sábado, 9 de setembro de 2017

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (147)


ENCONTREI NOS SEMÁFOROS A SALVAÇÃO PARA A VENEZUELA
Sai antes do almoço para ir ao supermercado e no sinal mais conturbado da cidade, o do cruzamento da Nações Unidas com a Nuno de Assis, um lugar onde você encontra literalmente de tudo e muito mais um pouco, eis que sou abordado por uma jovem caracterizada de palhaço, nariz e tudo e com um cartaz me chamando a atenção: "Refugiados venezuelanos e crianças em risco".

O tema me chama a atenção e o sinal está mesmo fechado, a moça colada no vidro. Pergunto da Venezueal:

- O que aconteceu? Por que está aqui buscando dinheiro para salvar a Venezuela?

- O senhor não sabe, já são mais de 30 mil pessoas desabrigadas, passando fome e necessidades. Arrecado para ajudá-los.

- Sim, linda ação, mas como se dá a ação, como leva o dinheiro para lá ou é para os que já estão aqui refugiados? Você está do lado do Chavez, do Maduro ou da oposição?

- Nada sei da Venezuela, sou leiga nesse assunto, mas eles precisam de minha ajuda.

A conversa é interrompida, pois o sinal abre e acelero sem lhe prestar ajuda. Na minha cabeça passa um filme. Vejo que a moça estava ali motivada por uma igreja, provavelmente evangélica, até porque ao seu lado um moço com uma camiseta amarela e nela a inscrição "Jesus Transforma". Ou seja, trata-se de uma igreja com a proposta de salvar a Venezuela. Os refugiados do país vizinho ao Brasil já seriam tantos?

Não deu tempo de lhe perguntar se o país em calamidade hoje, ficaria melhor ou pior com a mudança de governo e a oposição assumindo o comando. Ela não me responderia, pois no pouco conversado já me disse ser leiga nesse assunto. O que vejo ela saber é que se faz necessário arrecadar fundos para a finalidade de salvar a Venezuela. Também não lhe perguntei como esse dinheiro chegaria até eles e se prestam também ajuda para os refugiados brasileiros e vivendo dentro do próprio território nacional, pois com o golpe em curso, cada vez mais gente vive nas ruas, sem emprego e no desespero de causa.

São muitas as perguntas sem resposta. Entro no mercado e fico a matutar em como verdadeiramente poderia uma pessoa como eu prestar ajuda para a Venezuela e para todos os países latinoamericanos sendo assediados diuturnamente pelo grande algoz do norte, clamando pelo fim da soberania de todos nós e de uma submissão transformando tudo e todos em mero "quintal". E como não comprar gato por lebre nessa questão humanitária? Ajudar sempre, sem olhar para quem, mas os meios é que precisam ser confirmados de sua eficiência. Eu sou totalmente contra igrejas se propondo a "salvar" países e enviando missões nesse sentido pra lá e para cá, sendo que o intuito é bem claro, o de arrebanhar fiéis e conter o povo em avanços libertadores.

A Venezuela está na esquina brasileira e também bauruense, mas não somente ali, pois ontem na esquina da Rodrigues Alves com Antonio Alves, quando um malabarista vem buscar o trocado que separei para ele após sua apresentação diante do meu carro, lhe pergunto a nacionalidade e ele me diz: "Sou venezuelano. Viajamos de cidade em cidade, país em país. Somos libertários, livres e como o vento, andamos por aí, hoje aqui, amanhã nem eu bem sei".

Volto pra casa e me dá vontade de voltar pros dois lugares. Na moça questionaria de como surgiu essa ideia com a Venezuela e como sua igreja entrou nesse negócio. Já no outro sinal, assistiria novamente a apresentação de malabares, lhe daria o que tenho nos bolsos e perguntaria: "Como faço para sair por aÍ sem lenço e documento? Será que na minha idade ainda tenho chances?". Ou seja, tudo pela Venezuela.

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