sábado, 21 de fevereiro de 2009

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (02)

GUILBERTO CARRIJO FOI QUEM ME FEZ GOSTAR DE CARNAVAL
Conheci Guilberto meio sem querer. Era um meninão e havia acabado de descobrir o Rio de Janeiro. Estava deslumbrado. Nas vésperas de um carnaval, anos 80, fui em busca de uma excursão que me levasse para o famoso Carnaval. Ele fazia uma imperdível, com ida a bailes, desfiles de rua, tanto o do Sambódromo, como os de rua, realizados na avenida Rio Branco. Foi empatia à primeira vista. Repeti a dose por muitos anos seguidos. Frequentei muitos lugares que ele conhecia por lá. Segui seus passos e passei a amar o Rio (e o carnaval) com um fervor do qual não consegui mais me desvencilhar.

Tenho ótimas lembranças do velho Carrijo. Numa delas, a última excursão que realizou ao carnaval carioca, já debilitado pela doença. Fez questão de estar lá assim mesmo. Sabia que seria sua despedida dos festejos, do Rio e dos muitos amigos que fez na cidade. Foi amparado para dentro do hotel Itajubá, na Cinelândia, num local que faço questão de me hospedar até hoje, todas as vezes que pra lá volto. Pouco saia do apartamento. Ficava a maior parte do tempo dentro de uma banheira, refrescando-se do forte calor. O barulho da festa vindo lá das ruas o devia incomodar, pois sempre gostou daquela movimentação. Outra que batia cartão em todas suas excursões carnavalescas foi a Cida (será esse mesmo seu nome?), irmã do comentarista de esportes da Auri-Verde, o J. Augustus. Louca pelos desfiles, entusiasmava a todos com seu conhecimento sobre o desfile de cada ano. Íamos embalados pela trilha sonora das escolas, tocados ainda em fita cassete. Ela deve ter todas até hoje.

Numa das noites de baile que o Bola Preta realizava em seu antigo salão (foram despejados de lá e estão com outra sede) ao lado do Teatro Municipal, em cima de uma agência do Banco do Brasil, receberia uma homenagem dos dirigentes do local. Levamos ele no colo até o primeiro andar e ele resistiu o quanto pode, até receber sua premiação. Foi ovacionado por todos. Figura popular, pois levava muita gente para lá todos os anos e batia cartão nos bailes lá realizados. Do quarto só saiu para a viagem de volta. Pouco tempo depois, faleceu tendo conseguido realizar esse último desejo, o de participar pela última vez de um baile no Bola Preta.

Fui me lembrar dele por alguns motivos. Primeiro por estarmos no Carnaval e ele, tendo seu nome relacionado a nossa festa de forma umbilical, tanto que o Sambódromode Bauru, anos depois, veio a receber seu nome. Havia citado seu nome num texto enviado para o JC sobre a morte do Robertinho Godoy e seu filho, Ricardo Carrijo me aborda na saída de uma missa de sétimo dia, só para me agradecer. Depois, por ontem, no baile de abertura do nosso carnaval, o De Máscaras - De veneza, realizado no Luso, fui abordado por uma pessoa que sabia conhecer (não me lembrava de onde), recordando ter sido quem me ajudou a carregá-lo para o Bola Preta. Revivemos aquilo tudo juntos, num exercício de memória, que me fez ver a figura do carnavalesco Guilberto Carrijo diante dos meus olhos. O relato aqui feito é uma singela homenagem para uma pessoa que, dentre tantas coisas, amava a festa carnavalesca. Gente como ele, precisa ser enaltecida sempre, para que a festa não feneça nunca. Carrijo é dessas pessoas que sempre estarei a recordar com o máximo de carinho. Nossos carnavais sem ele, Robertinho Godoy, Caré, mestre Landinho e tantos outros, nunca mais será o mesmo. São os nossos imortais.

Obs.: Infelizmente não possuo nenhuma foto dele. Essa aqui publicada foi chupada do último Bauru Ilustrado, pertencendo a uma época que ainda não o conhecia. As retratando sua fase mais madura, publico outro dia, com outra história, assim que as conseguir. Todas as demais fotos são do baile de ontem à noite, o de abertura do carnaval de Bauru, Baile de Máscaras - Carnaval de Veneza, realizado no Luso, com casa cheia e tocando somente marchinhas carnavalescas. Muitos diletos amigos nas fotos. Nada de axé, lambada, sertabrega e outros ritmos. Guilberto adoraria participar de algo assim. E quem disse que não estava por lá?

6 comentários:

Anônimo disse...

Maravilha irmão !!!!!
Carnaval animado .... bela homenagem, tanto para o Guilberto Carrijo como para o nosso eterno Robertinho Godoy , figuras inesquecíveis em nosso carnaval ...
Parabéns ....

Anônimo disse...

Fiquei surpresa com a sua disposição irmão .... isso me deixou muito feliz ... parabéns para a Zezé também ....beijossssssss
Helena Aquino

Anônimo disse...

Gostei do texto, me fez lembrar das excursoes que eu, o Beto e a minha m�e fizemos com ele para o Desfile das Campeas em 1988 e 1989. Grande abraco,

Guto

Anônimo disse...

Muito legal este artigo no Mafu�.... Acabei chegando um pouco antes das 20h00 no sambodromo, mas aind v� o final do desfile do teu bloco. Muito legal, as fantasias, a faixa em homenagem do Robertinho Godoy, valeu mesmo. parab�ns, meu amigo.
Ademir Elias

Anônimo disse...

HENRIQUE

Fui em várias excursões para o Carnaval do Rio, todas com o sr Carrijo. Guardo ótimas lembranças, não só dele, que me mostrou um lado diferente do Rio, o do samba e da alegria. Assim como o senhor, também aprendi a gostar do Rio de Janeiro com o Carrijo. Ele amava aquilo tudo, principalmente a festa de Carnaval, o Bola Preta (foi quem me levou lá pela primeira vez) e os desfiles de blocos que passavam ali pela Cinelândia. Seu texto me encheu de alegria e tristeza. Alegria por rever isso tudo e tristeza por constatar que nem tudo aquilo é mais possível. Boas lembranças. Também guardo ótimas recordações do sr Carrijo. Continue com textos desse jeito.
Obrigado
Carlos Pereira

Anônimo disse...

Prezado Henrique



Artigo Guilberto Carrijo



Agradeço muito a sua atenção em me enviar ao rtigo.

Confesso que fiquei emocionado com o texto e com alguns detalhes de relacionamento de meu saudoso pai relatados no artigo e que eu mesmo desconhecia.

Ele, de fato, amava o Carnaval e Rio de Janeiro

Impossível passar um Carnaval – sem relembrar do meu querido Guira (Apelido carinhoso que usávamos em nossa casa)

Vou compartilhar o artigo com meus irmãos e outros familiares.



A lembrança que você fez da Cida também é importante.

Portelense apaixonada, ela continua até hoje a freqüentar os carnavais do Sambódromo na Sapucaí.

Tenho noticias dela através de minha cunhada Silvana Pavan – que me informou que ela estava lá no Rio – torcendo pela Azul e Branco.



Finalizando fico muito feliz pelo fato de alguns bons exemplos do velho Carrijo – terem ficados impregnados nas mentes e corações de bauruenses como você – que amam a maior festa popular do planeta – no nosso Carnaval.



Grande abraço e obrigado, de coração

Sinceramente





Professor Dr. Ricardo Carrijo

Diretor Faculdade de Ciências Econômicas - ITE