e jornalistas

José Eduardo Avila Excelente matéria

Henrique Rocha De Andrade Filho Tribuna do leitor os mesmos de sempre e escolhidos a dedo.

José L R Schubert O JC É UM EXCELENTE JORNAL SIM E ESTÁ SEMPRE RECICLANDO SEUS PROFISSIONAIS INCLUSIVE CHAMANDO NOVOS JORNALISTAS EXPERIENTES SEMPRE QUE NECESSÁRIO. AGORA, UMA OUTR5A ALTERNATIVA, UMA SUGESTÃO, USE MAIS O FACEBOOK, É UM DOS MAIS MODERNOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E EXISTEM JORNAIS VIRTUAIS AQUI EXCELENTES TAMBÉM, VEJA E CONHEÇA O Jornal EXTRA 24 Horas... COM JORNALISTA DEVIDAMENTE HABILITADO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E APTO A COLABORAR SEMPRE QUE NECESSÁRIO. EXPERIMENTE USAR JORNAIS DIGITAIS, COMO ESSE Jornal EXTRA 24 Horas.

Tião Camargo E por que o JC não deu nenhuma importância ao caso até o momento?

Tião Camargo Fiquei tão furioso que me recusei a renovar minha assinatura com o Jornal. Hoje, já nem o recebi. Não me deram nenhum dia de tolerância.

Lazaro Carneiro Carneiro o JC é o melhor jornal do mundo...deles