quarta-feira, 24 de agosto de 2016

COMENDO PELAS BEIRADAS (24)


EU FAÇO A DIFERENÇA – O DIA SEGUINTE, CONSIDERAÇÕES DE QUEM ESTEVE LÁ

Então, como havia dito, fui um dos agraciados com o troféu EU FAÇO A DIFERENÇA, premiação anual da Associação Bauru pela Diversidade, abrindo a Semana da Diversidade de Bauru, cujo tema esse ano é EU VOTO CONTRA O PRECONCEITO. Recebi o troféu junto com mais sete personalidades e duas entidades, todas com algo nesse quesito, o da luta contra a discriminação. Nem tinha ideia de como deveria me trajar num dia como esse, mas ao abrir meu guarda-roupas dou de cara com uma camiseta do Che Guevara e uma alpargata argentina com as cores do arco íris. Seguir com elas nesse exato momento do país é também algo contra todas os preconceitos e discriminações do mundo atual.

Relembro aqui dois textos. No primeiro, meu perfil, lido pela Celinha, assessora parlamentar do vereador Markinhos da Diversidade, um dos idealizadores da Semana e da Premiação:


Tem 56 anos, nasceu em Bauru, na vila Falcão e cresceu na região da Baixada do Silvino, onde reside até hoje. Viveu boa parte de sua vida ouvindo o barulho dos trens, com pai e avô ferroviários, por pouco não seguiu o mesmo caminho. Foi aprendiz de cinteiro aos 13 anos, cursou a Escolinha da Rede, trabalhou na antiga Fundação Educacional de Bauru e por mais de uma década na Bradescor, corretora de seguros do famoso banco, quando morou em Bariri, Marília e Jaú. Estudou nas escolas públicas, Madureira e Christino Cabral, cursou História na USC, quando se interessou pela militância social, incentivado por colegas, a maioria amigos até hoje. Educado com a influência do semanário O Pasquim, nunca mais abandonou a leitura diária de jornais e revistas. Lecionou pouco, seguindo um ditame do jornalista Mino Carta: "criador de caso, criou seu próprio emprego". De dono de restaurante foi ser caixeiro viajante com a HPA Chancelas, conhecendo boa parte do país. De 2005 a 2008 exerceu seu único emprego público, o de Diretor de Proteção ao Patrimônio Cultural na Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, acumulando a presidência do CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e do Conselho Deliberativo do Museu Ferroviário Regional de Bauru, o primeiro por oito anos. Afirma que escreve desde que se conhece por gente, tendo textos seus publicados em todos os jornais e revistas de Bauru, além de publicações como a revista Carta Capital. Manteve coluna no jornal Bom Dia, a Formador de Opinião, de 2008 até a última edição desse jornal na cidade. Mantém desde 2007, com publicações diárias, o blog Mafuá do HPA, onde publica sua necessidade de escrever. Tem como companheira a professora Ana Bia Pereira de Andrade e tem um único filho, Henrique Aquino. Milita na Esquerda, e aos 56 anos cursa Mestrado em Comunicação na UNESP Bauru. Como ele diz”, cabelo e barba brancos, contorna como pode a diabetes, a calvície, o volume da barriga, o pouco saldo bancário e algo que muito o incomoda, o aumento do preconceito e da discriminação nos tempos atuais”.


Quando chega o momento de falar (me deixaram por último), recebo das mãos do amigo, advogado Gilberto Truijo o Troféu APOIADOR DA DIVERSIDADE. Todos os agraciados fazem uso da palavra. Faço uma breve referência de como é saboroso ser lembrado por algo feito, sem que você ao menos imagine receber tal láurea. Deixo para o final da fala um sonoro PRIMEIRAMENTE, FORA TEMER, recebido sob os apupos dos presentes. Minha fala está registrada nessa foto, uma colinha que saco do bolso e leio aos presentes. Depois de encerrado o ato, fui me lembrar de algo que, deveria ter sido mencionado: Neste ano a 9ª Parada da Diversidade (próximo domingo) e tudo começou no Governo Tuga Angerami no ano de 2008, com Zé Vinagre como Secretário de Cultural, Sivaldo Camargo como Diretor de Ação Cultural e eu como Diretor Defesa do Patrimônio Cultural e o hoje prefeito Rodrigo Agostinho, como vereador e incentivador. Passou batido lá, não aqui.

Dentre os dez, o que mais me emocionou foi o Troféu entregue para o servidor municipal, Nelson Xavier da Silva, na categoria AMIGO DA DIVERSIDADE. Uma pessoa muito simples e dentro dessa sua simplicidade, ao pegar o microfone nas mãos, acabou se estendendo numa infinidade de agradecimentos, muitos desses pelas oportunidades que teve ao longo de sua vida e por estar atuando no serviço público. Emocionante. Ele, é motorista da SEBES – A Secretaria do Bem Estar Social e circula pelos pontos de atendimento social, levando e buscando funcionários e também tendo contato direto com todos os grandes problemas do setor, principalmente nas ruas, nos locais onde se encontram. Diante de professores, doutores, jornalistas, engravatados, diplomados, nada como alguém saído do meio mais simples para emocionar os presentes. Ponto alto da noite.

Por fim, algo mais no após a premiação. Estavam a planejar uma festa surpresa no Mafuá. Foi impossível manter em segredo algo assim no lugar onde moro, pois a movimentação foi intensa. Na Câmara, uma legião de amigos e amigas lá estiveram e formaram o maior grupo de pessoas próximas a algum homenageado. Isso para mim, demonstra, principalmente algo muito bom, o fato de não caminhar sozinho nas coisas que faço. Contar com esse respaldo, além de ser gratificante é de uma baita responsabilidade. Depois, ao sair dali e chegar em casa, por volta das 22h20, a casa cheia, mais de cinquenta pessoas, com música ao vivo e tudo compartilhado. Cada um dos presentes trouxe bebida e uma carne. As festas a envolver meu nome, todas elas possuem esse “descaramento”. Não pago sozinho as despesas e nem teria condições para tanto. Esse agir coletivo, com cada um também desempenhando uma função, alguns na churrasqueira, outros na retaguarda da cozinha, bastidores para tudo e esse que vos escreve como uma barata tonta no meio de tudo, todas e todos. Diante de tanta gente, tantos abraços, tanto calor humano, mesmo com o baita frio de ontem a noite, confesso, não senti um pingo de frio e nem poderia, pois estive ocupado a todo instante.

Já de minha efetiva participação e merecimento pela premiação, só posso dizer algo: tudo ocorreu por causa dos meus escritos. Devo tudo a eles. Se notaram algo de bom e salutar no que escrevo, a ponto de merecer ser lembrado, sinal de que devo seguir em frente. É o que farei...


Eis o vídeo gravado por Ana Bia e aqui postado do momento de minha fala: https://www.facebook.com/ana.b.andrade/videos/vb.591353817/10154378227053818/?type=2&theater

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