sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (258, 259 E 260)


MANTENHA DISTÂNCIA EM DIAS DE FESTApublicado edição de 21.12.2013
Período natalino é de muita felicidade para uns, consumo exagerado e incentivado de forma desordenada para outros. Prefiro ficar com boas reflexões para os dias mais amenos no campo profissional. Queria poder proporcionar com meu escrito algo assim, uma breve parada, desaceleração e a imaginação fluindo para uma história como essa, grande probabilidade de estar ocorrendo agorinha mesmo em algum canto dessa cidade. A garota tinha um velho carro, usado para facilitar sua vida, do trabalho para a universidade e vice-versa. Quebrava um galhão. Certo dia distraída numa esquina qualquer dá uma freada brusca e bate violentamente num veículo desses importados, podendo ser uma Mercedes, com valores estratosféricos, fora da realidade do pobre mortal. Teve que vender seu velho carro e contrair dívidas, além de dois novos empregos, tudo para ir saldando aos poucos o montante do estrago. Sua vida teve uma transformação inesperada e para piorar, acaba sendo despejada do imóvel onde morava, por atrasar o pagamento de algumas parcelas.  A humilhação maior teve ao tomar conhecimento de que o dono do luxuoso veículo não precisava daquele dinheiro para nada, pois já possuía muito. Tudo para ele não passava de mera distração, um caro hobby mantido por pura ostentação. Um brinquedo, diria, pois possuía meia dúzia iguais aquele. Se perguntado, certamente diria que não poder abrir mão do recebimento do prejuízo.  Tudo isso faz parte de um cruel sistema onde inexiste a caridade. Vigora o sadismo, quando uns poucos, para manterem-se no topo da pirâmide dificilmente abrem exceções e para que seus negócios continuem tendo a lucratividade e oxigenação (sic) necessárias, esmagam sem dó e piedade todos os que cruzam consigo nas esquinas da vida. Portanto, a única recomendação que poderia deixar a todos e todas nesses dias de festa natalina é somente uma: muito cuidado com as Ferraris, mais ainda com aquilo que estiver no seu volante e tentemos viver dando menos importância ao consumismo e ao deus dinheiro.

TEM GENTE QUE NUNCA MUDA - publicado edição de 13.12.2013
Um dos filmes mais impressionantes dos últimos tempos é “Os Educadores”, do alemão Hans Weingartner,  lançado em 2004. São três jovens insatisfeitos com o consumismo desenfreado dos tempos atuais e lutando por uma sociedade mais justa e igualitária. Daí partem para indignada e criativa ação, feita de forma pacífica. Entram em mansões, quando vazias, de gente muita rica e mudam todos os móveis de lugar. Não levam nada e deixam um recado no meio da bagunça: “Seus dias de fartura acabaram”. Numa das intervenções dão de cara com o proprietário, daí mudam o rumo da ação e o sequestram. Do papo entre eles no cativeiro, esse dono de muitos dos meios de produção do local, algo elucidativo quando confessa: “Meu pai dizia que antes dos 30 se você não é de esquerda é insensível. Depois dos 30, continuando sendo é idiota”. Foi exatamente a partir daí que saiu a ganhar dinheiro e acumulou muito. “Eu mereço isso, eu tive as ideias certas nos momentos certos”, resume sua práxis. Com ela consegue amealhar 3,6 milhões (pouco importa se dólares ou outra moeda) por ano. “Eu não sei como gastar esse dinheiro”, confessa. Um dos jovens lhe sugere: “E se você usasse uma boa parte para que pelo menos mil pessoas não morressem de fome”. Na sequência muita reflexão e por fim diz: “Usando dessa forma o farei somente uma vez, perderia dinheiro e não mais o teria para reinvestir no que faço. Eu tenho que gastar para ganhar, investir de novo no meu negócio”. Quando o libertam, sabiam que seriam perseguidos e o foram, mas quando procurados pelos homens da lei, uma mensagem estava fixada à espera desses: “Tem gente que nunca muda”.  As cenas geram ótimas reflexões sobre os descaminhos financeiros. Por que alguns necessitam amealhar cada vez mais, tendo ao seu lado pessoas que quase nada o conseguem? O moto contínuo dos detentores do capital é uma roda que gira, gira e só faz aumentar as diferenças, as desigualdades, as injustiças e a prepotência. E pensar que o homem poderia não ser o lobo do homem.

“V DA VINGANÇA” E O MOMENTO ATUAL DO STFpublicado edição de 06.12.2013
Eu sempre gostei de HQ – História em Quadrinhos. Da boa e irreverente HQ, diga-se de passagem. Colecionei por anos e passei tudo o que tinha para o filho. Um dos meus preferidos roteiristas continua sendo o britânico Alan Moore. Dentre todos de sua verve ressalta aos olhos o “V de Vingança”, um marco, tendo fixado no mundo a famosa máscara de Guy Fawkes, usada pelos Anonymous mundo afora. Só aqui no Brasil é utilizada com finalidades mais à direita, no resto do mundo não.  Escrevo desse “V” e comparo algo dos quadrinhos com a vida real. Na passagem mais significativa para mim, o personagem se ajoelha diante da estátua no Palácio da Justiça inglesa e a cena era a representação exata do término de uma relação, o namoro terminava ali. Ajoelhado, braços estendidos para ela, corpo curvado, como se fosse um suplicante rugia algo mais ou menos assim: “Eu acreditava em você, eu devotava a minha vida a você até que me dei conta de que você é uma meretriz, que flerta com os poderosos. Agora tenho uma nova amante”. O “V” como sabemos passa a partir daí a agir dentro dos preceitos anarquistas e o momento do rompimento foi quando enxergou na Justiça (com maiúscula) o fim do sonho. Ela havia deixado de ser justa e daí não havia mais motivo em prosseguir acreditando no mundo julgado por ela. Essa cena ocorre pouco antes dele explodir o Palácio da Justiça, o centro do poder judiciário inglês. A comparação que faço a seguir não é simplista. A Justiça brasileira, hoje representada pela ação intempestiva do STF e do seu autoritário presidente Joaquim Barbosa, quando age fora dos trilhos da legalidade e da legitimidade, representa uma burla à Constituição vigente no país. Suas ações estão cheias de autoritarismo e vazias no cumprimento da lei. O presidente resolve tudo ao seu modo e jeito, resoluções só dele. Eu não vou explodir parlamento algum, nem vou aderir ao anarquismo, mas assim como o personagem dos quadrinhos, não aceito mais o coronelismo do Judiciário representado por esse Joaquim.

2 comentários:

Anônimo disse...

HENRIQUE
VOCÊ ESTÁ MUITO COMUNISTA PRO MEU GOSTO?
VRE

Anônimo disse...

Henrique

Gosto muito dos seus textos, todos eles com uma preocupaçãi social. Tenho que te avisar de algo, de carro ciocê não entende nada. Não que eu entenda muito, mas no seu último texto voce escreve da ferraria e na ilustração, uma Lomborghini, tendo como motorista o Roberto Carlos.

Boas festas e com boas entradas e saídas para ti também

Aurora