quinta-feira, 10 de junho de 2021

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (192)


CHOVE LÁ FORA - A BAURU QUE VEJO DO VIDRO FECHADO DO CARRO
01) QUEM OCUPA 60% DAS VAGAS HOTELEIRAS NO CENTRO DE BAURU
A constatação é o que ouço na voz do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda, um tal de Charles Rodrigo, que nunca vi, mais gordo ou mais magro, mas sua fala é a realidade do que vejo ululando nas calçadas do centro velho de Bauru, mais precisamente na frente de todos os hotéis. Segundo leio no Entrelinhas do JC de ontem, dito por ele na CEI da Covid, "colaboradores contratados pela empresa Bracell para obras de expansão da empresa, em Lençóis Paulista, chegam a ocupar mais de 60% das vagas da rede hoteleira de Bauru". 7 bilhões de investimento na fábrica e abertura de 4.800 vagas de emprego, algo mais que considerável.

Dito isso, o que é feito para estes? Creio que, NADA. Só a constatação. Essa legião de pessoas está nas ruas de Bauru. Tenho um amigo ali na rua Primeiro de Agosto, o Turco, que quando fecha o horário do comércio, vive exclusivamente para atender a estes e só com espetinhos assados ali na calçada. Iguais a ele são muitos. No parque Vitória Régia vejo outro, um senhor que conhecia de espetinho na frente do estádio do Noroeste e hoje, todos os dias, com sua churrasqueira ali na beirada do parque, atendendo quase que exclusivamente o pessoal da Bracell. Ou seja, tem muita gente já dependendo muito deles e não são só os hotéis.

Já tirei fotos e nenhuma com caráter de cobrança, pois trouxeram vida para os hotéis da cidade. Pelo que ouvi, a Bracell paga alguns de porta fechada, pacotão para o mês todo. Isso degrada o hotel, mas também é o sustento do momento, a quase única movimentação possível. Pelo que sei, ali no centro só o Hotel na Saint Martin não entrou nessa bocada. Todos os demais aderiram. E daí, perguntas: Como Bauru os recepciona? Existe um tratamento especial pelo fato de estarmos no meio de uma pandemia? O que é oferecido a eles, além do que encontram disponível? Quantos são e que impacto causa na cidade? De onde vieram, quais expectativas para com Bauru? Observá-los à distância e sem nada fazer é uma coisa, outra é manter aproximação, inclusive com a Bracell e entender de fato o que seria essa "invasão", dos benefícios e prejuízos.

Converso sempre com muitos deles, mas os vejo perdidos dentro de uma Bauru, a "Cidade Pernoite" para a maioria deles, todos vindos de longe, em busca de emprego e nas horas vagas vagando sem rumo pelos cantos de uma cidade tentando descobrir algo sobre eles. Alguns comerciantes já vislumbraram um nicho de mercado com eles e travam diálogo aproximativo, mas a Prefeitura, pelo que sei, só os observa, nada mais. Enfim, quanto são esses 60% ditos pelo secretário? Eles saem todos os dia bem cedo rumo a Lençóis, voltando no final do dia e daí percorrendo nossas calçadas. Poderíamos ser mais acolhedores, tanto que muitos vivem da grana provenientes de seus bolsos.

02) NAS CIDADES PELA REGIÃO MUITA PREOCUPAÇÃO, POR AQUI A PREFEITA VIAJANDO
Os hospitais de Bauru continuam abarrotados de internados, principalmente tratando da Covid e com um agravante, a fila de espera está cada vez maior. Algo incompreensível é quando de minhas saídas, o inevitável me obrigando a sair do bunker e botar as caras pra fora, acabo me deparando com algo surreal e na contramão do que vejo acontecendo na região. Hoje mesmo, abro o Jornal da Cidade e lá no alto da primeira página uma chamada com foto do prefeito de Jaú, o ultradireitista Ivan Cassaro: "Prefeito de Jaú faz apelo nas redes diante de superpopulação de hospitais". Na sequência ligo a TV e no horário do noticiário do almoço, algo muito parecido com o grito do prefeito de Garça. Semana passada, muitas cidades praticamente fecharam suas portas, entrada e saída, com fechamento de comércio e indústrias. Uma delas foi Arealva, quando a maior da cidade, dispensou todos seus funcionários por uma semana após um surto numa de suas unidades.

Isso é o normal de hoje, a preocupação que se espalha, mas pelo que vejo pelas ruas de Bauru e daqui da janela do meu meio de locomoção, com janelas devidamente fechadas, tudo diferente. Com o incentivo dado a fórceps pelo SinComércio, do ultradireitista Walace Sampaio, que não aceita fechar suas portas em hipótese nenhuma, por aqui tudo devidamente escancarado e com um agravante, dado como manchete também de primeira página no JC, edição de hoje: "Comércio abre à noite hoje e amanhã - De olho no Dia dos Namorados, lojas do centro de Bauru funcionarão até as 21h".

Para quem sai às ruas, tudo normal, funcionando e como se nada estivesse ocorrendo nos bastidores. O vice-prefeito, também médico e também secretário municipal da Saúde, o interlocutor entre a população e a administração, diz calmamente quando inquerido: "A terceira cepa já está entre nós, mas tudo bem, controle absoluto da situação". Picas de catiriba, ou seja, melhor manter a calma para não desesperar e assim, orando ir apostando todas as fichas no imponderável, pois se com este no comando tudo deu certo até agora, assim deverá continuar. Mas, e a prefeita? A novíssima (sic) e também mais que imperfeita(sic) viaja para se atualizar das malversações tramadas pelo Gabinete Paralelo do presidente, também capiroto e ex-capitão e na volta, anuncia que algo virá de Brasília.
 Não se sabe o que, pois desde ter dado início às constantes visitações brasilianas, volta cheia de promessas, mas até o presente momento, nada nos cofres de Bauru. Ela vive de promessa e da propaganda enganosa feita por intermédio de suas lives e conversa com fãs. Sim, para ela, os munícipes não são nada além do que fãs e quem não está com ela, além de merecer uma rogação negativa do púlpito de sua igreja, pode também ser deletado de suas redes sociais. E daí, por aqui nada se fecha, tudo se louva e a aposta é que assim, liberados e pimpões, estaremos caminhando rumo ao Nirvana. De jeito nenhum abro os vidros do carro nas escapulidas pelas ruas da cidade dita e vista como "Sem Limites".

03) OBA! PELO MENOS A “CULTURA” CONTINUA COM AS LUZES AINDA ACESAS
Passo pela avenida Nações Unidas ainda há pouco e algo se mostra auspicioso neste momento, o Teatro Municipal continua com suas luzes acesas. Paro no sinal do outro lado da rua, bem defronte o mesmo e enquanto não abre, saco do celular e registro o momento. Ele me faz recordar de tanta coisa ali já ocorrida e da paradeira dos tempos atuais. Sei que a maioria dos funcionários estão atuando de forma remota, das próprias casas e sem nenhuma produção pela Cultura.
 Pouca coisa rola de fato por aquelas bandas e algo ainda não foi desativado, as LUZES. De todos os cortes efetuados, verbas prometidas e que até as pedras do reino mineral sabem não serão cumpridas, pois a determinação vindo da novíssima (sic) e também imperfeita (sic) Suéllen Rosim é para pagar os funcionários e mais nada. NADA mesmo e assim, ao ver que ainda não mandaram apagar as luzes, um alento, aquilo tudo continua existindo.

Tenho inenarráveis histórias ali vividas e conto uma só, até para ilustrar algo do que vejo, as luzes acesas, mas tudo fechado, lacrado, criando mato e teia de aranha. Não adianta alguém vir defender que, algo está sendo feito, pois se isso ocorrer, é conversa pra boi dormir de gente a defender o indefensável, ou seja, a atitude da prefeita de massacrar a Cultura e de quem ela ali colocou para cumprir este triste papel. Nos tempos da 2ª administração de Tuga, os cofres estavam vazios, talvez até piores que hoje e o pessoal fazia e acontecia assim mesmo. Lembro do Sivaldo Camargo, Diretor de Ação Cultural indo atrás de eventos, todos bancados por Leis de Incentivo e os trazia para apresentações na cidade. Ele corria o trecho e na Funarte, criou amizades e de lá trazia espetáculos sem custo para o munícipio. Eu, diretor do Patrimônio Cultural cavávamos exposições e elas eram trazidas pelo Estado. Fizemos várias e por fim, o Ferrovia para Todos funcionava e sem grana saiu à luta e buscou recursos junto da iniciativa privada para restaurar carros férreos históricos sem nenhum custo para o município. Hoje, nada disso, quase nenhuma movimentação, o aguerrido pessoal não tem incentivo pra nada.

Olho para dentro do prédio antes do sinal abrir e ao ver as portas da biblioteca fechadas, penso que nada foi feito no período para emprestar um livro sequer. Como ninguém lá pensou em, neste período onde as pessoas estando mais em casa, ler é um Negócio da China e daí, se a biblioteca não abre ao público, que ofereça o acervo de forma online, com horários combinados para retirada dos livros. Creio que faz mais de um ano que nenhum livro sai de lá e isso é uma aberração sem fim. Dá pra fazer mil planos com livros circulando nesse período, basta querer. Vejo meu amigo Sivaldo Camargo, diretor da Cia Estável de Dança propondo e dando aulas online, estimulando seu grupo a não esmorecer e olho para tudo o mais e não percebo iniciativas com o mesmo interesse. Ele pensa no que fazer, estuda, bola planos não para depois, mas para agora e insiste, pois sabe que, não será a pandemia que o irá segurar. Gosto demais desses inquietos, que mesmo diante da maior adversidade, não se deixam amolecer e não entregam a rapadura.

O sinal abre e eu me vou, triste, pensando nessas luzes e em tudo o que já vi por ali. Chego em casa e em cima de minha mesa de trabalho, dentro de uma pasta, na qual olho todo dia um recorte do Jornal da Cidade, Caderno de Cultura, edição de 05/05 e lá a manchete ainda não cumprida pelos próceres atuais: “Cultura prevê novos editais do setor para os próximos meses – Quatro estão previstos ainda para o primeiro semestre e seis para a segunda metade deste ano, de acordo com a pasta”. Eu já tive pena da situação onde colocaram a Tatiana Sá, atual secretária, mas hoje, a percebo deixando a vida lhe levar. Faltam vinte dias para terminar o 1º semestre e sei, nada ocorrerá neste e mais NADA no segundo. Já está tudo decidido, resolvido e sacramentado, a Cultura acabou nessa administração e assim sendo, tanto faz permanecer com as luzes acesas ou apagadas. Enganar não enganam mais ninguém. Eu passo em frente quase todo o dia, não resisto olho para lá, mas de movimentação nada. Meus muitos amigos ainda trabalhando por lá devem estar num mato e sem cachorro. Sofro junto deles todos. Aquilo lá já pegou fogo e viver de saudade é algo dos mais tristes. Imagino os agentes culturais todos como devem estar se sentindo sem nada poder fazer para reverter a situação. É pra chorar...

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