segunda-feira, 6 de maio de 2013

UMA MÚSICA (101)

O TERRORISMO DO CAPITAL É TÃO ULTRAJANTE QUANTO O DO FUNDAMENTALISMO

Comprei um CD na semana passada num sebo, o “ALTA SUCIEDAD”, do argentino Andres Calamaro e na faixa título uma letra que me tocou, ainda mais quando li sobre como se sucedeu o acidente de 24/04 em Bangladesh, quando um edifício de oito andares caiu, com três mil pessoas dentro, quase todos explorados trabalhadores. Lá funcionava um empresa, a Rana Plaza, praticante do TERRORISMO DO CAPITAL, algo muito em voga, reunindo na mesma edificação shopping center, agência bancária e muitas confecções, fornecedoras de grifes para redes de varejo da Europa e Estados Unidos. Instalações precárias, gente trabalhando à exaustão, horas excedentes e ganhos ínfimos, zero de condições de segurança e dali saindo roupas com algumas marcas conhecidas de todos nós, como C&A, Walmart, Joe Fresch, El Corte Inglés, Primark, Benetton e outros. Pelo jeitinho junto às autoridades, conseguiam erguer mais um andar, mesmo sem a necessária segurança e já estavam negociando outro, tudo porque o negócio de exploração de mão de obra crescia e os clientes estrangeiros queriam sempre mais e mais produtos. O empresário fora avisado dias atrás de fendas nas paredes, consegue assim mesmo liberação do prédio junto às autoridades locais e obriga os funcionários a trabalharem cientes dos riscos. Não deu outra, tudo ruiu e a matança foi grande, até agora mais de 600 pessoas e outro tanto de desaparecidos. 

Pouco é falado disso, pois estávamos ofuscados pela tragédia (sic) de Chigaco, quando dois garotos, supostamente (pois não acredito nessa versão) explodiram uma panela de pressão e preencheram a maior parte dos noticiários dos países colonizados sob influência norte-americana. Os dois garotos, infelizmente não poderão mais falar, um foi liquidado na hora e o outro, foi igualmente inutilizado para o resto da vida. E a versão apresentada é engolida por todos. Ninguém contesta, ninguém mais expõe os pontos que não batem na versão apresentada. A isso chamo de TERRORISMO DO CAPITAL. Daí, o caso de Bangladesh passou despercebido, poucos notaram. Teríamos que ter notado um algo mais, implícito na questão. Ali naquela edificação algo que os capitalistas fazem com os países periféricos, os de mão de obra barata. Conseguem um empresário local, executor do serviço sujo, ou seja, produzem peças com suas grifes a preço de banana e revendidas a peso de ouro em suas lojas em outros países. Quando se ouve que uma empresa pode fechar as portas por aqui e abrir na Zuazilândia, com certeza, quem estará fazendo o serviço daqui para frente é gente idêntica ao do acidente lá em Bangladesch. O empresário que aceita isso é tão criminoso quanto o executor do lado de lá.
Nós, os colonizados pelo capital, gostamos muito de apregoar que o fundamentalismo religioso é violento e mata muito, elimina consciências. E a globalização do capital o que faz? Que nome se pode dar a esse tipo de procedimento, contratar gente em regime de trabalho escravo, fechar as portas de fábricas aqui e incentivar um ganho desmedido, graças a tal da globalização, que facilitou o TERRORISMO DO CAPITAL. Não pensem que isso não acontece aqui em Bauru. Leio sempre relatos de empresas pensando em fechar portas aqui e montar ou reabrir na Abuzubilândia, daí inevitável a letra da música ALTA SUCIEDAD, que ouvi e logo fiz uma alusão, podridões idênticas, inclusive com a BASURA citada pelo cantor, que tem sua literal tradução em LIXO. Sintam e entendam o poder da letra, acompanhando o vídeo pelo youtube, http://www.youtube.com/watch?v=AeYHpf9Js3k: “El campeon tiene miedo, tiene miedo de pegar, /no se quiere romper las manos /porque tiene que cantar, /el ritmo del protector bucal, /el bombo de la ciudad, /le golpea en el culo, /golpea y nada mas. /Alta suciedad! (basura de la alta suciedad) /no se puede confiar en nadie mas, /Alta suciedad! (basura de la alta suciedad) /no se puede confiar en nadie mas; (...)/ Senor banquero,/ devuelvame el dinero, /por ahora es lo unico que quiero, /estoy cansado de los que vienen de amigos, /y solo quieren rellenarme el agujero”.

O que a tal da ALTA SOCIEDADE faz por debaixo do pano não é notícia, só vale o que sai nas colunas sociais. A Alta Sociedade continua comprando nesses templos de consumo, recheados de etiquetas sujas com o sangue escravo dos países miseráveis, pobres e sem saída. Economistas daqui acham normal uma empresa ir buscar mão de obra barata onde ela existir, sem nenhum complexo de culpa. Bangladesh está em outro mundo e Chigaco está no coração do mundo do capital. Essa a questão. A música ALTA SUCIEDAD rola em alto em bom som no meu carro, enquanto prefiro continuar comprando no mercadinho do seu Amaro, que possui preços muito mais caros do que os do templo do consumo, um que vem gente de toda região para gastar suas economias, pois suas promoções são esplendorosas. Eu acho tudo isso uma BASURA, pois mesmo que o desastre sirva para alterar algo lá em Bangladesch, os empresários, dignos representantes da Alta Sociedade, irão sair em busca de outros países onde as autoridades e os trabalhadores sejam ainda mais baratos.


Essa aí da última foto, uma loja da rede Zara, na periferia brasileira e sem pagar direitos de marca para seus proprietários espanhóis. É com essas que eu vou...

3 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Que bom que descobriste o Calamaro.
Cabeça boa demais, poeta dos pampas argentinos da melhor estirpe.
J´q que gostaste do Alta Suciedad, experimente ouvir outra dele, reverenciando o gaúcho, em NUNCA ES IGUAL. Veja no http://www.youtube.com/watch?v=4fC2a3hTZZk

Depois me diga se gostou.

Paulo Lopes - Unesp Bauru

Anônimo disse...

Caros amigos do Brasil,

Centenas de mulheres de Bangladesh morreram queimadas ou soterradas enquanto produziam *nossas* roupas! Dentro de alguns dias, as principais empresas de moda poderão assinar um pacto que poderá tanto ser um forte código de segurança ou um acordo fraco para “inglês ver”. Se um milhão de nós exigirmos que o presidente da GAP assine um acordo que salvará vidas, outros seguirão:




Todos nós vimos as horríveis imagens de centenas de mulheres inocentes queimadas ou soterradas até a morte nas fábricas enquanto faziam nossas roupas. Entretanto, nos próximos dias, temos a oportunidade de fazer com que as empresas do setor impeçam que isso aconteça outra vez, seja em Bangladesh ou no Brasil.

Grandes empresas estão numa corrida desenfreada para reduzir custos. Grandes marcas da moda são abastecidas por centenas de fábricas em Bangladesh. Agora duas marcas, incluindo Calvin Klein, assinaram um forte código de segurança contra incêndio em Bangladesh. Outras, estão em reuniões de emergência decidindo se assinam ou não e nossa pressão pode fazer com que eles assinem.

As negociações terminam dentro de alguns dias. GAP, que possui as marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli está mais suscetível a dar o primeiro passo para apoiar um forte acordo, e a melhor forma de pressioná-la é ir atrás de seu presidente. Se um milhão de nós apelar diretamente a ele em uma petição, página do Facebook, tweets, e anúncios, seus amigos e familiares irão todos ouvir falar deles. Ele saberá que sua reputação e a de sua empresa estará em jogo. Assine pela segurança dos trabalhadores e encaminhe este email para todos:

http://www.avaaz.org/po/bangladesh_brazil/?biHAaeb&v=24879

O recente acidente segue um padrão em Bangladesh e no Brasil. Nos últimos anos, incêndios e outros desastres tiraram milhares de vidas e deixaram outros feridos demias para poderem trabalhar. O governo de Bangladesh faz vista grossa para as péssimas condições de trabalho, permitindo que os fornecedores reduzam os custos para fazer roupas a um ritmo e preço de acordo com a expectativa dos gigantes da moda mundial. As grandes marcas dizem que monitoram, mas os trabalhadores dizem que as empresas não são confiável para fazer suas próprias auditorias.

O acordo de segurança apoiado por trabalhadores dessa indústria exige inspeções independentes, relatórios públicos sobre as condições das fábricas fornecedoras, e consertos obrigatórios. O acordo seria válido inclusive ​​nos tribunais dos países de origem das empresas! Os detalhes de quais empresas compravam da fábrica que desabou na semana passada ainda não são conhecidos e não há nenhuma evidência de que a GAP estava entre elas. Mas trabalhadores morreram em outras fábricas fornecedoras da GAP em Bangladesh e seu comprometimento agora iria colocar uma enorme pressão sobre outras empresas.

continua em outro

Anônimo disse...

As empresas estão decidindo o que fazer nesse momento. Vamos pedir ao presidente da GAP para assumir a liderança na indústria comprometendo-se com o plano de segurança. Assine, e em seguida compartilhe esse email amplamente - quando chegarmos a 1 milhão de assinaturas, vamos publicar anúncios publicitários que os chefes dessas grandes marcas não poderão ignorar:

http://www.avaaz.org/po/bangladesh_brazil/?biHAaeb&v=24879

Mais de uma vez os membros da Avaaz se uniram para lutar contra a ganância corporativa e apoiar os direitos humanos. No ano passado, nós ajudamos 100 trabalhadores indianos a voltar em segurança para casa quando uma empresa do Bahrein se recusou a deixá-los sair do país. Vamos agora ajudar a parar a corrida mortal para o fundo de segurança de fábrica.

Com esperança e determinação

Jamie, Jeremy, Alex, Ari, Diego, Marie, Maria-Paz, Ricken e toda equipe da Avaaz PS - Muitas campanhas da Avaaz são iniciadas por membros da nossa comunidade! Comece a sua agora e vença sobre qualquer assunto - local, nacional ou global: http://www.avaaz.org/po/petition/start_a_petition/?bgMYedb&v=23917


Mais informações:

Desabamento em Bangladesh revela lado obscuro da indústria de roupas (BBC Brasil)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130428_bangladesh_tragedia_lado_obscuro.shtml

Sobe para 501 número de mortos em desabamento em Bangladesh (Folha de S. Paulo)
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/05/1272652-sobe-para-501-numero-de-mortos-em-desabamento-em-bangladesh.shtml

Indústria cobra explicações sobre condições de trabalho em Bangladesh (Zero Hora)
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/mundo/noticia/2013/05/industria-cobra-explicacoes-sobre-condicoes-de-trabalho-em-bangladesh-4124526.html

Precárias condições de trabalho fazem grifes famosas repensarem produção em Bangladesh (G1)
http://g1.globo.com/videos/v/precarias-condicoes-de-trabalho-fazem-grifes-famosas-repensarem-producao-em-bangladesh/2551870/

Jaime Choi - Avaaz org
avaaz@avaaz.org