quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

COMENTÁRIO QUALQUER (120)


IMAGENS MARCANTES DE ONTEM PARA HOJE
Na primeira, circulando pelo centro de Bauru, véspera de Natal, num carrinho de papel e reciclados, um senhor o havia deixado parado por alguns instantes na beira de uma calçada enquanto descansava na sombra de uma majestosa árvore. Lá, na frente do seu objeto de transporte (não o seu, mas o do seu ganha pão), fixado com um arame, algo que, certamente deve ter encontrado na rua e achou interessante tê-lo ali bem na frente, sob o olhar de todos. Numa gravação feita em ferro, um BOAS FESTAS. Para mim, essa é mais significativa e mais importante do que todas em neon que vi, em tamanhos e formatos muito mais pomposos. Para esse eu faço questão de retribuir um sonoro BOAS FESTAS. Que assim seja, para ele e para todos os que ainda conseguem enxergar algo assim no meio da parafernália natalina.

Na segunda, vinha descendo de carro pela Nações e ao passar pela Marcondes Salgado, fazendo a curva numa espécie de pequena rotatória, aguardando o sinal abrir para adentrar a Julio Prestes, eis que me deparo com uma dessas cenas que me entristecem sobremaneira por esses dias. Um senhor, aparentando meia idade, sentado no meio feio, no meio da balbúrdia, pernas já no meio fio e cabeças baixas, pouco esperava das próximas horas, a noite de 24 para 25 de dezembro. O que faz uma pessoa escolher um lugar desses, bem no meio daquele mar de veículos e ali ficar prostrado, resignado e sem esperanças? Esse é só mais um deles, um que pode estar ali por “n” motivos e não tenho capacidade alguma para enumerar um que seja, mas o que me fica é a força da imagem. Enquanto corria tanto por tantas coisas naquele momento, ele ali não corria mais. Cliquei-o numa foto e a repasso para, tentando mostrar a todos como me sinto na maioria dos momentos nesses dias, quando me volto os olhos para fora dos vidros do meu carro.

Na terceira, essa de Ricardo Bizarra, jornalista de uma rádio da cidade e gileteada no facebook. Foi feita por ele no início da tarde de ontem e registra um dos locais mais aterrorizantes para todos, principalmente no horário do registro, representando a grande concentração humana que deve ter lotado supermercados e shoppings país afora, em busca das últimas compras. Na legenda estava algo mais ou menos assim: "A visão do inferno no dia de hoje, o saguão do mercado...". Quem passou por isso sabe o que isso representa. Nela, em toda sua essência, está concentrada toda a gana de consumismo que a maioria das pessoas tem concentrada dentro de si por esses dias, mais ou menos canalizada na ida em busca das últimas compras, do objeto esquecido e ali se deparando com tantos outros na mesma situação. É algo que todos querem fugir, dizem detestar, mas repetem ano após ano, desde que foi introduzido dentro da rotina do ser humano, ter que comprar mais e mais, dar presentes e mais presentes, encher sua mesa de guloseimas mil, tudo como justificativa para glorificar e exaltar o nascimento de um ser humano a milênios atrás. O comer, comer tem como resultado algo repetido na maioria dos lares mundo afora, todos desmaiados, cansados de tanto mastigar e engolir.

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