segunda-feira, 13 de maio de 2013

MEMÓRIA ORAL (141)

OS LEONI, ROGÉLIO E MARIA APARECIDA, APÓS 29 ANOS DE RUA, ESTÃO EM CASA

Lindo ver casais trabalhando juntos. Observar casos assim em que, após a aposentadoria de ambos, o casal se une fora do lar e descobre um meio de fazer algo mais, tocar um algo novo, viver a vida fora das quatro paredes, numa atividade sem grandes vislumbres financeiros, mas todos os de dilatarem e prolongarem suas vidas, numa forma de energização indefinida. Um belo caso desses foi desfeito mês passado, sem traumas, pois tudo continua como dantes, só que definitivamente aposentados. Conto aqui como foi.

Uma tristeza e uma alegria. Tristeza é a de quem sobe a rua Antonio Alves, quadra 18, a antes da Duque, não mais de depara com uma banca de rua, a do alegre casal Rogélio Leoni, 77 anos e Maria Aparecida Ribeiro Leoni, 75, ambos aposentados e alegrando a todos na região. Atuando no seguimento de bancas há quase 29 anos, ficaram famosos com uma defronte o Pão de Açucar da Araújo, depois outras tantas. Marcaram presença de forma definitiva na região, sendo ponto de encontro obrigatório de uma legião de gente, os clientes e papeadores contumazes, todos em busca de conversa, ou seja, passar o tempo de forma saudável. A notícia boa é que a banca foi dali removida não por terem sido expulsos do local, mas por terem se aposentado de vez da atividade. Ele, Rogélio já o era como açougueiro e ela, Maria Aparecida, idem como telegrafista da extinta Fepasa. Perdemos todos, os que não mais os teremos à disposição ali no centro da cidade, mas ganham eles, que estão agora já pensando em fazer ginástica diária e seguindo a risca os ensinamentos de Zeca Pagodinho: “Deixe a vida me levar”. Fonte inesgotável de muitas histórias, simpáticos para dedéu, agora quem quiser desfrutar do sadio papo terão que ir até o Mary Dota, imediações do Confiança, onde residem e recebem os conhecidos e amigos com a mesma alegria de o faziam em tantas bancas que já tiveram na vida. Não mais os veremos debaixo de um teto de zinco, o das bancas, mas daqui para frente, telhado de cerâmica da confortável casa que possuem no bairro, que muitos denominam de cidade. Esses Leoni, além da simpatia, são gente em extinção, tipos únicos no benfazejo da sapiência de como souberam tocar suas vidas, sem luxos, sem arroubos de grandeza e mesmo tendo como pararem com tudo há muito tempo, preferiram fazê-lo só agora, desfrutando do sabor da convivência das ruas até quando puderam. Com eles se vai um bocadinho mais da alegria das ruas bauruenses.
Bauru SP, segunda, 13/maio/2013.

A história deles está também contada aqui: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=MARIA+APARECIDA+LEONI

4 comentários:

Anônimo disse...

Esses sim são as cara da riqueza. Muito lindos.
Sarah Fernandes - Mary Dota

Anônimo disse...

Henrique ,acho lindo seu jeito de falar das pessoas com carino,poucas pessoas entendem isso.abraço carinhoso
Fátima Lucia Veraldo

Anônimo disse...

Beleza Henrique, eu não os conheço mas gente assim tem que ser lebrada, trabalha a vida toda honestamente e isso que é bonito. Vale a pena quem exerce a vida dignamente.
Hélio Maffei

Anônimo disse...

ESTÃO SEMPRE JUNTOS MESMO
ANA TEREZA