sábado, 3 de novembro de 2012

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (61)

DISTANTES COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE ISSO E AQUILO
Halloween ocorreu essa semana. Sempre olhei para essa data comemorativa, que nada tem a ver com algo tupiniquim, como um invasor adentrando nossas hostes e empolgando pelo fato de sermos mesmo uma colônia, onde tudo o que vem da matriz faz sucesso entre os súditos do rei. Fausto Bergocce, meu parceiro no livro “Reginópolis, sua História”, desenhista de mão cheia e sempre com boas sacadas, acertou na mosca numa charge que distribuiu pelo facebook, com outro personagem, esse digno representante do nosso folclore, o Saci. Na mistura e ambos envolvidos no mesmo desenho, reproduzo aqui o resultado para deleite de todos. Fui comentar do Halloween com meu filho, que está comigo aqui no Rio de Janeiro e ouço dele, um garotão do alto dos seus 18 anos, algo servindo para a minha e a reflexão de todos: “Eu não desmereço essa festa. Ela tem sentido no seu país de origem e aqui, observe, ela é comemorada mais nos cursos de idiomas em inglês. Lugar mais apropriado não existe”. Ainda penso sobre o assunto.

O mesmo Fausto desenha algo mais, uma charge sobre o fim do paulistano Jornal da Tarde, do grupo Estado. Nos anos 80, adorava o JT, ainda dirigido por Mino Carta e com uma diagramação diferenciada. Suas capas pareciam obras de arte, dessas para serem emolduradas. Tinha um timaço de bons jornalistas atuando em suas hostes, gente que alavancou o jornal. O JT foi de um tempo em que ainda era possível um jornal ser posto nas bancas no começo da tarde. O que mais marcou sua existência foram mesmo as reportagens, sempre grandiosas e muitas delas deixaram saudade. Hoje, infelizmente, nenhum grande jornal produz mais reportagens como naquele período e vivem um péssimo momento, atrelados ao pensamento único e defensores do nefasto neoliberalismo. Fausto revive em sua charge uma antológica foto do JC, de um menino chorando quando de uma dessas desclassificações do Brasil em Copas do Mundo. Triste mesmo eu fiquei não por esse fim, pois já estava decretado faz tempo, mas quando definhou e passou a viver com as sobras do Estadão. É mais um do mundo do papel que se vai, dias atrás a norte-americana Newsweek, hoje o JT, amanhã muitos outros, pois com produção tão debilitada, tão sem qualidade, tão fora do prumo da verdade factual, aliado à crise existente no setor, a grande maioria perdeu o sentido da própria existência.

Nesse terceiro parágrafo, junto aos dois de cima, no primeiro a revolta contra os bestiais invasores, que acabam sensibilizando mais do que os personagens do nosso folclore e segundo, a também revolta contra os jornalões que enveredaram por um triste caminho, distanciando-se do bom e sadio jornalismo para fazerem uma descarada defesa dos seus interesses pessoais, do capital, puro Casa Grande & Senzala. Sou defensor das coisas nacionais, um nacionalista ao velho e bom estilo brizolista, sem ser xenófobo, muito menos insano, pois cansei durante os 52 anos de minha vida o observar uma intensa invasão de heróis ianques em detrimento dos caipiras. Mesmo preferindo muito mais personagens ao estilo transgressor dos “Piratas do Tietê” do sempre atento Laerte, o Saci é muito mais instigante do que uma abóbora em forma de máscara. Na imprensa brasileira dos dias atuais, algo detestável, efeito piorado do que um Halloween provoca em mim, pois são falsos, mentirosos, fantasiosos, nefastos e tentam se passar por cordeiros, sendo verdadeiros lobos maus. Na comparação de alguns personagens dos quadrinhos e também do folclore, o grosso da imprensa hoje representa o vilão desumano, o cruel, aquele que mata, rouba descaradamente e perdeu a razão, enveredou por um caminho sem volta. De tudo, duas coisas muito boas, o Saci (esse último é traço do também meu amigo Beto Maringoni) é talvez o personagem do nosso folclore com maior afinidade e identidade com meu modo de pensar e agir e do Jornal da Tarde, seu idealizador, o grande mestre, Mino Carta, sobrevive à passagem dos anos, hoje na sua Carta Capital, pois continua praticando um jornalismo quase em extinção, não falseando a verdade. A esses dois rendo minhas eternas homenagens.

5 comentários:

Anônimo disse...

Poxa Henrique, muito bacana, fiquei muito lisonjeado: não só pelo texto, mas pela reprodução das charges. Texto e desenhos se completaram ( bacana o Saci do Maringoni ), em uma boa análise.
Valeu!!! Gostaria muito se em alguma oportunidade, você gravasse muitas coisas que sairam sobre mim em seu blog - por conta de nossa parceria profissional e das histórias das nossas andanças, que aliás foram muitas..em São Paulo, Reginópolis, Bauru, Rio, Descalvado, Mineiros do Tietê, Dois Córregos, Bocaina, etc...
Ficaria muito agradecido.
Parabéns pelo texto.

Abraços.
FAUSTO BERGOCCE

Anônimo disse...

Bom dia - parabens pelo belo texto e um grande abraço - Isaias Daibem

Reynaldo disse...

Sinceramente eu nao tenho o minimo saco pra festa de Halloween..Alias este ano ela foi apagada por causa do furacao. Quando os meus filhos eram pequenos eu levava eles neste dia de porta em porta das casas na area onde eu moro. Cada residente costuma dar doces de tudo quanto e forma pra molecada..Muitos nem abrem as portas. Agora tem tambem a festa dos adultos,e ela tambem foi copiada ai no Brasi. Alias brasileiro gosta de copiar tudo quanto e macaquice daqui..e impressionante. Alias eu acho tudo aquilo de um mal gosto o caramba.

Hoje eu assisti um documentario da TV Unesp sobre a feira do rolo ai em Bauru, na qual voce partipa…Voce mandou bem la...Tive a chance de ver la varios personagens do seus textos sobre esta feira…E muitos infelismente nao estavam neste dia , ou naquele momento. Mas e impressionante a quantidade de pessaos que vendem os seus produtos la e mesmo as pessoas que vao la passear ou mesmo pra dar uma olhada ou bater um papo. Aqui tem realmente em diversos pontos do estado o tal Flea Market ou mercado das pulgas como diz ai no Brasil. So que eles sao mais organizados aqui, vc precisa fazer de uma associssao deles, pagar taxa . Em cada lugar tem o seu lugar ja determinado. Entao a cada final de semana ele estao num determinado lugar do estado O estado aqui e pequeno entao se pode deslocar pra tudo quanto e lugar em questao de horas. Eu ja fui em alguns deles, e la se ve de tudo desde coisa novas e material antigo…mesmo ate as ferramentas usadas,calotas de carro e outras coisas usadas, e sao muito procuradas.Nao se encontram relogios usados pra vender como ai..geralmente sao relogios novos ..Enfim, se ve de tudo um pouco.Quando eu for a Bauru da proxima vez, com certeza irei dar uma bandas por la.Abracos

Anônimo disse...

"oi querido amigo to curtindo o que tem escrito, desculpe ai professor meus erros um grande abraço"
Elisa Carulo

Anônimo disse...

HOMENAGENS MAIS DO QUE JUSTAS, COMPANHEIRO...
ROSE BARRENHA