sábado, 29 de janeiro de 2011

DOCUMENTO DO FUNDO DO BAÚ (18)

UM GESTO DE REBELDIA NA VISITA DE BRIZOLA EM BAURU, 1992
Nessa semana como já descrito aqui no mafuá estive no saguão da Câmara de Vereadores deixando um livro sobre ética para o pastor presidente, o SAKA AHI, Ó MEU! Para os que me conhecem sabem muito bem que faço isso desde há muito tempo. Após a entrega fui trabalhar na região e lembrei de outra entrega nos mesmos moldes da feita agora. Relembro ela abaixo.

Sempre fui brizolista. O PDT com a sua cara é algo bem palatável, nem sombra do destino atual da sigla, ainda mais aqui em São Paulo nas mãos de um sindicalista de meia pataca, o Paulinho, da Força Sindical, também deputado federal. Brizola foi dos nossos maiores políticos e uma das coisas que mais lhe trouxe dores de cabeça foi as escolhas de gente para estar ao seu lado. Muitos trairam a confiança e lhe apunhalaram da forma doída e contínua. Cito três, os maiores, Garotinho, Cesar Maia e Marcelo Alencar, todos políticos cariocas. Mas a trairagem ocorreu Brasil afora. Não digo só trairagem, mas escolhas mal feitas, de gente a engordar o partido, mas que na maioria das vezes trouxe péssima reputação. Gente que de socialista não tinham nada

Aqui em Bauru corria o ano de 1992 e Izzo Filho, o prefeito em final de mandato escolhe o PDT como seu novo partido. Queria eleger seu sucessor, mas perdeu para Tidei de Lima. Ainda não tinha mostrado o seu outro lado, que veio à tona no seu segundo mandato. Nesse ainda inspirava confiança, apesar das ações populistas e pessoas ao seu lado despontando com interesses bem outros que só os políticos. Um verdadeiro balaio de gatos. Observava tudo isso e ao ficar sabendo que Brizola estaria pessoalmente em Bauru, produzi um extenso material, com recortes de jornais e um carta de duas páginas, datada de 15/03/1992 (cópias e fotos ao lado - cliquem nelas para lerem ampliadas). A festa da filiação foi no Teatro da USC - Universidade do Sagrado Coração e mesmo sem ter sido convidado fiz questão de lá estar. A festa foi o que dela se esperava, algo surreal, preparado com esmero pela equipe izzista. Fiquei só a observar, mas atento mesmo à fala de Brizola, que veio à cidade junto de Neiva Moreira, seu fiel escudeiro no partido, Jacó Bittar, então prefeito de Campinas, também recém filiado ao partido, Maurício Côrrea, ministro da Justiça e Airton Soares, político da resistência ao regime militar e oriundo da vizinha Pirajuí. Vibrei com Brizola e em algo que não me esqueço jamais. Após os salamaleques ele foi caminhar pelo pátio da USC e lá depara-se com um jovem e seu violão. Deve ter sido algo preparado, pois esse cantou algo do regionalismo gaúcho, encantando o visitante.

Aproveitei esse momento e puxei conversa com alguém por quem possuia idêntica admiração, Neiva Moreira, outro membro da Internacional Socialista e da mesma cepa de Brizola. Entreguei-lhe o envelope e disse do seu conteúdo, não sem antes dizer de minha admiração por ambos. Trocamos algumas palavras e uma delas relembro muito bem: "Tenha certeza, entregarei a ele no vôo de volta e lerá tudo com a devida atenção". Tenho certeza que o fez. Brizola sabia que podia contar com uma imensa legião de fiéis admiradores espalhados país afora, que lhe auxiliavam nessas horas. Izzo Filho foi somente mais um que teve que engolir em seco, pois passado pouco tempo, estava em outra barca, bem distante dos rumos pregados por Brizola.

Essas fotos me foram mostradas pela primeira vez na Secretaria Municipal de Cultura, depositada em arquivos embrionários do hoje MIS - Museu da Imagem e do Som, nos anos em que lá atuei. Sob a guarda de Orlando Alves, um dedicado guardião de fotos, peças e equipamentos de grande valor, cuida hoje de uma melhor catalogação disso tudo. Escaneei algumas e as publico hoje. Sei que foram remetidas ao MIS, pela então Assessoria de Imprensa de Izzo, para que fossem guardadas. O critério do fotógrafo da época, que não sei o nome, foi de registrar Izzo em todas as fotos, deixando de lado outros lances mais significativos. São aproximadamente umas vinte e talvez o único registro dessa passagem por Bauru. Aqui meus agradecimentos a Orlando Alves e um algo mais para finalizar. Gestos de rebeldia são sempre perpetuados com galhardia. Deixo aqui outro registrado. Eduardo Goldenberg, meu colega blogueiro, carioca da Tijuca, brizolista como eu, teve o prazer de ter diante de si um microfone da TV Globo e desferiu isso, que está postado no Youtube para a posteridade. Cliquem a seguir, leiam o texto e divirtam-se um bocadinho com a rebeldia do Edu:

2 comentários:

Anônimo disse...

Brizola faz uma falta danada.
Adorei o que fez entregando o livro para o Sakai em Bauru e o quer fez esse jovem, falando numa brecha ao vivo na TV.
Eles morrem de medo quando isso ocorre.
E nós gostamos disso tudo.
Me lembro disso do Brisola, foi no intervalo de um dos festivais de música da Globo, quando a jornalista entrevistava os torcedores de cada música. E aí ela vai entrevistar esse moço, o Edu.
Brizola faz a gente ousar na sua defesa. Sempre foi assim.

Pascoal

Anônimo disse...

Adoro seus textos sobre Brizola. Não pare nunca de falar dele, pois os políticos de hoje não valem nada. Me dia, quem voce compara com o Brizola hoje... Se demorou para responder é porque não tem nem idéia da resposta.

Francisco Bonadio