quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (22)

FINALMENTE A "CASA LUZITANA" É TOMBADA E A "CASA DOS PIONEIROS" CLAMA POR SOCORRO
Após 14 anos, um dos processos do CODEPAC mais demorados teve concluído o seu tombamento, com a assinatura do sr prefeito e a publicação do decreto no Diário Oficial do Município. Fico sabendo da notícia pela internet, vasculhando daqui do Rio de Janeiro, o noticiário da cidade via Bom Dia (http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Viva/43003/Predio+de+antiga+casa+de+comercio+na+rua+Batista+de+Carvalho+finalmente+e+tombado ) ,Jornal da Cidade(http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=199810 ) e por e-mail recebido de Sérgio Losnak, o atual presidente do Conselho. Algo me agrada muito nisso tudo, pois presidi o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru por dois mandatos e algo que permaneceu inconcluso foi esse processo. O prefeito anterior aquele mandato, Nilson Costa não querendo tocar num vespeiro, delicadamente empurrou a bola para seu sucessor, com um recadinho escrito a mão e juntado do processo. O texto é mais ou menos assim: "A decisão fica para meu sucessor". O sucessor Tuga, equipe da qual fiz parte, bem que tentou um diálogo com os proprietários, marcando infindáveis reuniões, onde chegamos a ouvir de um dos herdeiros algo nesse sentido: "Viajo constantemente à Europa, acho lindo a preservação feita lá, mas não vejo porque em tombar esse prédio aqui de minha propriedade". Hoje, mesmo contrariando os herdeiros a decisão foi tomada e existe um prazo de recurso, ou seja, o tal do juris esperniendi. Aguardemos.

Pelo que li no noticiário dos jornais, o prefeito Rodrigo Agostinho também está sensível a outro tombamento, esse mais antigo, o da denominada Casa dos Pioneiros, uma construção das mais simples, em estado de ruína absoluta, ali no começo da rua Araújo Leite (em frente ao Pronto Socorro da Cerveja). O abandono por ali é total, desoladora situação. Vivenciei algo junto aos herdeiros daquela casa e não senti interesse nenhum em manter aquilo em pé. Tratam-se de senhoras sem recursos financeiros para bancar algo relacionado com patrimônio cultural da cidade. E como o sr prefeito já se manifestou com interesse na desapropriação, essa a única solução para aquela casa, a única remanescente dos primórdios de Bauru. O único imóvel a resistir, só que em petição de miséria. As fotos de ruínas aqui publicadas, nenhuma é da Casa dos Pioneiros de Bauru. São meras fotos ilustrativas de algo que pode vir a ocorrer se nada for feito. Ou ela já estaria assim? Quem passa por lá responde isso num piscar de olhos.

Diante de tudo isso, algumas perguntas são inevitáveis:
1 - Chegamos ao limite de nada retribuir para benefício com os proprietários que possuem imóveis tombados. Em que pé anda a tramitação do estudo para isenção de impostos, principalmente o IPTU para esses imóveis? Isso é o básico, o mínimo possível.
2 - Todos conhecem o que ocorre na principal rua turística de Curitiba, a do seu calçadão, onde muitos prédios históricos possuem só sua fachada tombada e consequentemente só elas preservadas, com todo o restante podendo ser alterado. No caso da Luzitana até isso já foi proposto e não aceito pelos herdeiros. Como conseguir incutir neles que isso poderia inclusive trazer lucros e não dores de cabeça? Quando a questão é mais financeira que ideológica, talvez conseguindo fazê-los enxergar isso, seria como mostrar a existência da pólvora.
3 - Existem muitos projetos idealizados por estudantes universitários, esses feitos em conclusão de cursos, os tais TCCs e alguns deles anexados a varios processos. Por que não expor esses trabalhos de e se fazer uma tentativa coletiva de buscar solução para muitos imóveis que encontram-se em situação de total abandono.
4 - Sou favorável a uma rediscussão dos tombamentos ocorridos na cidade. Isso é bem diferente de se fazer um DESTOMBAMENTO, entendam bem. Sou abordado na rua por diversas vezes sobre o destino de alguns imóveis tombados, fechados, sem acesso e onde existe uma situação de limite de negociação (o proprietário lacrou a casa e aguarda algo vindo dos céus como solução). Nós do CODEPAC, não poderíamos chamar, um por um, alguns destes e propor uma rediscussão sobre rumos futuros, propor alternativas. Seria uma forma bem prática de demonstrar nossa real utilidade. Fica a sugestão.

2 comentários:

Anônimo disse...

HENRIQUE

Conheço demais a proprietária herdeira do prédio onde funcionava a escola Aliança Francesa. É uma boníssima pessoa, professora de línguas, educadíssima. Ela não aguentou mais manter a escola funcionando, estava sózinha e sem os recursos e interesse para manter aquilo aberto. Fechou feaz coisa de uns dois meses. Por enquanto tudo está perfeito. Quem conhece aquela região sabe que alguns moradores de rua ocuparam casas ao lado da dela e lá se instalaram. Alguns até com o concentimento do dono. Moro ali perto e percebo que mais dis menos dia isso também ocorrerá. Sei que ele é uma casa tombada por vcs. Como evitar que isso ocorra e me diga com a maior sinceridade, quem tem interesse em morar numa casa naquelas condições, boas, mas antiga, naquela região da cidade.
Ela é muito bonita e merece uma atenção agora que está desocupada.

Ana Paula

Mafuá do HPA disse...

cara Ana Paula

Eu também a conheço. Acompanhei um pouco de sua luta antes de fechar a escola. Estava realmente só. Numa das últimas vezes que estive com ela havia me falado da preocupação com os vizinhos. Não vejo esse o maior problema. Isso é só um problema social. Vejo um problema maior na casa agora fechada e tudo o que cerca isso. Também acho difícil alguém alugar aquela casa como moradia. Precisaria ser pensado algo e vou levar essa preocupação para os conselheiros do Codepac.

Um abracito

Henrique - direto do mafuá